Translate

Mostrando postagens com marcador evidenciação. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador evidenciação. Mostrar todas as postagens

18 julho 2023

Evidenciação dos impostos corporativos são relevantes?

 Eis o resumo

As políticas que exigem ou recomendam a divulgação de informações fiscais corporativas estão se tornando mais comuns em todo o mundo, assim como os exemplos de informações relacionadas a impostos que influenciam cada vez mais a política pública e as percepções. Além disso, as empresas estão aumentando a oferta voluntária de informações relacionadas a impostos. Descrevemos essas tendências e as enquadramos em uma taxonomia de divulgação de impostos públicos e privados. Em seguida, revisamos a literatura acadêmica sobre divulgações fiscais corporativas e discutimos o que se sabe sobre seus efeitos. Uma conclusão importante é a escassez de evidências de que muitas divulgações fiscais exigidas com o objetivo de aumentar a receita fiscal tenham gerado receita adicional. Destacamos muitas questões importantes sem resposta, cujas respostas informariam futuras legislações fiscais e a criação de regras de contabilidade financeira.

Um trecho que chamou a atenção, sobre o Brasil, foi o seguinte:

Naritomi (2019) examines a setting in Brazil where retail consumers of firms were given a formal avenue through which to disclose non-compliance information to the tax authority. Naritomi (2019) finds that this program increased reported sales by at least 21 percent in response to this program of formal voluntary third-party disclosures to the tax authority by consumers. As governments are showing an increased interest in whistleblowing programs, and as such programs might be one tool to enforce the tax code considering resource constraints, more should be done to study the effects of whistleblowing programs

Creio ser a obrigatoriedade de divulgação dos impostos nas notas fiscais. O artigo citado é o seguinte: 

Naritomi, J. 2019. Consumers as Tax Auditors. American Economic Review 109 (9): 3031–3072. 

01 junho 2023

Impacto da evidenciação na lucratividade e inovação

O Fasb está com um projeto de desagregação da conta de despesas da Demonstração do Resultado. A Coréia fez isto antes e a medida trouxe impacto na lucratividade reportada e na inovação. Eis o abstract:

Motivated by the Financial Accounting Standards Board’s project on the disaggregation of income statement expenses, we study a Korean rule change that allowed firms to withhold a previously mandated disaggregation of cost of sales (CoS). We find that after withholding, firms’ profitability increases by 1.6 percentage points. Our industry-focused results suggest that withholding affects profitability by reducing the transfer of competitive information to peer firms. We then document a range of evidence consistent with the idea that firms withhold disaggregated CoS to protect cost innovations from rivals. First, we construct a novel measure of firms’ cost-innovative potential and show that it predicts withholding and subsequent profitability gains under the voluntary disclosure regime. Second, we document efficiency gains following the withholding of disaggregated CoS. Third, our survey experiment of 1,257 U.S. public firm managers shows that they would reduce investments in process/cost innovations if they were required to disaggregate CoS. Our study highlights to standard setters and academics that CoS disaggregation entails operational consequences for firms.

20 outubro 2022

Medida contábil que ajuda a prever a saída de um executivo

 Bem estranho isto: 

We find that accounting charges for goodwill impairment, which imply a deterioration in the capabilities of acquired assets to generate expected cash flows, provide useful indicators of CEO underperformance. The results show that the size and presence of a goodwill impairment charge are positively associated with forced, but not voluntary, CEO turnovers. This implies that goodwill impairment provides information before CEO changes occur. We also find that goodwill impairment has incremental power to predict forced turnover when it is unexpected based on book value relative to market value of equity and when it runs counter to overall firm performance. The association between goodwill impairment and forced CEO turnover varies with audit quality, consistent with the importance of the perceived reliability of accounting information for its effect on CEO retention decisions. Given that the FASB recently considered eliminating annual goodwill impairment testing (FASB, 2022) whereas the IASB not only prefers impairment testing but is considering requiring additional related disclosures (IASB, 2020), our evidence on the informativeness of goodwill impairment charges is timely.


O teste de impairment poderia ser um preditor da saída forçada de um CEO? Para Arnold Cowan, Cynthia Jeffrey e Qian Wang, no artigo "Does writing down goodwill imperil a CEO's job?", a ser publicado no Journal of Accounting and Public Policy, a resposta seria sim. Isto fortalece a posição de que o teste deve ser mantido - apoiando a posição do Iasb, segundo os autores. Via aqui. Foto: Noah Windler

11 julho 2022

Clima e evidenciação


Em um artigo para o The Conversation, a professora Lily Hsueh discute se o projeto da SEC, a comissão de valores mobiliários dos Estados Unidos, para a questão do clima tem chance de sucesso. O ponto questionado por Hsueh é se evidenciação realmente influencia o comportamento das empresas. E esta tem sido a chave dos reguladores neste momento. 

De certa forma, é novamente a ideia de que somente podemos gerenciar o que é mensurado. A posição da professora é que somente isto não é suficiente para resolver o problema. E que as empresas podem atrapalhar, com a manipulação de informações, conhecida como lavagem verde. Para ela, a SEC tem uma oportunidade de reagir aos problemas que já foram detectados. 

Algumas pesquisas (por exemplo aqui) já mostraram que a divulgação pode ajudar na redução da emissão. Usando dados do Carbon Disclosure Project, Hsueh observou cerca de seiscentas empresas com ações na bolsa, entre 2011 e 2016. Ela encontrou que as emissões de carbono por funcionários diminuiu para as empresas de divulgam as informações. Mas os dados são mais sutis, pois o comportamento não foi igualitário. As empresas sem um pressão regulatória, como os setores financeiros, de saúde e voltados para o cliente, não tiveram o mesmo comportamento. Isto tem sido também confirmado em outros estudos, com setores específicos. Além disto, informar não significa praticar. Uma empresa citada pela pesquisadora que exemplifica isto é a WalMart, que vendia produtos descritos como feitos de bambu e ecologicamente corretos, na verdade eram feitos de rayon, que usa produtos químicos tóxicos. 

Para impedir os problemas, seria necessário diretrizes claras sobre o significado de "iniciativa de baixo carbono", a comparação de metas com as emissões históricas, todas auditadas, e a definição clara das métricas, para uma comparação entre as empresas. 

08 abril 2022

Divulgando incerteza na contabilidade


Jessica Hullman faz algumas recomendações sobre a comunicação da incerteza por parte do governo. Hullman está falando de informações como o número de mortos pela pandemia, as taxas de desemprego, o PIB e outras informações. Mas muitos comentários são válidos para a contabilidade.

Quando o profissional contábil divulga o valor do ativo, da receita, do resultado e de outros elementos contábeis, o número geralmente é um valor único. Entretanto, muitos valores poderiam ser evidenciados no seu intervalo. O valor de caixa e bancos é um número único, mas a estimativa dos créditos de clientes que podem ser recebidos irá variar dentro de um intervalo. Haveria uma necessidade de comunicar a incerteza no número.

(Não irei entrar em discussão sobre a distinção entre incerteza e risco. Conforme a tradição, incerteza está vinculado àquilo que não sabemos e risco a probabilidade, conhecida, de ganhar ou perder. Um lançamento de uma moeda tem 50% de chance de ser cara e 50% de dar coroa e apostar em cara tem um risco conhecido de perder ou ganhar)

Hullman afirma que uma das várias razões pelas quais se têm o receio de expressar a incerteza é que a pessoa comum não saberá o que fazer com a informação. Penso que o mesmo se aplica para a contabilidade. Já existem dúvidas sobre a qualidade da contabilidade das empresas (vide, por exemplo, a crítica de Lev) e a divulgação da incerteza pode gerar preocupações sobre a falibilidade da contabilidade e do grau de erro existente na informação divulgada. Talvez um usuário consciente saiba que os valores contábeis não são “exatos”, mas prefere ignorar tal problema. Os meteorologistas já lidam com este problema melhor do que a contabilidade. Mas a meteorologia possui algumas vantagens sobre a contabilidade: o número de incerteza e previsões é suficientemente grande para ajustar seus modelos preditivo e reduzindo o viés do conservadorismo , muitas decisões são binárias e você tem um output bastante claro (choveu ou não choveu, ao contrário da contabilidade, que geralmente não tem isto).

Hullman não esquece do desafio da comunicação. Em alguns casos, esta incerteza é comunicada através de texto, como ocorre nas notas explicativas. Mas há alternativas disponíveis, como comunicar intervalo mais provável dos valores. Isto é um problema realmente, já que muita comunicação na contabilidade é, até certo ponto, “vazia”.

Talvez seja possível começar com algum item. Por exemplo, o percentual de clientes que não irão efetuar o pagamento. Isto é uma informação até certo ponto binária, algo que desejamos para melhor calibrar nossos modelos preditivos, e permite um feedback mais persistente, mais próximo da previsão de chuva da meteorologia.

(A questão do meteorologia está bem discutida no livro O Sinal e o Ruído. Acabo de perceber que nunca fizemos uma resenha deste livro de Nate Silver)

Foto: Michael Shannon

11 novembro 2019

Quando a transparência é ruim

Anteriormente comentamos aqui

Durante décadas o princípio regulatório nos EUA [não somente] tem sido o da divulgação Bingo. Se você divulga o salário dos funcionários públicos, isto irá mudar a atitude das pessoas; evidenciando os conflitos de interesse de uma pessoa, irei levar isto em consideração na decisão; se divulga os impostos na nota fiscal, isto muda o comportamento; se o auditor divulga o que ele teve dificuldade em auditar, isto irá chamar a atenção dos usuários da demonstração; e assim por diante. Será que isto está funcionando? Nós temos hoje um grande número de informação, mas pouco tempo para ler e levar em consideração na decisão (sistema 1 e sistema 2). Egan afirma: “(...) temos outra opção para ser eficaz: design” 

Eis um texto do The Economist sobre a questão da evidenciação de informação por parte dos bancos centrais

Nos EUA, os economistas do Goldman Sachs acusaram o banco [Central] de construir um “salão de espelhos” em suas comunicações com os mercados. O Fed, argumentam os economistas, este ano sinalizou suas intenções para os mercados e, ao mesmo tempo, ouviu seus palpites. Como resultado, Fed e mercado entraram em uma espiral de pessimismo, ignorando a economia real. Na ânsia de entrar em contato com os mercados, o Fed se esqueceu de que é ele quem manda.

Então, os bancos centrais devem falar um pouco menos? Os microeconomistas sabem há muito tempo que a ambiguidade pode ter usos estratégicos. Os contratos de trabalho, por exemplo, não especificam todas as tarefas do empregado, nem todas as obrigações do empregador, provavelmente porque é melhor deixar espaço para um lado punir o mau comportamento do outro. (...)

Ao fazer a postagem me lembrei da transparência das decisões de tribunais superiores. Uma consequência inesperada é o aumento do parecer de cada juiz. Mantendo a mesma equipe, pareceres mais longos significa menos julgamentos realizados. Uma consequência negativa da transparência.

29 maio 2019

Obrigatoriedade de divulgação

É um assunto que muitas pessoas acreditam na associação entre divulgação e melhoria do comportamento do mercado. Nem sempre. Muitas vezes a solução está em alternativas, como design.

Matthias Breuer pergunta se é necessário obrigar as empresas a divulgar as informações e a fazer auditoria. O parágrafo final do post escrito para o Pro-Market (Stigler Center, da Universidade de Chicago):

With a view to the regulation of firms’ financial reporting in the United States, my evidence suggests an extension of reporting requirements to (larger) private firms could counteract recent trends of slowing business dynamism (e.g., Decker et al. 2014; Haltiwanger 2014), increasing market-share concentration (e.g., Barkai 2017; De Loecker & Eeckhout 2017; Grullon et al. 2017), and declining IPO activity (e.g., De Fontenay 2017; Doidge et al. 2017). Yet, it is questionable whether extending reporting requirements to these firms ultimately improves resource-allocation efficiency and, in particular, stimulates growth. Absent convincing empirical evidence of enhanced efficiency and growth, the case for firms’ mandatory reporting and auditing appears weak, especially given the costs and imperfections of regulation (e.g., Stigler 1971).

24 fevereiro 2019

Poluição e evidenciação

O que explica a evidenciação de empresas poluidoras no Brasil? Segundo a uma pesquisa com empresas com ações negociadas na Bolsa, com 182 empresas, o tamanho, a lucratividade, a internacionalização, endividamento e o relatório de sustentabilidade da empresa são fatores explicativos desta evidenciação.

Eis o abstract:

This research aims at identifying explanatory factors of the environmental disclosure of potentially polluting Brazilian companies listed on the São Paulo Security, Commodities, and Futures Exchange (BM&FBOVESPA), from 2005 to 2015. Financial and environmental disclosure information of 182 Brazilian companies of the high-, medium-, and low-polluting potential sectors were collected. Data were analyzed through content analysis of documents and Regression with Panel Data. Results indicate that the company’s size, profitability, internationalization, and sustainability report are explanatory factors of the disclosure of environmental information, while indebtedness presents an inverse relationship. This study concludes that the explanatory factors of environmental disclosure of potentially polluting Brazilian companies are, with a higher weight, the publication of the sustainability report and stock market internationalization and, with lower weight, size, indebtedness, and profitability. This study discusses the relevance of environmental disclosure to companies that perform potentially polluting activities to provide support for different agents linked to these companies they may have access. It presents as theoretical contribution the explanatory variables for environmental disclosure of potentially polluting companies, an analysis not yet carried out in the literature. The practical contribution is to present information to interested users that potentially polluting companies, larger in size, internationalized, and with more profitability, disclose their environmental information.

23 dezembro 2018

Evidenciação no Futebol

Uma reportagem interessante sobre evidenciação no futebol

Um estudo global sobre os proprietários dos clubes denunciou a falta de escrutínio sobre os proprietários, os acionistas e investidores dos clubes de futebol e sociedades desportivas à escala mundial. Desenvolvido e elaborado pela Union Internationale des Avocats (UIA), pela Sport Integrity Global Alliance (SIGA) e pelo Centro Internacional para a Segurança no Desporto (ICSS INSIGHT), este estudo foi realizado em 25 países como EUA, Japão, China, México, Rússia, Turquia, Inglaterra, Espanha, Itália, França e Portugal.

Uma das conclusões retiradas desta análise indicou “um aumento substancial de investidores desconhecidos ou fundos de investimento sediados em offshores, dificultando o trabalho de regulação das federações e ligas profissionais no controlo da origem da propriedade e da sua condição legal. Não é por isso de estranhar que só em 18% dos países analisados exista o dever de divulgar a identidade dos proprietários, investidores dos clubes em competições profissionais e não profissionais.


Observe que a pesquisa foi feita na Europa. Outra informação importante:

Dados deste estudo revelam que 90% dos clubes europeus não publicam as suas contas e 77% estão em insolvência ou pré-insolvência.

27 agosto 2018

Aramco: temendo a evidenciação

Na novela que se tornou a oferta pública de ações da empresa estatal de petróleo da Arábia Saudita, a Aramco, um fato curioso. Segundo a Reuters, não haverá a oferta por um motivo simples. O rei, pai do príncipe, saiu da sua quase aposentadoria para dizer não. O motivo:

Os interlocutores do rei disseram-lhe que o IPO, longe de ajudar o reino, o enfraqueceria. Sua principal preocupação era que um IPO traria divulgação pública completa dos detalhes financeiros da Aramco, disseram as fontes.

Evidenciação é para os fortes.

21 maio 2018

Transparência e decisões

Nas decisões colegiadas geralmente partimos da suposição que quanto maior a transparência, melhor será a decisão. Isto tem sido usado pela CVM ao divulgar as decisões colegiadas, responsáveis pela punição de auditores, funcionários e empresas. Geralmente clamamos que isto também ocorra nas grandes decisões do Supremo ou nos comitês das empresas.

Uma investigação recente questiona a crença que a transparência é algo bom. E que decisões mais transparentes são melhores decisões. Dois pesquisadores, um da Universidade de Constança (Alemanha) e outro de Warwick (Reino Unido) concluíram que em decisões colegiadas, a transparência pode não ser uma boa opção. Inicialmente Fehrler e Hughes desenvolveram um modelo teórico com três níveis de transparência: sigilo, transparência moderada e transparência. A diferença entre os modelos é que no sigilo tanto o voto individual quanto a argumentação são apresentadas em segredo. É o modelo de eleição do Papa, por exemplo, onde cada eleitor deposita seu voto em uma urna, sem revelar seu motivo ou sua escolha. O modelo de transparência é o adotado pelo Supremo, onde cada ministro apresenta seus motivos e seu voto. A transparência moderada é o nível intermediário. No modelo teórico de Fehrler e Hughes, as decisões são afetadas pelo nível de informação disponibilizada. Em geral, maior transparência induz a decisões incorretas, exceto quando a manutenção do status quo é a melhor opção.

Talvez você já tenha passado por esta experiência. Você acredita que a melhor decisão é alterar o status quo, mas o parecerista faz um voto pela manutenção da situação e as pessoas começam a votar. Há uma forte indução para o status quo, muito embora esta talvez não seja a melhor decisão.

Entretanto, o modelo teórico por si só não é suficiente para confirmar a teoria dos autores. Sabendo disto, os pesquisadores fizeram um experimento de campo, onde grupo de pessoas deveriam tomar decisões com estes três níveis de transparência. O resultado obtido por Fehrler e Hughes confirmou, com algumas pequenas diferenças, a suposição do modelo: a transparência pode conduzir a decisões erradas.

FEHRLER, Sebastian; HUGHES, Niall. How transparency kills information aggregation: theory and experiment. American Economic Journal: Microeconomics, v. 10, n. 1, p. 181-209, 2018.

18 janeiro 2018

Evidenciação

Um caso interessante envolvendo a SEC, uma empresa e acionistas que desejam maior transparência aparece aqui.

A empresa AmerisourceBerge atua na área de distribuição farmacêutica. Recentemente a empresa teve que fazer um acordo por não ter um controle efetivo das vendas de substâncias controladas, inclusive opióides, um grupo de medicamentos com efeitos parecidos com o ópio, mas com características químicas diferentes.Além disto, parece existir uma epidemia do consumo desse produto. E algumas pessoas acreditam a evidenciação pode ajudar a reduzir o risco futuro.

Um grupo de investidores propôs votar em uma assembleia sobre estes dois assuntos. O primeiro é maior transparência sobre como a empresa está gerenciando os riscos financeiros e de reputação sobre a epidemia. O segundo assunto é como a empresa lidou com o pagamento do acordo sobre o controle de substâncias feito pelos executivos.

A SEC decidiu que estes dois assuntos devem ser discutidos na reunião anual dos acionistas. O link apresenta mais detalhes sobre o assunto.

05 dezembro 2017

Petrobras e os chineses

A Petrobrás informou nesta terça-feira, 5, que assinou um contrato de financiamento de US$ 5 bilhões com o China Development Bank (CDB), com vencimento em 2027, ao mesmo tempo em que anunciou pré-pagamento do saldo devedor de US$ 2,8 bilhões de um empréstimo contratado com o banco em 2009.

A operação faz parte do plano da empresa de melhorar o perfil de sua dívida no mercado, a maior dívida entre as petroleiras no mundo. O endividamento líquido da Petrobrás somou R$ 279,2 bilhões ao final do terceiro trimestre, quando a empresa apontou aumento do prazo médio de pagamento.
(Fonte: Aqui)

Os chineses são conhecidos por apresentarem uma conta salgada em empréstimos para o terceiro mundo. Um aspecto importante é o detalhamento da operação. No empréstimo anterior, a empresa Petrobras divulgou pouco sobre as condições (taxa de juros, condições, prazo etc). Será que isto irá ocorrer agora também?

14 março 2017

Demonstrações Contábeis publicadas

Ainda é bastante comum a publicação em jornal de grande circulação das demonstrações contábeis das empresas. Geralmente a empresa encaminha as informações para o jornal, que faz a composição gráfica das informações conforme o espaço comprado. Assim, a informação que estava numa folha de papel A4 é transferido para um folha de papel jornal. Neste processo, poderão existir falhas. Como seria o caso indicado aqui no blog da Natura (vide aqui). Apesar do erro ser do jornal que está publicando a informação, provavelmente a empresa deve ter sido chamada para aprovar o que estava sendo impresso.

Hoje o BNDES publicou seu balanço nos jornais, assim como disponibilizou na sua página. Num dos trechos do relatório apresentava a informação sobre “gestão de pessoas”. Eis a informação como consta da sua página

Agora observe como o mesmo trecho apareceu no jornal :


Perceberam a diferença? Foi culpa do estagiário...

13 setembro 2015

História da Contabilidade Os Primórdios da Evidenciação Contábil no Brasil

Já mostramos neste blog que a história da evidenciação contábil no Brasil inicia-se logo após a chegada de Dom João VI ao Brasil. As primeiras entidades que divulgaram algumas das informações contábeis foram do que conhecemos hoje como Terceiro Setor: teatro, que recebia subsídio da sociedade sob a forma de loteria, hospital e biblioteca pública. As informações do setor público foram, durante muitas décadas, dados orçamentários e de execução financeira, geralmente sem a utilização do método das partidas dobradas. (1)

Mais de trinta anos depois da expulsão da família Real de Portugal iniciou-se de maneira tímida a divulgação de informações de empresas. Um dos marcos foi decorrente do Decreto 83, de 12 de outubro de 1839, assinado por Dom Pedro II. A partir deste decreto, assinou-se um acordo entre Manoel Antonio Galvao, então ministro de estado, e diretores da Companhia Brasileira de Paquetes de Vapor. O acordo regulava o transporte marítimo entre o Rio de Janeiro e a capital da Província do Pará.

Os navios da empresa tinham que passar pela Bahia, Maceió, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Ceará, Maranhão e Pará, levando as correspondências do governo. O interessante é o item 11 do acordo, que afirmava que a empresa deveria mostrar, de cinco em cinco anos, a contabilidade para um representante do governo. A partir desta informação, o governo poderia ajustar o acordo:

A companhia fica obrigada a mostrar, dentro de quatro annos, contados do dia 12 de outubro do anno passado, ter cobrado dos seus socios todo o capital destinado a esta empreza; assim como apresentar, de cinco em cinco annos, toda sua escripturação á pessoa ou pessoas que o governo nomear para examinar, a fim de poder o mesmo governo com o necessário conhecimento diminuir a consignação dada pelo thesouro publico á dita companhia, se assim julgar conveniente. (2)

É importante destacar que o texto utiliza a palavra “examinar”. Podemos dizer que este talvez seja um dos documentos precursores da auditoria no Brasil. Pelo texto fica claro que também se trata de um dos primeiros atos de regulamentação das atividades econômicas onde o governo utilizava a contabilidade.

O termo “examinar” foi utilizado alguns meses antes da publicidade deste acordo. E aqui talvez tenhamos o primeiro caso documentado de auditoria no Brasil! Trata-se do Banco Commercial do Rio de Janeiro, que no mesmo ano de 1840 publicou o “Relatório da Commissão de Exame de Contas do Banco Commercial”. O relatório começa da seguinte forma:

“Hoje comparece perante esta assembléa geral a comissão nomeada na sessão do dia 10 do corrente mez de janeiro, a apresentar o relatorio de seus trabalhos, e cumprir com a missão de que é encarregada pelo artigo 30 dos estatutos do banco commercial, no exame e fiscalisação do estado do mesmo estabelecimento.” (3)

A seguir apresenta, em um parágrafo curto, um elogio ao estado da contabilidade, “organizada por um methodo claro, simples e preciso, ella é desempenhada com toda perfeição e pontualidade; apenas se percorre os olhos pelos livros logo se descobre, se percebe e se examina a mais complicada das operações do banco”. Temos aqui as características das informações qualitativas como representação fidedigna e tempestividade. Então a comissão informa que tomou por base o balanço, apresentado pela direção, conferiu os itens e encontrou “perfeita concordancia”. Ou seja, “A caixa patenteava o mesmo saldo que o balanço manifestava (...)”. A comissão também faz uma análise financeira, informando que as despesas são razoáveis. Afirma também que existe segurança física no estabelecimento.

É bem possível que existiram outros relatórios de “auditoria” anterior ao do Banco Commercial. Mas confesso que este foi o relato mais antigo que encontrei nas minhas pesquisas. Além disto, pelo fato do mesmo ser muito próximo a uma “auditoria externa”, não podemos deixar de destacar seu pioneirismo.

(1) Estas informações encontram-se dispersas em diversas postagens sobre este assunto que postamos no blog.
(2) Publicado no Chronica Maranhense, 7 de maio de 1840, ed. 234, p. 1. Grafia da época.
(3) O relato foi publicado no Diario do Rio de Janeiro, 27 de janeiro de 1840, ano xix, n 20, p. 3. É importante notar que o Banco Commercial tinha um ano de existência.

03 junho 2015

BNDES evidencia

Por obra e graça do TCU, o BNDES resolveu divulgar como ele empresta o dinheiro do contribuinte. E as primeiras informações mostram que o banco apoiava projetos de construtoras brasileiras no exterior com uma taxa de juros bastante amigável, inferior as praticadas no mercado interno. Pelo risco da operação – já que as obras eram em países como Cuba ou Argentina – este procedimento é questionável. Além disto, as obras geram empregos, nos países aquinhoados com as operações. Finalmente, em razão do custo de oportunidade, sobra menos dinheiro para as operações domésticas.

Lembrando que no final do ano passado, diante da perspectiva de um ano extremamente difícil no setor público brasileiro, o Tesouro continuou repassando recursos para o banco. Assim, parte do corte no orçamento, anunciado de 69,9 bilhões de reais, poderia ter sido evitado se o repasse tivesse sido postergado.