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24 dezembro 2019

Goodreads: melhores livros de 2019


Ficção: Os Testamentos, Margaret Atwood

Mistério e suspense: A Paciente Silenciosa, Alex Michaelides

Ficção histórica: Daisy Jones and The Six: Uma história de amor e música, Taylor Jenkins Reid

Fantasia: Ninth House, Leigh Bardugo

Romance: Vermelho, Branco e Sangue Azul, Casey McQuinston

Ficção científica: Recursão, Blake Crouch

Terror: The Institute, Stephen King

Humor: Dear Girls, Ali Wong

Memória e autobiografia: Over The Top, Jonathan Van Ness

História e biografia: The Five: the untold lives of the women killed by Jack the Ripper, Hallie Rubenhold

Ciência e tecnologia: Will My Cat Eat My Eyeballs?: big questions from tiny mortals about death, Caitlin Doughty

Graphic Novel e Quadrinhos: Pumpkinheads, Rainbow Rowell

Poesia: Shout, Laurie Halse Anderson
Romance de estreia: Vermelho, Branco e Sangue Azul, Casey McQuinston

Fantasia jovem adulto: O Príncipe Cruel, Holly Black

Nível médio e infantil: A Tumba do Tirano (As provações de Apolo Livro 4), Rick Riordan

Livro de imagens: A Beautiful Day in the Neighborhood: the poetry of mister Rogers, Fred Rogers

Desses o único que eu li foi “A Paciente Silenciosa” e achei uma ótima leitura para quem gosta do gênero. 

O prêmio Goodreads Choice Awards é um dos meus preferidos, pois permite que os usuários da plataforma votem. Isso faz com que apareçam algumas distorções e a principal, a meu ver, é o fato de quem vota provavelmente não leu todos os concorrentes de cada categoria. Além de dar muito poder aos autores com grandes fã clubes, aos livros com grandes campahas publicitárias e etc. Mas... não deixa de ser divertido! ;) Salvo engano, também consideram apenas os livros publicados nos Estados Unidos.

Nota: O Skoob, plataforma similar, mas brasileira, não realiza este tipo de evento.

09 dezembro 2015

Resenha: Toda Luz Que Não Podemos Ver


Toda Luz Que Não Podemos Ver, de Anthony Doerr, é o livro vencedor do prêmio Pulitzer 2015 na categoria ficção. A obra conta a história de duas crianças e como, em certo ponto, a Segunda Guerra Mundial invadiu a vida delas. Uma é francesa, a outra alemã.

Marie-Laurie, que ficou cega aos seis anos, mora com seu pai em Paris, próximo ao Museu de História Natural, onde ele trabalha como chaveiro. Quando ela está com doze anos, os nazistas ocupam Paris e, para proteger um bem do museu, ela e o pai fogem para Saint-Malo, uma cidadezinha envolta por muros e onde mora seu tio-avô. O pai de Marie-Laurie fez o que pode para que ela continuasse autossuficiente e até construiu uma maquete da vizinhança para que ela se familiarizasse bem com os arredores.

Ao mesmo tempo conhecemos a história de um órfão chamado Werner, que cresce curioso em uma Alemanha envolvida com a guerra. Em uma cidade em que os homens, sem saída, se tornam mineiros, Werner sonha com outros futuros. Mesmo sendo perigoso, segue explorando os arredores, procurando livros, desmontando e remontando rádios, aprendendo tudo o que consegue. Aos dezesseis ele se torna um especialista em rádios, e tem como missão encontrar transmissões da resistência.

Doerr desenvolve uma prosa gostosa e a vontade é ler devagarinho para que se usufrua disso o máximo possível. Mas eu li em dois dias. Quase não larguei! Quando eu li a sinopse não achei que me envolveria tanto com a história, que me surpreendeu em vários aspectos. As descrições são tão bonitas que é possível sentir a atmosfera. A cegueira de Marie-Laurie é tão bem descrita, e de uma forma não-cansativa, que você se vê encarnando ela, passeando pelas ruas contando passos, bueiros, degraus. A história de sua família é tocante, com um amor e simplicidade que nos emociona.

O livro me mostrou a Segunda Guerra de uma forma que eu nunca imaginei e traz uma visão de como era a particularidade da vida de algumas pessoas afetadas pela guerra que não encontrei em outras leituras. Esse livro vai me assombrar por algum tempo.

Vale a pena: Sim. Dê uma paradinha na correria do dia-a-dia e leia. Vale a pena e recomendo com fervor.

22 outubro 2014

Resenha: Bartleby o Escrevente


Em geral fazemos resenhas de livros técnicos ou não ficção. Mas ousamos escrever sobre um conto, inicialmente publicado em 1853 e relançado em 1856, de autoria de Herman Melville. Melville ficou mundialmente conhecido pelo livro Moby Dick, de 1851 e Bartleby é seu conto mais conhecido.

O narrador é um escrivão que decide contratar um novo empregado. Aparece Bartleby disposto a ocupar o cargo de “copista”. Naquele tempo era usual o emprego de pessoas que escreviam, à mão, cópias dos documentos. O livro apresenta o estranho relacionamento do narrador com Bartleby em Wall Street. A história foi transformada em filme duas vezes e existem adaptações para o teatro. É uma das novelas mais famosas, precursora de Kafka e Camus. No Brasil, Veríssimo, o filho, possui um conto muito parecido com este. A frase do personagem, “Prefiro que não”  (I would prefer not to do) e derivados ficou famosa. (imagem)

Pessoalmente, sempre tive interesse por esta novela desde que encontrei numa lista das obras literárias com uma ligação com a contabilidade. É bem verdade que nenhum dos personagens é contabilista, mas o enredo poderia se passar num escritório de contabilidade. A única ligação é uma nota de rodapé sobre John Caldwell Colt, um contador e autor de um manual de contabilidade, referência no ensino da disciplina nos Estados Unidos. O irmão do inventor do revolver Colt ficou muito conhecido pela morte de Samuel Adams, um crime famoso no século XIX.

O texto é curto, afinal é um conto, com cerca de 80 páginas. O formato do livro é agradável e faz parte de uma coleção denominada “A Arte da Novela”, da Gruá Livros. Mas se você gosta de ler a orelha de um livro, esqueça. Como a capa e contracapa estão em amarelo e a letra em branco, a leitura é um teste para a visão. De noite então é impossível saber o que está escrito na orelha. Apesar do formato agradável, as paginas soltam facilmente.

Vale a pena: É uma novela interessante e que pode agradar aqueles que gostam de Kafka e de Melville.

MELVILLE, Herman. Bartleby O Escrevente. São Paulo: Grua, 2014.

Evidenciação: Esta obra foi adquirida com recursos do blogueiro.

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15 outubro 2014

Resenha: Eu sou Malala

Foi com os olhos cheios de lágrima que recebi a notícia que a paquistanesa Malala finalmente recebeu o Nobel da Paz. A mais jovem de toda a história!

Eu comprei “Eu sou Malala” em alguma promoção. Comecei a ler porque a letra é grande e ótima para o meu problema de vista. Ok. Também porque eu precisava de um livro bem conceituado porque tinha acabado de ler uma péssima, péssima, biografia e estava frustrada.

Enfim, lá fui eu ler a história da bela menina da capa. O subtítulo do livro resume bem o que vem pela frente: “a história de uma garota que defendeu o direito a educação e foi baleada pelo Talibã”.

Eu sinceramente não sei como resenhar esse livro (e tenho a impressão que já usei essa frase por aqui antes). A autobiografia, em coautoria com Christina Lamb, é uma leitura obrigatória e ótima pedida para este fim de ano. A história é linda, e triste, e cativante, e rica, e desoladora.

Malala defende algo simples: o direito a educação... E aí você vai sim ter um pouco de peso na consciência pelos dias em que resmungou por ter que acordar cedo por qualquer coisa relacionada a educação. Você vai se sentir feliz por muitas coisas em sua vida, assim como aprenderá um bocado sobre o mundo e será grato a sensibilidade e coragem de Malala porque saber que existem pessoas assim no mundo nos inspira.

Os vencedores do Nobel da Paz, Malala e Satyarthi, foram laureados devido a seus trabalhos em prol da educação. E por restaurarem um poço mais a nossa fé na humanidade.
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Evidenciação: Livro adquirido com recursos particulares, sem ligações com os escritores ou a editora.

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19 setembro 2014

Resenha:Sem Lugar para se Esconder


Este livro conta a história de Edward Snowden, o programador que denunciou a espionagem da NSA, uma entidade do governo dos Estados Unidos. Snowden era um funcionário terceirizado e que teve acessos aos processos de espionagem. Em 2013 ele procurou o jornalista Greenwald, do jornal The Guardian, que trabalhava no Rio de Janeiro e que é o autor do livro. Os dois se encontraram em Hong Kong e Snowden forneceu para Greenwald as provas para diversas reportagens que foram publicadas no jornal britânico.

Apesar de ter cinco capítulos, o livro pode ser dividido em três partes. Na primeira, que abrange os dois primeiros capítulos, Greenwald narra como o furo de reportagem ocorreu. Na segunda, ele descreve como o sistema de coleta da NSA funcionava. Finalmente, a última parte discute a questão da vigilância proporcionada pela internet nos dias atuais. Honestamente: a primeira parte é muito boa, com lances de suspenses, descrição dos fatos de maneira cativante e que prende o leitor. A segunda e terceiras partes quebram o clima do livro.

Vale a pena? Se você gosta de uma obra de suspense, os dois primeiros capítulos são muito bons. Gostei do livro por esta parte. Se você tem interesse sobre a tecnologia e outras discussões, os três últimos capítulos podem valer a pena. Mas confesso que não gostei, pois quebra o ritmo da obra


GREENWALD, Glenn. Sem Lugar Para Se Esconder. Edward Snowden, A NSA e a Espionagem do Governo Americano. Rio de Janeiro: Primeira Pessoa, 2014.


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13 agosto 2014

Resenha: Béla Guttmann

Este livro narra a história que parece o filme Forrest Gump. Guttmann é aquele personagem que esteve em nos principais momentos do futebol mundial no período entre as décadas de vinte e sessenta. Como jogador, Guttmann fez parte da equipe do Hakoah, de Viena, um time de judeus. Chegou a participar das Olimpíadas de 1924 pela seleção da Hungria. No final dos anos vinte, fez excursão aos Estados Unidos, onde o futebol era um esporte emergente. Na década de 30 torna-se treinador na Hungria. Durante a segunda guerra, Guttmann desaparece. Após o confronto, volta a trabalhar com treinador na Hungria. Num dos times que dirigiu tinha Boszik e Puskas, que seria base da poderosa seleção da Hungria da década de cinquenta. Em 1949 vai para Itália, Chipre, Argentina e retorna para Itália para treinar o Milan de Nordahl, Liedholm e Schiaffino. Apesar de estar em primeiro lugar no campeonato italiano, Guttmann é demitido do Milan. Em 1957, Guttmann chega ao Brasil para treinar o São Paulo. Neste clube, adota o sistema 4-2-4. O assistente de Guttmann no clube era Vicente Feola, que meses mais tarde tornaria o treinador da seleção brasileira e conquistaria a Copa do Mundo com o estilo adotado por Guttmann. Do Brasil, o treinador vai para Portugal, sendo campeão pelo Porto. No ano seguinte assume o time do Benfica , onde torna-se bicampeão europeu, num time que tinha Eusébio, o maior jogador português de todos os tempos. Depois do Benfica, Guttmann entra em decadência, treinando times no Uruguai, Suíça e Grécia.

O livro Béla Guttmann conta a história deste treinador em 170 páginas. Isto é bom e ruim. Por um lado, Claussen vai direto ao ponto, sendo bastante objetivo. Por outro lado, como a vida de Guttmann foi bastante atribulada, sentimos esta objetividade do autor do livro parece atrapalhar um pouco.

Vale a Pena? Para quem gosta de futebol e quer um panorama do esporte entre os anos 20 e 60 é uma boa leitura.


CLAUSSEN, Detlev. Bela Guttmann. São Paulo: Estação Liberdade, 2014.


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06 agosto 2014

Resenha: Guia Politicamente Incorreto do Futebol

Este é mais um livro da série “Guia Politicamente Incorreto (...)” da editora Leya. Esta coleção fez sucesso com outros temas e a fórmula tenta captar a atenção do leitor interessado em futebol. Mais de 400 páginas e 18 capítulos, o texto trata de assuntos diversos como racismo, seleção de setenta, batalha dos Aflitos, Barcelona, Pelé e Maradona.

Como o próprio título induz, algumas das posições dos autores são polêmicas, como é a afirmação de que “Messi não é um bom garoto” (último capítulo). O problema é que o livro, escrito por jornalistas, cai na “faláciado jornalista”. Esta falácia acontece quando se toma um ou dois depoimentos e fazem conclusões apressadas. No caso do Messi, o livro usa três acontecimentos para fazer esta conclusão.

Outros pontos levantados, como o “futebol não é um bom negócio”, já mereceu uma análise muito mais interessante e profunda no Soccernomics, por exemplo. Para quem já leu Soccernomics, o texto deste Guia é mais superficial.

Mas é inegável que a leitura do livro é agradável. O formato ajuda e os capítulos podem ser lidos de maneira independente. Neste sentido, os problemas apontados anteriormente não prejudicam a leitura.

Vale a pena? Para quem gosta de futebol, inclusive discutir futebol, é interessante sua leitura. Pode acrescentar polêmica nas conversas com os amigos.

ROSSI, Jones; MENDES JR, Leonardo. Guia Politicamente Incorreto do Futebol. Leya, 2014.

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30 julho 2014

Resenha: Man on the Run

No final dos anos sessenta, o maior grupo musical que já existiu estava acabado. As brigas internas romperam a antiga amizade que unia John, Paul, George e Ringo. Enquanto George tentava buscar na religião a infelicidade trazida pela fama e John unia-se a Yoko para fazer política, Paul tentava manter o grupo através de trabalho. E Ringo sempre foi o lado mais fraco da criatividade musical dos Beatles.

Até hoje se discute o que levou o maior sucesso da música optarem pela separação. Alguns acham que foi Yoko; outros, as tentativas forçadas de Paul; há ainda aqueles, como Tom Doyle, autor de Man on the Run, que consideram que o novo manager da banda, Klein, foi a principal razão para o fim da banda. Mas o livro da resenha da semana não é sobre os Beatles; é sobre o que aconteceu com Paul após o fim da banda. Inicialmente, Paul tentou fugir da responsabilidade de ser um ex-beatle com a bebida; depois, brigou com a banda, inclusive na justiça; e finalmente, conseguiu fazer uma brilhante carreira musical sem os seus antigos companheiros.

Man on the Run conta em 15 capítulos os dez anos seguintes ao fim da banda para McCartney. O contato, mais frequente do que eu imaginava, com Lennon; a criação de clássicos como Mull of Kintyre, Coming up, My Love, Jet, Let Me Roll It ou Live and Let Die; a tentativa de buscar substitutos na formação do Wings, os problemas com as drogas, a prisão no Japão, a criação dos filhos na Escócia e muitos outros assuntos. O livro conta que McCartney era péssimo em finanças e perdeu muito dinheiro, antes e depois dos Beatles, por confiar nas pessoas ou por ser perdulário. Mesmo jogando dinheiro fora, McCartney possui hoje uma fortuna perto de US$ 1 bilhão.

Vale a pena? Para quem gosta dos Beatles a obra conta boas histórias. É um livro simpático a Paul e geralmente todo fã da banda possui suas preferências. Trata-se de uma leitura bem agradável, mas pule a chata introdução. Para quem não gosta, esqueça.


DOYLE, Tom. Man on the run : Paul McCartney nos anos 1970. São Paulo: Leya, 2014.

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05 março 2014

Resenha? A Passagem

Ou #CartaAUmBomAmigo

Eu estou escrevendo para te dizer, querido Fred, com o tal vício gosto literário similar ao meu, para ler este autor que o meu tio “indicou”: Justin Cronin. Sensacional!

Cai em uma armadilha e, sem querer, comecei a ler “A Passagem” e não parei mais. Parei sim de fazer tudo o mais que deveria. Direi aqui algo inédito (ao menos sem sarcasmo): graças dou pelo carnaval! Feriadão belíssimo, esse!

Depois de algumas crises de ansiedade e depressão pós-livro, você sabe que detesto começar séries que ainda não foram encerradas. Mas, afinal, não foi você mesmo que me apresentou As Crônicas de Gelo e Fogo antes mesmo do autor ter escrito lá muita coisa!? Então posso te indicar sem peso na consciência. E sem a Núbia saber, caso contrário eu também vou levar bronca já que nós três deveríamos estar estudando e não passeando por outros mundos.

Cronin se formou em Harvard, veja só. Que ao menos possamos nos enganar e acalmar a angústia ao pensar que quem está nos contando essa história tem uma boa formação. Claro, comprei o áudio também. Versemos o português e o inglês, han!? E durmamos tranquilamente sabendo que treinamos inglês, português e finjamos que, com isso, fizemos algum tipo de autoaperfeiçoamento redacional e gramatical que nos ajudará num futuro próximo.

Como estamos na quarta-feira de cinzas acredito que posso escrever isso: Vá lá! Hoje é, teoricamente, o dia internacional da ressaca. Sorte nossa que não bebemos e podemos fazer o tempo valer assim... aumentando a miopia e brigando com os irmãos que acham que, por estarmos lendo, não estamos fazendo nada. Então corra a uma boa livraria ou carregue o seu kindle. Certamente você irá gostar de A Passagem.

Ah tio, por que você foi falar desse autor e por que o Submarino foi fazer uma promoção que me fez adquirir os dois primeiros livros por uma pechincha? Acho que para eu ter, finalmente, a oportunidade de indicar livros para você, para você e para você que ainda não teremos a melancólica alegria de conhecer o enredo final. “The City of Mirrors” deveria, inicialmente, ser publicado este ano (em outubro), mas há sites com pré-venda apenas para 2015. Ao escrever isso eu me arrependo amargamente de ter lido o primeiro livro.

Era para eu resenhar ou resumir alguma coisa, mas estou tão animada que sinceramente não sei te contar sobre o livro sem colocar informações que o Justin deveria te passar. Então leia o livro sem ler sequer o resumo na contracapa. E tenha um ótimo finzinho de semana de carnaval ou início de ano. Depende de como cada um encara a vida.

Abraços,


Bel

28 janeiro 2014

Professores ensinam gramática pela metade


[...] Em entrevista à Livraria da Folha, por telefone, Dad [Squarisi] frisou que a escola não ensina, e os professores repassam a meia lição e não a lição completa sobre a gramática da língua portuguesa para os estudantes. Daí, a perpetuação da calosidade em nossa escrita.

A especialista disse que boa parte dos alunos não sabe gramática. Ela atribui o deslocamento incorreto da pontuação a um problema de análise sintática. "A vírgula não é saber pausa, não é onde você respira e põe a vírgula. A vírgula é problema de análise sintática".

Dad afirmou que os pleonasmos sofisticados estão invadindo os textos e se tornando frequentes, como "manter a mesma", "continuar ainda", "além de e também". "Se é 'manter' só pode ser 'a mesma', 'ainda' é dispensável, 'além de e também' juntos indicam adição", exemplifica.

[...]

Livraria da Folha - Quais vícios mais lhe incomodam nos textos jornalísticos?
Dad - Se você me perguntar como é que jornalista escreve, eu lhe digo que jornalista escreve com pressa. O problema do jornalista é a pressão, escreve muito rápido e sob pressão. Às vezes, não tem tempo de revisar o texto, e ele vai para a edição sem revisões. [O jornalista] Tropeça em vírgulas e em concordâncias por causa da rapidez, comete erros por falta de traquejo. Tem também as ambiguidades, que a gente vê com muita frequência. O jornalista lê e não percebe que a frase está ambígua, mas o leitor ou ouvinte lê ou ouve e vê imediatamente que a frase está ambígua. Há vícios recorrentes de pleonasmos, mas de pleonasmos sofisticados. Por exemplo, "manter a mesma", "continuar ainda", "além de e também". Se é "manter" só pode ser "a mesma", "ainda" é dispensável, "além de e também" juntos indicam adição. Esses pleonasmos são muito frequentes. Um tropeço muito grande que a gente percebe é o futuro do subjuntivo, um calo muito grande no pé. A vírgula é um calo no pé de todo mundo.

Livraria da Folha - E os tipos de "porque"?
Dad - Erra-se muito nos tipos de "porque", nos "ques" (com e sem acento) e na crase. Alguns são decorrentes de descuido e outros de uma base que não foi tão boa, um primário que não foi tão bem feito. A gente é muito da cultura oral. Nós escutamos muito dito desse jeito e acabamos repetindo o que foi dito.

Livraria da Folha - Isso se deve à falta de leitura também?
Dad - Sim. A grafia e as estruturas se fixam pela leitura.

Livraria da Folha - Casos como "mais grande" e "mais pequeno" parecem ser usados de forma incorreta quando podem ser utilizados. Qual outra ocorrência gramatical habita o imaginário popular como errada e é apropriada?
Dad - O "mais bem" e o "mais mal". Eu digo "o candidato mais bem classificado" e não "melhor classificado", porque antes de particípio eu uso o "mais bem". Eu uso "mais bom" e "mais mal", "mais grande" e "mais pequeno" nas comparações. Os professores, na ânsia de ensinar os alunos a empregar "melhor" e "pior", dizem que está errado, e, na verdade, ensinam meia lição e não a lição completa.

Livraria da Folha - Então escreve-se baseado em uma meia gramática?
Dad - Boa parte dos alunos não sabe gramática. Por que existe tanto problema na vírgula? Porque a vírgula não é saber pausa, não é onde você respira e põe a vírgula. A vírgula é sintática, é problema de análise sintática. Se ela [pessoa] não sabe análise sintática, não sabe usar a vírgula. A escola não ensina, e os jovens vão arrastando a dificuldade.

Livraria da Folha - Isso piora na rede com o chamado "internetês"?
Dad - Depende de que internet você fala. Se for a internet que eu leio os jornais, é uma linguagem bem cuidada. O jornal que está na internet tem a mesma qualidade do jornal impresso. A internet é um universo muito grande. Tem que ser adequado. Na sala de bate-papo, a língua tem que dar a impressão de que está sendo falada, tem que abreviar, tem que inventar grafias diferentes para ser rápido, para ser entendido. Se eu não fizer isso, eu sou excluída. Tenho conversado com professores de universidades para saber se há uma interferência do "internetês" nos textos escritos, e a resposta de 99% é não. Nós falamos várias línguas, nós escrevemos várias línguas.

Livraria da Folha - Em quais autores vocês perceberam desvios ou ruídos no uso da língua?
Dad - Nossa procura não foi pelos maus textos, que há de montão, mas pelos bons textos. Tivemos a preocupação de selecionar quem tem bom texto para expor como modelo, como Roberto Pompeu de Toledo e Diogo Mainardi, que você pode concordar ou não com o que ele diz, mas ele tem um texto muito moderno. O texto não nasce de uma sentada. Ele exige muito trabalho para fazer, refazer, tornar a fazer, substituir palavras e estruturas.