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26 agosto 2016

Gwen Jorgensen

O triatlo surgiu na França e ganhou popularidade nos anos 1970. Desde que virou um esporte olímpico em 2000 os Estados Unidos ganharam apenas uma medalha de bronze. Para que o triatlo não fosse mais percebido como apenas um passatempo, há cerca de oito anos os Estados Unidos formaram um programa focado em corredores e nadadores universitários. Esses foram recrutados para formar uma nova elite de triatletas americanos.

Gwen Jorgensen sonhava com as olimpíadas desde pequena. Como esportes escolheu a natação e a corrida e quando cursou a Universidade de Wisconsin participou de campeonatos da Associação Nacional de Atletas Universitários, mas nunca foi medalhista. Inevitavelmente encontrou na contabilidade uma nova paixão e na Ernst & Young (EY) uma nova casa.

Um dia, ainda na EY, ela recebeu uma estranha sugestão: por que não tentar o triatlo? A sugestão veio de ninguém menos que a USA Triathlon, atual responsável pelo esporte nos Estados Unidos. Hoje não há triatleta melhor que Gwen. Ela ganhou quatro mundiais consecutivos e a atual olimpíada Rio 2016. A fonte de renda agora vem de prêmios de competições e patrocinadores, tal como Asics e Red Bull.

Uma pessoa particularmente feliz pelo sucesso de Gwen é o seu antigo chefe EY, Mark Hellmer. Ele foi um dos incentivadores sempre ressaltando que se a vida de atleta não desse certo ela sempre poderia voltar para a EY. Quando ela começou a ir bem, ainda cética relutantemente diminuiu suas horas de trabalho como contadora. Ela trabalhava 65 horas por semana, adorava o trabalho e os colegas. Ela não queria deixar a empresa, mesmo com os apelos da USA Triathlon, pois acreditava ser um bom contrapeso em relação a todo o treino. Ela gostava de usar o cérebro. Gradualmente ela foi trabalhando menos e menos horas, treinando mais e mais.

Enquanto trabalhando e treinando, ela acordava, nadava de 5h30 a 7h, corria por cerca de uma hora, ia para o trabalho, voltava para casa, ia dar uma volta de bicicleta, fazia musculação e então ia dormir.

O ponto de virada veio quando ela se qualificou para as olimpíadas de 2012, mas um pneu furado acabou com as chances de medalha e ela terminou na 38ª posição. Quando ela cruzou a linha de chegada em Londres, o único pensamento em sua cabeça era “eu quero ir para o Rio. E quero ganhar o ouro.” E ela veio para o Rio e ganhou o ouro!

A Gwen se formou em contabilidade em 2008. Ela tem mestrado e o certificado CPA e ela era da área de tributos na EY. Sem o apoio da empresa ela provavelmente não teria chegado aonde chegou. Uma bela publicidade para a EY.
Ao menos a de Milwaukee. ;)

Referências: Aqui, aqui, aqui e aqui.

21 outubro 2014

Contabilidade de Saia

Quem achava que o profissional de contabilidade era quase sempre um homem extremamente formal, de poucas palavras e ocupado com série de cálculos vai se surpreender com as estatísticas. O perfil mudou e a contabilidade hoje usa saia, tem proximidade com a clientela e domina com facilidade múltiplas tarefas simultâneas.

“O toque feminino está ajudando a sociedade a entender o complicado mundo contábil. Com o avanço da mulher nesse mercado, percebemos mudanças no exercício da profissão, agregando o saber ouvir e a sensibilidade na conversa e na forma de interagir”, destaca Sandra Maria Batista, a primeira mulher presidente do Conselho Regional de Contabilidade (CRC-DF), em seus 54 anos de existência.

Os homens ainda são maioria, mas a participação feminina vem crescendo. Pesquisa do Conselho Federal de Contabilidade (CFC) mostra que, nos últimos 10 anos, mais de 85 mil mulheres ingressaram na carreira. Em 1996, elas eram 27,45% do total e, em 2013, passaram para 33,9%. “Em cinco anos, o número tende a se igualar ou até ultrapassar”, aposta Sandra, considerando o avanço das mulheres nos cursos de ciências contábeis, nos quais ocupam 41,53% das cadeiras em sala de aula.

As contadoras admitem sofrer discriminação em alguns momentos, mas jamais pensam em desistir. No dia em que mais de 130 mulheres recebiam sua carteira do CFC, um grupo que atua no mercado há mais de cinco anos avaliou a crescente demanda pelas ciências contábeis.

A empresária Elizangela Paula Kuhn, filha de contador, acredita que o ramo facilitou o ingresso da mulher no mercado em razão de suas habilidades cotidianas. “Precisamos de visão sistêmica, de capacidade de análise e de gerenciamento de conflitos. É o que sempre praticamos”, destacou. Simone Maria Claudino de Oliveira lembra que era uma das poucas a se formar na faculdade, nos anos 1980. “Hoje, já se vê turmas em universidades com 100% de mulheres”, destacou.

Rejane Pires da Cunha, empresária, diz ser fascinada pela arte de transformar um documento frio em soluções empresariais. “Não se trata, como muitos pensam, de ser boa de conta. Mas sim de extrair a informação correta”, destacou. Marisa Luciana Schvabe de Morais, professora universitária, comemora a importância obtida pelo ensino superior, aprofundando pesquisa e debate no ramo.

Concursos
Em Brasília, a maioria das universitárias entra no curso de ciências contábeis de olho no serviço público. Patrícia Matos, 26, é aluna do sexto período da tradicional União Pioneira da Integração Social (Upis). “É um curso amplo, que abrange economia, direito, estatística. Podemos trabalhar com finanças, controle, auditoria, entre outras opções”. Seu objetivo é ser técnica de finança e controle da Controladoria-Geral da União (CGU). “A iniciativa privada nem sempre paga bom salário”, destacou.

Wanessa Alves do Santos, 28, estudante do segundo período da Upis, acha que o mais importante é trabalhar na profissão, não importa o setor. “As oportunidades, não posso negar, são melhores no serviço público. Meu objetivo é a Receita”, emenda. “Acho a contabilidade uma área rentável. Penso em abrir mais tarde um escritório e me especializar em auditoria”, rebate a colega Leila Gama, 34.

As universidades perceberam o avanço dessa demanda e estão criando projetos específicos para atendê-la. O professor Evandro Hamann, coordenador de ciências contábeis da Unieuro, assinala que, nos últimos quatro anos, o número de mulheres no curso subiu de 20% para 51%. “Além do concurso público, o interesse é o salário inicial, de R$ 1,5 mil a R$ 6 mil”, sublinha, acrescentando que a disponibilidade de mão de obra não cobre as necessidades do mercado.

“Nossos alunos, já no segundo semestre, diferentemente de outros cursos, conseguem estágio”, conta Hamann. Ele percebe, também, outro movimento. Pessoas com mais idade que trabalham na área voltam a estudar. “Temos até uma bolsa melhor idade para alunos acima dos 50 anos. A procura tende a crescer porque, a partir de 2015, não haverá mais o curso técnico. Todos terão que concluir a graduação”, explica.

Segundo ele, por falta de profissionais no mercado, muitas carreiras do serviço público abrem concurso para várias profissões, em funções que deveriam ser específicas de contador. “Por exemplo, a Receita aceita economista e advogados, quando o cargo deveria ser exclusivo de contabilidade. O mesmo ocorre com analista de controle interno do Tesouro e do STJ”, critica.

Meio milhão de registrados
O estudo do Conselho Federal de Contabilidade (CFC) comprova que a maioria dos entrevistados (72,6%) ganha até 10 salários mínimos e 8,5%, acima de 20. A faixa etária média é de 40 anos e boa parte deles (29,5%) trabalha na iniciativa privada. Quanto à escolaridade, 56,1% têm nível universitário e 13,4%, segundo grau técnico. Em agosto de 2013, o Brasil alcançou meio milhão de profissionais de contabilidade, concentrados em São Paulo (138.808), Minas Gerais (54.861) e Rio de Janeiro (54.703). O Distrito Federal contava com 14.955 registrados.


Fonte: Correio Braziliense, 19 de outubro de 2014, p. 15, via aqui