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24 maio 2023

Dúvidas sobre a autenticidade do quadro de Rubens na Galeria Nacional de Londres

 


A Galeria Nacional de Londres está enfrentando questionamentos sobre uma de suas pinturas. A obra em questão é intitulada "Sansão e Dalila" (foto acima) e supostamente atribuída a Peter Paul Rubens, datando de 1609. O quadro foi adquirido em um leilão da Christie's em 1980, pelo valor de 2,5 milhões de libras, um recorde na época, embora agora seja considerado um valor modesto para esse tipo de pintura.

Há anos surgem dúvidas quanto à autenticidade do quadro. Euphrosyne Doxiadis, em um artigo, mostrou tem expressado desconfiança em relação à qualidade da obra desde 1986, mas ela não é a única a suspeitar de sua autenticidade.

É sabido que Rubens pintou um quadro com o mesmo tema, que permaneceu no salão do prefeito de Antuérpia até 1640. No entanto, foram feitas duas cópias da pintura no local onde a obra original estava exposta, e essas cópias incluíam o quadro original. Posteriormente, o quadro original desapareceu e reapareceu apenas em 1929, quando foi adquirido por um alemão. Alega-se que o quadro tenha permanecido na casa real de Liechtenstein por dois séculos, mas as evidências são frágeis.

As dúvidas sobre a qualidade e autenticidade do quadro persistiram ao longo do tempo. Em 2021, uma empresa de Zurique utilizou técnicas de Inteligência Artificial para comparar o quadro com outras obras autênticas de Rubens, concluindo que havia uma probabilidade de 92% de que o quadro não fosse autêntico.

O artigo de Doxiadis apresenta outras evidências que apoiam sua tese. Esse tema adquire um interesse contábil, uma vez que o blog aborda questões relacionadas à contabilidade, por algumas razões relevantes. Duas delas merecem destaque. 

Primeiramente, o quadro faz parte do acervo do museu e, portanto, deve ser registrado como um ativo. A existência de uma alta probabilidade de que o quadro não seja de Rubens, certamente, diminui seu valor. Isso resulta em um problema de avaliação, no qual um valor menor para a obra deveria ser considerado. Mesmo o valor de aquisição de 2,5 milhões de libras pode ser considerado elevado. Se uma pintura não original tem um valor estimado em 10 mil libras, esse valor deveria ser registrado como o montante do ativo. O reconhecimento de uma perda significativa, mesmo para um museu renomado, é necessário.

O segundo aspecto relevante é que a Galeria Nacional é uma organização do terceiro setor, que recebe financiamento público proveniente dos impostos dos contribuintes. Manter o quadro como se fosse de Rubens, apesar das evidências em contrário, demonstra uma possível má-fé em relação àqueles que financiam a instituição.

(Interessante que o quadro não aparece na relação constante da Wikipedia como sendo de Rubens. E nem nas obras de destaque do museu)

17 outubro 2022

Sobre o valor de um quadro sem a autenticidade de um grande mestre

 Eis um caso interessante sobre mensuração de ativo. Recentemente um quadro atribuído ao pintor Vermeer, denominado "Moça com Flauta", foi considerado, por especialistas, como não sendo de sua autoria. 

É curioso que o processo de autenticação tenha se tornado mais rigorosamente científico mesmo que a autenticidade seja uma categoria cada vez mais suspeita ou desdenhada. A autenticação da obra dá poder aos acadêmicos, e agora aos cientistas, e parece ser parte do aparato de controle que faz os museus parecerem zonas de exclusão ou patriarcais. Também pode sustentar categorias dúbias ou problemáticas, como a do gênio, que muitas vezes são usadas para limitar o cânone a grandes homens (quase sempre homens) canonizados por séculos de admiração reflexiva. 

Mas, assim como forjar ou falsificar uma obra é uma forma de olhar profundo, autenticá-lo também é. Desde a redescoberta de Vermeer, tem sido tentador atribuir a ele o trabalho de outros artistas, incluindo as magníficas e íntimas cenas de Ter Borch. Mas o processo de autenticação de uma obra de um artista pode nos levar a olhar mais profundamente para a obra de outros artistas. As pinturas de Jacobus Vrel, contemporâneo de Vermeer (que usava as iniciais J.V.), às vezes são atribuídas ao artista mais famoso.

Mas elas são surpreendentemente belas e espantosas por si só, e qualquer trabalho de J.V. que seja Vrel, mas não Vermeer, não é uma perda para o mundo. A autenticidade permanece fortemente controversa no mundo da arte contemporânea. Artistas têm questionado por que o original deve ser mais valorizado do que uma cópia, por que uma obra deve ser limitada à presença física de um objeto em vez de livremente presente e transmissível como uma ideia ou um conceito, e por que a arte deve funcionar como moeda ou objeto de luxo, com seu valor determinado tanto pela escassez quanto pela qualidade.

Veja que o processo que excluiu a pintura pode reduzir o valor da pintura, mesmo que o texto afirme que o quadro é belo. Afinal, faltaria a autoria de Vermeer. Abaixo, o quadro mais famoso do pintor, que foi inclusive objeto de um filme, com Scarlett Johansson.


Desde a redescoberta, no século 19, do trabalho do pintor holandês do século 17, o catálogo autêntico de Vermeer encolheu e ocasionalmente cresceu, embora a tendência maior tenha sido diminuir. Em 1866, o grande defensor do pintor, Théophile Thoré-Bürger, publicou uma lista de Vermeers que considerou mais de 70 obras pintadas como possivelmente do artista, embora o autor se sentisse confiante em apenas 49 delas. Hoje, esse número está em torno de 34 ou 35. Assim como a Moça com Flauta da National Gallery é suspeita há muito tempo, outra pintura, Dama Sentada ao Virginal, também tem uma longa história de dúvida e defesa.

Veja que a falta de autenticidade pode provocar dois possíveis efeitos sobre os demais 34 ou 35 quadros. Por um lado, aumenta a raridade das obras atribuída ao pintor, melhorando sua valorização. Mas por outro lado, pode fazer com que a certeza da obra - de cada um dos 34 quadros - seja menor. 

17 janeiro 2018

Valor de uma assinatura

Eis uma história interessante sobre a dificuldade de determinação de valor de um objeto:

O canal Fox Business levou ao ar esta semana a história dos irmãos Landau – Ned, Roger e Steven –, de Teaneck, no Estado de New Jersey, nos EUA. Quando a mãe morreu, em 2010, deixou de herança um aparelho de chá, algumas porcelanas e uma velha pintura descascada que ficava pendurada na sala de jantar.

O quadro sempre causou arrepios em Ned. “Nunca gostei da imagem. Era uma mulher desmaiada numa cadeira, com duas pessoas tentando ressuscitá-la. Quando era criança, nunca entendi direito porque tínhamos uma pintura tão feia na sala”, disse.

A herança foi parar no porão de Roger. O quadro velho, largado debaixo de uma mesa de pingue-pongue. Por quatro anos, as quinquilharias acumularam poeira, até que os filhos decidiram se livrar de tudo.

O leilão foi em setembro de 2015, mas os irmãos nem sequer acompanharam os lances. No salão, tudo aconteceu como previsto. As porcelanas saíram por mais. A prataria, por um pouco menos. O leiloeiro abriu a venda do quadro pelo lance mínimo: US$ 250. “De repente, os lances chegaram a US$ 5 mil”, lembra Nye. “Tudo foi feito pelo telefone. Era uma guerra entre um alemão e um francês. O preço passou de US$ 100 mil.”

Ainda sem entender, Nye colocou a mulher, Kathy, para repetir os lances do francês, enquanto sua assistente, Amy Ludlow, cuidava do alemão. “Quando o preço passou de US$ 450 mil, as pessoas começaram a ficar angustiadas”, disse Kathy. A guerra acabou quando o alemão fez um lance de US$ 1,1 milhão, seguido de uma confissão: o quadro era de Rembrandt.

Os irmãos Landau só ficaram sabendo da venda dois dias depois. O quadro Paciente Inconsciente, pintado entre 1624 e 1625 pelo jovem mestre holandês, foi revendido em 2016 por US$ 4 milhões. Ned Landau, que nunca gostou da pintura, hoje garante que é uma obra-prima. “Não há Rembrandt mais bonito”, disse ele à Fox. / AP

O quadro que ficou no porão, debaixo de uma mesa de pingue-pongue é esse:

10 novembro 2017

Surpresas em pintura

Duas surpresas nesta semana relacionadas com pinturas. A primeira é o quadro abaixo de Van Gogh:
Os especialistas encontraram um gafanhoto morto. Van Gogh pintava ao ar livre e o gafanhoto seria uma sujeira. A outra surpresa foi um vídeo mostrando a limpeza de uma tela do século XVII.

05 junho 2014

Frase

"Eles não são bonitos, nem demonstram uma grande capacidade artística" (Peter Singer, comentando sobre as recentes vendas de obras modernas, entre elas o quadro acima, de Barnett Newman, Black Fire I, vendido por 84 milhões de dólares)

27 maio 2014

Listas: Os quadros mais caros

10. $105.4 million. Silver Car Crash [Double Disaster] - Andy Warhol, 1932.
9. $106.5 million. Nude, Green Leaves and Bust - Pablo Picasso, 1932.


8. $110 million. Flag - Jasper Johns, 1958
7. $119.9 million. The Scream - Edvard Munch, 1895
6. $135,000,000. Gustav Klimt – Portrait of Adele Bloch-Bauer I.
5. $137,500,000. Woman III - Willem de Kooning
4. $140,000,000. No.5, Jackson Pollock - 1948

3. $142,4 million. Three Studies of Lucian Freud - Francis Bacon, 1969.

2. $155 million. La Rêve (The Dream) - Pablo Picasso, 1932.

1. $250 million. The Card Players by Paul Cézanne,2011.
Fonte: Aqui

25 abril 2014

Rir é o melhor remédio

Já comentamos sobre a arte de Banksy neste blog (aqui, aqui, aqui e aqui). Eis o que fez o pintor sobre a privacidade das comunicações nos dias de hoje: