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20 março 2020

Curso Prático em Contabilidade: Passivos - Vale

No capítulo 10, do livro Curso Prático de Contabilidade, são apresentadas as formas de divulgação e de divulgação da provisão ou do passivo contingente.

Vimos que as empresas devem analisar as ações judiciais baseada em três probabilidades:
(1) Caso seja provável de ocorrer a perda, a empresa deverá: reconhecer a provisão nas demonstrações contábeis e divulgá-las nas notas explicativas. Caso não haja base confiável, trata-se de um passivo contingente, no qual a empresa apenas divulgar em notas explicativas.
(2) Se for possível a perda a empresa não reconhece o passivo contingente nas demonstrações contábeis, apenas deverá divulgá-la nas notas explicativas.
(3) E, finalmente, se for remota a probabilidade de perda, trata-se de passivo contingente, sendo que a empresa não reconhece e também não há necessidade de divulgar nas notas explicativas.

Ainda analisando as notas explicativas da Vale, no que se refere ao acidente de Brumadinho, veja os trechos a seguir extraídos:

(1)No estágio atual das investigações, apurações das causas e possíveis ações de terceiros, não é possível mensurar de forma confiável todos os potenciais custos que a Companhia poderá incorrer para fins de divulgação nas demonstrações financeiras. Os valores que estão sendo divulgados relacionados a este evento foram baseados nas melhores estimativas da Administração. (NE 2017, p. 5)
(2)A Vale elaborou projetos de engenharia para estas estruturas e os custos totais esperados para realizar todos os projetos de descaracterização resultaram em uma provisão de R$10.274, reconhecida na demonstração do resultado. (NE 2018, p. 5)
(3)Portanto, as provisões registradas nestas demonstrações financeiras não incluem o resultado potencial da negociação em andamento, pois ainda não é possível estimar com segurança o valor ou se as negociações em curso serão bem-sucedidas.


Quanto aos três trechos apresentados acima à luz da teoria, podemos possível afirmar que a empresa está adotando a divulgação nas notas explicativas de forma correta? Na percepção dos autores, apenas o trecho 2, está correto. Qual a opinião do leitor?

SILVA, César Augusto Tibúrcio Silva; RODRIGUES, Fernanda Fernandes. Curso Prático de Contabilidade.

18 março 2020

Curso Prático em Contabilidade - Demonstrações Contábeis - Caso da Vale

No dia 28 de fevereiro, o post “Clima, segundo empresas europeias” apresentou uma pesquisa sobre como mil empresas europeias divulgaram questões sobre o clima e concluiu que as “as divulgações não são específicas o suficiente para permitir o entendimento da posição de uma empresa e desenvolvimentos futuros”. No Brasil, também podemos fazer análises dos relatórios narrativos das empresas com o mesmo objetivo: analisar como e onde elas estão divulgando informações sobre os impactos de suas atividades no clima ou meio ambiente.
No capítulo 1, do livro Curso Prático de Contabilidade, vimos quais são os principais relatórios divulgados pelas empresas: Relatório da Administração, Notas Explicativas e Relatório dos Auditores Independentes. Mas existem ainda outras formas de as empresas reportarem também as suas informações, como o Formulário de Referência e os Fatos Relevantes.

As empresas podem utilizar desses dois primeiros veículos para reportar informações socioambientais que julgarem criar algum tipo de impacto em suas demonstrações. A principal diferença é que nas Notas Explicativas, a empresa deve apresentar um conteúdo que, como o próprio nome diz, explique como se deu a mensuração dos valores apresentados nas demonstrações contábeis; já no Relatório da Administração, a empresa tem certa liberdade quanto ao conteúdo a ser evidenciado, sendo que o observado nas pesquisas é que esse conteúdo tende a ser bastante otimista, até mesmo em situações críticas.

Nesse sentido, trazemos as Notas Explicativas da empresa Vale S.A. dos anos de 2017 e 2018 para a nossa análise. A Vale S.A. foi criada em 1942, ainda no governo militar sob a presidência de Getúlio Vagas. Em 1997, a empresa deixou de ser estatal durante o governo de Fernando Henrique Cardoso. Hoje a Vale é uma sociedade anônima de capital aberto com títulos negociados em bolsas e é uma das maiores companhias de minérios do mundo.

Recentemente, a Vale se viu envolvida em dois grandes acidentes ambientais: em 2015, houve o rompimento da barragem da cidade de Mariana (da Samarco, empresa controlada pela Vale) e em 2017, da barragem de Brumadinho, ambas em Minas Gerais. Segundo o site Wikipédia, a empresa foi eleita, em 2012, como “a pior empresa do mundo, no que refere-se a direitos humanos e meio ambiente, pelo “Public Eye People´s”, premiação realizada desde o ano 2000 pelas ONG's Greenpeace e Declaração de Berna. Dessa forma a Vale tornou-se a primeira empresa brasileira a "vencer" tal eleição, também conhecida como "Oscar da Vergonha".”

Sob a ótica da empresa, algumas considerações podem ser feitas acerca do acidente de Brumadinho, ao olharmos as suas notas explicativas. Em 2017, a empresa divulgou um relatório contendo 77 páginas. Já em 2018, a quantidade de páginas foi de 84, ou seja, sete páginas a mais. Tanto em 2017 como em 2018, cinco páginas do relatório foram utilizadas para prestar esclarecimentos sobre o desastre ambiental por meio da Nota Explicativa 3, denominada “Rompimento da barragem de Brumadinho. A palavra “Brumadinho” é citada 16 vezes ao longo do relatório, em 2017, e por 23 vezes, em 2018, um aumento de sete citações.

Acerca do texto publicado nos dois anos, apresentamos aqui alguns trechos extraídos das suas Notas Explicativas 3:

“A Companhia não vem poupando esforços ao amparo das vítimas e à mitigação e reparação dos danos, sociais e ambientais, decorrentes do rompimento. A Vale proporcionou esse suporte mediante diversas frentes de ação, todas com o objetivo de assegurar toda a assistência humanitária necessária aos afetados pelo rompimento da barragem.” (NE de 2007, p. 5)

“A Companhia vem adotando as ações necessárias para o amparo das vítimas e a mitigação e reparação dos danos sociais e ambientais, decorrentes do rompimento da barragem. A Vale proporcionou suporte mediante diversas frentes de ação, com o objetivo de assegurar toda a assistência humanitária necessária aos afetados pelo rompimento da barragem. A Companhia tem se concentrado na prevenção de eventos similares, através da descaracterização acelerada de barragens a montante e de algumas de centro de linha.” (NE de 2008, p. 5)

Perceba que os trechos destacados nada esclarecem acerca de mensuração de valores nas demonstrações contábeis, e, como dissemos acima, tem um teor até relativamente otimista, mesmo se tratando de uma tragédia, tanto para a sociedade quanto para o meio ambiente.

Analise a situação da empresa sendo você o usuário da informação.

11 março 2020

Sorteio: livro Curso Prático de Contabilidade

O carnaval acabou e o ano começou... E para celebrar 2020 estamos realizando o sorteio do livro “Curso Prático de Contabilidade - Analítico e Didático” dos professores César Augusto Tibúrcio Silva e Fernanda Fernandes Rodrigues.

Para participar é necessário colocar o seu nome e sobrenome, além do e-mail pessoal no formulário, disponível abaixo, ou: aqui. A participação estará aberta até as 23h do dia 15/03 e o ganhador será divulgado no dia 16/03.

Limitado a uma participação por e-mail. O e-mail não será utilizado para outros fins. Estará apto apenas quem preencher corretamente as perguntas. Aos autores são reservados direitos de substituir um ou todos os prêmios por outro de valor igual ou superior caso algum prêmio divulgado se torne indisponível. Os sorteados serão notificados por meio do e-mail cadastrado e devem responder em até 3 dias (72 horas) com um endereço de envio de correspondência válido no Brasil ou estará abrindo mão do prêmio e um novo participante será selecionado. Ao aceitar o prêmio, todos os participantes concordam que os autores do blog poderão postar o seu nome em páginas e textos relacionados a "sorteios" e em qualquer outro tipo de publicidade sem qualquer compensação ou consideração adicional, a não ser que a lei proíba.

Disclosure: O livro do sorteio foi disponibilizado pelo autor. Se você estiver interessado em adquirir uma edição, clique aqui.

03 março 2020

Curso Prático de Contabilidade: Estoques

Muitas vezes, quando lemos uma notícia, a informação não está completa. Mas é possível usar nosso conhecimento contábil para esclarecer certos pontos dúbios. Eis um exemplo de uma notícia da Reuters, sobre uma empresa de streaming de música chinesa. O texto a seguir é uma adaptação livre desta notícia:

A Tencent é uma empresa chinesa que divulgou seu primeiro resultado depois de ter ações negociadas na bolsa. A Demonstração do Resultado da empresa de outubro a dezembro de 2018 mostra que a receita do trimestre aumentou em 50,5%, para 5,4 bilhões de yuans, a moeda chinesa. A estimativa do mercado era uma receita de 5,3 bilhões. Mas os custos relacionados com o pagamento de royalties da música aumentaram 63%, reduzindo a margem bruta para 34%, versus 38,9% um ano antes. Além disto, o número de usuários pagantes do seu serviço de música foi de 27 milhões, um aumento de 39,2% em relação ao mesmo trimestre de 2017. O lucro líquido atingiu 1,83 bilhão de yuans.

Observe que estão faltando muitas informações: o custo dos royalties, as outras despesas, informações do ano anterior, entre outras. O desafio é completar estas informações. No capítulo 5 do livro Curso Prático de Contabilidade, além de trazermos como são feitas as operações com mercadorias, apresentamos e detalhamos os principais elementos que compõem a Demonstração do Resultado do Exercício.

Admita que a demonstração do resultado da empresa, de forma resumida, seja:

Receita
(-) Custos dos royalties de música
(=) Lucro Bruto
(-) Despesas administrativas e operacionais
(+/-) Outras despesas e receitas
(=) Lucro Líquido


Para facilitar, se você resolver na ordem, poderá entender melhor o desempenho da empresa no trimestre. Com base nas informações obtidas, você consegue responder às seguintes questões?

a) Qual o valor do lucro bruto do quarto trimestre de 2018?
b) Qual o valor dos custos para o quarto trimestre de 2018? E para o mesmo período de 2017?
c) qual o valor do lucro bruto para o quarto trimestre de 2017?
d) De quanto foi a receita para o período de outubro a dezembro de 2017?
e) Você saberia dizer o valor da soma de “despesas administrativas e operacionais” e “outras despesas e receitas”?

26 fevereiro 2020

Estudo de Caso: Imobilizado do Magazine Luiza

No capítulo 9 do livro Curso Prático de Contabilidade abordamos assuntos referentes ao grupo do Ativo Imobilizado. Os bens de uma determinada empresa são classificados como imobilizado quando gerarem benefícios econômicos futuros (característica fundamental para ser considerado um ativo), forem tangíveis e tiverem relação com as atividades operacionais da empresa.

Ainda com base nas informações apresentadas nas notas explicativas (NE) da MAGAZINE LUIZA S.A., referente ao GRUPO IMOBILIZADO, para o exercício de 2017, temos:

Conforme observamos na nota explicativa do Magazine Luiza, os valores do imobilizado são registrados pelo custo de aquisição, acrescidos dos juros incorridos e capitalizados. Esses valores se referem aos bens que são adquiridos a prazo e, por esse motivo, incide o pagamento de juros sobre tais títulos. Sabe-se que os valores dos juros pagos nos financiamentos são ativados até o momento em que esses ativos entram em operação. Após esse período, os juros são considerados despesas financeiras, devendo ser lançados diretamente ao resultado do período.

A NE 15 do Magazine Luiza informa que a vida útil estimada, os valores residuais e os métodos e são revisados e ajustados ao final de cada ano. As revisões são necessárias, especialmente quando se faz despesas de capital ou “quando não há benefícios econômicos futuros resultantes de seu uso contínuo” e, portanto, deve-se reconhecer uma perda para a desvalorização do imobilizado (impairment).

A Magazine Luiza informa que a depreciação é calculada pelo método linear e esse cálculo é revisado anualmente. Conforme explicado nesse capítulo, as bases de cálculo da depreciação, amortização e exaustão devem ser revistas e, se necessário, as empresas deverão fazer ajustes ao valor da despesa anual. Nesse caso, os valores passados (já contabilizados) não poderão ser alterados, apenas os valores futuros (prospectivos) são revistos e a empresa deverá informar em nota explicativa tais mudanças.

A empresa informa que os ganhos ou perdas na venda ou baixa são reconhecidos no resultado. Significa dizer que, quando uma venda é realizada, o valor recebido poderá ser superior (ganho) ou inferior (perda) ao valor contábil líquido do bem. Assim, na Demonstração de Resultado, esses valores são contabilizados no grupo das Despesas Operacionais, em Outras Receitas ou Despesas.

De acordo com a NE 15, “quando não há benefícios econômicos futuros resultantes de seu uso contínuo” significa dizer que o ativo não possui mais valor de uso ou venda e, portanto, deverá ser contabilizada uma perda.

Veja as informações na tabela abaixo, que apresenta os saldos das contas do imobilizado do Magazine Luiza, nos anos de 2016 e 2017, bem como a sua composição. Observe que os saldos iniciais tiveram adições, referentes a novas aquisições, e baixas, como a empresa informou na nota acima, refere-se à aposentadoria ou perda por impairment.

De acordo com as informações apresentadas na tabela, para os ativos da controladora, pede-se:

a. A conta de Obras em Andamento não apresentou saldo de depreciação no exercício. Explique por que isso ocorreu.
b. Também houve uma redução de R$ 53.092 na conta de Obras em Andamento para a conta de Benfeitorias. Qual o motivo dessa transferência? Faça o registro contábil referente a esse evento.
c. Faça os registros contábeis referentes à despesa de depreciação total e das baixas de ativos, considerando que essas foram feitas em função apenas de aposentadoria dos ativos, para o ano 2017.

 Curso Prático de Contabilidade. César Augusto Tibúrcio Silva e Fernanda Fernandes Rodrigues. Gen.

06 março 2019

Curso Prático de Contabilidade: Sendo Detetive

A seguir, mais um estudo de caso para os professores/alunos que usam o livro Curso Prático de Contabilidade, Editora Gen, César Augusto Tibúrcio Silva e Fernanda Fernandes Rodrigues:

Nem sempre olhar só as demonstrações contábeis é suficiente para entender o que se passa em uma empresa. Mas muitas vezes é possível deduzir a partir dos números. Parece um pouco um trabalho de detetive, onde algumas pistas permitem a montagem de um quebra-cabeça, resultando numa possível descoberta do culpado.

Este caso é de uma empresa real e a ideia é fazer uma “investigação” sobre a empresa. As informações são provenientes exclusivamente das demonstrações contábeis: balanço, DRE e DFC.


Pede-se:
Com base somente nos números apresentados, você consegue imaginar o que está ocorrendo com esta empresa?

30 janeiro 2019

Estudo de Caso: Xisto e o Ponto de Equilíbrio

No capítulo 13 do livro Curso Prático de Contabilidade, nós mostramos conceitos relevantes da contabilidade gerencial. A partir da observação dos custos, uma empresa pode analisar a viabilidade do seu negócio. Classificando os custos em variáveis e fixos, em conjunto com o preço de venda, é possível fazer a análise custo-volume-lucro. Mostramos, ainda nesse capítulo, o conceito de ponto de equilíbrio, que mostra qual a quantidade que uma empresa deve produzir e vender para obter lucro.

Uma utilização da contabilidade gerencial que não comentamos no livro é tentar convencer alguém que o negócio é rentável. Assim, ao informar o ponto de equilíbrio, a empresa estará dizendo que é possível atuar em um setor, produzir um produto ou se manter no mercado. É como se dissesse: “veja, o ponto de equilíbrio é x e a nossa empresa consegue obtê-lo facilmente”.

O ponto de equilíbrio também pode ser usado em uma outra situação: para comparar produtos ou insumos diferentes. Se eu tenho um carro flex, que aceita álcool ou gasolina como combustível, eu posso calcular uma espécie de ponto de equilíbrio. A partir de um determinado preço, é vantajoso optar pela gasolina, por exemplo.

Outra aplicação do ponto de equilíbrio é determinar a partir de que preço é interessante para uma empresa produzir e vender um produto. Continuemos no exemplo do petróleo. Este combustível é a principal fonte de energia de muitos países e para muitas aplicações. Se o preço do petróleo está muito baixo, passa a ser interessante usar o petróleo e não a energia solar, por exemplo. Quando o preço do petróleo aumenta, as alternativas a este combustível se tornam mais interessantes. Observe que toda essa análise baseia-se no conceito de ponto de equilíbrio, só que aplicado a uma situação de produtos substitutos.

Nos Estados Unidos existe um grande número de empresas de extração de xisto. Este produto possui um custo de produção. Quando o preço do petróleo cai, torna-se menos lucrativo para estas empresas extrair o xisto, em razão da redução do preço no mercado para a energia obtida por esse produto. Se o preço do petróleo aumenta, o preço obtido com o xisto pode compensar os custos de produção, fazendo com que a empresa tenha lucro.

Pede-se:
a) No exemplo do xisto, o preço apresentado é dado pelo mercado. Ou seja, a empresa não tem controle sobre o mesmo. O que seria o “preço de equilíbrio” do petróleo, a partir do qual seria vantajoso para uma empresa de xisto fabricar energia?

b) Uma avaliação mostrou que algumas empresas que produzem xisto não estão incluindo certas despesas no cálculo do ponto de equilíbrio como despesas gerais, de transporte, do imóvel, entre outras. Isto afeta a viabilidade do empreendimento?

c) Mostre como isto pode ser usado para influenciar uma instituição financeira (usuário externo, conforme o capítulo 1 do livro) na sua decisão de conceder um empréstimo ou na determinação da taxa de juros.

Fonte: aqui

Curso Prático de Contabilidade. Gen. 2a. Edição. César Augusto Tibúrcio Silva e Fernanda Fernandes Rodrigues. 

15 janeiro 2019

Curso Prático de Contabilidade: Analisando um evento na Gama

A seguir, mais um estudo de caso que poderá ser usado como material de aula por parte dos professores. Ou então, como um "teste seu conhecimento" em contabilidade.

No capítulo 3 do livro Curso Prático de Contabilidade aprendemos como os eventos são tratados pela contabilidade. Para cada evento, mostramos a análise dos eventos sobre a equação contábil básica, ou seja, a análise em termos do débito e crédito e o seu registro no livro diário e razonetes. No capítulo anterior do livro, mostramos como as demonstrações contábeis apresentam informações sobre uma empresa.

Este balanço que apresentamos a seguir é da Gama Incorporação Imobiliária S/A. Analisando a DRE, é possível perceber que é um empreendimento que apresentou pouca movimentação no ano de 2017. Isto não deixa de ser estranho, já que é uma empresa que possui um profissional de contabilidade; assim, deveria receber um salário por esta função, o que corresponderia a uma despesa.
Mas vamos assumir que as demonstrações estejam corretas para nosso estudo de caso. Com base nas demonstrações, responda o que se pede a seguir:

a) quais as três contas do balanço que apresentaram movimentação em 2017?

b) Houve também uma variação de centavos no Patrimônio Líquido da empresa durante o ano de 2017. Você saberia dizer o que explica esta variação?

c) Observe agora a demonstração dos fluxos de caixa (erroneamente chamada de “do fluxo” no singular). Analisando os valores dos fluxos de investimento e de financiamento, você poderia descrever o evento que ocorreu? Lembre-se de fazer uma análise completa, conforme mostramos no capítulo 3.

d) Ponto adicional para quem descobrir um erro (aparentemente de digitação) na Demonstração dos Fluxos de Caixa.

Curso Prático de Contabilidade - César Augusto Tibúrcio Silva e Fernanda Fernandes Rodrigues. Gen, 2018, 2a edição. 

07 janeiro 2019

Coisas que aprendi com a fraude

Do blog The Fraud Files, de Tracy Cohen:

Coisas que aprendi sobre fraude

Depois de mais de 20 anos conduzindo investigações de fraude, aprendi muito sobre fraudadores, seus métodos e as empresas para as quais trabalham.

Linhas diretas reduzem as perdas por fraude pela metade. Mecanismos de denúncia anônimos, como linhas diretas de fraude, reduzem o custo de fraudes internas. Os funcionários são excelentes vigilantes e têm maior probabilidade de denunciar irregularidades se tiverem uma maneira confidencial de relatar as informações que possuem. Pesquisas mostram que empresas com linhas diretas descobrem esquemas de fraude mais cedo e, portanto, perdem menos para fraudes internas.
A Sarbanes-Oxley exigiu mecanismos de denúncia anônimos, como linhas diretas para empresas com ações negociadas na bolsa. As empresas de capital fechado devem fazer o mesmo, já que as linhas de atendimento provaram ser eficazes. No entanto, as empresas não devem ter uma falsa sensação de segurança de uma linha direta. Existem muitas outras medidas de prevenção de fraudes que as empresas também devem implementar.

Os funcionários são muito receptivos ao treinamento antifraude. Como eu mencionei, os funcionários são tipicamente muito bons cães de guarda. Eles não gostam de ver alguém fazendo coisa errada enquanto estão com um trabalho honesto. Se eles souberem como procurar, os funcionários provavelmente denunciarão os erros à gerência.
Portanto, o treinamento antifraude é geralmente muito bem recebido pelos funcionários. Eles estão ansiosos para aprender como é a fraude e como se sente. Durante o treinamento, eles geralmente refletem sobre situações no passado que pareciam suspeitas. Se eles tivessem sido treinados naquela época, provavelmente teriam relatado suas suspeitas à gerência.
Faz sentido, portanto, fornecer treinamento antifraude básico para todos. A gerência nunca pode prever quem verá o quê e é importante que todos os funcionários estejam armados com conhecimento. Um treinamento antifraude mais direcionado pode ser fornecido posteriormente aos funcionários que trabalham em áreas de alto risco da empresa.

Equipes de fraudadores roubam mais. Um único ladrão em uma empresa só pode cometer fraude limitada. Mesmo com acesso a ativos e dados, essa pessoa é limitada no valor que pode ser roubado porque alguém geralmente está cuidando de outras partes da empresa.
Por exemplo, um funcionário faz depósitos bancários, enquanto um funcionário separado concilia a conta bancária. Ele efetivamente verifica os depósitos bancários que o primeiro funcionário deveria fazer. Sozinho, o funcionário que faz depósitos bancários não pode roubar sem ser detectado.
Por outro lado, duas ou mais pessoas em conluio podem cometer fraudes mais elaboradas por longos períodos de tempo. Em um sistema de controles de uma empresa típica, os funcionários executam intencionalmente verificações independentes uns dos outros. Se dois funcionários conspiram para substituir esses checagens independentes, eles podem mais facilmente fraudar a empresa.
No exemplo do depósito bancário, o funcionário que faz os depósitos bancários pode unir forças com o empregado que concilia a conta bancária. Se tiverem êxito, o primeiro funcionário poderá roubar dinheiro dos depósitos bancários, enquanto o segundo empregado ajudará a encobrir o roubo durante o processo de conciliação bancária.

Os ladrões têm dificuldade em guardar segredos. Alguém, em algum lugar, sempre sabe sobre a fraude. Alguns ladrões são simplesmente arrogantes e precisam se gabar do quanto são espertos. Outros simplesmente não conseguem manter suas bocas fechadas.
Além das pistas verbais, existem pistas não verbais que podem revelar uma fraude. Os ladrões muitas vezes não podem deixar de exibir os itens que compraram com o produto da fraude. Outros fazem muitas viagens incomuns, muitas vezes para cassinos. Alguns fraudadores exibem um comportamento nervoso ou tornam-se excessivamente possessivos em suas responsabilidades de trabalho. Preste muita atenção a essas pistas e investigue mais.
Não se esqueça que, embora as equipes de ladrões possam roubar mais do que os criminosos, elas também têm mais dificuldade em manter a fraude em sigilo. Dois ou três conspiradores têm mais dificuldade em manter um segredo do que um único ladrão. Quanto mais bocas envolvidas em uma fraude, mais provável é que alguém fale sobre o esquema.

Pequenas fraudes levam a fraudes maiores. Um roubo planejado de uma só vez para preencher uma necessidade ou corrigir um erro pode facilmente se transformar em um esquema de fraude completo. Um funcionário que apenas pretende roubar uma vez descobre como é fácil, e isso leva a repetir as fraudes. Cada pagamento de cliente roubado ou cheque forjado fica progressivamente maior.
Mesmo um funcionário que nunca pretendeu cometer uma fraude pode ser atraído para um esquema. Ela ou ele pode perceber que um erro contábil não foi detectado nem corrigido. O certo seria notificar a gerência para que o erro possa ser corrigido.
No entanto, tenho visto muitos funcionários honestos se tornarem desonestos nessa situação. Em vez de ajudar a corrigir o erro e fechar a lacuna, o funcionário pode se sentir tentado a aproveitar a falha nos controles da empresa. Fugir com algo pequeno muitas vezes encoraja os funcionários honestos, e uma fraude desse tipo pode aumentar rapidamente.

A arrogância é frequentemente a queda de um bandido. Costumo dizer que a arrogância atrapalha a fraude. Os bandidos às vezes ficam tão envolvidos em um sentimento de invencibilidade, que faz com que fiquem desleixados. Eles esquecem de cobrir seus rastros ou esconder adequadamente a fraude. No fundo, o ladrão acredita que ele ou ela não será pego de qualquer maneira, então ser cauteloso não é a principal preocupação.
Às vezes, os criminosos de colarinho branco ficam tão arrogantes que levam longe demais os limites do esquema. Mais uma vez, eles acreditam que não serão apanhados. Eles acreditam que, mesmo que sejam pegos, não serão condenados por um crime.
Empurrar os limites de uma fraude ou ficar desleixado inevitavelmente faz com que um esquema se desfaça. Talvez os números fiquem tão altos que o software de computador sinalize alguns itens ou os auditores comecem a procurar mais. Às vezes, um telefonema ou um e-mail escapa do fraudador. Muitas vezes a arrogância desempenha um papel na descoberta do roubo.

Vítimas de fraude não são [ficam] necessariamente mais espertas. Você pensaria que uma vítima de uma fraude estaria muito preocupada com a alteração de políticas e procedimentos para evitar futuros incidentes. Eu esperaria que a vítima pelo menos se preocupasse em fechar as brechas que o ladrão explorava.
Infelizmente, as empresas nem sempre estão dispostas a examinar criticamente seus controles antifraude depois que uma investigação é concluída. Eles consideram o custo da fraude e o alto custo da investigação e do litígio. Nenhum orçamento pode ser deixado para ajudar a reforçar os controles.
Este é um dos maiores erros que uma empresa pode cometer. É descuidado deixar brechas abertas para futuros ladrões. Isso também envia uma mensagem ruim para todos os outros membros da empresa. Os funcionários agora estão cientes de que existem defeitos no sistema e que a empresa não os corrigiu. Isso é como mandar um convite para roubar.
De todas as coisas que as empresas podem fazer depois de descobrir uma fraude, a reformulação dos controles antifraude é provavelmente a mais importante. A gerência deve aprender com os erros do passado, caso contrário, a empresa será vitimada novamente pelos funcionários.

08 novembro 2018

Estudo de Caso: Estoques do Magazine Luiza

O Magazine Luiza S.A. é uma sociedade anônima de capital aberto que atua no comércio varejista de bens de consumo, principalmente eletrodomésticos, eletrônicos e móveis, por meio de lojas físicas e virtuais ou por comércio eletrônico. Além disso, suas controladas também oferecem serviços de operações de empréstimos, financiamentos e seguros aos seus clientes.
Em 31 de dezembro de 2017, a Companhia possuía 858 lojas (800 lojas em 31 de dezembro de 2016), 10 centros de distribuição (9 centros de distribuição em dezembro de 2016) localizados nas regiões Sul, Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste.
Seus administradores afirmam que a empresa se está se tornando uma “tech company”, em seu Relatório da Administração. A empresa informa que vem investindo fortemente em plataformas digitais, bem como na criação de aplicativos de celulares para agilizar o tempo de venda, de contagem de estoque, de aprovação de crédito e de entrega.
Em análise às Notas Explicativas da empresa, referente aos exercícios de 2017 e 2016, é possível verificar as seguintes informações acerca da conta de Estoques:

Como se observa nas informações acima, a empresa adota o método do custo médio de aquisição para controlar seus estoques. Além disso, a empresa aponta que é considerada, para fins de balanço patrimonial, a regra do menor valor entre o custo médio e o valor realizável líquido desses estoques. Esses assuntos são explicados no capítulo 6 do nosso livro Curso Prático de Contabilidade.
Quando o valor realizável líquido é inferior ao custo, uma perda de estoque precisará ser reconhecida. Valor realizável líquido é o valor que seria obtido em uma venda menos os custos necessários para sua realização. O Magazine Luiza também considera possíveis perdas com obsolescência e por quebras de inventário (ou seja, roubos, furtos ou erros nos registros).
Considerando as informações apresentadas no primeiro quadro, referente às mercadorias para revenda de 2017, pede-se:

a. A empresa não informa qual tipo de inventário é utilizado para seus estoques. Dos tipos possíveis, qual a empresa adota? Fundamente sua escolha, como base nas características de cada critério e as informações acima.
b. Faça o registro contábil da aquisição de mercadorias a prazo.
c. Considerando a perda estimada prevista para o exercício, faça o seu reconhecimento.
d. Existe uma informação incorreta nesta nota explicativa. Você consegue identificá-la.

Curso Prático de Contabilidade, 2a ed, César Augusto Tibúrcio Silva e Fernanda Fernandes Rodrigues

06 novembro 2018

Estudo de Caso: Criptomoeda, DFC e Resultado Operacional

A Bitmain Technologies é uma empresa que fabrica hardware para mineração de criptomoedas. Com sede em Beijing, China, a empresa foi fundada em 2013. Em 2018 a empresa tornou-se a maior do mundo em chips para mineração Bitcoin, além de operar um polo de mineração da moeda. A empresa estava planejando fazer um lançamento de ações na bolsa de valores de Hong Kong para captar recursos para expandir sua produção. Com isto, divulgou suas demonstrações contábeis para o público externo. Nos dados divulgados, a empresa relatou um lucro operacional de US$1 bi, mas um fluxo de caixa das operações negativo de 622 milhões.

O descompasso entre lucro operacional e fluxo de caixa das operações SEMPRE desperta interesse. A Bloomberg investigou o caso e descobriu que a empresa compra peças e contrata pessoal usando moeda corrente, faz os equipamentos e os vende em criptomoeda. Este negócio é bastante lucrativo, já que o lucro operacional é proveniente de uma receita de 2,8 bi.

A diferença com o fluxo de caixa das atividades operacionais é que os pagamentos estão classificados dentro do caixa operacional, mas os recebimentos não. Isto é estranho, já que geralmente as empresas tendem a tentar melhorar seu fluxo das operações. Além disto, quando a empresa vende suas criptomoedas, o dinheiro que entra é classificado como fluxo de caixa de investimento. A empresa ainda mensura a criptomoeda pelo valor de custo, classificando-a como ativo. A Bitmain justifica esta medida para evitar a volatilidade da moeda, que poderia distorcer os resultados. Quando a empresa vende a criptomoeda, ela reconhece o resultado, medido pela diferença entre o valor de venda e o valor existente no ativo.

Outro aspecto interessante é um item do resultado chamado “perda de criptomoedas incorridas como resultado de incidentes de segurança cibernética”. Este item aparece na demonstração do resultado da empresa.

Com base nestas informações, pede-se:
a) Qual o valor da margem operacional da empresa? A margem operacional é a divisão do lucro operacional pela receita.
b) Quando a empresa divulgou seus resultados, que usuário a empresa estava visando?
c) Suponha que a empresa tem uma criptomoeda que recebeu em uma venda de equipamento. Naquele momento (mês 1), o valor do equipamento foi de $1.000. Oito meses depois (mês 9), a empresa resolveu vender esta criptomoeda, dentro do mesmo exercício. O valor da transação foi de $1.800. Faça os lançamentos contábeis para as duas transações.
d) O que representa a perda relatada no final do texto? Como seria o lançamento desta perda? Qual seria o fato gerador? Isto afetaria o fluxo de caixa operacional?

Curso Prático de Contabilidade, 2a ed, César Augusto Tibúrcio Silva e Fernanda Fernandes Rodrigues


Fonte: LEVINE, Matt. Bitmain Adds Crypto to the Accounting Equation https://www.bloomberg.com/opinion/articles/2018-09-27/bitmain-ipo-adds-crypto-to-the-accounting-equation

30 outubro 2018

Estudo de Caso: Quando o controle é demais

No capítulo 7 do livro Curso Prático de Contabilidade, de autoria de César Augusto Tibúrcio Silva e Fernanda Fernandes Rodrigues, apresentamos a importância do controle interno e seus princípios:, como o rodízio de funcionários, a supervisão das operações, o estabelecimento de responsabilidade, a segregação de funções, a verificação independente, os controles físicos, a autorização de transação e os procedimentos documentados. As entidades deveriam aplicar esses princípios na sua gestão, especialmente na gestão do caixa, visto que é por meio dele que se dá a capacidade de pagamento da empresa. Por isso que, no livro, mostramos a relação entre esses princípios e o controle interno do caixa, que inclui a discussão sob a conciliação bancária, o orçamento do caixa, entre outros aspectos.

Entretanto, como tudo que ensinamos, existem as exceções. Em certas situações práticas não podemos ter um excesso de controle, que pode prejudicar o desempenho da organização. É o caso do controle excessivo das despesas de baixo valor. Aplicar os princípios do controle interno para este tipo de despesa é perda de tempo, pois muitas vezes não vale a pena. Para isto, existe o conceito de caixa pequeno, no qual as despesas de baixo valor são realizadas de maneira descentralizada e com um nível de controle menor.

Neste ano, um incidente internacional mostrou o cuidado que devemos ter com exageros no controle interno. Este incidente envolveu acusações das autoridades holandesas contra a Rússia. Aleksei Morenets era aparentemente um espião russo. No dia 10 de abril de 2018, Morenets pegou um táxi no aeroporto de Sheremetyevo, de Moscou, para Nesvizhskiy Pereulok, onde fica a GRU, o serviço de inteligência militar da Rússia. Morenets pediu o recibo ao taxista para um reembolso futuro por parte do seu empregador. Esta é uma atitude típica de um funcionário de uma organização que sabe que terá o valor do táxi recebido de volta, desde que tenha a comprovação do recibo do desembolso. O taxista preencheu o recibo com as informações.

Três dias depois, o zeloso Morenets estava desembarcando em Haia, na Holanda. Junto com o seu passaporte, a agência de contraespionagem holandesa encontrou o recibo do táxi. O recibo permitiu que os holandeses vinculasse Morenets à GRU. O caso fez o Agente 86 parecer inteligente. Em outubro, quando as autoridades da Holanda acusaram formalmente a Rússia de espionagem, o recibo do táxi foi uma das provas apresentadas com destaque. Afinal, não basta acusar o outro país de espionagem; indicar a presença do recibo pode ter um efeito muito mais didático: A teoria é que “nomear e constranger” tais malfeitores gera uma dissuasão, impedindo-os de viajar ao Ocidente e usar suas redes financeiras, bem como lutar pelos esforços russos de desinformação.

Pede-se:

a) Você consegue sugerir uma medida que a GRU poderia adotar para resolver o problema, sem prejudicar excessivamente o controle interno?

b) No texto, quando mencionamos: “Em certas situações práticas não podemos ter um excesso de controle, que pode prejudicar o desempenho da organização”, essa afirmação se refere a um atributo da informação contábil útil, conforme o CPC 00. Você poderia dizer a que atributo podemos associá-la?

Fonte: The Economist. Ocidente faz espiões russos parecerem trapalhões. O Estado de S Paulo, 5 de out 2018.

Curso Prático de Contabilidade, 2a ed, César Augusto Tibúrcio Silva e Fernanda Fernandes Rodrigues

04 outubro 2018

Curso Prático de Contabilidade: Estudo de Caso - Passivo

Em 2017, a empresa de varejo da África do Sul, Steinhoff, apresentou uma série de problemas financeiros. A questão envolvia o trabalho do auditor, mas também uma expansão agressiva. E um tópico a parte era a aquisição da Mattress Firm, uma empresa com atuação nos Estados Unidos, com mais de 3600 lojas em 48 estados.

A Mattress comercializa colchões e foi adquirida pela Steinhoff por 3,8 bilhões de dólares. Este valor parece hoje elevado, já que a empresa era endividada (dívida líquida de 1,3 bilhão de US$), uma margem operacional em queda, uma due dilligence muito rápida (cinco dias), entre outros problemas. Assim, a Steinhoff pagou um valor pela Mattress elevado, o que fez surgir um goodwill.

Um dos problemas constatados após a aquisição era a existência de lojas próximas uma das outras. Uma consequência disto é o canibalismo, ou seja, quando uma loja toma cliente de outra loja da mesma empresa. O canibalismo é ruim, pois apesar de eventualmente aumentar a receita, também aumenta as despesas de operação. É comum encontrar suas lojas a menos de cem metros de outra. Para um produto que é comprado a cada cinco a dez anos, isto pode não ser uma decisão sábia.

Em outubro de 2017, a Mattress entrou com uma ação contra dois ex-executivos. A empresa alega que os antigos empregados, responsáveis pela expansão da empresa, conspiraram para fazer com que a empresa abrisse lojas em locais caros e com contratos de aluguéis com valores acima do mercado. Os ex-funcionários estariam recebendo propinas por conta desta expansão. Eles receberam relógios caros, dinheiro e viagens ao redor do mundo de um corretor que intermediava os aluguéis. Este corretor não somente desmentiu as acusações, como entrou com um processo contra a empresa. Ele afirma que a expansão tinha o apoio do presidente da empresa, que queria dominar o mercado, e que os presentes faziam parte da cultura da empresa.

Com base no texto acima, responda as seguintes questões:

a) A dívida líquida da Mattress era de 1,3 bilhão. Quais as informações contábeis necessárias para calcular este valor?

b) O texto informa que a margem operacional da empresa estava em queda. Por outro lado, a empresa tinha adotado uma prática de expansão agressiva, que trouxe um crescimento da receita. A margem operacional é a relação do lucro operacional pela receita. É um índice situado entre a margem líquida e a margem bruta. Referente a isto, seria possível indicar o que justifica o comportamento desta margem?

c) A Mattress foi adquirida por um valor muito acima do contábil. Isto representa um goodwill ou ágio na aquisição. Com base no conteúdo estudado no capítulo 9, Ativos Não Circulantes, como seria a contabilização desta aquisição na Steinhoff? E na Mattress?

d) Considerando que o valor pago pela Mattress por parte da Steinhoff foi excessivo, como a contabilidade reconhece o declínio do valor contábil?

Este texto faz parte de um material adicional do livro Curso Prático de Contabilidade - 2a. edição - Atlas 2018. César Augusto Tibúrcio Silva e Fernanda Fernandes Rodrigues

17 setembro 2018

Curso Prático em Contabilidade

O método das partidas dobradas pode ser “imaginado” ou “considerado” como o registro em uma planilha dos eventos que ocorrem em uma empresa. Vamos mostrar como uma planilha eletrônica - como o Excel ou outra do gênero - consegue demonstrar os efeitos de cada lançamento para um dos eventos.

Para isto, iremos usar o exemplo apresentado no capítulo 3 do livro Curso Prático de Contabilidade, publicado pela Gen. O primeiro passo é preencher as linhas e as colunas com as contas que iremos usar. No exemplo: Caixa, Bancos, Duplicatas a Receber, Materiais de Consumo, Máquinas e Equipamentos, Contas a Pagar, Capital e Lucros Acumulados. Estas contas são digitadas na linha 1 e na coluna A, conforme está demonstrado a seguinte figura:

Evento 1 - Investimento de capital pelos sócios - no valor de R$20.000. Aqui nós temos que procurar a junção entre “Caixa” e “Capital”. Nós temos a célula H2 e a célula B8. Vamos adotar a seguinte convenção: a conta que vai ser creditada será a coluna (Crédito = Coluna) e a conta debitada será feita na linha (Débito = Linha). Assim, vamos debitar Caixa e creditar Capital, no valor de $20 mil. Veja na figura abaixo que apareceu $20 mil na célula H2, sendo na coluna o crédito e na linha o débito.

Evento 2 - Compra de materiais de consumo a prazo, no valor de R$1.500. Novamente, iremos creditar a coluna e debitar a linha. No livro explicamos como descobrir qual conta creditar e qual debitar: debitamos material de consumo e creditamos contas a pagar. Na planilha, a coluna escolhida será a de Contas a Pagar ou a coluna G; a linha será a de número 5, Materiais de Consumo. Assim, na célula G5, colocamos o valor de 1.500, conforme a figura a seguir:

Evento 3 - Pagamento do aluguel de uma sala, no valor de R$1.000. A conta de despesa de aluguel é aumentada em R$1.000, reduzindo o lucro acumulado neste valor; o caixa é reduzido em R$1.000, já que saiu dinheiro da empresa. Como iremos creditar Caixa, a coluna é a B e a linha é a de número 9, referente a Lucros Acumulados. Note, na figura abaixo, que não colocamos sinal negativo.

Os próximos eventos correspondem a uma repetição do que fizemos até aqui. Vamos listar estes eventos - cujo lançamento explicado com muitos detalhes, está no capítulo 3 do livro. Você pode fazer cada um deles na sua planilha. O resultado está na próxima figura:

Isto não parece nada com contabilidade. Mas vamos agora somar as colunas e as linhas. Veja como ficou:

Observe que a coluna B, de Caixa, tem uma soma de R$ 17.650, que corresponde aos lançamentos a crédito na conta Caixa. E que a linha 2, também de Caixa, tem uma soma de $20.150, que representa os lançamentos a débito na conta Caixa. Assim, R$ 20.150 menos R$ 17.650 temos um saldo de R$2.500, devedor, na conta Caixa. Podemos fazer isto para cada uma das contas e teremos o seguinte resultado:

Bancos = R$ 7.500, devedor
Duplicatas = R$ 2.500, devedor
M Consumo = R$ 1.500, devedor
Máquinas = R$ 7.500, devedor
Contas a Pagar = R$ 750, credor
Capital = R$ 20.000 credor
Lucros Acumulados = R$ 750, credor. (Além da conta Caixa, R$2.500, devedor).

Veja se você consegue obter os resultados que estão apresentados na última figura.

Para reflexão: o método que usamos na contabilidade é chamado de partidas dobradas, pois, a cada evento, temos um lançamento a crédito e um lançamento a débito. Aqui, para cada evento, só digitamos uma vez o valor. Isto significa que, por este nosso método de planilha, deixamos de ter as partidas dobradas? Além disso, qual critério você considera de mais fácil entendimento: os registros por razonetes ou esse apresentado aqui, por planilhas?

20 agosto 2018

Curso Prático de Contabilidade - Estudo de Caso Adicional

A SEC, órgão dos Estados Unidos equivalente à Comissão de Valores Mobiliários do Brasil, acusou o Citigroup de falha nos controles relacionados com uma subsidiária do México. O Citigroup, instituição financeira dos Estados Unidos, fez um acordo com a SEC que, mesmo sem reconhecer que errou, terá que pagar uma multa de quase 5 milhões de dólares. Estas falhas tiveram como consequência, além da multa, perdas de quase 500 milhões de dólares. Entretanto, caso o Citigroup não fizesse acordo, o processo poderia prosseguir e resultar, mais adiante, em uma multa ainda maior.

O problema ocorreu em operações de factoring de contas a receber. A filial do Citi fez empréstimos fraudulentos que não foram detectados inicialmente. Em algumas contas a receber existiam até assinaturas falsificadas. Os controles internos da filial não conseguiu descobrir o problema e não testou a autenticidade dos documentos, antes de antecipar os recursos e registrar na contabilidade como contas a receber.

A operação é a seguinte: a empresa OSA, que presta serviços para o setor de petróleo, fez a operação de factoring com a filial do Citi, que tem o nome de Banamex. Quando a empresa OSA entregou algumas contas a receber (falsas), recebeu em troca dinheiro do Citi. Sendo uma operação de empréstimo, o valor de face das contas a receber eram superiores ao valor do dinheiro, sendo a diferença correspondente a taxa de juros da operação. A questão é que alguns documentos entregues eram falsos. Ao descobrir isto, a filial do Citi deve reconhecer uma perda.

Pede-se:
1) Você seria capaz de registrar uma operação de factoring na empresa que recebe os recursos? E na instituição financeira? Admita que os documentos da operação sejam verdadeiros. E lembre-se que a operação possui dois momentos distintos: quando é feita a troca e quando ocorre o recebimento do contas a receber.
2) No caso de documentos falsos, não existe um lançamento contábil na OSA. Você concorda com isto?
3) Uma instituição financeira faz muitas operações como esta. Como existe a chance de ocorrer algum problema com uma destas operações, a contabilidade pode (e deve) reconhecer o risco da operação. Como isto poderia ser feito?

Fonte da notícia: RYAN, Vincent. SEC Charges Citigroup for Internal Controls Failure. CFO 16 ago 2018.

Material suplementar do livro Curso Prático de Contabilidade, de César Augusto Tibúrcio Silva e Fernanda Fernandes Rodrigues. Gen, 2018.