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05 janeiro 2019

Jogo de pontos dos cartões

O jogo de pontos dos cartões de crédito parece que chegou em um momento decisivo. Parece que os bancos e as administradoras de cartões de crédito descobriram que os contratos com os clientes não é vantajoso. Os clientes aprenderam a usar muito bem o sistema e geralmente gastam visando maximizar os pontos (e os benefícios) do sistema. Alguns bancos e administradoras estão repensando o sistema de recompensa dos cartões, de modo a incentivar o uso dos cartões e reduzir os bônus iniciais.

A questão é interessante e envolve o desenho contratual e os efeitos adversos. Os clientes estão usando os cartões até o momento que conseguem seus objetivos e depois de atingir a quantidade de pontos para resgatar em voos ou estadias de hotéis.

(via mais aqui).

29 agosto 2018

Risco Moral e Advogados

Nos Estados Unidos, quando um suspeito é acusado de um crime, tem direito a um advogado. Se não tiver dinheiro, o governo paga por este advogado. Em geral isto não significa uma boa defesa; pelo contrário, já que em muitos casos os suspeitos cumprem uma pena acima do seu crime ou são considerados culpados, quando são na verdade inocentes. Uma possível alternativa é o governo escolher o advogado.

Existem várias maneiras de o governo fornecer conselhos para os réus pobres. Uma delas envolve firmas ou advogados particulares oferecendo um leilão por um contrato de um ano, o que explicita os termos de uma taxa fixa por acusado ou taxa horária com limite máximo.

Isto já foi tentado em algumas regiões dos Estados Unidos e o resultado foi pior.

Um exemplo infame envolve um advogado da Geórgia chamado Bill Wheeler , que ganhou um contrato para representar todos os réus pobres no condado de McDuffie (...) Wheeler se recusou a discutir seus casos com eles [os clientes] e conheceu a maioria deles pela primeira vez no tribunal. Ele também freqüentemente encorajava seus clientes a se declararem culpados sem fazer qualquer investigação factual ou legal. (...) Se o objetivo é fornecer a todos assessoria jurídica efetiva, então o melhor sistema é aquele em que os advogados são aleatoriamente designados para os réus usando um sistema de loteria

Isto corresponde ao que chamamos de risco moral. Lembrou duas situações na contabilidade. A primeira é a designação de peritos judiciais feita por um juiz. Nada garante que o perito selecionado irá se dedicar aos processos mais complicados, com reduzidas chances de sucesso. O segundo caso é a proposta de mudar o sistema de auditoria. Atualmente as empresas contratam seu auditor; há uma ideia que isto deveria ser feito pela CVM, o que poderia garantir maior independência. Entretanto, uma empresa de auditoria poderia correr o risco de deixar passar um problema, quando o custo de investigação é elevado. O auditor não teria incentivo para fazer a investigação, exceto o risco reputacional. Talvez isto não seja suficiente.

21 março 2018

Uma observação e um dúvida no balanço da Seguradora Líder

O balanço da Seguradora Líder, publicado no final de fevereiro. A entidade é responsável pelo consórcio do seguro DPVAT - aquele que você paga, não muito feliz, anualmente. Temos uma observação e uma dúvida. Primeiro a dúvida, que chega da figura abaixo:
A grande maioria das indenizações são para pessoas do sexo masculino. Qual a razão? Pensei em várias alternativas: a maioria dos motoristas são homens, os homens fazem mais solicitações de seguro, os homens são mais propensos ao risco etc. Nada me convenceu.

A observação vem da frase:
que tenta vender o Seguro DPVAT como uma necessidade. Sorry, Líder, mas você está enganada. Em 2004, Alma Cohen e Rajeev Dehejia provaram, a partir de um experimento natural, que a adoção do seguro obrigatório aumenta o número de fatalidades no trânsito. Assim, o seguro obrigatório é ruim para os brasileiros. A razão disto é o risco moral: o motorista sabendo que possui seguro irá agir de maneira mais imprudente no trânsito. O fato é parecido com o uso do cinto de segurança: dando a sensação de segurança, as pessoas tendem a dirigir de maneira mais veloz.

Cohen, A., & Dehejia, R. (2004). The effect of automobile insurance and accident liability laws on traffic fatalities. The Journal of Law and Economics, 47(2), 357-393.

27 fevereiro 2013

A Maldição do Agente ou do Risco Moral


Todo preposto, representante ou corretor que não colocar o capital dele junto com o seu, vai roubar você. De forma reduzida e chula, essa maldição define um clássico da moderna teoria econômica da informação conhecido como “problema da agência” [...]. O problema está em toda parte e tem a ver com a lealdade entre um indivíduo e os que trabalham para ele, o dono do capital e os mandatados para administrá-lo, o acionista e os administradores, o empresário e os seus gerentes, ou gerentes e seus subgerentes, a dona de casa e seus auxiliares, e assim por diante. Toda vez que houver “assimetria de informação” haverá um problema de incentivos: o agente que não souber muito bem qual será sua remuneração pelo esforço a favor do principal, bem como os ganhos deste, tenderá a fazer justiça pelas próprias mãos em prejuízo dos interesses que representa.

Sobre os agentes, vale dar a palavra a Iago, um dos mais odiosos vilões da galeria shakespeariana, o ajudante de ordens de Otelo, a quem traiu de todas as formas possíveis: “Eu só o sirvo para servir-me dele! Nem todos são senhores, nem são todos os senhores seguidos lealmente.” A fórmula, segundo ensina, consiste em manter-se entre os “outros”, que se disfarçam sob “o aspecto do dever” e “servindo a seus amos na aparência lucram com eles e, enchida a bolsa, saem honrados. Esses, sim, têm alma e proclamo-me um deles”. Será este o paradigma de lealdade dos agentes?

“Agente” e “principal”, designações dos participantes desse jogo, são termos da legislação dos Estados Unidos, onde os tribunais julgam regularmente inúmeros casos envolvendo divergências entre um indivíduo, o principal e o agente, a quem delegou uma tarefa. Dois tipos de arranjo fornecem soluções para as disputas entre esses personagens: de um lado, é preciso alinhar interesses do agente e seu patrão, em geral com esquemas de remuneração variável que os torne parceiros em determinado esforço; de outro, é necessário demarcar as responsabilidades em caso de insucesso. Se o agente não é responsabilizado em nenhum grau pelo fracasso, terá amplos incentivos para correr riscos excessivos, pois será sócio do principal na prosperidade, com bônus, mas não terá ônus na adversidade. Essa é a forma de o agente “colocar seu capital” junto com o de seu empregador. A variedade mais comum de problemas decorrentes do desalinhamento de interesses entre agente e principal é conhecida como “risco moral”, uma reconhecida má tradução para moral hazard, cuja expressão mais exata seria, talvez, “tentação do imoral”. Trata-se, afinal, de comportamento vicioso, porém racional, e os exemplos mais comuns são oferecidos pelos indivíduos que, ao contratarem um seguro, passam a ficar mais desleixados. Mas há coisas piores. O leitor estará correto se tiver percebido aqui um elemento importante para explicar a crise financeira de 2008: as empresas que compravam, empacotavam e vendiam as chamadas hipotecas subprime (ou de qualidade inferior) não corriam, junto com o comprador, o risco que estavam vendendo. Eram como corretores de carros usados por cuja qualidade não se responsabilizavam. O “risco moral” ou as tentações, como as descritas por Iago, não foram mitigados pela estruturação aparentemente sofisticada das operações, nem pelo veredicto das agências de risco. As operações desse tipo se avolumaram, e quando veio uma piora no mercado habitacional, que trouxe consigo um tsunami de inadimplência, os prejuízos ficaram com os compradores de papéis e não com os seus fabricantes. Os agentes apunhalaram impiedosamente seus parceiros, aqueles a quem representavam.

Franco, Gustavo H. B. (2012-12-10). As leis secretas da economia. Zahar-Brasil. Kindle Edition.

07 fevereiro 2011

Links

Photoshop da revista Rolling Stones (Kate Perry)

Gasto com educação gera retorno no PIB do Brasil

JP Morgan sabia que Madoff era picareta e não fez nada

Shell não quer pagar indenização por derramento de petróleo na Nigéria para não incentivar a prática da sabotagem

Os problemas contábeis das empresas chinesas

Um vídeo interessante sobre coincidência e correlação: as pessoas não conhecem probabilidade

04 fevereiro 2011

Rir é o melhor remédio

Ainda sobre Risco Moral (uma dica de Pedro Correa), o economista Greg Mankiw conta um fato que ocorreu com ele.

Diante da quantidade de neve e a necessidade de retirá-la com uma pá, sua esposa trava o seguinte diálogo

Esposa de Greg : Tenha cuidado.

Greg : Eu terei.

Esposa : Éstá escorregadio lá fora. Eu não quero que você caia.

Greg: Mas eu tenho um monte de seguro de vida.

Esposa : Ha. Ha.

Greg : Mas eu não tenho um seguro de invalidez.Então, se eu tiver um acidente, certifique-se que a queda me mate.

11 fevereiro 2010

Crise na Grécia

A Grécia e o FMI
Folha de São Paulo - 11/2/2010
PAULO NOGUEIRA BATISTA JR.

A Europa tem enorme influência no FMI, mas recorrer ao Fundo seria uma perda
de prestígio intolerável!

SERIA A Grécia um novo Lehman, capaz de desencadear uma nova rodada de turbulências financeiras em escala global, ou pelo menos europeia? O dilema das autoridades europeias é, de fato, semelhante ao que enfrentavam as autoridades americanas na época da crise do Lehman Brothers, como notou o economista Eduardo Loyo, meu antecessor aqui no FMI.

De um lado, socorrer a Grécia pode estimular comportamentos irresponsáveis de outros países e pedidos de apoio de outros integrantes da zona do euro que estão sob forte pressão neste momento. É o chamado risco moral ("moral hazard"). De outro, deixar a Grécia quebrar traz o risco de provocar a propagação da crise financeira para outros países do Mediterrâneo.

A decisão de deixar o Lehman quebrar foi celebrada inicialmente (inclusive por alguns no FMI) como o restabelecimento da "disciplina do mercado". A celebração não durou 48 horas. Quando o colapso do banco de investimentos contagiou a AIG -uma das maiores (se não a maior) seguradoras do mundo-, as autoridades americanas jogaram as preocupações com o "risco moral" para o espaço e patrocinaram uma operação gigantesca de salvamento da companhia.

No caso da Grécia, o risco de contágio também é alto. Portugal e Espanha já sentem os efeitos da turbulência. A Itália também pode ser afetada. Alguns economistas temem que até o Reino Unido possa ser tragado por um alastramento da crise. Foi o que declarou, por exemplo, Simon Johnson, ex-economista chefe do FMI, apontando para a fragilidade das contas fiscais britânicas.

Um aspecto parece claro: a Grécia dificilmente conseguirá administrar a crise sem apoio financeiro externo. A primeira alternativa é obter apoio da Europa (ou de alguns países europeus). A segunda alternativa é o FMI. Uma terceira possibilidade (talvez a melhor) é combinar as duas alternativas, como ocorreu no caso da Hungria, da Romênia e da Letônia, por exemplo. A dificuldade é que a Grécia integra a zona do euro. As regras da área do euro dificultam operações de socorro. Por outro lado, apelar para o FMI é visto como uma humilhação.

Seria a primeira vez em que um país da área do euro recorreria ao Fundo. Alguns europeus importantes temem a perda de prestígio do euro e de instituições como o Banco Central Europeu. No início desta semana, o ministro das Finanças da Alemanha, Wolfgang Schaeuble, disse enfaticamente: "A Grécia é um assunto dos europeus, e não do Fundo Monetário Internacional". Veja, leitor, o paradoxo. A Europa está super-representada no FMI.

Diria mesmo: escandalosamente sobrerrepresentada. A União Europeia detém quase um terço do poder de voto na instituição (quase o dobro dos Estados Unidos). Por tradição, um europeu sempre ocupa o cargo mais alto do Fundo, o de diretor-gerente. No momento, os europeus comandam 9 das 24 cadeiras da diretoria. Nas reuniões da diretoria-executiva do FMI, não raro, temos que exercer toda a nossa paciência e escutar nove vezes a mesma mensagem...

Em outras palavras, a Europa tem uma enorme influência, uma influência até excessiva aqui no FMI. E, no entanto, a Grécia ou qualquer outro país do euro recorrer ao Fundo seria uma perda de prestígio intolerável para os europeus!

05 janeiro 2009

Mania de Ajuda

A ajuda do governo dos EUA as instituições financeiras e as montadoras despertou o apetite de outros setores. Segundo notícia publicada no New York Times (via este blog) outros setores começam a reinvindicar o apoio do governo (siderúrgicas e jornais)

07 outubro 2008

A análise do executivo


(...) El director ejecutivo de Lehman Brothers, Richard Fuld, dijo que se preguntará “hasta el día de su muerte” por qué el gobierno de Estados Unidos no rescató a la firma de Wall Street, y aseguró que los reguladores conocían la extensión del problema mucho antes de su colapso.

(...) Fuld culpó a “una letanía de factores desestabilizadores” por el derrumbe de Lehman, incluyendo los mayores costos de los préstamos, reglas de contabilidad que obligan a escribir el valor de los activos a precios extremadamente bajos y la caída en la calificación de los créditos. (...)


Fuld culpa a rumores por la caída de Lehman Brothers
7/10/2008 - Diario Financiero

Aqui a questão do risco moral fica mais clara:

No obstante, Fuld afirmó que instituciones como el FMI o la propia Reserva Federal también habían errado en su diagnóstico sobre los riesgos de unos mercados que finalmente causaron la quiebra del banco y la actual situación de las Bolsas. El directivo aseguró que el banco, para el que ha trabajado durante 42 años, no fue solamente víctima de sus errores, sino también de los rumores, de una "tormenta de miedo que está envolviendo al área de banca de inversión y a otras instituciones financieras en general" y de una regulación sin actualizar. En este sentido, arremetió contra las normas de contabilidad de los activos a precio de mercado, y criticó la permisividad con la que han operado los invesores que han vendido a corto (short sellers). Fuld dijo que el fin de semana previo a su solicitud de quiebra ante el juez pensaba que su banco podría haber sido salvado, igual que lo fue Merrill Lynch. (...)


Fuld asume sus errores al frente de Lehman Brothers
Cinco Días - 7/10/2008

Observe como a contabilidade, que mostraria os problemas da entidade, entra como culpada. A estimativa do Cinco Dias é que Fuld embolsou 480 milhões de dólares desde 2000.

16 setembro 2008

Risco Moral - Lehman

Este blog aplaude a decisão do governo dos EUA em não socorrer a Lehman e seus investidores. São “boas noticias para os que são fãs da responsabilidade corporativa, incentivos para uma administração corporativa sólida e uma boa política governamental”
A resposta está no risco moral: todo socorro do governo cria uma expectativa de que no próximo problema terá a socialização do prejuízo. Isto cria incentivos para que os gestores sejam mais arriscados.

15 julho 2008

Risco Moral e Muito Grande para Falir

David Gaffen (em The ‘Moral Hazard’ of Being ‘Too Big to Fail’ ) apresenta um dado interessante: quantas vezes a frase “too big to fail” e “moral hazard” foram usadas nos últimos anos. Usando a base de dados Factiva (que incorpora as notícias dos principais jornais do mundo) o resultado foi o seguinte:


Year “Too Big to Fail”
2005 326
2006 142
2007 252
2008* 670
*-Through July 10. (Source: Factiva)

Year “Moral Hazard”
2005 1184
2006 863
2007 2292
2008* 1962
*-Through July 10. (Source: Factiva)

Observe que o ano de 2008 bateu o recorde no uso dessas frases. Efeito da Bear Stearns? Provavelmente sim.

04 junho 2008

A história da venda da Bear Stearns

O jornal Wall Street Journal publicou uma série de reportagens sobre a venda da Bear Stearns para o J.P. Morgan (aqui, aqui e aqui. Veja também aqui)

O texto foi publicado no Brasil pelo Valor Econômico (aqui e aqui).

Destaco, a seguir, alguns trechos:

Os rumores em Wall Street eram de que a Bear Stearns estava precisando de dinheiro.O diretor-presidente garantiu calmamente aos seus subordinados que o Bear Stearns conseguiria suportar a tempestade. "Isso", disse ele "é muito barulho."Na platéia, Michael Minikes não estava tão convencido. O veterano de 65 anos da Bear Stearns havia passado grande parte daquela semana atendendo ligações telefônicas de clientes preocupados. Alguns já haviam sacado grandes somas de suas contas na Bear Stearns."Você tem algum idéia do que está acontecendo?", perguntou Minikes, interrompendo seu chefe. "Nosso dinheiro está voando pela porta. (...)

A queda súbita da corretora foi um lembrete perfeito da fragilidade e ferocidade de um sistema financeiro erguido em grande parte sobre a confiança. Bilhões de dólares em títulos são negociados todos os dias com nada mais que um acordo implícito de que os parceiros nos negócios os pagarão quando solicitados. Quando os investidores começaram a achar que a Bear Stearns não conseguiria liquidar seus negócios com os clientes, essa confiança acabou num segundo.

Sangria de 72 horas derrubou reputação erguida em 85 anos
Valor Econômico – 30/5/2008

Na verdade, equipes do JP Morgan e da J.C. Flowers & Co., empresa especializada em aquisições alavancadas, já estavam na sede da Bear Stearns na Madison Avenue, analisando sua contabilidade.

O resgate era visto como um sinal de fraqueza, em vez de esperança.No fim do dia, quase 190 milhões de ações da Bear Stearns haviam mudado de mãos - 17 vezes mais que a média diária - e o preço havia caído 47% a US$ 30 a ação.

O banco [JP Morgan] havia ficado com medo depois que seus diretores seniores retornaram à Park Avenue após a avaliação da contabilidade da Bear Stearns. Além de perder clientes, a firma estava enfrentando uma série de processos por causa do colapso de dois fundos de hedge seus no verão anterior, e seu grande portfólio hipotecário havia ficado muito exposto a novos problemas no mercado imobiliário.

O negócio foi aprovado, os mercados abriram tranqüilamente e a maioria dos investidores permaneceu feliz, sem perceber as turbulências da semana. Ainda assim, para a Bear Stearns, o governo federal e o JP Morgan, foi um desfecho insatisfatório.Os investidores da Bear Stearns "engoliram o sapo", de uma maneira menos dolorosa que a vislumbrada por Paulson. O Fed conseguiu estabilizar os mercados, mas colocando em risco dezenas de bilhões de dólares e estabelecendo um precedente desconfortável. E o JP Morgan ficou com os clientes, os funcionários talentosos de Bear Stearns e um novo prédio por uma pechincha. Mas agora ele está com obrigações de pelo menos US$ 9 bilhões e a tarefa de integrar duas culturas corporativas muito diferentes.O índice Dow Jones não caiu 2.000 pontos, outras corretoras de valores não quebraram e o sistema financeiro mundial não entrou em colapso - embora tenha respirado com dificuldade. Quanto aos riscos, o moral e outros, que espreitam o futuro, eles terão que tomar conta de si mesmos.


Venda da Bear foi fechada em 48 horas
Valor Econômico - 2/6/2008

12 maio 2008

O mercado e o governo

Texto enviado por Ricardo Vianna (grato) de abril, mas sempre atual:

Quando o livre mercado pede socorro
Por Cristiane Perini Lucchesi, de São Paulo
Valor Econômico - 11/04/2008

"Agora somos todos keynesianos". A famosa frase - dita pelo monetarista Milton Friedman em 1965 à revista "Time" e pelo ex-presidente americano Richard Nixon ao acabar com o padrão ouro, em 1971 - está de volta à ordem do dia. Afinal, o livre e desregulamentado mercado dá sinais de fraqueza inconteste e tem pedido cada vez mais a ajuda do Estado. A inadimplência nas hipotecas americanas gerou uma crise de solvência entre os bancos dos países ricos que foram, pouco a pouco, socorridos pelos diversos governos.

A necessidade de ampliação dos gastos públicos para evitar uma recessão maior passou a ser defendida por personalidades tão díspares quanto o presidente americano George W. Bush, passando por seu secretário do Tesouro, Henry Paulson, pelo diretor-gerente do Fundo Monetário Internacional, Dominique Strauss-Kahn, e pelos candidatos democratas à presidência dos Estados Unidos, Hillary Clinton e Barack Obama. Bancos centrais, governos e até mesmo instituições financeiras privadas passaram a discursar em favor de mudanças na regulamentação para o sistema financeiro e de melhorias na atuação de entidades regulatórias em todo o mundo.

Bloomberg

Ben Bernanke, presidente do Fed, teve de explicar ao Congresso um empréstimo para o JPMorgan comprar o quebrado Bear Stearns, com garantia de títulos de má qualidade

O primeiro-ministro do Reino Unido, Gordon Brown, e o ministro da Economia, Alistair Darling, tiveram de explicar a nacionalização do Northern Rock em fevereiro, após o socorro público ao banco, com empréstimos que chegaram a 55 bilhões de libras esterlinas (US$ 109 bilhões). O presidente do Fed, Ben Bernanke, teve de ir ao Congresso na semana passada para justificar o empréstimo de US$ 30 bilhões feito para o JPMorgan comprar o quebrado Bear Stearns, aceitando como garantia justamente títulos chamados de "lixo tóxico", vinculados a hipotecas.

Em suas justificativas, Brown e Bernanke poderiam contar com a ajuda do professor Paul Davidson, um dos mais renomados economistas keynesianos. Para ele, a atitude do Fed no caso Bear Stearns "é o jeito certo de salvar o sistema do colapso" em um momento delicado como o atual. "Aparentemente, você está salvando um banco em particular", comentou, em entrevista ao Valor, por telefone. "Mas, o que você realmente está salvando são as instituições financeiras como um todo, os mercados financeiros e os investidores maiores e também os menores". Davidson, um dos fundadores e editor do "Journal of Post Keynesian Economics", virá ao Brasil para participar do I Encontro Internacional da Associação Keynesiana Brasileira, que será fundada na ocasião.

"Se os bancos falirem, os fundos de pensão dos trabalhadores também quebram e você vai ferir não apenas os bancos, mas um monte de gente inocente", disse Davidson. Para ele, o modo certo de evitar esse "dano colateral" é o Estado assumir os ativos que ninguém quer, como os títulos e estruturas diversas vinculados às hipotecas. "Se as pessoas voltarem a pagar suas hipotecas e os títulos voltarem a ter valor, o JPMorgan poderá receber esses papéis de volta. Caso contrário, o Fed assume as perdas." Nos Estados Unidos, no entanto, uma nacionalização como a do britânico Northern Rock jamais seria aceita, por razões "culturais", afirma Davidson. Ele defende um socorro público em larga escala para todos os bancos com problemas.

A proposta de Davidson não é muito distante do que cogita fazer Darling, o ministro da Economia da Inglaterra. Segundo o jornal "Observer", Darling estaria avaliando colocar todos os ativos contaminados pelas hipotecas americanas no balanço do Banco da Inglaterra por até três anos.

Segundo lembra Davidson, medidas desse tipo já foram adotadas nos Estados Unidos. "Os resultados foram positivos", diz. Em 1933, conta, a administração do presidente Rossevelt criou a Home Owner's Loan Corporation (HOLC), uma corporação pública com o objetivo de ajudar a refinanciar os mutuários e socorrer as financeiras e bancos envolvidos com empréstimos imobiliários. Ele lembra ainda a Resolution Trust Corporation, do governo Bush, Pai, que removeu os empréstimos em atraso dos balanços das cerca de 700 financeiras do setor imobiliário durante a crise de 1980.

Paralelamente a isso, o governo americano deveria entrar com garantias e linhas de crédito especiais para ajudar os mutuários com empréstimos em atraso a voltarem a pagar, de forma que a crise de solvência dos bancos e financeiras seja contida e que despejos em massa sejam evitados. É a única forma para evitar uma grande recessão, diz. "O governo americano não quebra, pois tem dívida em dólar, a moeda padrão do sistema de pagamentos internacional, e por isso pode ficar com as perdas e evitar que os bancos e mutuários quebrem", afirma.

Davidson sugere ainda que o governo americano ajude a financiar investimentos na área de construção civil e indústrias relacionadas, também nos moldes do Plano Rossevelt, além de criar um amplo programa de investimento em infra-estrutura para estimular a economia. A idéia vem sendo defendida por senadores democratas como Christopher Dodd, presidente do comitê de bancos, habitação e assuntos urbanos do Senado americano.

O próprio governo Bush propôs medidas de ajuda aos mutuários, consideradas tímidas e insuficientes. Recentemente, o Senado aprovou projeto de lei do Executivo que autoriza empréstimos da Federal Housing Administration (FHA), o departamento federal de habitação, para mutuários com perspectiva de arresto do imóvel por falta de pagamento. O plano reduz o valor da entrada exigida dos compradores da casa própria de baixa e média renda que contraem empréstimos garantidos pelo governo federal, além de permitir a captação de financiamentos maiores. Mais: facilita a obtenção de empréstimos por mutuários cujos contratos de crédito imobiliário tiverem juros flutuantes e que estejam em datas próximas para renegociação. Ao anunciar o programa, no final do ano passado, Bush garantiu ainda que "o governo federal está tomando várias medidas regulatórias para tornar a indústria imobiliária mais transparente, confiável e justa".

Até Dominique Strauss-Kahn, diretor-gerente do FMI, chegou a defender a atuação do Estado. "Eu realmente acho que a necessidade de intervenção pública na economia está ficando mais evidente", declarou ao jornal "Financial Times". Disse também que apóia uma injeção imediata de dinheiro público nos bancos, visto que os recursos privados parecem insuficientes. Em meio ao debate internacional, Gustavo Loyola, ex-presidente do Banco Central do Brasil, e o ex-ministro Maílson da Nóbrega aproveitaram a carona e saíram em defesa do Proer, o socorro aos bancos providenciado pelo governo brasileiro em 1995-1997. "Jamais imaginei que, em Londres, iria me encontrar de novo em meio a um debate semelhante ao vivido no Brasil na época do Proer, mas agora em nível global", disse o brasileiro André Esteves, chefe mundial de renda fixa do UBS.

O tema está no centro do debate econômico às vésperas das eleições americanas. O candidato republicano, John McCain, defende que "não é função do governo americano recompensar aqueles que agem irresponsavelmente, sejam grandes bancos ou pequenos emprestadores". Paul Volcker, ex-presidente do Fed, disse que o banco central "colocou-se acima dos princípios e práticas de um banco central construídos por tanto tempo" ao socorrer o Bear Stearns, ficando "à margem de seus poderes implícitos e legais". E Alan Greenspan, outro ex-presidente do Fed, chegou a sugerir que o governo deixasse os preços das moradias e dos ativos vinculados a hipotecas caírem até que os investidores vissem barganhas e começassem a comprá-los. O economista Paul Krugman, articulista do "New York Times", também tem criticado a ajuda aos bancos.

Um dos principais argumentos contra a ajuda ao mercado tem sido o chamado "risco moral". Ao socorrer os mutuários e bancos, o governo estimularia esses agentes a realizar outros empréstimos inviáveis, na expectativa de que poderiam voltar a ter ajuda do Estado. A esse argumento, Davidson responde: Que se aplique a legislação. Foi o que aconteceu, recorda, logo após a crise de 29.

"Aqueles que não estudam história estão condenados a repetir erros passados", alfineta Davidson. Ele propõe a volta de uma lei nos moldes da Glass-Steagall, aprovada no Congresso americano em 1933, que separou os bancos comerciais dos bancos de investimento. A idéia, na certa, deixa os banqueiros de cabelo em pé. "É necessário salvar os bancos deles mesmos", diz.

Para Davidson, a crise atual só aconteceu por causa da desregulamentação do sistema bancário americano, que culminou com o fim da Glass-Steagall, em 1999. "Antes, quando bancos faziam empréstimos, tinham de manter essa dívida até o fim." Por isso, tinham que investigar para quem emprestavam, de forma muito cuidadosa. "Se o tomador ficasse inadimplente, o banco teria a perda com o não-pagamento e com a venda da casa." Até os anos 1980, diz Davidson, o Fed limitava a quantidade de ativos imobiliários que podia ser vendida a terceiros pelos bancos a uma porcentagem pequena do total.

Com o fim das regulamentações e da Glass-Steagell, "todo mundo passou a poder tomar crédito, pois em 30 a 60 dias o banco vendia esse empréstimo hipotecário para outra pessoa". O banco, segundo Davidson, passou apenas a se preocupar se o tomador do empréstimo faria seu primeiro ou segundo pagamentos.Depois, as perdas com a inadimplência não seriam dele.

[Na crise atual] "o banco originador do crédito pôde se livrar desses empréstimos empacotando-os em ativos financeiros muito sofisticados, como as 'collateralized debt obligations'" (CDOs), diz Davidson. O originador do empréstimo passou a ganhar comissão com a venda do empréstimo e não tinha de se preocupar com o custo de um possível não-pagamento. "O que aconteceu foi que mais e mais pessoas passaram a ser estimuladas a tomar empréstimos que não poderiam honrar."

De acordo com Davidson, os bancos diziam que, com a securitização e derivativos, estavam criando instrumentos para transferir e espalhar melhor o risco. "Mas eles tornaram a situação mais perigosa e acabaram espalhado por todo o mundo as perdas com a inadimplência das hipotecas." E acrescenta: "As pessoas, os fundos de pensão mais conservadores, compraram esses ativos pensando que eram seguros, líquidos, e que estavam com retornos atraentes". Mas logo descobriram que não eram assim."

Segundo Davidson, as agências de classificação de risco de crédito consideravam esses instrumentos seguros e davam a nota mais alta a eles, baseando suas projeções na observação do que aconteceu no passado, quando esses ativos imobiliários eram muito líquidos e seguros. Mas, com o fim das regulamentações, foi deixando de ser assim.

"Os bancos de investimento não se preocupavam realmente em verificar quem era o tomador, pois iriam repassar o empréstimos para outro alguém que muitas vezes não sabia o que estava comprando." Segundo Davidson, nos depoimentos sobre a crise de 1929, a mesma situação veio à tona. Por isso, para Davidson, uma instituição financeira tem de escolher. Pode ser um banco comercial, fazer empréstimos às pessoas e ficar com eles até o fim, ou pode ser uma corretora ou banco de investimento e vender títulos e ganhar uma comissão. Paulson, o secretário do Tesouro americano, egresso do Goldman Sachs, já rejeitou sugestões como as de Davidson. Negou pedidos para que as autoridades reguladoras desmembrem as agências de classificação de crédito ou forcem os bancos emissores de títulos lastreados em hipotecas a manter uma parcela dos títulos que emitem.

Para Davidson, a proposta regulatória feita recentemente por Paulson "não vai resolver problema nenhum e pode até criar mais problemas". Segundo ele, o plano, que unifica a Securities and Exchange Commission (SEC, o órgão regulador das bolsas) com a Comissão Reguladora de Negociações com Contratos Futuros de Commodities dos Estados Unidos, dando mais poder à segunda, piora a situação. "A agência de commodities é mais orientada no sentido do livre mercado", diz.

"Quando a Glass-Steagell foi repelida, eu disse que era um erro terrível", comenta Davidson. "No entanto, eu não achava que seria tão ruim quanto acabou se tornando dez anos depois". Davidson lembra que os bancos contabilizavam muitos desses ativos vinculados às hipotecas americanas fora de seus balanços por meio de SIVs ("structured investiment vehicles"), por exemplo. Mas, conforme lembrou ao Valor experiente gestor de recursos, o que esses grandes bancos têm agora é um passivo contingente com os clientes para os quais venderam esse "lixo tóxico", uma exposição contra esses mesmos clientes por terem financiado essa venda, além de muitas vezes carregarem no próprio balanço as porções mais arriscadas ("equity") dos veículos, que viraram "pó".

Para solucionar o problema, são insuficientes as injeções de liquidez que o Fed tem feito por meio da forte redução nos juros básicos americanos - de 5,25% ao ano em setembro para 2,25% - e dos empréstimos no mercado monetário, na visão de Davidson. "A liquidez não é a solução para um problema que na verdade é de solvência", diz. "É como tomar uma aspirina para curar o câncer: a aspirina pode ajudar a reduzir a dor, mas não cura a doença".

Para Davidson, "a instabilidade atual no mercado foi causada pelos bancos na sua tentativa de securitizar, ou tornar líquidos, ativos que são amplamente ilíquidos, como as hipotecas". Por isso, Davidson discorda de analistas citados pelo "The Wall Street Journal", segundo os quais o momento seria de "fragilidade financeira", nos moldes definidos por outro economista pós-keynesiano americano, Hyman Minsky, morto em 1996. Ele também não vê uma situação de "armadilha da liquidez", na qual os juros nominais ficam próximos a zero e a autoridade monetária se torna incapaz de reanimar a economia, como Paul Krugman chegou a sugerir. "Embora economistas neo keynesianos como Paul Samuelson falem em armadilha de liquidez, o Keynes nunca viu uma situação desse tipo", diz.

Para Davidson, o mercado financeiro "pode fazer maravilhas para o crescimento econômico, se propriamente desenhado e regulado". Mas pode levar à recessão, desemprego e desigualdade se for usado erroneamente. "Essa é uma teoria pós-keynesiana", afirma. Segundo ele, "a grande questão proposta por Keynes é como se deve desenhar a economia e os mercados financeiros para se ter certeza de que chegaremos o mais perto possível do pleno emprego". Segundo ele, foi o que Keynes tentou na conferência de Bretton Woods, em julho de 1944: desenhar um sistema financeiro internacional e criar o pleno emprego global. Seria uma forma de minimizar os dois principais problemas do capitalismo: a incapacidade de atingir o pleno emprego e uma distribuição de renda inadequada e desigual. Keynes não acreditava que se teria uma completa distribuição de renda totalmente igualitária, diz Davidson. "Ele achava que era desejável que certa parcela de desigualdade fosse mantida", comenta.

Os neokeynesianos não têm nada a dizer sobre o sistema financeiro internacional, critica Davidson. "Para eles, a razão para o desemprego existir mesmo com a economia em equilíbrio é você ter preços e salários rígidos", comenta. "Dessa forma, se a demanda cai, preços e salários não caem, por que os monopólios - sejam de sindicatos de trabalhadores ou de empresas - impedem esses preços e salários de cair". Para os neokeynesianos, "são os sindicatos e as grande corporações que causam os problemas de desemprego, o que não tem nada a ver com o que Keynes dizia." Para Davidson, Keynes argumentava que não importa se existem perfeita competição e salários flexíveis - os mercados financeiros podem sempre causar problemas.

15 abril 2008

A crise financeira e o risco moral


Um artigo interessante do Valor Econômico (enviado por Ricardo Viana, grato) comenta a questão da crise financeira atual.

A justificativa da intervenção do governo na crise foi salvar o sistema de uma crise maior.

Para ele, a atitude do Fed no caso Bear Stearns “é o jeito certo de salvar o sistema do colapso” em um momento delicado como o atual. “Aparentemente, você está salvando um banco em particular”, comentou, em entrevista ao Valor, por telefone. “Mas, o que você realmente está salvando são as instituições financeiras como um todo, os mercados financeiros e os investidores maiores e também os menores”.


De uma forma geral, o texto é favorável a intervenção. Mas num determinado momento lembra a questão do risco moral:

Um dos principais argumentos contra a ajuda ao mercado tem sido o chamado “risco moral”. Ao socorrer os mutuários e bancos, o governo estimularia esses agentes a realizar outros empréstimos inviáveis, na expectativa de que poderiam voltar a ter ajuda do Estado.

31 março 2008

T.B.T.F.


Segundo James Surowiecki, num artigo para New Yorker denominado Too Dumb to Fail, o banco Bear Stearns só não fechou por conta do T.B.T.F. Ou seja, "too big to fail".

Os bancos são muito alavancados - ou seja os índices de endividamento são elevados. Mas espera-se que sejam bons gestores de risco, assegurando aos depositantes e investidores uma segurança para seus recursos. Parece que não foi o caso...

18 março 2008

Crise Sistêmica ou Risco Moral


O socorro que o FED (Banco Central Norte-americano) e o JP Morgan Chase ao Bear Stearns, ocorrido na sexta-feira, coloca a discussão sobre o que é menos pior: o risco moral ou a crise sistêmica. O risco moral é a idéia de que os agentes econômicos, sabendo que o governo não deixaria quebrar um grande banco, tomam atitudes mais arriscadas do que deveriam.
Segundo Peter Cohan (Which is worse: Moral hazard or credit collapse?) a possibilidade do colapso do mercado de crédito é pior do que o risco moral.

Risco Moral


Os críticos do papel do FED na venda do Bear Stearns levantaram o aspecto de risco moral. O que é o risco moral?

Ele descreve a chance das pessoas assumirem riscos quando elas acreditam que estão protegidas das conseqüências das suas decisões. Neste caso, os críticos estão preocupados com as empresas de investimento que poderão repetir as suas recentes decisões ruins de investimentos, com base numa crença de que o governo vai ajudá-las novamente.

Os exemplos clássicos de risco moral envolvem seguros. Quando as pessoas podem ter seguros contra um mau evento, como um acidente de carro, podem tornar-se mais dispostas a um comportamento perigoso.


Fonte: New York Times. Clique aqui para ler mais sobre o assunto