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21 julho 2023

Seguros e Calor


As ondas de calor são uma nova fronteira para a indústria de seguros, que já está lutando para acompanhar os impactos climáticos, como inundações e incêndios florestais. No entanto, os métodos tradicionais do setor para avaliar e precificar riscos não são adequados para cobrir o calor e podem enfrentar os mesmos problemas de acesso e acessibilidade que afetam o mercado de seguros residenciais.

O calor é caro: um estudo realizado por economistas da Dartmouth College no ano passado constatou que as ondas de calor custaram à economia global US$ 16 trilhões desde 1992, na forma de salários perdidos, menor produtividade agrícola e outros impactos. Um estudo separado publicado esta semana por pesquisadores médicos da Universidade de Virginia Commonwealth estimou que as doenças relacionadas ao calor somam US$ 1 bilhão em custos de assistência médica nos EUA a cada ano.

Novas abordagens são cruciais para a adaptação às mudanças climáticas. O seguro agrícola federal no sudoeste dos EUA, por exemplo, está se tornando mais caro para os agricultores devido a perdas relacionadas ao calor, que totalizaram US$ 1,3 bilhão desde 2001, de acordo com pesquisas de Anne Schechinger, uma economista agrícola do Environmental Working Group, uma organização de defesa ambiental. Pagamentos crescentes também elevam os custos para os contribuintes, porque o programa de seguro é fortemente subsidiado. Por enquanto, ele ainda opera com superávit na maioria dos anos, ao contrário do programa federal de seguro contra inundações, que opera com déficit de mais de US$ 1 bilhão por ano. Mas isso pode mudar à medida que as ondas de calor se tornem mais comuns e extremas, disse Schechinger: "As mudanças climáticas estão tornando o programa mais caro de uma maneira insustentável".

Existem algumas maneiras de lidar com esse problema. Uma delas é reduzir gradualmente alguns subsídios, de modo que os agricultores estejam mais diretamente expostos aos custos de cultivo em áreas de alto risco e, assim, mais incentivados a adotar medidas adaptativas, como variedades de sementes resistentes ao calor. Pagamentos de prêmios em excesso durante anos mais amenos também poderiam ser usados para comprar terras em áreas de alto risco de calor, um modelo que tem sido usado com sucesso para eliminar a agricultura em áreas propensas a inundações, disse Schechinger.

Outra possibilidade é alterar a forma como os pagamentos relacionados ao calor são distribuídos, passando do sistema atual em que são baseados em perdas nas colheitas para um sistema de índice de calor em que os pagamentos são feitos sempre que as temperaturas ultrapassam um limite designado. Essa abordagem simplifica o sistema e pode se basear em dados históricos de temperatura e modelagem climática para precificar de forma mais precisa os prêmios para cada fazenda, afirmou Tobias Dalhaus, um economista da Universidade de Wageningen, na Holanda. Em um estudo realizado no ano passado com produtores de trigo e canola na Alemanha, Dalhaus constatou que o seguro contra calor com base em índices reduziu o risco financeiro dos agricultores em 20%.

(Tim McDonnell - Semafor)

05 maio 2023

Risco da Biodiversidade

 Neste texto, exploramos os efeitos dos riscos físicos e regulatórios relacionados à perda de biodiversidade na atividade econômica e nos valores dos ativos. Primeiramente, desenvolvemos uma medida baseada em notícias de risco de biodiversidade agregada e analisamos como ela varia ao longo do tempo. Também construímos e divulgamos publicamente várias medidas de exposição ao risco de biodiversidade em nível de empresa, com base em análises textuais das declarações 10-K das empresas, uma grande pesquisa de profissionais financeiros, reguladores e acadêmicos, e as participações de fundos relacionados à biodiversidade. As exposições ao risco de biodiversidade variam substancialmente entre setores de uma maneira economicamente sensata e distinta das exposições ao risco climático. Descobrimos evidências de que os riscos de biodiversidade já afetam os preços das ações: retornos de portfólios que são classificados de acordo com nossas medidas de exposição ao risco de biodiversidade covariam positivamente com inovações em risco de biodiversidade agregado. No entanto, nossa pesquisa indica que os participantes do mercado não percebem que a precificação atual dos riscos de biodiversidade seja adequada.

O artigo pode ser encontrado aqui. O gráfico a seguir mostra os setores com maiores riscos:


Veja que o risco poderia ser considerado na análise das empresas de auditoria, nos setores internos de governança e nos gestores de carteiras de investimentos. 


26 agosto 2022

Kaplan e um relatório medindo a questão ambiental

Robert Kaplan é um dos autores contábeis mais renomados. Em 2021, a Harvard Bussiness Review publicou uma proposta sua de contabilizar a mudança climática. Eis o texto:

Although about 90% of companies in the SP 500 issue some form of environmental, social, and governance (ESG) report, the current system of reporting is inadequate and subject to greenwash, i.e., selective metrics to show the company in a favorable light. The purpose of this article is to provide a more rigorous approach to ESG reporting referred to as an E-liability accounting system. It focuses on the environmental element of ESG which is the easiest component to measure, and the most urgent threat to humanity.

What's Wrong with the GHG Protocol

Most of the companies that provide estimates of greenhouse gas (GHG) emissions rely on an approach called the GHG protocol that identifies three types of GHG emissions.

Scope 1: Direct emissions from sources owned or controlled by the company.

Scope 2: Emissions at facilities that generate electricity bought and consumed by the company.

Scope 3: Emissions from upstream operations in a company's supply chain, and emissions produced downstream by the company's customers and end-use consumers.

Many companies report their scope 1 and 2 emissions. However, scope 3 emissions is the fatal flaw in the GHG reporting system. Estimating all the upstream and downstream emissions introduces large measurement errors as well as potential bias and manipulation. As a result many companies ignore scope 3 measurements entirely. The authors' solution to this problem is based on how accountants estimate a company's value added. Value added is the difference between what an organization pays for goods and services from its immediate suppliers, and what it receives when it sells products to immediate customers. This approach can be applied to GHG emissions.

Tracking Emissions Across an Entire Value Chain

The idea is illustrated by a car-door company and its suppliers. The tracking begins with a supplier that extracts coal and iron ore that eventually becomes part of the car doors. The supplier records its scope 1 emissions using chemistry and engineering combined with cost accounting. These emissions (GHG units emitted per ton of extracted material) are treated as an E-liability reflecting their environmental cost to society. When the mining company transfers the coal and iron to the shipping company, the shipping company assumes the E-liability on its E-account. The shipping company adds the GHG produced by the barges it uses and transfers the coal, iron and accumulated GHG to the steel company that will produce the steel for the car doors. The steel company allocates its purchased and incurred scope 1 emissions to each of the tons of steel it produces. When the steel is transferred to the railroad company, each ton of steel carries its accumulated E-liability from the mining, shipping, and steel companies. The tracking moves on to the car-door company that adds its own GHG to the E-liability, and continues to the consumer who buys the finished car.

Measuring and Allocating Emissions

The E-liability accounting system requires two basic steps:

1. Calculate the net E-liabilities the company creates and eliminates each period, adding them to the E-liabilities it acquires and has accumulated, and

2. Allocate some or all of the total E-liabilities to the units of output produced by the company during the reporting period.

The first step involves estimates by environmental engineers to measure the quantity of GHG emissions from the company's primary activities. The second step is to allocate the GHG E-liability units to the company's products in the same way costs are allocated in an activity-based costing system.

What Companies Report

An E-liability statement includes net E-liabilities at the beginning of the period, E-liabilities acquired, net E-liabilities produced during the period, E-liabilities disposed of (sold), and net E-liabilities at the end of the period.

The Benefits of E-Liability Accounting

The advantages of the E-liability accounting system include:

1. It eliminates the duplicate counting of emissions that are embedded in the current scope 3 measurements.

2. It reduces the incentives for gaming and manipulation. For example, outsourcing production will not reduce a company's E-liability.

3. The E-liability system can apply its own materiality standard for GHG regardless of the current standards based on material financial risk.

4. A company's end of period E-liability balance can be audited by environmental engineers and cost accountants.

5. The E-liability system can run on a company's existing financial-reporting and cost accounting system by simply using different units of measurement, i.e., the quantity of GHG emissions.

Deploying E-Liability Across the Economy

All companies should be encouraged to report on their E-liabilities along with State-owned enterprises and government agencies including defense, transportation, energy, and healthcare. The E-liability approach recognizes the integrated nature of pollution activities across the economy and encourages all businesses to take GHG emissions into account in their decisions regarding product design, purchasing, and sales.

Going Beyond E

ESG includes social and governance issues as well as environmental issues, but it is difficult to calculate the value of components such as a company's labor practices, workforce diversity and governance. A company's social impact could be measured using the same approach outlined in this article, but more difficult because opinions related to acceptable corporate behavior are controversial. A beginning could include measuring adverse social performance such as unsafe working conditions, child and slave labor, bribery and corruptions. An S-liability system could be developed to motivate companies to eliminate these practices. However, an E-liability environmental cost system is a good place to start improving ESG reporting because it is the easiest component to measure and the most serious threat to humanity.

24 agosto 2022

Bancos brasileiros e a questão ambiental


Do Estadão (Via aqui

Os bancos brasileiros vão entrar em dezembro numa nova era sobre como medir os impactos das mudanças climáticas para seus negócios. O Banco Central (BC) começará a cobrar a inclusão de riscos climáticos no gerenciamento de risco e capital, além de uma política de responsabilidade social, ambiental e climática e de um relatório anual com informações padronizadas sobre o tema.

Na América Latina, o Brasil está na vanguarda desse processo, que começou a ser tateado pelas principais economias do globo. Em outubro, o BC deve apresentar no Relatório de Estabilidade Financeira (REF) algumas referências para as instituições seguirem na elaboração de suas estimativas.No documento, devem vir, por exemplo, detalhes sobre como as instituições terão de calcular reflexos de uma seca extrema sobre seus serviços e ativos, além de um estudo sobre riscos de transição.

Como se trata de um aprendizado para todos, o BC promete não ser tão exigente no início desses trabalhos. Já avisou que não necessariamente os bancos devem seguir esse modelo, embora vá monitorar os preparativos para cumprir as novas normas em sua agenda de supervisão para o semestre.

"Em geral, visões agregadas apresentam simplificações, pois é necessário adequar o estudo à disponibilidade de dados e informações de diferentes tipos de instituição. Se o risco for relevante para uma dada instituição, essa deve desenvolver uma técnica mais aprimorada para avaliar o risco", ressaltou o órgão.

Antecipando-se às regras

Sem um padrão definido pelo BC sobre como contabilizar em seus balanços os riscos climáticos, as instituições financeiras no Brasil buscam apoio de especialistas para seguir as novas regras do regulador, que devem ser conhecidas em dois meses. Consultorias têm sido procuradas para tirar dúvidas sobre o tema, e a tendência é de que todos "entreguem a prova", mas algumas casas devem se aprofundar mais no tema e ser mais agressivas do que outras.

"As maiores acabam ficando na vanguarda, pois índices e investidores externos geram pressão. Não está todo mundo na mesma página. Mas a regulação trouxe a urgência do tema, não é mais uma questão voluntária", disse a coordenadora para América Latina e Caribe da iniciativa para o setor financeiro do programa das Nações Unidas (ONU), Maria Eugenia Sosa Taborda.

O BC destaca que não há metodologia ou técnica de elaboração prescrita para os testes de estresse, a partir das estabelecidas pela regulação: análise de sensibilidade; análise de cenários; e teste de estresse reverso. "A escolha de qual metodologia e da complexidade da técnica aplicada deve ser adequada ao risco incorrido em cada instituição", argumenta o BC, reforçando que vem se posicionado sobre o tema no Relatório de Estabilidade Financeira (REF).

No mercado, o diretor de Sustentabilidade da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), Amaury Oliva, afirmou que, apesar de o BC não ter definido metodologia ou cenários específicos para os testes de estresse, criou requisitos importantes, como a análise temporal, geográfica, setorial e o alinhamento a aspectos já considerados no gerenciamento de risco.

"Temos um diálogo respeitoso e construtivo com o BC, que tem expectativa de agenda evolutiva. Não é para ter punição, é para avançar como setor bancário."

Segundo Oliva, a Febraban já desenvolveu, com a Coppe/UFRJ e a empresa WayCarbon, cenários climáticos "tropicalizados" para setores-chave da economia brasileira, que podem ser subsídios para análises e testes de estresse dos bancos. Segundo relatório de 2021, com base em dados do BC e em um estudo desenvolvido pela Febraban, a exposição da carteira de crédito para empresas ao risco ambiental era de 43,60% no fim de 2020.

Já a exposição moderada ou alta às mudanças climáticas era de 53,29%.Além disso, a federação criou um grupo específico para implementar as novas regras do BC, com encontros mensais para tirar dúvidas e orientar sobre bases de dados e procedimentos. Conforme Oliva, os associados, que já seguem uma autorregulação sobre o tema desde 2014, estão trabalhando "sem parar" para estar de acordo com as novas regras em dezembro. "Colocamos a régua lá em cima, queremos que os bancos alinhem seus portfólios ao Acordo de Paris, ajudando os clientes nessa transição", diz Sosa Taborda.

Estabelecer padrão para o setor bancário é um dos desafios

Como não há um padrão internacional até o momento e muitos acreditam que dificilmente será feito um, algumas instituições financeiras passaram a criar seus próprios requisitos básicos para avançar em serviços e transparência em relação às mudanças climáticas.O que o mundo todo se pergunta é: como ajustar um só padrão para todos os tipos de itens e negociações que faça sentido para um mercado específico e, ao mesmo tempo, sirva de referência para operações com outros agentes e países?

Da mesma forma que não se pretende engessar demasiadamente um mercado que está apenas engatinhando, temem-se os riscos que possam vir dele, principalmente o chamado greenwashing, que é a prática de classificar ativos como verdes quando, na realidade, não são.Para se ter uma ideia, as três maiores agências de classificação de risco do mundo também criaram suas próprias referências. Apesar de ser do mesmo setor e buscar o mesmo objetivo de medir a saúde financeira de um papel, empresa ou governo, têm réguas distintas para as variáveis relacionadas às questões climáticas.

Veja que já apareceram os consultores para "ajudar". 

20 agosto 2022

Custos do impacto ambiental: o caso da SpaceX


Para lançar seus foguetes no Texas, a empresa SpaceX tem que adotar 75 ações para mitigar o impacto ambiental, antes de receber a licença. Entre estes itens estão:

- contratar um biólogo para investigar o efeito da iluminação nas tartarugas marinhas

- fazer limpezas trimestrais nas praias locais

- escrever um relatório sobre a guerra com o México

- ajudar a proteger as jaguatiricas

- fazer uma doação anual para um programa de pesca recreativa

- colocar um ônibus entre a cidade de Brownsville e o local do lançamento

Fonte: aqui, via aqui. Foto: aqui

02 agosto 2022

As muitas maneiras de avaliar o meio-ambiente

 


Existem mais de 50 maneiras de valorizar o meio ambiente, mas a maioria das pesquisas e políticas se concentra em apenas alguns métodos. Isso inclui contar espécies e avaliar o custo da substituição de um serviço prestado por natureza. No entanto, avaliar a natureza em termos puramente monetários também pode ser prejudicial às pessoas e ao meio ambiente (1), de acordo com a maior avaliação mundial da avaliação ambiental.

“A formulação de políticas desconsidera amplamente as múltiplas maneiras pelas quais a natureza é importante para as pessoas”, especialmente os indígenas e as comunidades de baixa renda, diz o relatório do Painel Intergovernamental de Políticas Científicas sobre Serviços de Biodiversidade e Ecossistemas (IPBES).

Por exemplo, em propostas de barragens hidrelétricas, as necessidades das comunidades afetadas são frequentemente vistas como secundárias (2) às dos consumidores urbanos - especialmente se as comunidades precisam ser deslocadas, resultando em pessoas perdendo meios de subsistência e sendo obrigadas a mudar seu modo de vida, o relatório encontra.

A falha mundial em avaliar adequadamente a biodiversidade causou um declínio a longo prazo em uma variedade de serviços que o meio ambiente fornece, disse Anne Larigauderie, ecologista que lidera o secretariado do IPBES em Bonn, Alemanha, no lançamento do relatório em 11 de julho. "A capacidade de polinizar as culturas ou regular a água está em declínio há 50 anos", disse ela.

Há fortes evidências de que avaliar a natureza com base nos preços de mercado está contribuindo para a atual crise da biodiversidade, disse Unai Pascual, economista do Centro Basco de Mudanças Climáticas em Leioa, Espanha, no lançamento em Bonn. "Muitos outros valores são ignorados em favor do lucro e do crescimento econômico a curto prazo", acrescentou Pascual, que co-presidiu a avaliação.

Um resumo para os formuladores de políticas foi aprovado por 139 governos em 8 de julho. Espera-se que o relatório completo de avaliação seja divulgado antes da Conferência das Partes da Convenção das Nações Unidas sobre Diversidade Biológica, que ocorre em Montreal, Canadá, em dezembro. Espera-se que os delegados desta reunião cheguem a acordo sobre um novo conjunto de metas e indicadores para a conservação da biodiversidade.

Estudos da natureza

Oitenta e dois pesquisadores de todo o mundo, com áreas de especialização em ciências, ciências sociais e humanas, identificaram 79.000 estudos em avaliação ambiental e descobriram que seu número vem aumentando 10% ao ano há 4 décadas. Mas poucos desses estudos são adotados pelos formuladores de políticas. Os pesquisadores selecionaram 1.163 dos estudos para uma revisão aprofundada e descobriram que apenas 5% desses casos eram recomendações adotadas pelos tomadores de decisão.

Metade dos estudos selecionados para uma revisão aprofundada utilizou indicadores biofísicos, como número de espécies ou quantidade de biomassa florestal. Outros 26% usavam indicadores monetários, como quanto custaria se a polinização precisasse ser realizada por seres humanos ou os valores que os governos pagam aos agricultores para conservar a biodiversidade em terras agrícolas.

Apenas um quinto dos estudos valorizou a biodiversidade de acordo com critérios socioculturais. Aqueles que incluíram estudos sobre a importância para as pessoas de um local sagrado e pesquisas sobre o valor que alguém atribui ao local onde cresceram. Os valores socioculturais não têm necessariamente uma quantidade numérica ou preço. O valor dos locais sagrados não precisa ser transformado em dólares, ou euros, disse o co-autor do IPBES, Sander Jacobs, ecologista do Instituto de Pesquisa da Natureza e Florestas de Bruxelas, no lançamento do relatório.

Os autores do relatório descobriram que a maioria dos estudos não considera vários valores, mesmo quando as evidências mostram que isso leva a melhores resultados para o meio ambiente. A equipe descobriu que poucos cientistas consultam ou envolvem as pessoas que vivem e trabalham em regiões de alta biodiversidade. Apenas 2% dos estudos revisados em profundidade relataram ter feito isso. E apenas 1% envolveu pessoas em todas as etapas, desde a criação de um estudo até a publicação. "O envolvimento das partes interessadas é principalmente básico, incluindo as partes interessadas como provedores de dados e informações", diz o relatório.

“Precisamos construir coalizões de cientistas de diferentes disciplinas. Mas a ciência também precisa de aliados ”, diz Pascual. “Os cientistas precisam ser humildes e convidar aqueles que representam outras maneiras de conhecer. Essa coalizão poderia fornecer uma abordagem orientada a soluções para a biodiversidade e as crises climáticas."

Fonte: Nature

(1) grifo do blog. Parece importante e contradiz o senso comum que devemos mensurar para gerenciar.

(2) aqui parece que o problema não está no método, mas na forma como é empregado. O negrito a seguir é do blog

23 fevereiro 2022

Corrida pelos padrões ambientais

Parece existir uma verdadeira corrida para que apresenta primeiro os padrões ambientais. O EFRAG, vinculado a comunidade europeia, divulgou um documento sobre Poluição. O objetivo seria:

The objective of this [draft] standard is to specify Disclosure Requirements which will enable users of the sustainability reporting to understand: (a) the positive and negative impacts of the undertaking on the pollution of air, water and soil, living organisms and food resources and its past, current and future measures to protect the environment from pollution; (b) the nature, type and extent of risks and opportunities to which the undertaking is exposed, arising from pollution itself as well as from the prevention, control or elimination and reduction of pollution; (c) the effects of pollution-related risks and opportunities on the undertaking’s development, performance and position over the short-, medium- and long-term and thus on its ability to create enterprise value over the short-, medium- and long-term; (d) the plans and capacity of the undertaking to adapt its business model(s) and operations in line with the transition to a sustainable economy concurring with the needs for prevention, control and elimination of pollution across air, water, soil, living organisms and food resources, thereby creating a toxic-free environment with zero pollution also in support of the EU Action Plan ‘Towards a Zero Pollution for Air, Water and Soil’.

Mas eis um trecho do documento:

Perceberam? 

Um fato interessante que consta dos documentos - foram três divulgados - é a insistência em afirmar que a proposta é compatível com os guias do SASB, GRI e ISO. 


18 janeiro 2022

Desastres naturais: redução nos últimos anos

Recentemente postamos que os custos dos desastres naturais atingiu valores elevados. E temos uma grande preocupação ambiental, o que incluiu a criação de uma entidade específica para emitir normas sobre o assunto. Agora uma grande surpresa: os dados temporais mostram que o número de desastres relacionados ao clima reduziu nos últimos vintes anos em 10% (divulgado por Shellenberger na Forbes). 

Os dados são do EM-DAT, coletados na Bélgica. Um ponto interessante é que o "conceito" de desastre, que envolve um dos seguintes critérios: 10 ou mais pessoas mortas, 100 ou mais pessoas afetadas, a declaração de estado de emergência e um pedido de assistência internacional. 

Os dados são mais confiáveis a partir de 2000, quando a coleta de dados melhorou. Mesmo assim, o número de pessoas mortas reduziu substancialmente. Durante a década de 1920 os desastres naturais provocaram 5,4 milhões de mortes. Nos anos de 2010 este número foi de 400 mil, mesmo com o aumento da população mundial, de 2 bilhões para 7 bilhões. 

Há algumas possíveis razões para explicar este declínio. Uma delas é a adoção de medidas simples, como sistemas de alertas contra ciclones e abrigos contra tempestades. Um exemplo citado pelo artigo foi o ciclone Ampham, na Índia e Bangladesh, que matou 120 pessoas; segundo o texto, há cinquenta anos teria matado milhares de pessoas. 

Baseado na minha experiência recente também colocaria o desenvolvimento do sistema de comunicação. Recentemente fiz uma viagem para minha cidade natal e o caminho que geralmente uso estava interrompido por conta das chuvas. Tomei um caminho alternativo, evitando o problema de barreira. Nos dias atuais, uma notícia de um desastre natural é rapidamente divulgada, permitindo que as pessoas ajustem suas decisões. 

27 dezembro 2021

"Batalha" dos padrões de sustentabilidade ainda não está decidida


Segundo Howard Davies ainda existe uma batalha na definição dos padrões relacionados com a sustentabilidade. Apesar dos esforços do Iasb, os Estados Unidos ainda não adotaram, efetivamente, os padrões contábeis internacionais e parece improvável que isto ocorra no futuro próximo. Há oposição interna dos profissionais contábeis e provavelmente no congresso. 

Mas mesmo na Europa, a criação do ISSB não implica em apoio incondicional. Segundo Davies:

Também há hesitação do outro lado do Atlântico, onde a Comissão Europeia tem trabalhado em sua própria taxonomia de ativos verdes. 

Logo após o anúncio do ISSB no encontro de Glasgow, a COP26, o diretor de serviços financeiros da Comissão, John Berrigan, continuou a discussão da taxonomia sem mencionar o ISSB. 

Foto: Gios

25 dezembro 2021

2021: Ano Ambiental


Se 2020 foi o ano marcado pela presença da Covid, o ano de 2021, na contabilidade, foi o ano com a preocupação ambiental. A tal ponto que ocorreu a popularização de uma sigla, ESG, onde claramente o E, vinculado ao ambiente, prevaleceu. Entre os fatos que podemos citar para comprovar o ano verde temos: o encontro dos líderes da Escócia, a criação de uma entidade voltada para a emissão de padrões ambientais, o crescimento de fundos de investimento "verdes" e até a manipulação de informações sobre o tema. 

O mundo mudou, mas a questão ambiental permanece muito mais como uma pergunta do que uma resposta. 

Foto: Buscher

16 dezembro 2021

Imposto sobre carbono funciona?


Em meio a questão ambiental, a possibilidade de instituir um imposto sobre carbono é discutida por Tim Harford. Segundo ele, o imposto poderia tornar o custo ambiental mais palpável - não são estas as palavras, mas é este o sentido. O café seria um exemplo:

De acordo com Mark Maslin e Carmen Nab, da University College London, um quilograma de café no Reino Unido tem uma pegada de cerca de 15 kg de CO2. Se cultivado e enviado de maneira sustentável, teria uma pegada de 3,5kg. Com um imposto de carbono de 100 libras por tonelada, isto corresponde a 1,5 libras ou 35 centavos. 

Com o imposto, a cadeia produtiva poderá modificar a forma de produção do café, para reduzir o imposto. 

Gosto muito de Harford, mas parece que ainda não é uma solução. A instituição e cobrança de tal imposto seria bem complicada. Para cada produto - na verdade, para cada cadeia de produção - seria necessário um cálculo a parte. 

O mesmo Harford cita um livro, How Bad are Bananas?, já na sua terceira edição, que mostra a pegada de carbono para vários produtos do dia a dia. Agora imagine a quantidade enorme de produtos que consumimos. 

03 novembro 2021

Contabilidade e Ambiente - 1


No encontro entre os principais líderes mundiais, em Roma, foi divulgada uma declaração e em um determinado tópico temos:

Saudamos também o programa de trabalho da International Financial Reporting Standards Foundation para desenvolver um padrão global de relatórios de linha de base sob governança robusta e supervisão pública, com base na estrutura da Força-Tarefa do FSB sobre Divulgações Financeiras Relacionadas ao Clima e no trabalho dos definidores de padrões de sustentabilidade.


17 junho 2021

Escopo 3 da emissão precisa ser regulado

Muitas empresas estão procurando vender como sendo enquadradas dentro dos melhores critérios ambientais, sociais e de governança. Mas são efetivamente? 

Um relatório do BofA mostra um problema nesta classificação. O setor de tecnologia (leia-se Microsoft, Apple, Amazon, Alphabet e Tesla) é considerado um bom investimento para quem deseja buscar alocar seus recursos em "empresas saudáveis". Mas segundo o BofA (via aqui), o setor de tecnologia é um dos setores com maiores emissões indiretas entre as indústrias de serviços. A palavra relevante é "indireta". 

Veja o gráfico a seguir:

Em cada setor temos a intensidade de emissão no Escopo 1, 2 e 3. O que seria o escopo 3? São os resultados de atividades de ativos que não pertencem à entidade que está apresentando o relato ambiental, mas que faz parte da cadeia de valor da empresa. O escopo 1 e 2 são apresentados nos relatórios ambientais e provavelmente serão objeto dos reguladores que estão querendo impor divulgação ambiental. A questão é que o escopo 3 escapa e provavelmente não será regulado. 

Mesmo que a entidade não tenha controle sobre a emissão, sua presença e pressão pode afetar a emissão. Ou seja, o escopo 3 pode ser evitado quando uma empresa terceiriza suas atividades. 

10 maio 2021

Manipulação nos dados ambientais

A questão ambiental desperta a atenção. E a manipulação dos dados também. 

Cientistas do Centro de Pesquisas Conjuntas da Comissão Europeia anunciaram ontem (26) que detectaram uma grande diferença, igual ao valor aproximado de emissões anuais dos Estados Unidos, entre a quantidade de emissões que causam o aquecimento global reportada por países e a quantidade que chega à atmosfera de acordo com modelos independentes.  

A lacuna de cerca de 5,5 bilhões de toneladas de dióxido de carbono por ano ocorre não por conta de erros cometidos pelos países. O motivo é devido às diferenças entre métodos científicos utilizados em inventários nacionais que são reportados pelos países sob o Acordo de Paris de 2015 de mudanças climáticas, e os métodos utilizados por modelos internacionais.  

“Se modelos e países falarem em línguas diferentes, a avaliação do progresso no clima será mais difícil”, disse Giacomo Grassi, autor de um estudo sobre o assunto e autoridade científica do Centro. “Para abordar esse problema, precisamos encontrar uma maneira de comparar as estimativas”.  

A diferença entre os números de emissões, explicada no estudo publicado nesta segunda-feira na Nature Climate Change, pode significar que alguns países precisam ajustar suas reduções de emissões. Por exemplo, os modelos nacionais feitos por Estados Unidos e outros países mostram mais territórios florestais capazes de sequestrar carbono do que os modelos independentes indicam.  

O estudo conclui que as estimativas nacionais, que permitem definições mais flexíveis dessas áreas, mostram cerca de 3 bilhões de hectares de florestas administradas pelo mundo a mais do que os modelos independentes.  

O risco é que alguns países possam afirmar que suas florestas estão absorvendo grandes quantidades de emissões e não façam o bastante para cortar emissões de carros, residências e fábricas. (com Reuters)  

Emissões de carbono são maiores do que países reportam


05 abril 2021

Custo Social do Carbono


O novo governo dos Estados Unidos parece mais comprometido com a questão ambiental. Um grupo de trabalho foi criado para fazer estimativa do custo para sociedade da emissão de gases. Em termos mais técnicos, o custo social do carbono. Ao calcular este custo, isto pode ajudar na seleção de projetos públicos e nas normas sobre o assunto. 

Se o número calculado for muito baixo, projetos ruins podem ser iniciados. Se for muito alto, haverá uma paralisia nos investimentos. No governo Obama utilizou um método de cálculo através da estimativa dos danos da emissão de uma unidade marginal de carbono. A estimativa foi de 50 dólares por tonelada em 2030. 

Ao mesmo tempo, há uma expectativa, pelo acordo de Paris de 2015, que devemos buscar um aquecimento global de 1,5 a 2 graus Celsius em relação ao existente antes da revolução industrial. Além disto, o governo Obama usou uma taxa de desconto de 3%. Quanto maior for a taxa, menor a relevância que estamos hoje dando as gerações futuras. 

Veja uma crítica de Stiglitz e Stern aqui. Imagem aqui

02 abril 2021

Governo, Taxa de Desconto e Custo do Carbono


Um dos desafios da contabilidade ambiental é estimar o valor do impacto ambiental. Por ser algo que irá afetar diversas gerações no futuro, a taxa de desconto tem um papel crucial neste processo, assim como o seu valor (custo, em alguns métodos). Um dos métodos usados para avaliar o impacto da emissão de carbono é através do preço do carbono. O método já foi considerado uma opção importante para a OECD, a entidade que reúne diversos países ricos do mundo ocidental (vide, por exemplo, o documento Adapting Transport Policy to Climate Change, de 2016). 

Além disto, a taxa de desconto deve ser usada pelas empresas nas decisões de investimento. Um taxa de desconto que leva em consideração o custo do carbono, via preço de mercado, pode tornar viável ou inviável certos projetos. 

A Comunidade Europeia resolveu atuar via o preço do carbono no mercado. Veja a notícia do Financial Times de 16 de março (Accounting needs to be stepped up for climate change costs, Alan Livsey)

A UE reduziu a oferta de créditos disponíveis para a indústria e acelerou a taxa necessária de redução de emissões nos 40 anos a 2030 de 40% a 55%. Isto ajudou a empurrar o preço do carbono da UE a $48 por tonelada, um aumento de 83 por cento em um ano. 

Por sinal, o texto do Financial Times lembra que algumas empresas estão dispostas a evidenciar certas informações ambientais, desde que isto não obrigue reconhecer como despesa as consequências para o ambiente. 

20 fevereiro 2021

Poluição de plástico aumentou com a pandemia

 Enquanto o consumo de combustível reduziu, assim como algumas atividades fabris, a pandemia fez aumentar substancialmente o consumo de plástico. Se por um lado a pandemia reduziu a poluição do ar e dos rios, o consumo de plástico talvez seja o ponto negativo da doença. 


A figura mostra o aumento dos serviços de compras online, incluindo comida. Junto com esta compra, mais material plástico. Como é difícil ter uma estimativa deste aumento, a explosão destas compras pode ser uma aproximação deste novo mundo. Há outro dado: a produção de lixo por família aumentou 30% nos Estados Unidos durante a pandemia. 

22 dezembro 2020

Crime contra o ambiente


O jornal The Guardian trouxe uma discussão sobre a criação de um tipo de crime contra a humanidade: o crime contra o ambiente. O jornal britânico afirma que o ecocídio corresponde a um crime internacional, assim como crimes contra humanidade, crimes de guerra e genocídio. Parlamentares suecos solicitaram que a Fundação Stop Ecocide elaborasse um projeto sobre o assunto, para coincidir com o 75o. aniversário do julgamento de Nuremberg, em 1945. 

A proposta interessa de perto nações como Vanuatu e Maldivas, que podem desaparecer se ocorrer um aumento no nível do mar em razão do aquecimento global. Segundo o jornal, o Tribunal Internacional, com sede em Haia, teria prometido priorizar os crimes contra o ambiente, a exploração de recursos naturais e a desapropriação ilegal de terras. Em 2016, o ICC já tinha indicado que avaliaria os crimes contra a humanidade em um contexto mais amplo. 

Contabilidade? - Se o ecocídio for criado, as nações devem incorporar na sua legislação. Isto pode criar possibilidades de processar as empresas infratoras em todo o mundo. Uma empresa que promova uma destruição em massa, sistemática ou generalizada poderia ser processada. Isto inclui desmatamento de floresta em grande escala, pesca ilegal ou derramamento de óleo. Além do passivo criado por tais crimes, a condenação por um tribunal internacional pode colocar em risco a sobrevivência de uma empresa. 

Poluir compensa?


Shapira e Zingales (2017) usam o caso da DuPont (discutido abaixo) para mostrar que uma decisão de poluir tem valor presente líquido positivo para os acionistas por causa do descompasso de tempo entre o momento em que a poluição ocorreu e a remediação. (...)

Primeiro, vemos que as decisões de poluir podem ter valor presente líquido positivo em comparação com o custo de redução. Em segundo lugar, as empresas podem se beneficiar de melhorias de reputação, separando-se das atividades poluidoras. Terceiro, a administração que conclui uma cisão tem oportunidade de ganhos, evitando perdas patrimoniais (...). Quarto, as assimetrias informacionais limitam a capacidade dos acionistas de precificar com precisão os passivos. Quinto, o estatuto de limitações sobre transporte fraudulento apresenta o potencial de que reservas inadequadas não serão descobertas até que tenha expirado.

Fonte: aqui

21 dezembro 2020

Explorando o espaço


Clive Thompson, autor de Coders: The Making of a New Tribe and the Remaking of the World, faz um interessante artigo sobre a monetização da fronteira espacial. É um texto bem longo, mas que vale uma leitura. 

Sobre contabilidade (afinal este é um blog de contabilidade) destaco o seguinte:

1. Ao relatar a história do espaço, sob a ótica dos Estados Unidos, Thompson destaca que nos primórdios a Nasa, a agência espacial, fazia contratos do tipo "custo mais". Ou seja, a Nasa pagaria todo o custo mais uma margem de lucro. Este tipo de contrato, comum na área militar e de espionagem, é propício para os incentivos perversos. A empresa contratada não tem interesse em ser eficiente e rápida. Na época de ouro, a Nasa chegou a ter 4,4% do orçamento do governo federal ou US$135 bilhões em moeda de hoje. 

2. A opção da Nasa pelo ônibus espacial, nos anos 80, foi uma opção cara e ao mesmo tempo modesta. O ônibus só voava até a órbita baixa da Terra. Os custos elevados e a falta de interesse político reduziu o orçamento da Nasa. 

3. Tudo isto muda com o interesse do setor privado. Até a década de 80 o satélite era um monopólio da Intelsat, um consórcio de governos. Mas em 1988 um empresário, René Anselmo, quebrou esse acordo e lançou um satélite privado. A explosão da Challenger em 1986 mostrou a decadência da Nasa e isto piorou ainda mais com outra explosão, em 2003. Assim, ao mesmo tempo que há um interesse privado pelo espaço, a agência do governo dos Estados Unidos perde sua força. Para resolver o problema de financiamento, o governo dos EUA incentiva a indústria espacial com fins lucrativos. 

4. Alguns empresários usam recursos próprios - caso de Elon Musk - ou conseguem captação de recursos para financiar novas empresas. Musk criou a SpaceX em 2002 e lançou seu primeiro foguete em 2008. Ao mesmo tempo que firmou um contrato com o governo dos EUA para venda de foguetes, a SpaceX fazia progressos tecnológicos: seus engenheiros conseguiram trazer um foguete de volta para Terra. Em outras palavras: redução de custo. Somente em 2019, investidores colocaram 5,8 bilhões de dólares em empresas espaciais. 

5. Enquanto discutimos a questão ambiental na Terra, Thompson alerta que o problema ambiental espacial é preocupante. Um dos planos de Musk é construir uma rede satélites de rápido acesso à Internet em todo o mundo. Em janeiro de 2020, a Space X colocou 60 satélites; em março, 120. Seu plano é ter 12 mil satélites circulando nosso planeta em 2027. Antes da Space X eram 2 mil satélites. Isto significa, também, lixo espacial. 

Tendo destruído o meio ambiente da Terra, a atividade comercial parece prestes a destruir a próxima fronteira: a órbita baixa da Terra.

E isto já está ocorrendo. 

Em 2009, um satélite de propriedade da empresa americana Iridium colidiu com um satélite do governo russo desativado a mais de 42.000 mph. A queda produziu 2.300 pedaços de destroços, espalhando-se em todas as direções. E os destroços são um problema particularmente difícil no espaço, porque quando está viajando a milhares de milhas por hora, até mesmo um pedaço do tamanho de uma bola de gude é como uma bala, capaz de tornar um satélite danificado inoperável e sem direção - o proprietário não pode mais disparar seus propulsores para guiá-lo em uma órbita superior ou inferior. Existem atualmente cerca de 500.000 pedaços do tamanho de mármore lá em cima. Décadas de viagens espaciais feitas por governos deixaram muito lixo, desde peças de propulsores de foguetes até fragmentos perdidos de experimentos científicos.

Isto corresponde ao que ficou conhecido como Síndrome de Kessler. Uma colisão poderia produzir tanto lixo espacial que iria desencadear uma reação em cadeia, com centenas de satélites destruídos e que formaria um anel de destroços que impediria o lançamento de novos satélites.