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13 fevereiro 2014

Bibliografia

Por Ticiano D’Amore* via PosGraduando

No meio de uma aula de Teoria da Pesquisa, disciplina obrigatória do Doutorado em Administração da UFRN, uma colega de sala comentou que na nossa área às vezes temos a oportunidade de conhecer pessoalmente autores que estamos pesquisando. A professora complementou comentando uma ocasião em que dançou com a “bibliografia”. A expressão “dancei com a bibliografia” ficou me martelando o resto do dia até que no fim da tarde, quando terminei de dar minhas aulas na Escola de Música da UFRN a qual sou lotado, me veio a inspiração para essa canção…

[...]

Para cantar junto:



CONHECI A BIBLIOGRAFIA
Ticiano D’Amore

Pesquisava lá no meu quartinho uma autora em particular
Meu artigo estava no caminho, minha tese para terminar
Esta fonte era o que faltava pra amarrar de vez a minha ideia
No seu livro a solução estava, era o fim de tanta cefaleia
Um amigo me comentou: “tem uma festa no departamento.
Quem chamou foi o orientador!”
E eu fui lá pra relaxar por um momento e não acreditei!
Lá estava a bibliografia, a autora que eu tanto lia
Lá estava a bibliografia, falar com ela é tudo que eu queria
Respirei e não perdi tempo, fui elogiar sua pesquisa
Era tanto conhecimento, era tanta informação precisa
Ela pareceu encantada e eu não quis mais lhe incomodar
Fui batendo em retirada,
Só que ela me puxou, me convidou para dançar e eu fui
Eu dancei com a bibliografia, a autora que eu tanto lia
Eu dancei com a bibliografia, falar com ela é só o que eu queria
Eu dancei com a bibliografia, tudo o que eu dizia ela ria
Eu dancei com a bibliografia, nem notei o quanto ela bebia
“Já pensou que loucura? Você numa festa, e de repente você encontra a sua bibliografia! Sim, a autora que você está pesquisando, essa é pra pensar!“
Cada dose que ela tomava, mais ela grudava em mim
Voltar pra minha tese precisava, vi que não seria fácil assim
Expliquei todo o meu aperreio pois o prazo estava terminando
Quando vi que já não tinha meio
Chamei ela pra estudar no meu quartinho, ela topou então
Eu deitei com a bibliografia, a autora que eu tanto lia
Eu deitei com a bibliografia, estudei até raiar o dia
Eu deitei com a bibliografia, como eu gosto da academia!
Eu deitei com a bibliografia, nem o Popper me falsearia, não!
Eu deitei com a bibliografia, a autora que eu tanto lia
Eu deitei com a bibliografia, estudei até raiar o dia
Eu deitei com a bibliografia, minha pesquisa enfim acabei
Eu deitei com a bibliografia, foi assim que eu depositei

_______________________________________
*Ticiano D’Amore é músico, humorista, doutorando em Administração pela URFN e professor da Escola de Música da UFRN. Para conhecer mais sobre o seu trabalho acesse: www.ticianodamore.com.


22 março 2013

Os Setes Pecados dos Trabalhos de Graduação

Ao longo da minha carreira de docente venho solicitando aos alunos de graduação que façam artigos técnicos. Isto representa um grande trabalho de leitura e uma angustia na correção dos textos. A partir da minha experiência elaborei uma lista dos sete pecados mais comuns num trabalho de um aluno de graduação.

1 – Plágio
Este é um problema sério. Em muitos casos os alunos pensam que o professor não irá ler o trabalho. Ou que ele não irá desconfiar que “tomou emprestado” um texto de outro autor e não citou a fonte. Como meu aluno é muito alertado sobre a gravidade do problema, é lamentável ter que descobrir a ingenuidade em achar que pode passar despercebido. Uma vez que tenho uma grande experiência na leitura de trabalhos, é muito fácil de pegar o aluno desonesto. Infelizmente eu tenho percebido que sou uma exceção. Em alguns locais, como no segundo grau, o plágio é até incentivado. Em outras situações, como meus colegas não fazem uma leitura atenta – ou não fazem uma leitura – o plagiador é premiado.

2 – Falta de Foco
Muitos trabalhos são amplos demais. Tentam abarcar um grande número de questões, sem tratar de maneira adequada de nenhuma delas. Um dos temas que trato na minha disciplina é sobre a história da contabilidade no Brasil. Com base neste tema, o aluno não delimita o assunto, tratando de um período específico, por exemplo. O resultado é desastroso.

3 – Juízo de Valor
Aqui o aluno confunde defender um argumento com tomar partido sobre um assunto. Um tema como “Contabilidade Fiscal” geralmente é acompanhado por uma crítica a estrutura tributária brasileira. E o texto passa a ser uma defesa da pobre empresa, que paga muito imposto, ou uma crítica do excesso de burocracia.

4 – Referencial
O acesso à internet possibilitou que os alunos tenham acesso a muitas informações. Mas isto não significa qualidade. Em lugar de escolher um bom artigo publicado num periódico científico, o aluno usa textos escritos em sítios jurídicos ou de administração. Nada contra, mas não são científicos. É bem verdade que um aluno de graduação possui pouco discernimento para separar o trigo do joio, mas eu tento comentar sobre o assunto em sala de aula. Parece que a atração por textos fáceis é maior que a linguagem excessivamente técnica de um artigo.

5 – Atração pela pesquisa bibliográfica
Trabalhos bibliográficos são extremamente difíceis de serem feitos. E a chance da qualidade não ser adequada é muito grande. Talvez em decorrência do tipo de trabalho que os alunos fizeram no ensino médio, a pesquisa bibliográfica acaba sendo um atrativo. Na quase totalidade são textos ruins.

6 – Estrutura ruim
A estrutura de um trabalho acadêmico geralmente é composta por uma introdução, uma revisão bibliográfica, o proceder metodológico, a análise e as conclusões. Simples assim. Mas dois fatos acontecem aqui: (1) esta estrutura não é muito adequada para certos tipos de trabalhos (pesquisa bibliográfica, por exemplo); e (2) muitas vezes o aluno anota a sequência errada e recebo trabalho onde a metodologia está no final ou algo do gênero.

7 – Forma
Apesar da “essência sob a forma”, qualquer professor sincero irá reconhecer que a forma também influencia na percepção da qualidade do trabalho. Isto inclui formatos das tabelas, gráficos legíveis, texto justificado à direita, letra que não seja “Arial”, formatação idêntica ao longo de todo o trabalho, entre outros aspectos.

Mas apesar dos problemas, muitas vezes encontro trabalhos excelentes. Alguns deles, eu compartilho as conclusões com os leitores do blog. Estas exceções induzem a solicitar, a cada semestre, um trabalho acadêmico para meus alunos.

20 agosto 2011

Bloqueio de escritor

Por Isabel Sales

Nas últimas semanas conversamos sobre alguns problemas que criam o bloqueio de escritor: depressão, impaciência, perfeccionismo e procrastinação.

Eu terminei recentemente a minha dissertação e, infelizmente ou não, passei por todos os estágios descritos. Tive problemas pessoais, perdi uma pessoa importante, surtei, travei, chorei. Como ajuda de experiências pessoais acrescento aos relatos de Peg Boyle que:

-Se eu não tivesse me pronunciado e falado com alguém que eu estava com problemas, não teria recebido o apoio necessário para superar certas limitações que não caem bem com a pós-graduação.

- Se eu não tivesse marcado de estudar com uma amiga e ela não me desse bronca nos dias em que tentei faltar (é natural ficar cansado, mas a rotina é essencial), não teria produzido tanto. Então acredite no poder do parceiro de estudos, mesmo que o trabalho de vocês seja completamente diferente.

- Se eu não fizesse um relato praticamente diário para um bom amigo, que não entendia nada de contabilidade, mas sabia observar o meu progresso, também teria enrolado outras tantas vezes. Só de pensar em prestar contas eu apertava o passo.

- Se eu não conversasse com o meu orientador para que ele entendesse o que eu estava passando e assim pudesse me ajudar, meu trabalho seria desastroso. Comunicação sem ruídos é fundamental. Inclusive, cheguei até a marcar reunião com ele, de quem me tornei fã indiscutível, sem uma pauta específica, somente por saber que conversar sobre o trabalho iria me reanimar.

- Por fim, em outras circunstâncias eu negaria isso até a morte, mas vou confessar a vocês, meus queridos leitores, que colei frases de incentivo por todo o meu local de estudo (com direito a colagem e glitter). Também peguei o hábito de ir rascunhando os agradecimentos, epígrafe, qualquer pedacinho do trabalho porque às vezes isso me colocava no embalo para escrever as seções. Não deixem a revisão da escrita, das normas ABNT (ou as que se aplicarem à sua instituição) para a última hora. Utilize isso como fuga quando não conseguir escrever o referencial ou analisar os resultados.

Por fim espero que as postagens sobre bloqueio de escritor os ajudem. Tenham uma ótima produção científica!

30 junho 2011

O que deve conter um resumo?

Já comentamos em postagem anterior o conteúdo de uma conclusão e de um título. Hoje, algumas observações sobre o resumo.

Talvez o melhor conselho é observar os periódicos que são publicados pela Emerald. Esta editora padronizou o resumo onde os autores devem apresentar:

a) Propósito – ou seja, qual a finalidade do texto? Observem que este termo é mais abrangente que o “objetivo”, mas existe aqui uma similaridade.

b) Desenho/Metodologia/Abordagem – Aqui o destaque é para como foi realizado o trabalho. É importante notar que os principais autores de periódicos científicos não estão preocupados em classificar a pesquisa. O importante é informar como foi feita a pesquisa.

c) Achados – O que foi encontrado com a pesquisa. Alguns autores procuram esconder do leitor às descobertas, tentando induzir a leitura completa do artigo. Eles deveriam escrever novelas ou romances de suspense, não um texto científico. Dos itens que devem compor o resumo, este deveria ser o de maior destaque.

d) Implicações práticas – em outras palavras, queremos saber o efeito prático da pesquisa. Como a pesquisa pode ajudar na melhoria do nosso mundo. Provavelmente este é um item difícil de ser escrito.

e) Originalidade/valor – O que a pesquisa diferencia das demais.

É interessante notar que a estrutura proposta pelos periódicos da Emerald termina sendo um bom guia prático para fazermos nossos resumos.

Em geral, os autores dão pouco valor ao resumo. Mas isto não deveria ocorrer por duas razões. Em primeiro lugar, é cada vez maior o número de congressos e periódicos que faz uma primeira triagem no resumo. Se o assunto parecer pouco relevante, por exemplo, o texto é descartado. O segundo motivo para que o resumo seja importante é que ele atrai o leitor. Encontrando um artigo que me interesse, pela leitura do título, leio o resumo para verificar se realmente posso gastar meu tempo na sua leitura. Observem que em postagem anterior a leitura do resumo aparecia em segundo lugar num roteiro para leitura de um artigo.

A primeira impressão é aquela que fica. Isto diz tudo sobre a relevância do resumo.

04 junho 2011

P.S. Invadindo o mundo da tecnologia da informação

P.S. Invadindo o mundo da tecnologia da informação – Parte 3 - Por Isabel Sales

Ainda como o “modo organização” ligado, me indicaram mais alguns programas que repasso a vocês (continuação dessa postagem):


Programas:

Zotero: Um software gratuito “complemento para o Firefox capaz de catalogar páginas da internet automaticamente e manter organizada a coleção de itens de sua preferência”. É possível utilizar as normas ABNT! Mais informações: aqui.

Mendeley: Organiza os seus arquivos, cria as referências automaticamente, disponibiliza, assim como o Dropbox, espaço de armazenamento on line. É um programa gratuito e disponível para iPads, iPhones... Parece ser muito bom! Assim que possível vou testar. Por enquanto me contento com as avaliações de vocês!

Eu, particularmente, instalei o JabRef e estou satisfeita. Mas, para que gosta de pesquisar mais antes de escolher um programa, ficam as dicas. Aqui um link do Wikipédia (em inglês) comparando vários softwares de gerenciamento de referências.

Agradeço a participação dos leitores, em especial as dicas do André Andrade.


Parte 1 (Agregador de Feeds): aqui
Parte 2 (Dropbox): aqui
Parte 3 (JabRef): aqui
Parte 4 (Plagius): aqui

21 fevereiro 2011

O que deve ter uma "conclusão" de um trabalho científico? II

Uma leitora faz a seguinte pergunta sobre a conclusão:

Até que ponto podemos dar nossa opinião sincera sobre os achados? Como no Brasil eles prezam muito a impessoalidade, fico sem saber opinar e optava pela receita errada de colocar um resuminho + as sugestões para futuras pesquisas. Eu posso, por exemplo, escrever: "tal resultado ocorreu provavelmente em decorrência a isso e aquilo"? Posso incluir esse provavelmente, como nos textos estrangeiros?`Ou essa opinião é um meio termo entre isso e a impessoalidade?
Observe que não podemos confundir o tempo verbal com a opinião. No Brasil é costume empregar o impessoal (“utilizou-se”), ao contrário dos textos estrangeiros (“utilizamos”). A única regra, em minha opinião, é ser coerente: se começou usando o impessoal no texto, todo o texto deve estar no impessoal.

A opinião sobre os achados deve ser coerente com o que foi encontrado. Neste caso, é importante não deixar nenhuma possibilidade de lado. Como fazemos isto? Em lugar de afirmar que “tal resultado ocorreu em decorrência disto” usar sua sugestão: “tal resultado ocorreu provavelmente em decorrência disto”. A razão para usar o “provavelmente” é simples: o conjunto de limitação existente na sua pesquisa.

12 fevereiro 2011

Pecados na Produção Científica

Pecados na Produção Científica - por Isabel Sales

Você sabia que se você formular um problema de pesquisa o qual eu possa responder com um simples “não” diminui a qualidade do seu trabalho? Você sabia também que nas conclusões de sua pesquisa você não pode, na tentativa de valorizá-la, acrescentar informações que não foram trabalhadas ao longo do trabalho?

Ano passado recebi uma indicação de leitura do professor Cláudio Santana que vale a pena ser repassada: Produção Científica em Contabilidade no Brasil: Dez “Pecados” Mais Frequentes.

Os professores Martins e Theóphilo ressaltaram a importância de um artigo bem escrito, bem como os erros que podem prejudicar seriamente sua qualidade:

1. Não atendimento de quesitos fundamentais do assunto-tema-problema: o tema de estudo deve ser importante, original e viável. Não se norteie apenas por um trabalho que seja “publicável”.

2. Inadequação na elaboração do problema de pesquisa: um exemplo de problema de pesquisa mal formulado é aquele que pode simplesmente ser respondido por um “sim” ou “não”; ou que acrescentam algum juízo de valor a pergunta (isso é melhor que aquilo?).

3. Trabalhos sem passado: trabalhos que não apresentam as discussões relevantes sobre o tema ou como o debate se encontra no estágio atual.

4. Trabalhos nem abrangentes, nem aprofundados: uma pesquisa tem que privilegiar um ou outro. Um levantamento, por exemplo, será abrangente. Já de um estudo de caso espera-se aprofundamento.

5. Inadequação na sustentação teórica do estudo: um trabalho precisa de um referencial teórico robusto.

6. Inadequação na utilização das fontes que dão apoio ao estudo: uma pesquisa científica deve utilizar fontes diversas. (Não utilize apenas livros ou leis. Baseie-se em dissertações e teses, assim como artigos científicos publicados em bons periódicos. Se você utilizar a internet da sua Universidade provavelmente terá acesso, por meio do portal de periódicos da Capes, aos journals internacionais que a princípio cobram por seu conteúdo).

7. Pouca atenção para com aspectos de confiabilidade e validade dos estudos.

8. Crença na auto-explicação dos testes estatísticos.

9. Deficiências na enunciação das conclusões dos estudos: muitas vezes são acrescentadas às conclusões análises que ultrapassam o que foi observado no desenvolvimento da pesquisa.

10. Pecado coletivo: é necessário que os pesquisadores não sigam tanto um modelo predeterminado e ousem um pouco mais.

O artigo mencionado foi publicado pela Editora Atlas no livro “Educação Contábil: Tópicos de Ensino e Pesquisa”, organizado por Jorge Lopes, José Ribeiro Filho e Marcleide Pederneiras.

23 janeiro 2011

Mais sobre o projeto de pesquisa

Após a postagem “para começar o projeto de pesquisa”, senti a necessidade de acrescentar mais algumas informações presentes no livro de Nicholas Walliman “Your Research Project”. Isso porque na empolgação do momento embolada com a areia escorrendo pela ampulheta, esquecemos-nos de nos atentar a pontos óbvios e importantes do nosso trabalho.

Para quem esta se iniciando no mundo acadêmico, essa postagem serve como uma rapidíssima aula de metodologia. Para os mais experientes, cairá como uma lista de checagem do que foi utilizado, ou não. Vamos lá!

Título: tem a função de agregar a essência do trabalho. Use poucas palavras: duas linhas bastam. Evite frases com “uma investigação sobre”, “um estudo de”, “aspectos da”, já que são atributos óbvios de uma pesquisa.

Lembre-se: O título será a vitrine do seu trabalho. Com ele, seu público-alvo saberá o que esperar daquela leitura.

Objetivos: são uma introdução ao coração do projeto. Saiba explicar em algumas linhas o que você fará em seu trabalho. Não exagere. Disponha de tempo para que o resultado final não precise ser alcançado em apenas alguns minutos. Permita-se experimentar novas formas, trocar as frases, buscar outras abordagens até que se decida pelos objetivos mais apropriados.

Escolha apenas um objetivo geral. Mais que um significa múltiplas pesquisas. Ao apontar os objetivos específicos, utilize apenas ações principais para a sua pesquisa. “Baixar os dados da amostra”, por exemplo, não deverá ser considerado um objetivo específico. Isso deverá ser descrito na metodologia da pesquisa.

Referencial teórico: é necessário explicar ao leitor a sua proposta e o contexto no qual o problema de pesquisa surge. Você deverá demonstrar que está ciente dos fatores mais importantes que cercam o seu problema e da literatura que significativamente relata isso.
  • Não conclua que seu leitor conhece bem o assunto discutido;
  • Não simplesmente jogue as citações em forma de parágrafos. Saiba tornar o texto fluido e agradável. Utilize uma estrutura lógica.
  • Use as referências de forma eficiente. Não exagere. Seu projeto deve ter em torno de 25 páginas ao todo.
Problema de pesquisa: deve ser o foco da sua proposta, o ponto mais importante. Assim, evite perguntas muito genéricas cujas respostas sejam simplesmente “sim” ou “não”. Saiba valorizar o seu trabalho elaborando uma questão definida e delimitada de forma precisa.

Delineamento da metodologia: essa parte da proposta explica de forma breve o que você pretende fazer para desenvolver sua pesquisa. Pode ser importante que você descreva como terá acesso a certos tipos de informação. Se há problemas de acesso, descreva como serão solucionados. Se você recebeu acesso privilegiado a informações restritas ou obscuras, isso deverá ser reportado.
Cada pesquisa é diferente em sua descrição da metodologia, tendo em vista ser tecida especificamente para a coleta e análise de dados de um problema específico.

Resultados possíveis: o seu projeto é algo como um contrato no qual você se compromete a realizar determinadas tarefas com propósitos definidos. Portanto, controle a sua vontade de exagerar as promessas na tentativa de valorizar o seu trabalho. Apesar de você não conseguir prever quais serão os resultados exatos (se pudesse, pouca razão haveria em continuar a pesquisa), você deverá tentar ser relativamente preciso quanto a natureza e a extensão dos resultados. Certifique-se que os resultados se relacionam diretamente aos objetivos de pesquisa que você relatou no início do projeto. Você poderá ser mais genérico quando descrever o significado geral dos resultados


Lembretes adicionais:
- Sempre verifique as regras formais do seu programa de pós-graduação.

- Preste atenção nos tempos verbais. Seja consistente.

- Peça para que outros colegas de confiança leiam seu trabalho. Comentários diferentes são essenciais, desde que você saiba filtrar corretamente.

- O título, o objetivo e o problema de pesquisa têm necessariamente que estar alinhados entre si.

- Não desperdice tempo. Escreva o seu projeto de uma forma com que ele possa ser utilizado na dissertação sem trabalhos adicionais.

16 janeiro 2011

Para começar o projeto de pesquisa

Para começar o projeto de pesquisa - por Isabel Sales

O primeiro passo para se iniciar uma dissertação é elaborar um projeto de pesquisa. Começar a escrever talvez seja um dos momentos mais difíceis, no qual a ansiedade e o perfeccionismo conspiram para que o “branco de escritor” predomine. Para ajudar, sugiro o passo-a-passo elaborado por Nicholas Walliton em seu livro “Your Research Project”:

- Faça um levantamento de pesquisas diversas para identificar a sua área de estudo.

Postagens anteriores para inspirar:
Como ler um artigo acadêmico
Como achar um tema para uma pesquisa
Como escolher um tema para a monografia ou TCC


- Concentre-se em sua área, defina um problema de pesquisa e o transforme em uma pergunta ou hipóteses. Com base nisso formule também o título.

- Explique como a sua pesquisa irá se dirigir ao problema de pesquisa. (Como exercício, antes de escrever, explique a sua pesquisa em voz alta. Suas ideias poderão ficar mais claras).

- Decida como o problema pode ser pesquisado e desenvolvido na prática:
De que informações você irá precisar? Onde ou com quem conseguir essas informações? Qual equipamento ou software será adequado?

- Descubra quais técnicas de coleta de dados e qual metodologia de pesquisa serão as mais adequadas para te ajudar.

- Descreva, de forma breve, os resultados esperados e como as conclusões serão apresentadas. Verifique quais são os requisitos que seu programa de pós-graduação exige.

- Apresente a projeção de um cronograma de trabalho. E seja realista.

Lembre-se: primeiro escreva as suas ideias. Preocupe-se com forma e gramática em um momento posterior. Se o seu português não for bom, contrate um profissional para corrigir seus deslizes. Mesmo a mais brilhante das ideias será ofuscada por erros de concordância.

17 dezembro 2010

Como achar um tema para uma pesquisa?

Em postagens anteriores já comentei sobre como ler um artigo acadêmico e como escolher um tema para monografia.

Na minha faculdade gosto de orientar alunos que não possuem tema para fazer seu trabalho final de curso (no caso de aluno de graduação) ou que gostem das grandes áreas que eu costumo pesquisar (para alunos da pós-graduação). As pessoas parecem que já sabem da minha capacidade razoável de descobrir temas para uma pesquisa. Qual o segredo?

A palavra-chave é leitura. Através da leitura, de trabalhos científicos a textos de blogs na internet, nós encontramos perguntas interessantes que merecem serem respondidas através de uma pesquisa mais profunda. Mas o termo é muito amplo e irei detalhar mais nesta postagem.

1. Leia as Considerações Finais - A primeira forma de encontrar um tema para uma pesquisa na contabilidade é ler os artigos recentes que foram publicados em bons periódicos ou nos melhores portais de pesquisa. Se você gostou da pesquisa que leu, estude com atenção a parte final do texto. Nela, alguns autores fazem sugestão para pesquisas futuras, abordando aspectos que não foi possível discutir na pesquisa publicada. Geralmente são sutilezas da pesquisa, mas que podem comprovar as conclusões dos autores ou podem refutá-las. Entretanto, muitas vezes, ou os autores não trazem estas sugestões de pesquisas futuras ou as sugestões estão fora do alcance, seja pela dificuldade de executá-las.

2. Leia com atenção o desenho da pesquisa – Verifique o que os autores fizeram e certifique se não é possível alterar algo no método. Por exemplo, os autores compararam o desempenho das vendas com o comportamento do lucro. Ao analisar a pesquisa, você notou que os autores usaram o conceito de receita bruta. Mas você sabe que talvez este não seja a melhor variável de receita que se deve usar (e não é). Você pode refazer a pesquisa, com a receita líquida. Outra forma é verificar se as conclusões dos autores são válidas para outro período de tempo ou para setores específicos.

3. Leia os artigos de áreas correlatas – Ao ler um artigo sobre a maneira como as pessoas reagem a uma notícia do jornal, você pode imaginar uma pesquisa similar, com as mesmas técnicas, para verificar a reação das pessoas as informações contábeis. Esta adaptação pode ser feita, em alguns casos, facilmente. Com uma grande vantagem que você será o desbravador na área de contabilidade sobre aquele assunto.

4. Leia artigos que foram escritos em outros países – A leitura de um texto sobre a cobertura da imprensa e o retorno no mercado acionário, realizada nos Estados Unidos, pode inspirar você a replicar a pesquisa no Brasil.

5. Leia os artigos que ainda estão em produção – Em geral as universidades valorizam mais os artigos que já foram publicados em periódicos. Entretanto, alguns destes artigos levam anos antes que chegarem as páginas de um periódico de renome. No exterior e em outras áreas, os cientistas geralmente publicam seus artigos ainda em fase de elaboração; são os rascunhos, que irão receber as contribuições de outras pessoas. A leitura destes artigos em fase de produção permite que a escolha da sua pesquisa esteja mais coerente com os assuntos que estão sendo investigados agora pelos cientistas.

6. Leia os jornais. Temas atuais estão surgindo a todo o momento. As notícias sobre os problemas do Panamericano serão objeto de interesse dos pesquisadores. A questão da auditoria, sua confiabilidade, a manipulação das informações contábeis e a reação dos reguladores são temas óbvios que podem ser explorados a partir deste fato.

7. Leia a distribuição dos trabalhos nos principais congressos da área. Você irá observar que algumas áreas possuem mais trabalhos. Deve existir razão para isto: provavelmente são os temas do momento na área contábil. Mas atenção: áreas que não possuem trabalhos podem sinalizar que poucas pessoas estão fazendo pesquisas, sendo uma grande oportunidade para destacar seu tema: afinal, a concorrência é menor.

8. Leia a chamada de trabalhos. Existem congressos e periódicos que fazem chamadas específicas para determinados assuntos. Em geral estas chamadas são feitas com meses de antecedência, que permite, se você trabalhar muito, concluir uma pesquisa de qualidade. Assim, no passado, um periódico nacional fez uma chamada para trabalhos na área de saúde. Um bom trabalho de custo em hospital poderia ser interessante para os editores

9. Leia os títulos dos novos periódicos. A existência de um periódico sobre “finanças islâmicas” (que existe) pode indicar a existência de um campo específico de pesquisa: que tal estudar a questão contábil nos países islâmicos? Mas atenção: esta sugestão não é válida para o Brasil, já que nossos periódicos ainda são genéricos demais.

10. Leia tudo, inclusive blogs. Se você chegou ao final desta postagem, imagino que as dicas apresentadas aqui permitiram você pensar em um ou dois temas para sua pesquisa. Isto já é um bom começo.