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09 outubro 2021

Porta Giratória

Eis uma história "curiosa" narrada pelo New York Times (via aqui)


O funcionário deixa sua empresa para trabalhar no governo. Lá ele ajuda a aprovar normas de interesse do seu antigo empregador. Passado um tempo, o funcionário sai do governo, é recontratado pela sua antiga empresa, e usa seu conhecimento nos serviços prestados pela empresa.

O caso é mais escandaloso ainda: os exemplos são de profissionais tributários, funcionário de uma Big Four, que vão ocupar um cargo na área tributária do governo. Ao serem recontratados, os funcionários são promovidos; em muitos casos, ganhando o dobro do salário.

As maiores empresas de contabilidade dos EUA aperfeiçoaram um sistema de bastidores notavelmente eficaz para promover seus interesses em Washington. Seus advogados tributários assumem cargos seniores no Departamento do Tesouro, onde escrevem políticas frequentemente favoráveis aos seus ex-clientes corporativos, geralmente com a expectativa de que em breve retornarem aos seus antigos empregadores. As empresas os recebem de volta com títulos mais altos e salários mais altos, de acordo com registros públicos revisados pelo The New York Times e entrevistas com atuais e antigos funcionários do governo e da indústria.

Depois de fazer lobby pela PwC, um ex-parceiro da PwC no Departamento do Tesouro Trump ajudou a escrever regulamentos que permitiam às grandes empresas multinacionais evitar dezenas de bilhões de dólares em impostos; ele então voltou para a PwC. Um executivo sênior de outra grande empresa de contabilidade, RSM, assumiu um cargo no Tesouro, onde seu escritório expandiu uma redução de impostos de maneira procurada pelo RSM; ele então voltou para a empresa.

Foto: McGill Library

12 maio 2017

Lobby para minar a SOX

As quadro grandes empresas de auditoria - Deloitte, EY, KPMG e Price - e a AICPA estão usando o momento político dos Estados Unidos para tentar mudar a Lei Sarbanes-Oxley, segundo afirma Francine McKenna. Esta lei, também conhecida como Sarbox ou SOX, foi aprovada em 2002 e alterou a forma de trabalho das empresas de auditoria.

Com a vitória de Trump abriu-se a oportunidade de reverter algumas reformas implementadas nos últimos anos. O atual presidente dos Estados Unidos é claramente favorável a redução de regras que “impedem” os negócios. Para a área de auditoria, a SOX é um obstáculo. Este conjunto de regras surgiu após os problemas com a empresa Enron e o trabalho incompetente da empresa de auditoria Arthur Andersen. Ambas entidades não existem mais, mas os efeitos dos problemas da Enron e da Andersen foram sérios, a ponto de levar a criação da SOX.

Segundo McKenna, as empresas de auditoria e a AICPA desejam voltar no tempo onde não existia uma entidade que regulasse as suas atividades. Segundo dados apresentados por McKenna, somente a Deloitte gastou 560 mil dólares no primeiro trimestre de 2017 na atividade de lobby. As outras empresas também estão fazendo “investimentos” pela alteração das normas, o que poderia, eventualmente, incluir a extinção do PCAOB.

Outro problema é a pressão exercida no passado para separar a auditoria da consultoria. Duas das grandes empresas de auditoria desfizeram da área de consultoria em razão da pressão ocorrida logo após a falência da Enron. Afinal, a atenção que a Andersen deu a consultoria pode ter provocado as falhas cometidas na Enron. Mas a área de consultoria é vantajosa e tem um crescimento bastante interessante. Por isto, as restrições de fazer auditoria e prestar serviço de consultoria representam um obstáculo para o crescimento das Big Four. O que se observa mais recentemente é a retomada dos serviços de consultoria.

No final de 2015, a Reuters revelou que as Big Four fizeram lobby para minar o presidente do PCAOB. Recentemente, sócios das empresas em diversos países, inclusive no Brasil, foram punidos pelo PCAOB. E um funcionário desta entidade repassou informações sobre fiscalização para a KPMG. Os problemas da Big Four com os reguladores não param e isto pode ser um indutor para o lobby das empresas de auditoria.

18 julho 2014

Industria Automobilística, lobby e IPI

Maior exemplo da política de benefício setorial do governo, a indústria automobilística remeteu às suas matrizes US$ 18,713 bilhões de 2009 – ano em que a renúncia fiscal começou – até maio de 2014. O governo, por outro lado, terá deixado de recolher nesses cinco anos R$ 16,136 bilhões, pelos cálculos da Receita Federal. É como se o gasto do governo estivesse subsidiando a operação das matrizes dessas empresas, as mesmas que ameaçam demitir trabalhadores brasileiros caso o benefício seja encerrado e que representam a contramão da mobilidade sustentável.

A vitória mais recente do lobby automotivo foi celebrada em 30 de junho, quando o governo cedeu às pressões de corte de vagas ao anunciar a extensão do IPI reduzido para os carros novos por mais seis meses. Os veículos 1.0, por exemplo, recolhem apenas 3%, menos da metade dos 7% do tributo cheio. Apenas nos primeiros seis meses de 2014, a renúncia gerou um custo de R$ 2,185 bilhões para as contas públicas. 

Na estréia do programa, em 2009, o IPI reduzido custou ao governo R$ 4 bilhões. Naquele mesmo ano, a indústria automobilística aproveitou para enviar ao exterior US$ 2,727 bilhões (o equivalente a R$ 4,75 bilhões no fechamento do dólar em 2009). O maior volume remetido às sedes no período de vigência dos benefícios fiscais ocorreu em 2011: foram US$ 5,581 bilhões.

O programa, com o intuito de salvar empregos no Brasil, foi muito útil às grandes empresas estrangeiras no período em que o setor sofreu com a crise financeira mundial de 2008. Preocupados com o futuro, proprietários de veículos decidiram suspender os planos de trocar seu veículos por um novo. Uma escolha ambientalmente sustentável, inclusive.  

Pela cotação do dólar nesta quinta-feira, as empresas automobilísticas enviaram às matrizes o total de R$ 42,2 bilhões a título de dividendos, desde 2009.

O dado ajuda a questionar alguns mitos usados pelo lobby setorial, como aquele que apontava a fraqueza do mercado doméstico para justificar possíveis demissões de metalúrgicos. Outro argumento em favor da renúncia fiscal era o desenvolvimento tecnológico do parque automobilístico nacional. Reclamação feita de maneira recorrente às montadoras, a defasagem entre os veículos lançados no Brasil e aqueles que circulam nos mercados de origem das fabricantes poderá resolvido com investimento e preços mais acessíveis, qualidades conflitantes com o forte envio de lucros para as matrizes.


Fonte: aqui

16 julho 2014

EY é multada

A empresa de auditoria Ernst Young (agora EY) aceitou pagar 4 milhões de dólares para a SEC, a entidade que regula o mercado de capitais dos Estados Unidos. O motivo do pagamento foi a acusação da empresa em violar regra de independência da atividade de auditoria, ao fazer também lobby para seus clientes.

Segundo um diretor da SEC, em declaração ao New York Times, a independência do auditor é fundamental para o processo de informação financeira. Ao defender seu cliente, a independência estaria comprometida. A atividade de lobby ocorreu entre 2000 e 2009.

A investigação e punição decorreram de um artigo da Reuters de 2012 e foi notícia neste blog (e um dos destaques do ano). A empresa aceitou pagar o que recebeu na atividade, além de juros e multa.

Neste tipo de acordo, a empresa não precisa admitir culpa. Mas a EY afirmou, através de um porta-voz, que a independência do auditor é importante e que tenta assegurar que os serviços estejam de acordo com as regras da SEC e do PCAOB.

08 janeiro 2013

Ernst 1

Em março de 2012 a Reuters revelou que a empresa de auditoria Ernst Young, além de auditar, fazia lobby para algumas empresas. A atividade de lobby é permitida nos Estados Unidos, mas é estranho que uma empresa de auditoria faça este tipo de trabalho e ao mesmo tempo também faça lobby para a empresa auditada.

Quase um ano depois, a Reuters volta a noticiar que a SEC, entidade responsável pela fiscalização do mercado dos EUA, está investigando a Ernst Young por violar as regras de auditoria. A SEC não comentou o assunto, já que a investigação ainda está nos momentos iniciais. A auditoria também não comentou.

15 agosto 2012

Teste 577

No teste 575 falamos dos problemas tributários do candidado a presidência dos EUA. A mulher do candidato a vice, pelo partido Republicano, tem um vínculo com a contabilidade. Durante anos, antes de se casar, Janna Ryan trabalho como lobista para:

para o FASB
para o Iasb
para uma das quatro grandes empresas de auditoria

Resposta do Anterior: desde 2011 as normas internacionais podem cair no exame para CPA dos EUA. Fonte: Aqui

02 julho 2012

Predadores e Professores


Predators and Professors - 18 Junho de 2012

Simon Johnson, a former chief economist of the IMF, is co-founder of a leading economics blog, http://BaselineScenario.com, a professor at MIT Sloan, a senior fellow at the Peterson Institute for International Economics, and co-author, with James Kwak, of White House Burning: The Founding Fathers, Our National Debt, and Why It Matters to You.

WASHINGTON, DC – Are America’s great universities still the stalwart custodians of knowledge, leading forces for technological progress, and providers of opportunity that they once were? Or have they become, in part, unscrupulous accomplices to increasingly rapacious economic elites?

Towards the end of Charles Ferguson’s Academy Award-winning documentary Inside Job, he interviews several leading economists regarding their role as paid cheerleaders for the financial sector’s excessive risk-taking and sharp practices in the run-up to the crisis of 2008. Some of these prominent academics received significant sums to promote the interests of large banks and other financial-sector firms. As Ferguson documents in the movie and in his recent sobering book, Predator Nation, many such payments are not fully disclosed even today.

Predation is an entirely appropriate term for these banks’ activities. Because their failure would traumatize the rest of the economy, they receive unique protections – for example, special credit lines from central banks and relaxed regulations (measures that have been anticipated or announced in recent days in the United States, the United Kingdom, and Switzerland).

As a result, the people who run these banks are encouraged to assume a lot of risky bets, which include pure gambling-type activities. The bankers get the upside when things go well, while the downside risks are largely someone else’s problem. This is a nontransparent, dangerous, government-run subsidy scheme, ultimately involving very large transfers from taxpayers to a few top people in the financial sector.

To protect the scheme’s continued existence, global megabanks contribute large amounts of money to politicians. For example, JPMorgan Chase CEO Jamie Dimon recently testified to the US Senate Banking Committee about the apparent breakdown of risk management that caused an estimated $7 billion trading loss at his firm. OpenSecrets.org estimates that JPMorgan Chase, America’s largest bank holding company, spent close to $8 million in political contributions in 2011, and that Dimon and his company donated to most senators on the committee. Not surprisingly, the senators’ questions were overwhelmingly gentle, and JPMorgan Chase’s broader lobbying strategy appears to be paying off; “investigations” of irresponsible and system-threatening mismanagement will likely end up as whitewash.

In support of their political strategy, global megabanks also run a highly sophisticated disinformation/propaganda operation, with the goal of creating at least a veneer of respectability for the subsidies that they receive. This is where universities come in.

At a recent Commodity Futures Trading Commission roundtable, the banking-sector representative sitting next to me cited a paper by a prominent Stanford University finance professor to support his position against a particular regulation. The banker neglected to mention that the professor was paid $50,000 for the paper by the Securities Industry and Financial Markets Association, SIFMA, a lobby group. (The professor, Darrell Duffie, disclosed the size of this fee and donated it to charity.)

Why should we take such work seriously – or any more seriously than other paid consulting work, for example, by a law firm or someone else working for the industry?

The answer presumably is that Stanford University is very prestigious. As an institution, it has done great things. And its faculty is one of the best in the world. When a professor writes a paper on behalf of an industry group, the industry benefits from – and is, in a sense, renting – the university’s name and reputation. Naturally, the banker at the CFTC roundtable stressed “Stanford” when he cited the paper. (I’m not criticizing that particular university; in fact, other Stanford faculty, including Anat Admati, are at the forefront of pushing for sensible reform.)

Ferguson believes that this form of academic “consulting” is generally out of control. I agree, but reining it in will be difficult as long as the universities and “too big to fail” banks remain so intertwined.


20 novembro 2009

Frase

O medo de perder a autoridade é uma coisa. Mas atrasar as regras que simplificam vários problemas é outra. O comissário europeu para o mercado interno, Charlie McCreevy, considera que a contabilidade é importante demais para ser deixada para os contabilistas. Infelizmente para os investidores, Charlie McCreevy tem o seu desejo; contabilidade é agora deixada com os políticos.


Bank accounting – 16/11/2009 - Financial Times - 18

28 agosto 2009

Lobby


A figura mostra a evolução no gasto com a atividade lobista nos EUA. Os gastos aumentaram nos últimos anos, apesar do número de lobistas não ter variado.

A entidade com maior gasto é a US Chamber of Commerce, com 488 milhões de dólares no período de 1998 a 2009. O mais interessante é o terceiro posto: General Electric (184 milhões). Fonte, aqui

13 agosto 2009

Contabilidade e Política

Segundo notícia do Valor Econômico (Acordo de Lula salva a Celg e lança Meirelles, 13/8/2009), o governo federal resolveu ajudar a Celg para viabilizar a candidatura do atual presidente do Banco Central.

Este blog, sempre que possível, evita postar notícias políticas. Entretanto é inegável a influência da política sobre os negócios.

Este fato já foi constatado numa pesquisa de Mara Faccio, Ronald Masulis e John Mc Connell - Political Connections and Corporate Bailouts (Journal of Finance, dezembro de 2006, p. 2597-2635). Os autores analisaram empresas que possuiam ligações políticas em 35 países durante o período de 1997 e 2002. Estas empresas possuem muito mais possibilidade de serem socorridas do que empresas similares. Mesmo que o socorro seja do FMI ou do Banco Mundial. O contraditório é que as empresas com vínculos políticos têm desempenho financeiro pior.

O interessante na pesquisa dos autores: os 35 países são do primeiro mundo.

10 agosto 2009

Reguladores e Banqueiros

Contabilidade: Reguladores agora querem enfrentar os banqueiros
Jonathan Weil, Bloomberg

Os figurões da contabilidade nos Estados Unidos estão mostrando que possuem espírito de luta, afinal de contas. Chame-os de loucos, ou talvez apenas corajosos. O Conselho de Padrões de Contabilidade Financeira (Fasb) está se preparando para mais uma briga com o setor bancário envolvendo a contabilidade da marcação a valores de mercado. E, desta vez, é o Fasb que está em vantagem.

Foi muito recentemente, em abril, que o Fasb cedeu às pressões do Congresso americano, aprovando mudanças emergenciais nas regras para que os bancos e companhias de seguros pudessem manter as perdas de longo prazo com títulos de dívida podres fora de suas demonstrações de resultados.

Agora o Fasb diz que poderá ampliar o uso dos valores justos de mercado nas demonstrações financeiras das empresas de capital aberto de uma maneira como nunca fez antes. Até mesmo os empréstimos terão de ser lançados no balanço a valores justos, sob uma decisão preliminar tomada em 15 de julho. O conselho poderá decidir sobre a publicação de uma proposta formal sobre o assunto neste mês.

"Eles sabem que pisaram na bola e agiram para corrigir isso", diz Adam Hurwich, sócio da Jupiter Advisors, uma administradora de investimentos de Nova York, e membro do Comitê de Consultoria Técnica a Investidores do Fasb. "Quando maior a resistência que houver, mais credibilidade será estabelecida."

O alcance da iniciativa do Fasb, que passou quase despercebida pela imprensa, é enorme. Sob o plano do conselho, todos os ativos financeiros teriam de ser registrados a valores justos no balanço a cada trimestre.

Isso significaria um fim nas classificações de ativos como os de mantidos para investimento, os mantidos até vencimento e os mantidos para venda, juntamente com seus tratamentos diferentes no balanço.

A maior parte dos empréstimos, por exemplo, provavelmente seria apresentada no balanço a preço de custo, com um item abaixo mostrando a mudança acumulada no valor justo, seguido abaixo de um item com um número de valor justo líquido. Para os bancos, as mudanças nas regras poderão significar um reconhecimento mais rápido das perdas com empréstimos, resultando em lucros e valores marcados menores.

O Fasb disse que os instrumentos financeiros do lado do passivo do balanço também teriam que ser registrados a valores de mercado, embora possa haver exceções para o endividamento próprio de uma companhia ou os depósitos dos clientes de um banco.

A postura do Fasb é mais dura com os bancos do que o caminho tomado pelo Conselho de Normas Internacionais de Contabilidade (Iasb), com sede em Londres, que no mês passado divulgou uma proposta que permitiria às empresas continuar carregando muitos ativos financeiros aos custos históricos, incluindo empréstimos e títulos de dívida. Os dois conselhos reuniram-se no dia 24 de julho em Londres para discutir seus planos contrastantes.

Os balanços patrimoniais poderiam ser simplificados, mas as demonstrações de resultados adquiririam novas complexidades. Estas incluiriam mudanças nos valores de todas as ações do capital e quase todos os derivativos. Os pagamentos de juros, dividendos e perdas de crédito também ocorreriam em valores líquidos, assim os lucros e perdas realizados. O mesmo aconteceria com as flutuações em todos os instrumentos de dívida com derivativos embutidos em suas estruturas.

Outros itens, incluindo as flutuações a valores justos de certos empréstimos e títulos de dívida, seriam encaminhados para uma seção chamada lucro amplo ("comprehensive income"), que apareceria pela primeira vez antes da demonstração de resultados, abaixo do lucro líquido. O lucro amplo aparece hoje no balanço patrimonial das companhias.

Outra peculiaridade é que o Fasb não pretende exigir os números por ação no lucro amplo. Somente o lucro líquido vai aparecer em uma base por ação. Minha aposta é que os analistas de Wall Street terão uma propensão menor a publicar estimativas de lucros trimestrais usando o lucro amplo.

Pense agora como a saga do CIT Group poderia ter se desenrolado se os empréstimos já estivessem sendo marcados a valores de mercado. O banco comercial, que está lutando para evitar a falência, disse em uma nota explicativa de seu último balanço anual que seus empréstimos até 31 de dezembro eram US$ 8,3 bilhões menores que o mostrado no balanço. A diferença era maior que o patrimônio líquido divulgado pelo CIT.

Isso mostra que a instituição provavelmente estava insolvente meses antes disso, só que seu valor contábil não mostrava isso.

A discussão sobre a contabilidade da marcação por valores de mercado é antiga. Muitos bancos e seguradoras afirmam que as estimativas feitas pela chamada marcação a mercado, ou pelo "valor justo" nem sempre são confiáveis e criam uma instabilidade enganosa em seus números.

Os investidores que preferem os valores justos para os instrumentos financeiros afirmam que esses são mais úteis, especialmente no que diz respeito a sinais de alerta de problemas nos negócios de uma companhia.

"O que está sendo travada é uma guerra religiosa", disse o membro do Fasb Marc Siegel na reunião do mês passado. "E está muito claro para mim que nenhum dos lados vai ceder."

Portanto, o Fasb criou uma maneira de permitir aos leitores dos balanços das empresas, com que eles vejam valores alternativos para os empréstimos e vários outros instrumentos financeiros - a preços de custo ou a valores justos - sem ter de buscar isso nas notas explicativas. Na reunião do mês passado, o membro do Fasb Tom Linsmeier chamou isso de "uma abordagem muito útil que resolve as preocupações de ambos os elementos".

É claro que isso não vai satisfazer o lobby bancário, que não quer nenhuma expansão significativa da contabilidade do valor justo. "Acho que a melhor coisa que posso dizer é que é difícil encontrar vantagens nisso", me disse Donna Fisher, diretora de tributação e contabilidade da American Bankers Association.

Se os banqueiros não gostaram, deve ser um bom sinal de que o Fasb agora está fazendo a coisa certa. (Jonathan Weil é colunista da Bloomberg. As opiniões expressas por ele não são necessariamente as da Bloomberg.)

06 agosto 2009

Fasb e Política

As mudanças contábeis realizadas pelo Iasb e Fasb no início do ano permitiu que os bancos melhorassem substancialmente seu resultado. Segundo um texto do Washington Post (Bank Balances Shift With Rule Changes; After One Tweak Improved the Books, Another Could Erase Gains and More, Binyamin Appelbau, Washington Post Staff Writer,5 de agosto de 2009, A09. O texto pode ser encontrado aqui) um estudo mostrou que 45 instituições financeiras apresentaram um lucro maior em razão da mudança. Em valores isto significa 3 bilhões de dólares e, em alguns casos, a mudança implica em alteração de prejuízo para lucro.

Mas isto pode mudar. Segundo o texto, o Fasb, chamado de organização sem fins lucrativos obscura (the obscure nonprofit) está pensando em novas regras que pode implicar em baixas contábeis.

Segundo o texto:

A proposta (...) exigiria que os bancos comunicassem o valor de todos os créditos e outros ativos com base nos preços que os compradores estão dispostos a pagar. Esse processo é chamado de marcação a mercado, e o resultado é chamado de valor justo. Atualmente, os bancos não são obrigados a comunicar o valor justo da maioria dos empréstimos. Podem relatar no lugar um valor baseado no preço de compra original.

Alguns investidores e especialistas em contabilidade pensam que a mudança tornaria mais difícil para os bancos para ocultar problemas de investidores.


Obviamente que esta mudança não será feita sem conflito. Alguns grupos de interesse já avisaram que irão pressionar o congresso para impedir as mudanças. E isto tende a colocar em questão o futuro do próprio Fasb, comenta o texto.

25 julho 2009

Fasb pratica Lobby

Uma notícia do mês passado, divulgada pela AP (Accounting board, with history of pressure from Congress, lobbying for independence, Marcy Gordon, 26/6/2009, AP Business Writer) informa que o Financial Accounting Standards Board, órgão normatizador da contabilidade dos EUA contratou uma empresa (K&L) para fazer atividades lobistas. Em 2008 foram gastos 120 mil dólares. No período de 2003 a 2007 o Fasb não tinha gasto nada com esta atividade.

Para uma entidade que se diz independente, o gasto com lobista é interessante. Entretanto, os valores são insignificantes. Para se ter uma idéia, o Financial Services Roundtable, que representa os grandes bancos, gastou 2,3 milhões somente no trimestre.

20 julho 2009

Lobby na Reforma Contábil Internacional

Segundo o Best´s Insurance News (Trade Associations Join to Lobby for Reform of Global Accounting Standards, 23/6/2009) um grupo de traders resolveram combinar forças para criar um grupo de lobby em fazer da reforma contábil internacional.

16 julho 2009

O valor da mudança

As mudanças contábeis realizadas em 2008 permitiram uma melhoria nos resultados das instituições financeiras. O texto a seguir apresenta uma mensuração do valor destas mudanças. Grifo meu.

Las financieras elevan su patrimonio por la nueva normativa
Expansión - 16/7/2009

El patrimonio neto de un centenar de entidades financieras europeas mejoró en 28.000 millones de euros en 2008 gracias a los cambios que aplicaron tras la revisión de varias normas de contabilidad internacional, según un estudio del Comité Europeo de Reguladores (CESR) publicado ayer por la Comisión Nacional del Mercado de Valores.

De acuerdo con este informe, la flexibilización de las normas de contabilidad NIC 39 y NIIF 7 -que se refieren fundamentalmente a la valoración de instrumentos financieros derivados-, el pasado mes de octubre, permitió al centenar de entidades estudiadas -22 de las cuales cotizan en el FTSE Eurotop 100- mejorar el valor de sus activos, ya que el 61% de éstas -porcentaje que supone el 79% del total de los activos en balance- los reclasificó en las cuentas de cierre de 2008.

Información inadecuada

La declaración del CESR muestra también que gran parte de las 100 compañías analizadas -74 bancos, 14 compañías aseguradoras y 8 compañías financieras- no ha hecho pública de forma adecuada toda la información adicional exigida por la norma tras su modificación. En este sentido, subraya la importancia para los usuarios de los estados financieros de hacer públicas las informaciones que la modificación normativa emitida en octubre requería. Según explica, hubiera sido de esperar que las firmas que se han beneficiado de la mayor flexibilidad ofreciesen esta información. CESR publicará a finales de 2009 otro informe en el que analizará el futuro desarrollo de los instrumentos financieros y normas contables.

09 julho 2009

FASB e a pressão política

Segundo noticiado no blog Accounting Principles (FASB Succumbed to Political Pressure: High Powered Investment Committee) um painel consultivo de investidores, o Investors Technical Advisory Committee (ITAC), acusou o FASB de perder sua independência ao não resistir a pressão política para mudar as regras contábeis. O grupo de investidores disse que o FASB deveria ter lutado contra o tratamento especial aos bancos e a mudança na norma de marcação a mercado.

20 junho 2009

Lobby na Contabilidade

Em Politics and Accounting (8/6/2009) é relatado a pressão das instituições financeiras e bancárias nos EUA para mudança das regras contábeis de marcação a mercado, que levou a baixas contábeis de 175 bilhões de dólares em 2008.

A regra determina que os títulos dos bancos devem ser avaliados pelo valor de mercado. Através de diversas doações, o lobby dos bancos consegui que o Fasb mudasse as regras contábeis.

O jornal Wall Street mostrou uma reportagem em 3 de junho informando que o gasto total foi de 27,6 milhões de dólares no primeiro trimestre de 2009. O valor é reduzido – corresponde a um bom investimento – pois, segundo um analista citado pelo jornal, as mudanças proprocionaram um aumento de 7% em média nos lucros.

12 junho 2009

O Processo de Conversão e a Influencia dos Auditores

Em Auditors aren't evil; Al and Mark Rosen have long characterized auditors as oppressors. Here's the real story, publicado no Financial Post em 5 de junho de 2009, Allan Foerster faz uma análise do processo de convergência para normas internacionais do Canadá.

Foerster é professor da Wilfrid Laurier University e participa dos grupos de trabalho sobre a adoção das normas do Iasb naquele país. O texto pretende ser uma resposta as acusações que Al e Mark Rosen fazem ao processo (aqui, aqui, aqui e aqui, postagens deste sobre sobre Rosen).

Basicamente os irmãos Rosen acreditam que o processo de convergência é dominado pelos auditores.

Entretanto, segundo Foerster, o processo está baseado no trabalho dedicado de pessoas que acreditam que a padronização contábil será importante para contabilidade canadense. Foerster afirma que as empresas de auditoria não dominam a discussão e não interferem no processo. Ou seja, os auditores não controlam o desenvolvimento dos padrões contábeis. Além disto, o próprio processo encoraja a discussão entre os usuários.

08 maio 2009

Lobby e Ajuda

A imagem a seguir mostra um levantamento das empresas que receberam ajuda do governo estadunidense, da empresa de lobby contratada, do valor gasto com a atividade lobista e o valor recebido. Assim, o Citigroup gastou 1,68 milhão e recebeu 50 bilhões de dólares. (Para ver melhor, clique na imagem).