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31 outubro 2012

Construção Civil


A Sondagem Indústria da Construção, da Confederação Nacional da Indústria (CNI), mostra que, embora o desaquecimento persista, houve leve melhora do desempenho do setor em setembro. Chama a atenção o esforço das construtoras para elevar a produtividade, pois nem lucros nem faturamento são tidos como satisfatórios.
Este é o terceiro semestre consecutivo de atividade fraca, mas o futuro é visto com algum otimismo - as pequenas e médias empresas alimentam expectativas favoráveis quanto ao nível de atividade, mas as grandes estão menos confiantes.
O uso da capacidade, por exemplo, é de 72% nas pequenas empresas, 70% nas médias e de apenas 64% nas grandes. Algumas companhias, em dificuldades para fechar as contas, foram capitalizadas. Em geral os sócios dispõem de recursos para isso.
Assim, a situação financeira foi avaliada como adequada, melhorando em relação ao trimestre abril-junho. Mas a retomada depende de melhoria da gestão, o que se nota no caso de algumas incorporadoras, que, apesar do cenário adverso, continuam muito lucrativas.
O crescimento esperado virá, notadamente, da construção de edifícios e obras de infraestrutura. Entre janeiro e setembro, a Caixa Econômica Federal (CEF) anunciou aumento de 36,4% do montante financiado, em relação ao mesmo período de 2011. Nos últimos 12 meses, os bancos que captam recursos via cadernetas de poupança emprestaram R$ 79,7 bilhões para 458,8 mil unidades. O Conselho do FGTS acaba de liberar recursos para reformas de casa. Se as construtoras julgam difícil o acesso ao crédito, é provável que isso se deva às obras de infraestrutura.
Numa perspectiva de longo prazo, o setor da construção vive uma fase de ajustes, caracterizada pela acomodação dos negócios num patamar ainda bastante elevado. Passada a euforia, é hora de um controle cada vez mais rígido dos custos e do aumento da produtividade. Indiretamente, isso já se nota no emprego: entre dezembro de 2011 e abril de 2012, segundo o Sinduscon-SP, foram abertas 42,2 mil vagas na construção, mas, desde maio, a evolução foi muito lenta. Entre agosto e setembro, foram cortados 1,2 mil postos. Em âmbito nacional, os dados da CNI confirmam os do Sinduscon.
As grandes empresas pretendem cortar mais pessoal, em busca de produtividade. Mas, para que a fase de transição seja superada, o setor depende da capacidade das famílias de aceitar os preços pedidos pelos imóveis e de os governos conseguirem investir mais em novas obras.

03 março 2011

Jeitinho

As auditorias chegaram a um consenso e não devem fazer ressalvas nos balanços das incorporadoras imobiliárias brasileiras que ainda adotarem as regras de contabilidade antigas para registrar no balanço o reconhecimento de receitas de vendas de imóveis na planta. Esse é um dos últimos temas de polêmica envolvendo a adoção do padrão internacional de contabilidade, o IFRS, pelo Brasil.

(...) Isso quer dizer que as auditorias vão dar parecer "limpo" - que significa em conformidade com a lei - para as incorporadoras que apresentarem seus números no chamado método POC (sigla em inglês do termo Percentage of Conclusion).

Por esse critério, as empresas imobiliárias reconhecem a receita de venda de imóveis residenciais de acordo com o percentual de andamento da obras.

Na prática, o consenso "permite" às auditorias contrariar o entendimento mais comum sobre o modelo contábil internacional IFRS, que passou a ser obrigatório no Brasil nos balanços referentes a 2010 e que são divulgados agora. No padrão IFRS, as incorporadoras costumam reconhecer a receita da venda de um imóvel toda de uma vez, no momento da entrega das chaves.

Essa regra é obrigatória mesmo para as empresas que tenham recebido parcela significativa do pagamento das vendas dos imóveis durante as obras.

(...) Conforme pessoas a par das reuniões que levaram as auditorias e a CVM a um consenso sobre os pareces, em vez de afirmar que os demonstrativos desobedecem os padrões do IFRS, conforme determinação do Conselho de Normas Internacionais de Contabilidade (Iasb), os auditores afirmarão que as normas seguem o IFRS, de acordo com as regras do Comitê de Pronunciamentos Contábeis.

Traduzindo ao pé da letra, o consenso deve evitar o desgaste das auditorias com os clientes, por conta de ressalvas, e com a CVM, que permitiu às incorporadoras usar o padrão POC.

Durante todo o ano de 2010, as incorporadoras imobiliárias brasileiras pressionaram os agentes reguladores para que a publicação dos balanços seguindo o padrão IFRS fosse prorrogada ou que as regras contábeis fossem mantidas. Venceu a segunda opção.

O que está por trás da resistências das incorporadoras em adotar o reconhecimento da receita nas chaves é o impacto que as novas regras provocariam nos seus resultados. Segundo estudo feito pelo banco Credit Suisse, em outubro de 2010, o percentual de queda nos resultados das empresas variaria entre 21% e 33% sobre as previsões do banco para 2011. O declínio médio seria de 28%.

(...) Caso o Ifric chegue à conclusão sobre essa polêmica e se manifeste, o Brasil deve adotar essa determinação, seja quando for. Se ficar claro que o reconhecimento da receita deve ser feito pelo POC, os auditores poderão dizer que os balanços seguem o IFRS conforme emitido pelo Iasb. A ênfase, então, deixa de constar no parecer.

Caso contrário, caberá às empresas mudar a contabilidade para registrar a receita somente no momento da entrega das chaves, se não quiserem ter parecer adverso dos auditores.

Contabilidade : Empresas poderão manter regras anteriores na elaboração dos balanços - Valor Econômico - Denise Carvalho e Fernando Torres | De São Paulo - 2/3/2011

A experiência de outros países de adotaram as normas internacionais já indicavam que este seria um setor sensível.

07 novembro 2008

Crise e contabilidade

Balanços mostrarão estragos da crise
Valor Econômico – 6/11/2008
Os resultados da Gafisa abrem a esperada safra de balanços do setor de construção civil. Investidores aguardam, ansiosos, para saber a exata dimensão dos efeitos da crise financeira sobre os números das companhias - que padecem da falta de liquidez e de crédito. O setor tinha dificuldades pontuais, mas depois de deflagrada a crise nenhuma empresa escapou. Os papéis derreteram desde meados de setembro. As empresas mais prejudicadas tiveram quedas de mais de 60%, como Abyara, Klabin Segall e Rodobens. A Agra caiu 83%, também influenciada pelo fim do acordo com a Cyrela. Mas as grandes também assistiram a um drástico recuo das ações. Cyrela caiu 38% desde 15 de setembro, Gafisa, 33%, PDG, 41% e MRV, 55%. As prévias divulgadas por sete das 21 empresas de capital aberto já sinalizam um recuo médio de 25% nas vendas em relação ao segundo trimestre. Até a Cyrela, maior do setor, registrou queda de 43% nas vendas, surpreendendo o mercado.
Até as empresas com foco na baixa renda - consideradas como as mais blindadas na crise pelas garantias de financiamento com recursos da poupança e do fundo de garantia - venderam menos entre julho e setembro. A primeira medida tomada pelas empresas - mesmo antes da crise - foi a redução da projeção de lançamentos. A euforia do ano passado e início deste deu lugar à cautela. Levantamento realizado pelo Valor mostra que, para 2008, o encolhimento das projeções de lançamento já está em 28% e, para 2009, o ajuste será ainda maior: de 34%. As oito empresas que ajustaram lançamentos previam R$ 16 bilhões em novos empreendimentos só neste ano. Agora, reduziram a meta para R$ 11,6 bilhões. Por enquanto, apenas empresas médias e pequenas corrigiram metas, mas analistas já prevêem algumas das grandes na mesma direção. Diante da drástica mudança de cenário e da importância do setor, principal empregador do país, o governo resolveu agir. Depois de desagradar as empresas dizendo que a medida provisória 443 valia também para o setor e que o governo poderia comprar participação nas empresas em dificuldade, anunciou um pacote mais "amistoso". Os bancos poderão cumprir parte da exigibilidade de financiamento ao setor com recursos da poupança por meio de operações de capital de giro para as construtoras, o que não era permitido. Mas o fato é que as construtoras não esperaram o governo para aumentar a liquidez ou para tentar melhorar o desempenho das ações: fizeram aumento de capital ou programa de recompra. A Even conseguiu que três novos sócios, além dos antigos, colocassem R$ 150 milhões na companhia por meio de um aumento de capital. Em outras empresas, os sócios capitalizados - muitos deles em função de ofertas secundárias na bolsa - injetaram dinheiro no caixa. Rossi e Agra fizeram aumento de capital de R$ 100 milhões cada. Outra saída foi a recompra de ações, opção usada por PDG, JHSF, Trisul e Eztec. A intenção é mostrar ao mercado que os papéis estão com desconto exagerado e que consideram o próprio negócio como o melhor investimento. (DD)