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Mostrando postagens com marcador Vale. Mostrar todas as postagens
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17 novembro 2023

Vale citada pela SEC no relatório de fiscalização

A Securities and Exchange Commission (SEC) anunciou ontem, 14/1, os resultados de fiscalização para o ano fiscal de 2023, informando que foi dado entrada em 784 ações de execução, resultando em quase US$ 5 bilhões em soluções financeiras e distribuiu quase US$ 1 bilhão a investidores prejudicados.

Além disso, a SEC obteve sentenças de tribunais federais, e nesta parte cita o caso de uma companhia brasileira, a Vale, relacionado aos casos de rompimento de barragens. (...)

No Brasil, o Processo Sancionador na CVM, sob nº 19957.007916/2019-38, contra a Vale ainda não foi concluído. Ele foi aberto em 19/08/2019.

De acordo com a CVM, o processo tem por objetivo a “apuração de eventuais irregularidades relativas à possível inobservância de deveres fiduciários de administradores da Vale S.A., pelos fatos relacionados ao rompimento da Barragem 1 da Mina Córrego do Feijão, em Brumadinho (MG)”.

A última movimentação ocorreu no último mês de junho, quando o colegiado sorteou “novo relator”para o Julgamento.

A tramitação pode ser consultada no Portal da CVM aqui.

Fonte: Alexandre Alcântara

16 maio 2019

Frase

É uma notícia um pouco antiga (que ficou esquecida), mas que merece concorrer ao título de besteira do ano. O título é:

Vale explica lucro pela maior geração de caixa

Como é que é? A reportagem diz que o Conselho de Administração da empresa colocou isto no seu relatório:

No relatório do conselho de administração da companhia, a Vale diz que o aumento do lucro foi resultado “principalmente da maior geração de caixa medida pelo Ebitda de R$ 12,1 bilhões”.

(Eu não vou perder tempo verificando se a notícia é verdadeira). Eles disseram que Ebitda é geração de caixa!! Você confiaria em um Conselho de Administração que diz uma besteira destas? (E eles devem ser muito bem remunerados para isto)

26 janeiro 2019

Vale e Brumadinho 2

O rompimento da barragem de Brumadinho levou um juiz a adotar uma medida de tornar indisponível e a bloquear um bilhão de reais "da Vale S/A ou de qualquer de suas filiais indicadas [...] com imediata transferência para uma conta judicial a ser aberta especificamente para esse fim, com movimentação a ser definida pelo juízo competente pelo Estado de Minas Gerais”.

Segundo a notícia:

Outras determinações foram feitas pelo Juiz de plantão, são elas: impedir que os rejeitos contaminem as fontes de nascente e captação de água [isto não faz sentido]; ter total cooperação com o Poder Público no resgate e amparo às vítimas, devendo apresentar no prazo de 48h relatório pormenorizado das medidas adotadas; iniciar a remoção do volume de lama lançado pelo rompimento da barragem, informando semanalmente ao Juízo e às autoridades competentes as atividades realizadas e os resultados obtidos; realizar o mapeamento dos diferentes potenciais de resiliência da área atingida.

O Governo de Minas também pediu a indisponibilidade das ações da empresa Vale [?] em Paris, Nova York e São Paulo, mas não foi concedido na tutela de urgência do Juiz da Vara de Belo Horizonte.


Com respeito ao bloqueio, no último balanço a empresa tinha informado um total de caixa e equivalentes de 24 bilhões de reais no consolidado e 2,8 bilhões na controladora.

Diante do fato, seria possível imaginar que a contabilidade já poderia estar lançando provisões relacionadas ao acidente que ocorreu ontem. Olhando as demonstrações de setembro a resposta seria: provavelmente não. Veja o que diz um trecho (nota explicativa 22, item d, "Contingências relacionadas ao acidente da Samarco")

Em função do estágio dos processos envolvendo o acidente da Samarco e descritos acima, não é possível determinar nesse momento um intervalo de possíveis desfechos ou uma estimativa confiável da exposição potencial para a Vale S.A. Portanto, nenhum passivo contingente foi quantificado e nenhuma provisão para os processos relacionados ao acidente está sendo reconhecida.

Vale e Brumadinho

A Vale, diante da tragédia de Brumadinho, divulgou na sua página (imagem), algumas poucas informações sobre o que ocorreu. Talvez seja cedo para ter mais informações, mas o presidente da empresa, em entrevista, afirmou que era muito mais uma tragédia humana que ambiental. Estava comparando com o rompimento de outra barragem, também em Minas Gerais, na cidade de Mariana, que provocou consequências ambientais. Afirmou também que Brumadinho tinha sido "auditada" por uma empresa alemã em setembro. Posteriormente, um grupo de técnicos da Agência Nacional de Mineração (antigo DNPM) tinha vistoriado a mesma barragem.  Em 2016, o TCU (?) tinha alertado para problemas na fiscalização das barragens no Brasil e a chance de risco de um novo problema. A barragem estaria desativada, segundo informação da Vale.

Para o presidente da Vale a pressão é grande principalmente depois que, ao assumir o cargo, declarou "Mariana Nunca Mais". Otimismo demais, comum em todos os executivos.

03 julho 2016

Samarco

São Paulo - O Superior Tribunal de Justiça (STJ) suspendeu ontem o acordo de R$ 20 bilhões assinado entre os governos federal e dos estados de Minas Gerais e do Espírito Santo com as empresas Vale e BHP Billiton para a recuperação dos prejuízos ambientais causados pelo rompimento da Barragem de Fundão, em novembro, que resultou em 18 mortos e 1 desaparecido.

[...]diante da extensão dos danos, seria "recomendável o mais amplo debate" para a solução do problema causado, com a realização de audiências públicas, com a participação dos cidadãos, da sociedade civil organizada, da comunidade científica e de representantes locais.

Homologado no dia 5 de maio, o acordo, a ser implementado no prazo de 15 anos, prevê a criação de uma fundação privada com a finalidade de adotar programas socioeconômicos, de infraestrutura, recuperação ambiental, além de medidas nas áreas da saúde, educação, cultura e lazer para a população atingida pela tragédia de 5 de novembro - 3,2 milhões de pessoas tiveram as vidas afetadas pelo mar de lama e rejeitos, de acordo com a estimativa inicial.

O acerto incluiu ainda entidades federais (Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - Ibama -, Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade, Agência Nacional de Águas, Departamento Nacional de Produção Mineral e Fundação Nacional do Índio).

[...]
A Samarco informou que vai recorrer da decisão. A mineradora disse ainda "que a decisão não afeta as obrigações contidas no acordo, que continuarão sendo integralmente cumpridas, inclusive no que diz respeito à instituição da fundação de direito privado prevista no documento". Notas semelhantes foram divulgadas pela Vale e pela BHP. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Fonte: Aqui

01 julho 2016

Samarco busca capital com reservas esgotando

A Samarco, joint venture brasileira de mineração da BHP e da Vale, procura injeções de capital de suas acionistas enquanto sofre com esgotamento de reservas após o desastre que paralisou a produção, disseram duas pessoas com conhecimento do assunto.

O caixa da Samarco acabará em agosto e serão necessárias contribuições da BHP e da Vale para a empresa seguir de pé [...].. A Samarco já começou conversas sobre a reestruturação de cerca de US$ 1,6 bilhão em empréstimos com bancos e pode adiar o pagamento de bonds até retomar as operações [...]

A atividade de mineração está interrompida desde novembro, quando o rompimento de uma barragem de rejeitos matou 19 pessoas e contaminou rios.

Após chegar a um acordo de vários bilhões de dólares com o governo em março, a empresa esperava garantir licenças para retomar as operações neste ano, mas provavelmente terá que esperar até 2017.

Enquanto isso, o estoque de minério acabou e a empresa está enfrentando ações civis e os esforços do Ministério Público Federal para impugnar o acordo de março.

A Samarco não quis comentar as discussões entre seus acionistas, a BHP não quis comentar a situação financeira da Samarco e a Vale se referiu a comentários feitos pelo diretor de Relações com Investidores, Rogério Nogueira, em 16 de junho, em que disse que a Vale só injetaria dinheiro se houvesse perspectivas de a Samarco retomar as operações.* 

A dívida da joint venture não é garantida por suas acionistas, que não pretendem fazer pagamentos em nome da empresa [...]

A Samarco contratou o JPMorgan Chase & Co para ajudá-la com as negociações de reestruturação, a BHP contratou o Rothschild & Co., a Vale está sendo assessorada pelo Moelis & Co., e os bancos que detêm a dívida da mineradora estão trabalhando com a FTI Consulting [...].

Os R$ 2,2 bilhões em títulos da venture têm pagamentos de cupom agendados para o início de setembro. As notas geraram um prejuízo de mais de 20 por cento para os investidores em junho, o pior desempenho entre as dívidas emitidas por empresas de mineração e metal monitoradas pela Bloomberg.

A Samarco informou cerca de R$ 15 bilhões (US$ 4,7 bilhões) em dívida no fim de 2015 e R$ 1,8 bilhão em caixa. Suas obrigações incluem R$ 328 milhões em pagamentos neste ano e R$ 324 milhões em 2017, disse a empresa.

“Ficar sem dinheiro é um bom motivo para reestruturar os títulos”, disse Omar Zeolla, analista da Oppenheimer & Co. em Nova York. “Mas eu acho que as acionistas apoiariam a empresa. As despesas anuais com juros não são tão altas”.

O acordo de março da Samarco inclui R$ 4,4 bilhões durante os três primeiros anos e cerca de R$ 12 bilhões durante 15 anos, com a Vale e a BHP se oferecendo para financiar qualquer insuficiência de recursos.

Na quinta-feira, o Superior Tribunal de Justiça emitiu uma liminar suspendendo uma ratificação desse acordo emitida por um tribunal regional e restaurou uma ação civil de R$ 20 bilhões. A BHP disse que vai apelar da decisão do STJ.

A Samarco tinha programado demitir cerca de 1.200 funcionários depois de junho.

*Isso também foi publicado no Relatório Anual de 2015: a expectativa de retomada de operações da Samarco.

Fonte: Aqui

01 abril 2016

Lucro das empresas caiu 87,2% em 2015

O lucro líquido das empresas de capital aberto do Brasil caiu 87,2% em 2015, lastrado principalmente pela mineradora Vale, a Petrobras e a Eletrobras, segundo um estudo divulgado nesta quinta-feira pela consultoria Economática.

O lucro das 297 companhias brasileiras com ações cotadas na bolsa de São Paulo somou RS 14 bilhões em 2015, frente aos RS 109,8 bilhões no ano anterior.

Excluindo Petrobras, Vale e Eletrobras, os lucros das companhias ano passado chegou a RS 107,4 bilhões, o que representa uma queda de 19,5% em relação a 2014, quando o lucro foi de US 133,5 bilhões.

Dos 24 setores listados, dez tiveram prejuízo em 2015 e entre eles se destacou o da mineração, que fechou o ano com um resultado negativo de US 45,1 bilhões.

[...]

O prejuízo acumulado de Vale, Petrobras e Eletrobras em 2015 foi de RS 93,4 bilhões, quase quatro vezes pior que as perdas de 2014, de RS 23,6 bilhões.

Apesar da crise aguda que o Brasil atravessa o setor bancário, composto por 25 instituições, aumentou seu lucro em 28,3%, dos RS 54,9 bilhões em 2014 para RS 70,5 bilhões em 2015.


Fonte: Aqui
Imagem: Aqui

25 fevereiro 2016

Pior prejuízo da história

Notícia do Estadão

O prejuízo da Vale em 2015, de R$ 44,2 bilhões, é o maior prejuízo já registrado por uma empresa de capital aberto desde 1986, segundo levantamento da consultoria Economatica, que só tem dados a partir daquele ano. Os dados foram ajustados pela inflação oficial medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) até dezembro de 2015.

Prejuízo de 12 bilhões na Vale

A Vale acaba de divulgar seu resultado de 2015. Destaque para o prejuízo de 12,1 bilhões, sendo que 7,5 bilhões são originários de variações monetárias e cambiais, 8,9 bilhões de impairment. Como o lucro bruto caiu de 12,5 bilhões, em 2014, para 5,1 bilhões, em 2015, os efeitos das variações e do impairment foram decisivos para o prejuízo da empresa. O resultado só não foi pior em razão do crédito do imposto diferido, de 5,5 bilhões.

Em 2014 a receita da empresa foi de 38,2 bilhões; no ano de 2015 uma queda 32%, em especial a venda de minérios de ferro, o principal negócio da empresa. A empresa vendeu menos para China (3,5 bilhões) e no mercado interno (2,2 bilhões). Mas a principal explicação da redução da receita foi o recuo no preço do minério: queda de 41% no preço de referência.

Apesar do prejuízo, o fluxo das atividades operacionais foi positivo: 4,5 bilhões (versus 13 bilhões em 2014). A diferença entre o prejuízo e o FCO é explicada pelo fato de que os efeitos do impairment não entram no FCO.

P.S. (valores em US$)

29 janeiro 2016

Vale e dividendos

A Vale informou nesta quinta-feira (28) que irá apresentar uma proposta ao Conselho de Administração da empresa para não distribuir dividendos aos seus acionistas durante o ano de 2016. A mineradora apontou como motivo a "volatilidade nos preços das commodities minerais".

"À medida que o cenário esteja melhor definido e, em havendo geração de caixa suficiente", acrescentou a empresa, "o Conselho de Administração poderá decidir pela distribuição de remuneração aos acionistas."

A empresa informou também que irá propor ao conselho uma revisão da atual política de remuneração ao acionista, com o objetivo de alinhá-la ao "ambiente de maior incerteza nos preços das commodities".

[...]

"A nova política, que deverá estar em linha com os direitos econômicos assegurados pelo Estatuto Social da Vale e com o novo cenário de mercado, será apresentada em momento oportuno, nos termos da legislação societária em vigor."

Queda na bolsa
A Vale foi a empresa com ações negociadas na Bovespa que mais perdeu valor de mercado em 2015, segundo levantamento realizado pela Economatica. A empresa perdeu R$ 45,9 bilhões em valor de mercado, passando de R$ 107 bilhões no final de 2014 para R$ 61,6 bilhões no final do último pregão de 2015. [...]

Em 2016, o preço das ações preferenciais da empresa vem atingindo mínimas desde 2004 nos últimos pregões da bolsa, com preocupações sobre o preço internacional do minério e também a economia da China.

Isso acontece porque, ao crescer menos, a China passa a importar menos minério de ferro do Brasil e de outros países, já que precisa de menos insumos para a produção industrial. A commodity é o principal produto de exportação da Vale e o mercado chinês, seu maior comprador. A queda na demanda pelo minério de ferro no mundo faz seus preços caíram, afetando as ações da mineradora. [...]

A desvalorização das ações da mineradora acontece ainda em meio às investigações sobre a causa da tragédia ambiental em Mariana (MG) após o rompimento de uma barragem da Samarco - cujos donos são a Vale e a BHP Billiton.

[...]

Fonte: Aqui

29 abril 2014

Curso de Contabilidade Básica: Fatos que podem influenciar o resultado futuro da empresa

Após a publicação de uma demonstração contábil muitos eventos podem ocorrer que irão influenciar o desempenho de uma empresa. Alguns destes eventos já deveriam ser esperados por parte da empresa, como uma mudança na lei, um aumento de investimento ou a revogação de um direito. Uma grande empresa provavelmente já fez uma análise destes eventos e seus efeitos sobre o desempenho futuro. E certamente informou a seus investidores. O foco deste tipo de informação são as notícias negativas. E existe uma razão para isto: é um alerta ao investidor que o desempenho futuro poderá ser prejudicado por este evento.

Considere a recente decisão da República da Guiné, um país da África Ocidental, de cassar a concessão das minas de Simandou e Zogota. Esta concessão era um direito da empresa Vale. Segundo a notícia, a decisão decorre da

conduta fraudulenta da BSGR Resources Limited, sócia da mineradora brasileira no projeto. Em nota, a Vale revela que um relatório da comissão técnica do governo africano concluiu que as concessões foram contaminadas por atos de corrupção da BSGR, do empresário israelense Beny Steinmetz, que era o dono integral das concessões antes da entrada da Vale na joint-venture.

Neste caso, espera-se que a empresa já tivesse conhecimento desta possibilidade de cassação do direito, assim como seria natural que a empresa divulgasse uma nota para seus investidores. Sobre o primeiro aspecto, eis o que informa o relatório anual da empresa de 2013:


Ou seja, o investidor não pode considerar que foi surpreendido com a notícia. O investimento da empresa na Guiné corresponde a um ativo imobilizado de US$1,4 bilhão, conforme informa a empresa no mesmo relatório. Mais adiante a empresa afirma:

Com respeito a divulgação de uma nota, aqui existem problemas. O texto do Estado de S Paulo de sábado informa que a empresa divulgou uma nota e informa que provavelmente a empresa deverá fazer uma baixa de US$500 milhões. Observe que este valor é menor do que aquele constante do relatório anual da empresa.

27 fevereiro 2014

Efeito Refis

A Vale registrou prejuízo de R$ 14,868 bilhões no quarto trimestre de 2013, após assumir (1) uma dívida de R$ 22 bilhões com o Refis, referente ao pagamento de Imposto de Renda de controladas no exterior. A perda (2) é maior do que a esperada pelo mercado e praticamente zerou os ganhos dos trimestres anteriores, levando a mineradora a um lucro de apenas R$ 115 milhões em 2013, contra um lucro de R$ 9,7 bilhões em 2012. Excluído o efeito do acordo com o governo para adesão no Refis, a Vale teria obtido um ganho (3) de R$ 26,47 bilhões em 2013 e um resultado positivo de R$ 3,7 bilhões no quarto trimestre –inferior ao registrado no terceiro trimestre (R$ 8,3 bilhões, usando o mesmo critério do chamado lucro básico, que desconta alguns efeitos atípicos). No quarto trimestre do ano passado, o lucro havia sido de R$ 7,95 bilhões

(1) ou seja, registrar o passivo
(2) prejuízo, não perda.
(3) ou seja, lucro

31 dezembro 2013

O Refis da Vale

Um texto do Valor Econômico discute o Refis da empresa Vale (De quem é a conta do Refis da Vale). A empresa aceitou pagar 14 bilhões de reais de impostos. Segundo o jornal, por culpa da gestão anterior.

A decisão inicial foi a de fazer o planejamento tributário para deixar uma parcela relevante do lucro em diferentes países da Europa para reduzir a alíquota efetiva de Imposto de Renda. Em vez de pagar 34% sobre o lucro no Brasil, a empresa conseguia pagar apenas 17% em países como a Áustria. Uma opção agressiva, ao estilo do presidente anterior, que carregava os riscos que se materializaram depois, com a sequência de autuações.

Esta decisão foi tomada tendo por base, provavelmente, pareceres de especialistas em planejamento tributário. Pelo visto deu errado. Mas não se delega responsabilidade; então, o antigo presidente seria o responsável pelo risco tributário da empresa.

Já a segunda decisão não desce bem até hoje para a atual administração da mineradora. E tem relação com a impetração de um mandado de segurança na Justiça para evitar a cobrança do IR e CSLL sobre o lucro no exterior, mesmo antes de ter sido autuada.

A única vantagem dessa decisão, se diz, seria, em caso de derrota na causa, não precisar pagar multa e juros ao longo do período em que o mandado estivesse valendo.

Mas se a empresa considerava o pagamento do principal indevido, para que se preocupar com multa e juros? Multa e juros sobre zero, daria zero.

Outras grandes empresas tomaram decisão diferente da Vale. Não recolheram o tributo e aguardaram a autuação para debater o assunto no âmbito administrativo, que costuma ser mais amigável para os contribuintes, uma vez que eles têm igualdade de assentos entre os julgadores - embora não o voto de Minerva.

A experiência mostrou que outras empresas foram mais felizes.

Sorte da mineradora que o governo decidiu abrir o Refis, ou que tenha sido forçado a negociá-lo, por necessidade de alcançar o superávit primário deste ano. Caso contrário, a Vale corria o risco não desprezível de ter que pagar uma conta de R$ 45 bilhões, ou mais de um quarto de seu patrimônio líquido.

30 novembro 2013

Vale e Refis

A reação do mercado financeiro à decisão da Vale de aderir ao Refis, programa de refinanciamento de dívidas tributárias do governo federal, foi positiva. A mineradora liderou ontem as altas do Ibovespa - principal índice da bolsa paulista com avanço de 2,7% das ações preferenciais e de 2,8% das ordinárias.

Na noite de quarta-feira, a empresa anunciou a adesão ao Refis com o pagamento de R$ 22,325 bilhões, sendo R$ 5,965 bilhões à vista, e mais R$ 16,360 bilhões em 179 parcelas mensais, corrigidas pela taxa básica de juros, a Selic.

A agência de classificação de riscos Moody’s considerou positiva a adesão, pois materializa a quantia que será paga e resolve um risco envolvendo a empresa. Para a agência, o montante será acomodado no perfil de caixa e liquidez da empresa e não exigirá um aumento significativo de sua dívida.

A Fitch também recebeu bem a notícia e manteve as notas de probabilidade de inadimplência da mineradora. Em valor presente líquido, a perda econômica associada ao acordo é de aproximadamente US$ 6,3 bilhões, segundo a agência.

Nos cálculos do banco BTG Pactuai, no entanto, a Vale poderá ter prejuízo de US$ 5,7 bilhões no quarto trimestre por causa da adesão ao Refis. Segundo o banco, os ganhos de todo o ano de 2013 deverão ser reduzidos em US$1,3 bilhão.

(...) Apesar da adesão ao Refis, o presidente da Vale, Murilo Ferreira, deixou claro na noite de quarta-feira que a empresa não desistiu de questionar na Justiça a fórmula de cálculo do governo para a tributação de lucros de suas coligadas no exterior. O julgamento do processo, que pode beneficiar a mineradora, foi suspenso no Superior Tribunal de Justiça (STJ) na terça-feira,

Com a suspensão da decisão, que envolve R$ 30 bilhões, a empresa ficou em um impasse em relação ao Refis. No entanto, a companhia preferiu aderir ao programa de forma preventiva. Caso a decisão do STJ lhe seja favorável, a Vale deve apenas suspender o pagamento das parcelas. Os valores já pagos - como os quase R$ 6 bilhões que serão desembolsados imediatamente - poderão ser revertidos em créditos tributários. (...)


Ações da Vale sobem após adesão ao Refis - O Estado de S. Paulo - 29/11/2013 (Cartoon aqui)

21 setembro 2012

Vale

Entre as 27 empresas brasileiras com ações negociadas em bolsas de Nova York, a mineradora Vale é a única que segue usando o padrão contábil americano, conhecido como US Gaap, no documento anual de informações (20-F) entregue para a Securities and Exchange Commission (SEC), a comissão de valores mobiliários americana.

Todas as outras passaram a usar o modelo internacional IFRS, conforme permitido pelo regulador americano desde o fim de 2007 para empresas estrangeiras.

Ao apresentarem o balanço de 2011 no 20-F entregue este ano, foi a vez de Petrobras, Itaú e Bradesco se juntarem às demais empresas brasileiras, que já tinham decidido abandonar o US Gaap.

A maioria das empresas nacionais passou a usar apenas o IFRS já para o balanço de 2010, entregue no ano passado. Aquele também foi o primeiro exercício em que todas as companhias do Brasil adotaram obrigatoriamente o conjunto integral de normas contábeis internacionais.

Procurada pelo Valor, a SEC informou que mais de 300 empresas, de um total de 965 emissores estrangeiros registrados, já estão usando o padrão internacional.

A Vale foi questionada sobre a decisão de manter a divulgação em US Gaap e se isso teria relação com o fato de a norma contábil do IFRS sobre indústria extrativa ainda estar em discussão. Por meio de nota, a mineradora negou que a decisão tenha relação com isso e ressaltou que também traduz o balanço em IFRS envia para a SEC, ou seja, divulga nos dois padrões também nos Estados Unidos. "A nossa avaliação foi que os nossos investidores estavam mais acostumados com o modelo US Gaap e precisavam de tempo para se familiarizar com o novo modelo", afirmou a companhia.

Sem marcar data, a Vale diz, no entanto, que a tendência é que no futuro fique só com o IFRS.

Renê Coppe Pimentel, coordenador acadêmico do MBA Relações com Investidores da Fipecafi e do Ibri, diz que grandes empresas e bancos chegam a ter equipes com 15 a 20 pessoas só para atender regras ligadas à contabilidade internacional e formulários da SEC. "É bastante clara a economia de custo para a empresa", afirma, sobre as companhias que ficaram com um único balanço.

As empresas, por sua vez, até admitem que existe redução de gastos, mas garantem que esse não foi o principal fator que determinou a decisão de ficar apenas com o IFRS.

"Se tem um processo a menos, tem uma redução de custo. Mas é a homogeneidade da informação que faz uma diferença enorme. Se tiver um conjunto de princípios que levam a números diferentes, isso gera desinformação", afirma Rogério Calderon, diretor de controladoria do Itaú.

Alexsandro Broedel, diretor de controle financeiro do banco, acrescenta que a busca pela convergência também pode ser vista no balanço brasileiro, que segue as regras do Banco Central. "No que as que as normas locais permitem que se siga o IFRS, como em instrumentos financeiros, a gente aproxima", afirma.

Em nota, a Petrobras disse que a decisão não se deveu apenas a custos, mas para evitar o uso de dois padrões e para a seguir a tendência mundial de uso do IFRS. A companhia destacou, entretanto, que apesar de não ser obrigatório, divulgou o balanço em dólares. (FT)


Vale é a única que ainda usa padrão dos EUA - 21 de Setembro de 2012 - Valor Econômico