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28 março 2024

Comentário sobre os periódicos nacionais

A expansão dos programas de pós-graduação em nossa área, ocorrida no início do milênio, também trouxe uma consequência importante: o aumento dos periódicos nacionais. Como cada programa “tinha” seu periódico, com algumas exceções, o número de veículos para publicação das pesquisas cresceu substancialmente. Outro fator importante foi o fato de que a grande maioria era em formato digital, o que significava um custo próximo de zero. Tudo parecia funcionar perfeitamente: o aumento no número de alunos e docentes na pós-graduação levava ao crescimento da produção científica, que, por sua vez, impulsionava os periódicos.


Há outro fato que não podemos desprezar que ocorreu no Brasil. Algumas áreas da pós-graduação decidiram deixar de lado as métricas tradicionais de publicação, usadas globalmente, e passaram a contar com uma métrica específica para o nosso país, o Qualis. Assim, um periódico não precisava estar em uma grande base mundial de pesquisa para entrar no Qualis. Também não era relevante a publicação de pesquisa em inglês, a linguagem universal da ciência atual.

Mas, nos últimos anos, os editores de periódicos perceberam três pontos relevantes. O primeiro deles é que a quantidade de artigos de qualidade submetidos parece ter diminuído. Houve também uma redução na demanda por pós-graduação que pode justificar parcialmente essa redução. E a redução no número de alunos da pós – ou talvez seja no número de candidatos dispostos a fazer a pós – ocorreu dado que a expansão da pós atendeu à demanda reprimida que existia, representada por professores mais experientes que precisavam da titulação, e por uma visão de que estudar em uma instituição formal talvez não seja tão vantajoso assim. Este último ponto é polêmico e merece, eu sei, maior aprofundamento.


Mas a menor quantidade de artigos submetidos certamente não foi justificada somente pelo menor número de alunos da pós. Os autores de pesquisa perceberam que publicar em periódicos internacionais tinha algumas vantagens interessantes. Na maioria dos casos, essa publicação é paga, mas o fato de a pesquisa ser indexada em uma base de publicação reconhecida permite que a pesquisa seja citada no exterior. Um dos grandes motores da publicação é o orgulho, e ter um artigo publicado em língua inglesa, citado por um autor de outro país e até reconhecido, compensa o desafio de publicar em periódico internacional.

O segundo ponto relevante que os editores perceberam é que o custo de manter um periódico não é zero. Você precisa ter um apoio administrativo para lidar com a quantidade de artigos que chegam, o registro do periódico em algumas bases, para torná-lo mais atrativo, tem um custo, e o tempo que o editor se dedica à tarefa é muito grande. E a brincadeira cansa. Há pressão para soltar o periódico no prazo, manter-se atualizado em termos de novas tendências, encontrar pareceristas que façam um bom trabalho e lidar com a concorrência. Tornou-se comum os periódicos demorarem mais de 500 dias para recusar um artigo depois de seis rodadas com um parecerista (aconteceu comigo). Outros simplesmente não fazem seu artigo progredir. Ou publicam seu artigo atrasado, afetando seu planejamento de publicação. E muitas pessoas perceberam que ser editor de um periódico significa trabalho, mas muito pouco status.

A percepção chegou de forma forte para alguns periódicos, onde os editores foram fazer outra coisa e ninguém apareceu para se dedicar com empenho à tarefa. Vários deles sumiram. Publiquei, por exemplo, um artigo em um deles e não guardei a versão final em PDF. O resultado é que, quando alguém pede a pesquisa, não tenho como encaminhar. O custo oculto do periódico não foi devidamente calculado no passado e cobra seu preço.

A terceira questão é que o processo de publicar um artigo em um periódico é mais complexo do que parece. Não irei falar aqui da fase de formatação ou da fase de captação dos pareceristas, mas sim do momento após o artigo estar disponível para os leitores. Alguns periódicos internacionais enviam um e-mail bastante atraente com um resumo menos técnico para que a pesquisa cause impacto. Isso envolve podcasts e infográficos que são realmente atraentes. A presença nas redes sociais também é notada, o que inclui postagens específicas em blogs, Instagram ou TikTok. Durante quase vinte anos de blog, confesso que não me lembro de um editor solicitando a divulgação das pesquisas dos periódicos. Fazemos isso por opção, mas a falta de interesse mostra que o caminho da divulgação das pesquisas por parte dos periódicos brasileiros precisa melhorar bastante.

É verdade que alguns poucos periódicos perceberam que precisam estar em bases de dados indexadas para serem vistos. Ou que os artigos só serão lidos se estiverem em língua inglesa. Ou que poderiam lançar um serviço de apoio ao autor para ajudá-lo no processo de submissão e publicação. Ou que o e-mail enviado aos cadastrados não seja apenas algo como "foi publicada uma nova edição". No mundo onde a atenção é importante, atrair o leitor significa ter pessoas que não só irão ler, mas também citar os trabalhos.

Diante desse contexto, o processo de extinção de periódicos continuará acontecendo. Alguns poucos até serão vendidos para editoras internacionais, que passarão a cobrar pela publicação e acesso ao artigo. Outros continuarão com uma qualidade de atendimento ao pesquisador tão ruim que serão extintos ou definharão. 

(Imagem criada pelo GPT a partir do texto acima)

30 outubro 2023

Crise de pareceristas em periódicos


"Em novembro de 2022, o economista da saúde Chris Sampson se viu precisando desesperadamente de um herói. Como editor associado do Frontiers in Health Services, ele tentava revisar um artigo desde abril. Ele enviou cerca de 150 convites para possíveis revisores e recebeu quatro críticas, mas apenas uma de qualidade suficiente para ser útil.

...

"A situação de Sampson é um problema enfrentado pelos editores de todo o mundo diante do crescimento descontrolado do número de periódicos e jornais. A contagem de artigos indexados pelo banco de dados de citações Web of Science triplicou de cerca de um milhão em 1990 para quase três milhões em 2016, de acordo com o site Publons.

...

"Balazs Aczel é psicólogo da Universidade Eötvös Loránd, em Budapeste, que estuda os processos da ciência. Usando um conjunto de dados que abrange mais de 87.000 periódicos acadêmicos, Aczel e seus colegas estimaram que os pesquisadores globalmente, em conjunto, passaram o equivalente a mais de 15.000 anos em revisão por pares somente em 20202). E muitos cientistas estão se recusando a revisar com mais frequência.

...

"Muitos cientistas estão cada vez mais frustrados com os periódicos - a natureza entre eles - que se beneficiam do trabalho não remunerado de revisar enquanto cobram taxas altas para publicar neles ou ler seu conteúdo.

...

Do blog de Al Roth. Foto: AbsolutVision

19 dezembro 2022

Globalização da pesquisa acadêmica em contábeis

O movimento de globalização está atingindo também a pesquisa acadêmica contábil, revelou um estudo dos principais periódicos nos últimos 26 anos. Eis o resumo:

The globalisation movement has greatly affected accounting practice but also academic accounting. Authors at the US universities have historically been major contributors to accounting academic research. An increasing percentage of contributors now come from other countries, such as Canada, the UK, Australia, New Zealand and others. This study examines representation of the US and non-US universities in six very highly ranked accounting journals over a 26-year period. Findings show that the average percentages of articles with non-US university representation vary across journals from the lowest, 15.34%, in The Accounting Review (TAR) to the highest, 64.12%, in Accounting, Organizations and Society (AOS). This study reveals that the force of globalisation is affecting accounting research and the publication landscape. These changes could help broaden perspectives and enrich understanding of accounting issues and accounting knowledge, thereby benefiting both scholarship and practice.

A tabela permite uma visão melhor. No período de 1985 a 1999 foram capturados quase 2400 artigos, sendo 28% de "não estadunidense". Entre 2000 a 2010 o número de artigos foi próximo a este total, sendo 37% fora dos Estados Unidos. 


Alguns periódicos são mais "universais" do que outros:


Olha aí um bom tema de pesquisa: poderíamos olhar os periódicos brasileiros para verificar se estamos publicando temas de outros países. Acho que a resposta será um sonoro SIM. Mas cabe uma investigação. 

Para finalizar, eis a tabela com os principais países em termos de publicação:
Entendo que esta tabela é uma representação da qualidade acadêmica na área contábil, com destaque para Estados Unidos, Reino Unido, Canadá, Austrália e Hong Kong. É assustador a pouca representatividade da Comunidade Europeia. O Brasil sequer é citado no texto. Assim como Portugal. 

05 dezembro 2022

Periódico predatório e seu efeito no mundo real

No entanto, talvez o verdadeiro "efeito predador" seja para a sociedade em geral, exposta aonde os periódicos que pretendem ser acadêmicos e revisados por pares apresentam artigos que não foram validados e contêm desinformação ou "ciência inútil". Em um estudo ainda a ser publicado, realizado em uma parcela de periódicos predatórios que publicou artigos relacionados ao COVID-19, verificou-se que:


A maioria dos artigos relatou métodos preventivos para controlar a infecção do COVID, modelos para prever a propagação de infecções ou medicamentos e vacinas para impedir a propagação do vírus ou tratamentos para o COVID-19

Também foram encontrados estudos relatando o uso bem-sucedido de hidroxicloroquina, cloroquina, ivermectina e tratamentos como terapia plasmática - ou outras terapias medicinais complementares sem ensaios clínicos e pequenos tamanhos de amostra

Dentro de um curto espaço de tempo, 85% dos artigos predatórios que investigamos receberam pelo menos uma única citação, muito superior à mostrada em estudos anteriores.

Questões semelhantes foram destacadas em que a experimentação com pessoas e animais foram publicados sem nenhuma das verificações de integridade usuais relatadas É nessa área que o impacto da publicação predatória é talvez mais claro, com artigos publicados em periódicos predatórios também pressionando reivindicações da teoria da conspiração, como antenas 5G transmitem COVID -19. Eles podem ser lidos, relatados e amplificados pela mídia, contribuindo significativamente para a "infodemia" dos últimos tempos. Como tal, embora o problema da publicação predatória possa parecer remoto ou difícil de quantificar, o efeito das práticas predatórias pode ser muito real.

Aqui uma listagem de periódicos predatórios. Foto aqui

28 outubro 2022

Frase

La hipótesis nula de todo editor y evaluador de una buena revista es ‘Tengo que rechazar este artículo´


Fonte: aqui

Este artigo está bem interessante. Logo após esta frase há duas suposições:

1. Os editores e pareceristas tem uma quantidade finita de recursos cognitivos e muitas tarefas para fazer

2. Os editores e pareceristas querem maximizar o impacto do periódico

25 outubro 2022

Concentração nos conselhos editoriais dos periódicos


Para pensar:

Um dos principais problemas que preocupa um grande número de economistas é a distribuição desigual de recursos econômicos, riqueza e poder (veja as entradas anteriores Rodríguez 2022, Ferreira 2018; Domènech e Sánchez-Cuenca 2022) e, como diz o ditado, "na casa do ferreiro, espeto de pau". Mais de duas décadas atrás Hodgson e Rothman (1999), diante da crescente importância das revistas Top 5 em Economia, se perguntavam se a organização da disciplina econômica era dominada por um pequeno grupo de departamentos. Seus dados, baseados em 30 publicações de revistas consolidadas em economia em 1995, mostraram que membros de conselhos editoriais vieram predominantemente de universidades americanas: 60% de todos os editores obtiveram doutorado em nove instituições americanas, enquanto 40% trabalhavam em 12 instituições americanas. Com uma concentração tão alta de poder em um pequeno grupo de instituições, sua principal preocupação estava na ameaça de que essa situação representasse "o potencial de inovação e mudança": com um pequeno conjunto de instituições dominando a profissão, a variedade de idéias e abordagens necessárias para inovação e mudança estaria em risco.

Fonte: aqui. Foto: Artur Shamsutdinov

Este é um tema que poderia ser pesquisado para o Brasil, nos nossos periódicos de contabilidade. (Quem fizer, a partir desta dica, ou saiba que já foi feito, peço encaminhar a pesquisa para o blog). 

Será que temos esta concentração? Bom, a história da pós-graduação no Brasil pode ajudar um pouco. O tronco de todos os programas brasileiros foi a pós da Universidade de São Paulo. Isto pode forçar a concentração. Mas vários programas usaram de profissionais formados em outras áreas (administração, educação, métodos quantitativos e outros) para formar o seu corpo docente. Isto pode, por outro lado, dar uma pluralidade maior na nossa área, no Brasil. 

30 setembro 2022

Limitação para publicação

Do Statmodeling:

O consultor internacional de biotecnologia Glenn Begley, que está em campanha por vínculos mais significativos entre a academia e a indústria, disse que a fraude na pesquisa é uma história de incentivos perversos. Ele quer que os pesquisadores sejam proibidos de produzir mais de dois ou três trabalhos por ano, para garantir que o foco permaneça na qualidade e não na quantidade.


No começo, pensei que era uma ideia horrível. Alguns de nós têm mais de duas ou três coisas para dizer em um ano Begley está tentando nos silenciar!

Mas então pensei, com certeza, que tudo depende apenas de como você define “artigos de periódicos.”Em vez de publicar 20 artigos de periódicos em um ano, eu poderia colocar 20 artigos no Arxiv e escolher apenas três deles para publicar em periódicos. Isso seria bom pois, na verdade, pouparia meus colaboradores e eu de enormes esforços para lidar com relatórios de revisão, papelada de periódicos e assim por diante. Meus colaboradores e eu poderíamos escrever o quanto sempre escrevemos, apenas com muito mais eficiência.

Então, eu estou de acordo com a proposta de Begley. Não tenho certeza de como isso seria aplicado e não pretendo fazê-lo unilateralmente, mas estou começando a gostar disso como uma política geral.

Então, novamente, você poderá continuar publicando 20 ou mais artigos por ano, mas há uma lógica para dizer que apenas 2 ou 3 podem estar em "jornais".”Ainda existem alguns detalhes que precisam ser elaborados, como contar artigos de coautoria e pensar em publicações não-jornais, como o arxiv.

A Capes, no Brasil, tentou fazer algo sobre isto - provavelmente não intencionalmente - reforçando uma análise somente na produção mais "relevante".

03 setembro 2022

EUA exigem acesso imediato a toda pesquisa com dinheiro do governo federal


Os Estados Unidos decidiram que toda pesquisa financiada pelo governo federal deverá ter seus resultados acessíveis. Atualmente é possível um atraso de um ano antes que a pesquisa seja publicada fora dos paywalls. Como o país é o maior financiador de pesquisa do mundo, a mudança, que será implementada até final de 2025, poderá ter um grande efeito para o Open Access (OA). 

As agências de financiamento estão desenvolvendo os protocolos nos próximos meses. A ideia é que não exista nenhum atraso ou barreira entre o financiador da pesquisa, o contribuinte, e os resultados. 

Anteriormente, a Europa estava liderando este movimento de OA. 

Obviamente, os periódicos pagos estarão buscando meios de manter seus negócios. A notícia publicada aqui tem sua origem na Nature, um periódico que tem acesso pago. Talvez estes periódicos concentrem na receita de bibliotecas. O setor parece passar por uma concentração, muito embora seja ainda pulverizado: três maiores periódicos publicaram 2% dos artigos. 

Em 2019, a Universidade da Califórnia bateu de frente com a Elsevier. Mas a questão de quem paga os artigos precisa ser considerada. 

16 agosto 2022

Periódicos internacionais mais relevantes em Contabilidade

 Na área de Business, a listagem dos periódicos relevantes é a seguinte:


Já na subárea de contabilidade e impostos temos:

O prestígio é dado pelo índice H5 do Google

21 dezembro 2021

Periódicos predatórios


Lendo sobre periódicos predatórios do blog do Scielo encontro este ponto:

Esta situación tan preocupante en el mundo académico en general, afortunadamente hasta ahora, no se ha manifestado tan intensamente en América Latina, y esto se debe a las varias acciones estratégicas que se han emprendido en la región desde hace por lo menos 20 años.

Las particularidades de las instituciones universitarias en la región (a diferencia de casi todo el resto del mundo) han tenido una tradición de ser públicas, muy abiertas, y que no siguen con tanta intensidad la tendencia de los ránkings, el productivismo del publish or perish, y las otras “modas” que se imponen en las llamadas universidades mainstream. Esto, por una parte, es una presión menos intensa en los académicos para inflar los currículums artificialmente con revistas basura.

Por otra parte, el paradigma de la publicación científica como bien público universal ha impulsado dos programas de publicación científica en acceso abierto, como son SciELO y Redalyc (mencionados por Nature3 como ejemplos) que han publicado más de un millón de artículos en más de dos mil revistas científicas de cerca de 20 países, para los cuales no se cobra APC, o en su defecto son costos muy bajos, gracias a las tecnologías que se explican en el post ¿Cuánto cuesta un artículo? Servicios de publicación académica y sus valores de mercado.4

Por esta razón el mundo académico de América Latina no es una fuente productiva a las editoriales piratas.

Acho que isto está mudando. Talvez a comunicação e a troca com os países da América do Norte e Europa tenha despertado o interesse pelo "publicar ou perecer". 

19 julho 2021

E se o periódico fechar?


O Journal of Business foi um dos cinco principais periódicos na área de finanças do mundo. Editado pela Chicago University, boas pesquisas eram publicadas no Journal of Business. Em 2004, a editora decidiu interromper o título por uma questão administrativa. O fechamento oficial ocorreu em 2006 e nada mais foi publicado. 

Um estudo feito a partir do caso do Journal of Business mostra que os artigos que foram publicados no periódico sofreram com a decisão de encerramento do mesmo. Segundo a pesquisa, os artigos recebem até 20% menos citações, quando se compara com citações de artigos semelhantes publicados em periódicos ainda existente. 

Isto significa dizer que não é somente o "valor" da pesquisa que conta no momento da citação. O prestígio atual do periódico também é importante. Usando três mil artigos, a pesquisa rastreou as citações nos anos seguintes e comparou com pesquisas semelhantes. 

Contabilidade - Nos últimos vinte anos, nós tivemos uma proliferação de periódicos no Brasil na área de contabilidade. Cada programa de pós e cada faculdade queria ter o seu. O custo era reduzido, pois eram digitais. Só precisava de algum editor para tocar a tarefa. Agora chegou o momento em que alguns deles irão descontinuar e outros reduzirão sua relevância. As pesquisas desses periódicos irão sofrer com uma provável descontinuidade.  

09 julho 2021

Gestor de pesquisa


Fui ler um post sobre publicação de artigos em periódicos de primeira linha - ou sobre a dificuldade cada vez maior em publicar lá - e fiquei impressionado com uma observação, ao final do texto, sobre a existência de "gestor de pesquisa". Ou seja, um cientista famoso, que gerencia equipes, na produção de pesquisa. 

Eis o trecho que chamou a atenção:

Em resumo: a economia acadêmica tem mais pesquisadores estelares, gerenciando equipes maiores produzindo artigos de alta qualidade do que há espaço nas revistas de elite, que foram forçadas a inventar critérios de aceitação impossíveis para produzir a saída singular que os editores de periódicos absolutamente não podem se esquivar: rejeições.

E se você acha que a resposta fácil é apenas aumentar o tamanho dos periódicos, está perdendo toda a função dos periódicos. Os periódicos não funcionam mais como disseminadores da ciência econômica. Em vez disso, são critérios para posse e promoção [1]. Há um número finito de vagas na faculdade e as escolas precisam de motivos para manter / demitir / promover / reter / recrutar. Se o número de artigos de periódicos de elite publicados fosse alterado, o efeito principal seria mudar o limite para o sucesso ou fracasso na posse e promoção. (...) 

[1] No Brasil, como as instituições de ensino que fazem pesquisa de ponto são geralmente públicas, isto não funciona assim. Mas em algumas poucas particulares preocupadas eventualmente com a produção, isto pode ser válido. Entretanto, o sistema de avaliação da pós é reproduz um pouco isso, com algumas distorções. Você é um curso de qualidade se seus professores publicam em periódicos de alto impacto.

Foto:  STIL

29 junho 2021

Periódicos Predatórios


Nos últimos anos tem aumentado o cerco dos periódicos predatórios. Estes periódicos enviam e-mails, insistem na publicação garantida e outras práticas. Segundo um levantamento recente, o número de periódicos predatórios é perto dos 15 mil. 


P. O que se entende ser periódico predatório? 
A Wikipedia fornece uma descrição curta como qualquer outra, com a adição de que raramente há revisão por pares: “A publicação predatória é um modelo de negócios de publicação acadêmica explorador que envolve a cobrança de taxas de publicação aos autores sem verificar a qualidade e legitimidade dos artigos, e sem fornecer serviços editoriais e editoriais que as revistas acadêmicas legítimas fornecem, acesso aberto ou não." 

P. Como você sabe se um diário é predatório? 
Indicadores comuns incluem alegações falsas de um fator de impacto, falta de informações / mentiras sobre o Conselho Editorial e promessas irreais de um rápida processo. 

P. O que acontece se você publicar em um diário predatório? 
Ele permanece publicado - a retração é altamente improvável e tentar republicar o artigo em um periódico legítimo só agravará o problema ao violar as diretrizes de ética da publicação. 

P. O que é um periódico predatório, um periódico publicado pela Internet? 
Os periódicos predatórios começaram a vida aproveitando a publicação on-line e o modelo de acesso aberto - ambas as coisas foram simplesmente combinadas para criar as circunstâncias certas para a evolução dos periódicos predatórios. 

P. Por que os periódicos predatórios são ruins? 
Os periódicos predatórios não verificam a validade ou a precisão das pesquisas enviadas, mas as apresentam como se tivessem. Como resultado, a ciência inútil, a propaganda e a pesquisa falsificada podem aparecer e ser acessadas por outros acadêmicos e pelo público em geral, causando confusão e danos potenciais a quem adota essa pesquisa para outro fim. 

P. O PLOS ONE é predatório? 
Não, de jeito nenhum. O PLOS ONE, como muitos dos chamados "mega-jornais", publica um grande número de artigos com base em uma revisão por pares que, no entanto, verifica a validade e a precisão dos artigos de pesquisa enviados. 

P. Como você pode detectar e evitar periódicos predatórios? 
Pesquise o tópico e use as muitas diretrizes fornecidas pelas bibliotecas universitárias em todo o mundo. Você também pode usar Critérios próprios de Cabells usa para identificá-los para inclusão em seus Relatórios predatórios banco de dados. 

P Quantos periódicos predatórios existem? 
Atualmente, existem 14.647 periódicos listados no banco de dados de Relatórios Predatórios da Cabells. 

 P. Qual é o sinal de aviso de que um diário ou editor é predatório? 
Além dos indicadores comuns listados acima, outros sinais mais superficiais podem incluir gramática / ortografia ruins, cobertura muito ampla de um tópico ou solicitação de envios de artigos com bajulação excessiva em e-mails de spam.

28 novembro 2020

Rejeição de artigos


Em geral um periódico de boa qualidade tem uma taxa de rejeição de 90% ou mais. Um periódico de boa qualidade este número é menor, algo em torno de 75%. Assim, ter um artigo rejeitado é algo comum. Há histórias de pesquisas fundamentais que foram recusadas pelos periódicos; a teoria das opções é um exemplo.  

Alguns periódicos apresentam esta informação para ajudar o autor na escolha da submissão. Existem sites que também divulgam isto. Há aqui um problema: o que seria rejeição de um artigo? Quando um autor submete um artigo fora das normas do periódico, o texto pode ser devolvido para correções. Este caso entraria na estatística de rejeição? Alguns periódicos consideram que sim, outros só passam a contar a partir da análise do texto. 

Alguns estudos mostraram que a taxa de rejeição estaria em torno de 60% (vide aqui as referências). Mas que artigos submetidos por países como China, Índia e Brasil o nível de aceitação é menor. Por exemplo, artigos de países desenvolvidos tem uma taxa de rejeição média de 50%; já países com piores desempenho - que inclui o Brasil - a taxa de rejeição estaria entre 73% a 81%

Os periódicos abertos possuem uma taxa de rejeição menor. Mas estes periódicos são mais recentes e geralmente estão em áreas onde a aceitação é geralmente maior. 


12 julho 2020

O caso do roubo de um periódico

Muitas histórias acontecem na pesquisa científica, mas esta parece superar a todas elas. Segundo o excelente Retraction Watch, o periódico Talent Development and Excellence foi "roubado". Seu nome foi alterado para "Journal of Talent ..." e o mesmo começou a publicar muitos artigos de pesquisadores russos.

(Confesso que já ouvi de um editor que pretendia "vender" seu periódico. O mesmo tinha Qualis e uma história. Mas roubo de periódico é inédito.)

Um discussão secundária do texto do Retraction Watch é sobre o plágio de outro idioma. Segundo um artigo citado este é um problema realmente grave. No passado analisei um artigo submetido para um periódico de boa reputação brasileiro. No final da avaliação, eu descobri que boa parte do texto era uma tradução; perdi meu tempo na análise e creio que o responsável pelo golpe não recebeu punição. Pelo menos o editor não deu um feedback neste sentido. Há duas semanas participei de uma apresentação de um detector de plágio; a grande preocupação de alguns era se o mesmo consegue detectar "traduções". A resposta é não.

11 maio 2020

Grandes Periódicos


Grandes periódicos são cada vez mais importantes para a ciência nos dias de hoje. Estes periódicos são caracterizados por serem muito maiores que um periódico típico, aceitando artigos mesmo que sejam cientificamente válidos e originais. Três grandes periódicos podem ser citados: o PLOS One, Scientific Reports e o IEEE Access. Estes três grandes periódicos publicaram 53 mil artigos por ano, o que representa 2% da produção mundial de artigos. Além destes, é possível incluir o Nature Communications e eLife como grandes periódicos. 
Existem três formas de financiamento de um periódico. A primeira é através da assinatura, onde o leitor paga para ler os artigos. Este é o caso do The Journal of Finance, por exemplo. O segundo formato é o periódico sem nenhum custo para o leitor ou para o autor. O periódico é subsidiado e este formato predomina na maioria dos casos no Brasil, na área contábil. A plataforma de hospedagem é aberta e o trabalho é gratuito (não se paga aos editores e pareceristas). O terceiro formato é através do pagamento na publicação ou na submissão. Ou seja, que financia o periódico é o autor. Isto é conhecido como Article Processing Charges (APCs). Os grandes periódicos usam este sistema de financiamento. Mas observe que muitos autores repassam este custo para sua universidade (ou centro de pesquisa).

A figura dos grandes periódicos é relativamente recente. Alguns deles foram fundados há menos de vinte anos, mas o volume de publicação obtido por eles – lembrando, algo em torno de 2% da publicação mundial – é substancial. Algumas editoras tentaram lançar o seu, como é o caso do Heliyon (Elsevier), SpringerPlus e PeerJ, mas não tiveram o devido sucesso. Mesmo optando por selecionar trabalhos “originais”, em lugar de trabalhos “importantes”, ainda há rejeição na submissão, embora não no nível de um periódico especializado de altíssimo nível (como o The Journal of Finance, onde somente 10% ou menos das submissões são publicadas).

Periódicos Brasileiros – No Brasil, a facilidade em criar um periódico fez com que existisse uma grande febre nos últimos anos. Cada programa de pós-graduação queria ter, orgulhosamente, um periódico para chamar de seu. Hoje, cada instituição de ensino deseja ter um periódico onde os trabalhos sejam publicados. A existência de uma listagem de periódicos onde era “aceitável” a publicação facilitou esta expansão. Mas nos últimos anos, a Capes dava pista que isto deveria terminar. A entidade do governo federal estava incentivando as áreas a terem poucos periódicos, mas de elevada qualidade. Mudanças recentes na entidade pode ter alterado esta política.