Translate

Mostrando postagens com marcador meio ambiente. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador meio ambiente. Mostrar todas as postagens

30 março 2021

Ambiente e avaliação de empresas

Um dos desafios da avaliação de empresas é levar em consideração na estimativa de valor o impacto ambiental. Como um tipo de risco qualquer, a questão ambiental pode ser inserida na análise na taxa de desconto ou no fluxo de caixa. 

Na segunda forma, no fluxo de caixa, o avaliador pode reduzir o montante que será gerado pela empresa. Mas esta não é a única forma. Avaliando a empresa pelo equivalente caixa, o analista pode estimar o fluxo de caixa com uma taxa sem risco e sobre o valor multiplicar um equivalente certeza de caixa. Para refletir a questão ambiental, este equivalente - usualmente menor que 1 - deve ser inferior ao que seria calculado em uma situação normal. 

A primeira forma é considerar a análise através da taxa de desconto. A obra de Mario Massari, Gianfranco Gianfrate e Laura Zanetti apresenta um exemplo do beta carbono. Geralmente o custo de oportunidade do capital próprio é estimado através de modelos como o CAPM. O que o analista faz é acrescentar um adicional pela emissão de carbono. 

Vejamos um exemplo construído pelos autores, onde o beta carbono é incorporado ao custo do capital próprio dado pelo CAPM. A taxa de desconto deste modelo seria:

Kec = Rf + Be (Rm - Rf) + Bc (Rc - Rf)

onde Kec = custo do capital próprio considerando o carbono, Rf = taxa sem risco, Rm = retorno do mercado, Bm = beta da empresa, Bc = beta carbono, Rc = retorno do carbono. 

A segunda parte da equação é que seria a "novidade" do cálculo. No exemplo do livro Corporate Valuation, de Massari, Gianfrate e Zanetti, os autores usaram um trabalho de 2013, de Koch e Bassen, onde estimaram os parâmetros. 

Exemplo

Rc = 9% (segundo Koch e Bassen, 2013)

Rf = 1,5% (média de títulos alemães de 10 anos)

Bm = 0,654

Rm - Rf = 5% (retorno de empresas europeias)

Rc - Rf = 9% - 1,5% = 7,5%

Bc = 0,034 (beta de empresas europeias com elevada emissão, oriundo de Koch e Bassen)

Com estes parâmetros, basta substituir na fórmula

Kec = 1,5% + 0,654 x 5% + 0,034 x 7,5% = 5,02%

A estimativa tradicional seria

Kec = 1,5% + 0,654 x 5% = 4,77%

Parece pouco, mas veja que se o fluxo de caixa for de $100 milhões a diferença seria:

100 / 0,052 = 1.923

versus

100 / 0,0477 = 2.096

Um adicional de 173 a menos no valor. Como a estimativa de Koch e Bassen foi realizada com dados passados, seus valores de beta estariam subestimados. 

(Foto: aqui)

01 outubro 2017

Custo do aquecimento global

Um relatório divulgado pelo National Geographic estimou que nos últimos dez anos a economia dos Estados Unidos teve um custo de 240 bilhões de dólares por ano em razão das mudanças climáticas devido a queima de combustíveis fósseis. Nesta estimativa não está incluso os três últimos furacões e 76 incêndios florestais.

02 junho 2017

Exxon e o Ambiente: mensuração na contabilidade da empresa

Um notícia importante do NY Times sobre a questão ambiental nas empresas de petróleo. Mais especificamente sobre a Exxon:

Durante anos a Exxon Mobil insistiu que nas suas decisões de investimento levava em consideração o que a poluição por carbono poderia custar para a empresa.

(...) há evidências que a empresa (...) exagerou o valor dos seus ativos, fraudando os acionistas (...) "a evidência sugere não só que as informações públicas da Exxon sobre suas práticas de gerenciamento de risco eram falsas e enganosas, mas que a Exxon estava no meio de um esquema fraudulento para investidores e o público em geral".


O foco do texto do NYTimes é um relatório que a empresa divulgou em 2014 sobre o risco da empresa com as mudanças climáticas e como isto poderia prejudicar seus negócios. Esta semana os acionistas aprovaram uma medida para que a empresa tenha uma contabilidade mais aberta e detalhada. Um problema são as reservas que a empresa diz que possui. Ao avaliar estas reservas, a Exxon não considera a possibilidade de existir uma grande pressão pública para que estas reservas não sejam exploradas. Isto, naturalmente, poderia reduzir o seu valor na contabilidade da empresa. Além disto, parece que a empresa usa um número interno mais realista para o custo relacionado com o efeito estufa.

03 maio 2016

Listas: Maiores riscos de desastres naturais

O World Risk Report lista os países sob a ótica dos desastres naturais. Em 2015 a liderança era de Vanuatu, uma ilha que sofre ameaça com o aquecimento global. O mesmo ocorre com Tonga.

1. Vanuatu
2. Tonga
3. Filipinas
4. Guatemala
5. Ilhas Salomão
6. Bangladesh
7. Costa Rica
8. Cambodja
9. Papua Nova Guiné
10. El Salvador

O Brasil está em 123o (em 171 países), indicando baixo nível de risco. Com respeito a distribuição geográfica do risco, baixo nível está em alguns países da América (EUA, Canadá e Brasil), Europa, Oriente Médio e Austrália, todos de verde no mapa. Maiores riscos na África, América Central e Ásia.

01 outubro 2014

A vida na Terra como um índice de mercado

O material jornalístico produzido pelo Estadão é protegido por lei. Para compartilhar este conteúdo, utilize o link:http://economia.estadao.com.br/noticias/geral,com-deficit-primario-de-r-14-5-bi-em-agosto-contas-publicas-batem-recordes-negativos,1568484If animals were stocks, the market would be crashing. 

The chart below shows the performance of an index that tracks global animal populations over time, much like the S&P 500 tracks shares of the biggest U.S. companies. The Global Living Planet Index,updated today by the World Wildlife Foundation, tracks representative populations of 3,038 species of reptiles, birds, mammals, amphibians and fish.
To say the index of animals is underperforming humans is an understatement. More than half of the world's vertebrates have disappeared between 1970 and 2010. (In the same period, the human population nearly doubled.) The chart starts at 1, which represents the planet's level of vertebrate life as of 1970.
The global LPI shows a decline of 52 per cent between 1970 and 2010. The LPI is based on trends in 10,380 populations of 3,038 mammal, bird, reptile, amphibian and fish species. The white line shows the index values and the shaded areas represent the 95 per cent confidence limits. Source: WWF, ZSL, 2014
The global LPI shows a decline of 52 per cent between 1970 and 2010. The LPI is based on trends in 10,380 populations of 3,038 mammal, bird, reptile, amphibian and fish species. The white line shows the index values and the shaded areas represent the 95 per cent confidence limits. Source: WWF, ZSL, 2014
It makes sense that the WWF is framing of biodiversity loss as an index that may look more familiar to financial analysts than environmentalists. The research group's message is as much economic as environmental: Not only do animal populations represent valuable natural systems that economies rely on, in many cases they are actual tradable goods, like stocks of wild fish.
"In less than two human generations, population sizes of vertebrate species have dropped by half," writes WWF Director General Marco Lambertini. "We ignore their decline at our own peril."
Humans are currently drawing more from natural resources than the Earth is able to provide. It would take about 1.5 planet Earths to meet the present-day demands that humanity currently makes on nature, according to the WWF. If all the people of the world had the same lifestyle as the typical American, 3.9 planet Earths would be needed to keep up with demand.
Source: WWF/Global Footprint Network, 2014
Source: WWF/Global Footprint Network, 2014
The report reads like one of the "alarm bells" U.S. President Barack Obama referenced in his climate change speech last week. Unfortunately, according to the WWF, the effects of climate change are only starting to be felt; most of the degradation of the past four decades has other causes. The biggest drivers are exploitation (think overfishing) responsible for 37 percent of animal population decline, habitat degradation at 31 percent, and habitat loss at 13 percent.
Global warming is responsible for 7.1 percent of the current declines in animal populations, primarily among climate-sensitive species such as tropical amphibians. Latin American biodiversity dropped 83 percent, the most of any region. But the toll from climate change is on the rise, the WWF says, and the other threats to animal populations aren't relenting.
For social and economic development to continue, humans need to take better account of our resources. Because right now, life on Earth is not a bull market.
fonte: aqui

12 março 2014

Desmatamento

O gráfico mostra, em vermelho, a perda de cobertura vegetal entre 2000 a 2013. De azul, o ganho de cobertura. É nítido que estamos perdendo na região Centro-Oeste e Norte, mas existem alguns ganhos em certas áreas da região Sul e Sudeste.

23 janeiro 2014

Coelhos, vinhedos e pássaros

Entre os produtores de vinho, o Chile é um dos países mais adiantados no cultivo sustentável do vinhedo (o outro é a distante Nova Zelândia). A solução para os pássaros, na Viña Montes, é um exemplo de como um olhar atento para o cultivo pode reduzir, em muito, o uso de agrotóxicos. Até dois, três anos atrás, os pássaros eram um problema nos vinhedos no vale de Apalta. Aurélio Montes Jr., enólogo e representante da segunda geração da vinícola, conta que os pássaros surgiram de uma hora para a outra e que adoravam comer as uvas que amadureciam. “ Fizemos redes, armadilhas, tudo, e não resolvia”, lembrou ele em visita ao Brasil no final do ano passado. A solução chegou por um pesquisador da Universidade do Chile, que disse que o problema dos pássaros era a falta de coelhos.
vinhedo-chile.JPG

A associação pode parecer estranha. O que tem a ver coelhos com pássaros? Mas a explicação é simples: com o crescimento da região, os coelhos não conseguiam passear entre as vinhas e muitos morriam, ao tentar cruzar as estradas locais. Sem estes animais, desapareceram as águias e, assim, apareceram os pássaros, que não precisavam fugir de seu predador natural. A solução foi fazer caminhos para os coelhos e reestabelecer o equilíbrio local. “Criamos microssistemas de uma maneira mais preocupada com o meio ambiente. Agora, temos muitos coelhos, mas que não atacam as vinhas”, diz o enólogo.


Fonte: Aqui

Custos Ambientais como Despesas das Empresas


O ex-secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Robert Rubin, defendeu, numa conferência sobre mudança do clima, que as empresas deveriam incluir os custos ambientais que elas impõe ao resto da sociedade como despesas. Segundo Rubin, se as regras contábeis exigissem esta mudança, as pessoas iriam reagir. Para Rubin:

Não é uma questão de preço do carbono, é uma questão de contabilidade: "Eu tenho um negócio. Eu emito. Eu não pago o preço para as emissões. Eu produzo um produto. Eu vendo. Eu não me importo com as emissões, porque não é o meu custo. É o custo da sociedade.


A proposta de Rubin pode parecer interessante para os sonhadores, mas possui sérios problemas. Primeiro, a dificuldade de mensurar estes efeitos. Apesar de toda evolução da área contábil, a mensuração desta externalidade ainda é subjetiva e sujeita a erros.

Segundo lugar, como reconhece a Bloomberg News, isto exigiria uma mudança nas normas, já que os custos ambientais a rigor não são despesas. É bem verdade que isto pode ser resolvido com a alteração da estrutura conceitual.

Terceiro, e ainda conforme a Bloomberg, isto é incoerente com o pensamento de Rubin. Quando estava no Citigroup Rubin apontou a necessidade de retirar algumas despesas da demonstração do resultado da sua entidade. Agora deseja acrescentar.

Quarto, é difícil imaginar que as empresas aceitarão incluir estes custos na DRE.

24 novembro 2013

As empresas poluidoras

Existe um mantra na contabilidade que associa a mensuração com a gestão. Este mantra afirma que só conseguimos gerenciar o que podemos medir.

Uma das áreas de maior desafio em obter mensuração refere-se ao meio ambiente.  E geral usamos como principal unidade a quantidade de gás carbônico emitido por cada país. Sabemos que a emissão deste gás tem aumentado ao longo dos últimos anos, estando concentrada nos países mais industrializados. Por consequência, desde 1854, quando se tornou possível medir a emissão do gás carbônico, os Estados Unidos é o campeão da poluição. Mas quando analisa o último ano, 2012, a China foi o principal em termos de poluição.

Uma pesquisa realizada pelo Climate Accountability Institute mudou um pouco esta maneira de medir a poluição. Em lugar dos países, concentrou-se nas empresas. E o resultado é assustador. A empresa que mais poluiu na história da humanidade é a Chevron e respondeu por 3,52% de toda emissão no período de 1751 a 2010. As vinte empresas com maior emissão respondem por quase 30%. As noventa maiores entidades são responsáveis por 63% das emissões no período.

Leia mais em Heede, Richard. Tracing anthropogenic carbon dioxide and methane emissions to fossil fuel and cement producers, 1854–2010. ClimaticChange.

08 novembro 2013

Se o gelo derreter

Eis como ficaria a América do Sul, se o gelo dos polos derretesse. O Amazonas aumentaria de tamanho, assim como o Prata. Parte da cost do Pará e Maranhão afundaria. Fonte: NatGEo

30 outubro 2012

Ambiental

A partir de hoje, os investidores no mercado de ações contam com mais uma referência que pode contribuir para a escolha das empresas e alocação dos recursos em bolsa. Pela primeira vez, o "Carbon Disclosure Project" (CDP) classificou e pontuou as empresas brasileiras que apresentam a maior capacidade para estudar e administrar os impactos positivo e negativo das mudanças climáticas no universo dos seus negócios. (...)

Nessa primeira publicação, o CDP organizou duas listas. Na primeira, figuram as empresas com as notas mais altas no quesito "disclosure" (transparência). São elas: BM&FBovespa, Braskem, CPFL Energia, EDP - Energias do Brasil, Itaúsa, JBS, Marfrig, Petrobras, Santander Brasil e Vale. Essas companhias ganharam a maior pontuação entre as 52 que responderam ao questionário por demonstrarem uma compreensão mais lúcida sobre as consequências do aquecimento global sobre o seus empreendimentos e por relatarem isso com transparência.

Na segunda lista, ganharam destaque as empresas com as maiores notas no quesito "performance" (desempenho). São companhias que estão, segundo a metodologia do CDP, tomando medidas importantes como, por exemplo, colocar em prática processos de redução das emissões de gases de efeito estufa. Com exceção de Vale e Braskem, as companhias da primeira lista também figuram no segundo grupo, que traz ainda Cesp e Cemig.(...)

Do ponto de vista do investidor, iniciativas como essa são importantes para complementar o processo de 'valuation' (avaliação do valor das ações) feito por gestores e investidores, na opinião de Ricardo Torres, consultor e professor de finanças da BBS Business School. (...)

As empresas mais conscientes sobre os riscos ambientais - 29 de Outubro de 2012 - Valor Econômico - Karla Spotorno

08 dezembro 2011

Ambiente

O mapa mostra o Deforestation Index, entre 2005 a 2010. Mede, portanto, o grau de desflorestamento em cada país. Em vermelho, os países com maiores índices, que inclui Nigéria, Indonésia, Coréia do Norte, Bolívia, Papua, Congo, Nicarágua e Brasil, na ordem.  Em verde, os países com baixo risco, que inclui a China e Índia.

01 dezembro 2011

Desmatamento na Amazônia

Fiz a experiência descrita por Fernando Reinach no livro A Longa Marcha dos Grilos Canibais (Cia das Letras, 2010, Desmatamento em Ariquemes). Usando o Google Earth foi possível visualizar a cidade de Ariquemes a 100 km de altura em 1975. A imagem é a seguinte:



A próxima imagem disponível através do satélite é de 1989. A área desmatada aparece claramente no mapa.

Um novo salto no tempo, agora para 2010 e a visão é impressionante: 
Cem quilômetros ao redor de Ariquemes a mata é uma exceção.

13 julho 2010

Ambiente e Contabilidade

Um texto do The Guardian, Add environmental balance sheets to accounts, regulators told (Juliette Jowit, 13 de julho de 2010) discute a necessidade de reconhecer nos balances o impacto ambiental e social. Isto estaria sendo discutido pelos reguladores contábeis. Neste sentido, as empresas devem evidenciar o efeito sobre a qualidade do ambiente.

A origem estaria num relatório da ONU, que alertou sobre os perigos para o planeta. O líder do estudo, Pavan Sukhdev, estaria discutindo com o International Accounting Standards Board (IASB) e com o Financial Reporting Council, da Inglaterra. A idéia é evidenciar os impactos ambientais e sociais para permitir que as empresas possam monitorar e melhorar suas operações, ajudando a evitar os problemas de carona (free-riding) com os benefícios, afirmou Sukhdev ao The Guardian.

Uma pesquisa do The Economics of Ecosystems and Biodiversity (TEEB), citada pelo jornal, informa que os danos ambientais de três mil empresas em 2008 foi de 2,25 trilhões.

19 junho 2010

08 junho 2010

A questão ambiental

A notícia a seguir refere-se ao desastre de Bhopal. Somente 25 anos após a desastre, o julgamento.

Somente mais de 25 anos após a morte de milhares de pessoas na cidade de Bhopal, um tribunal indiano condenou sete ex-funcionários da subsidiária indiana da multinacional Union Carbide por negligência no vazamento de gás, num dos maiores desastres industriais já ocorridos no mundo. Sobreviventes do acidente que aguardavam do lado de fora do corte consideraram a sentença muito leve — dois anos de prisão — e muito atrasada. Estima-se que 100 mil pessoas ainda sofram os efeitos do gás. Os condenados saíram sob fiança e ainda podem recorrer da sentença.

— Essa punição não é suficiente. Eu perdi o meu filho, um irmão e meu pai. Eu ainda tenho pesadelos — contou Ram Prasad, de 75 anos.

O governo indiano calcula que 3.500 pessoas tenham morrido quando gás vazou de uma fábrica da Union Carbide em Bhopal, numa área próxima a favelas. Ativistas estimam em 25 mil o número de pessoas mortas imediatamente e nos anos seguintes, em decorrência do gás.

Os sete empregados — todos indianos e muitos já na faixa dos 70 anos — foram ainda multados em 100 mil rúpias (cerca de R$4 mil), enquanto a divisão indiana da empresa deverá pagar 500 mil rúpias (R$20 mil). Um oitavo funcionário morreu antes do julgamento. Organizações como a Anistia Internacional (AI) defendem que o governo indiano leve agora à Justiça a Union Carbide Corporation (UCC), que tem sede nos Estados Unidos.

“Estas são condenações históricas, mas muito pequenas e muito tardias. Vinte e cinco anos é uma demora inaceitável para os sobreviventes do desastre e para as famílias dos mortos aguardarem pela conclusão de um julgamento criminal”, disse Audrey Gaughran, diretor da AI para Assuntos Globais. Segundo a organização, 100 mil pessoas sofrem de doenças relacionadas ao gás.

Na manhã de 3 de dezembro de 1984, uma fábrica de pesticida controlada pela Union Carbide deixou escapar cerca de 40 toneladas de isocianato de metila, um gás letal. Investigadores dizem que o acidente ocorreu quando entrou água num tanque contendo o gás altamente reativo, elevando a pressão. A empresa afirma que foi um ato de sabotagem, nunca esclarecido.

Mais de três mil pessoas morreram logo após o vazamento. Crianças e idosos, a maioria extremamente pobre, morreram na cama, cerca de três minutos após inalar o gás. O alarme da indústria falhou, não soou imediatamente, e milhares de pessoas não sabiam que deviam fugir.

Segundo a Central de Investigação da Índia, a empresa não seguia os procedimentos de segurança adequadamente, e os efeitos do gás elevaram o número de mortes nos anos seguintes. Ativistas dizem que até hoje crianças nascem na região com danos cerebrais e defeitos físicos devido ao acidente.

Anos depois a empresa vendeu a subsidiária, que hoje se chama Eveready Industries India. Nos Estados Unidos, a Union Carbide disse ontem, numa declaração em seu website, que a empresa e seus empregados não estão sujeitos à jurisdição indiana, já que não estavam envolvidos no funcionamento da fábrica. Segundo a Dow Chemical, que comprou a Union Carbide em 2001, o caso foi resolvido em 1989, quando a empresa pagou US$470 milhões ao governo indiano — cerca de R$864 milhões.


Sentença branda e tardia na Índia
O Globo - 8/6/2010