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12 maio 2017

Lobby para minar a SOX

As quadro grandes empresas de auditoria - Deloitte, EY, KPMG e Price - e a AICPA estão usando o momento político dos Estados Unidos para tentar mudar a Lei Sarbanes-Oxley, segundo afirma Francine McKenna. Esta lei, também conhecida como Sarbox ou SOX, foi aprovada em 2002 e alterou a forma de trabalho das empresas de auditoria.

Com a vitória de Trump abriu-se a oportunidade de reverter algumas reformas implementadas nos últimos anos. O atual presidente dos Estados Unidos é claramente favorável a redução de regras que “impedem” os negócios. Para a área de auditoria, a SOX é um obstáculo. Este conjunto de regras surgiu após os problemas com a empresa Enron e o trabalho incompetente da empresa de auditoria Arthur Andersen. Ambas entidades não existem mais, mas os efeitos dos problemas da Enron e da Andersen foram sérios, a ponto de levar a criação da SOX.

Segundo McKenna, as empresas de auditoria e a AICPA desejam voltar no tempo onde não existia uma entidade que regulasse as suas atividades. Segundo dados apresentados por McKenna, somente a Deloitte gastou 560 mil dólares no primeiro trimestre de 2017 na atividade de lobby. As outras empresas também estão fazendo “investimentos” pela alteração das normas, o que poderia, eventualmente, incluir a extinção do PCAOB.

Outro problema é a pressão exercida no passado para separar a auditoria da consultoria. Duas das grandes empresas de auditoria desfizeram da área de consultoria em razão da pressão ocorrida logo após a falência da Enron. Afinal, a atenção que a Andersen deu a consultoria pode ter provocado as falhas cometidas na Enron. Mas a área de consultoria é vantajosa e tem um crescimento bastante interessante. Por isto, as restrições de fazer auditoria e prestar serviço de consultoria representam um obstáculo para o crescimento das Big Four. O que se observa mais recentemente é a retomada dos serviços de consultoria.

No final de 2015, a Reuters revelou que as Big Four fizeram lobby para minar o presidente do PCAOB. Recentemente, sócios das empresas em diversos países, inclusive no Brasil, foram punidos pelo PCAOB. E um funcionário desta entidade repassou informações sobre fiscalização para a KPMG. Os problemas da Big Four com os reguladores não param e isto pode ser um indutor para o lobby das empresas de auditoria.

10 maio 2013

Erros de auditores

Uma pesquisa (via aqui) mostrou que os auditores dos Estados Unidos estão cometendo erros simples. A análise concentrou em fraudes contábeis ocorridas entre 1998 a 2010 e mostrou que os auditores não questionam documentos "fabricados" ou diferenças entre o nível do estoque e o valor constante da contabilidade.

As falhas auditor mais comuns foram falta de competência e diligência, a falta de ceticismo profissional, e a incapacidade de avaliar e responder aos riscos de fraude.

O curioso é que o número de punições reduziu após a Sarbox, justamente uma lei aprovada para evitar abusos, como ocorreu com a Enron. Das 87 punições, 76 ocorreram entre 1998 a 2002 e o restante entre 2003 a 2010.

30 julho 2012

10 anos da Sarbox

(...) A lei [Sarbox] foi uma resposta às falhas dos contadores ao soar o alarme sobre a má conduta financeira da Enron Corp, WorldCom e uma série de outras empresas.


Mas advogados e analistas dizem que a maior parte Sarbanes-Oxley está funcionando. (...) Sim, ficou aquém em aspectos importantes, mas essas falhas estão em um nível mais sutil, dizem os especialistas.


(...) Em alguns aspectos, a Sarbanes-Oxley não fez o suficiente para alterar a contabilidade e indústria de auditoria, dizem os críticos. Não resolveu a tensão inerente dentro do modelo "cliente paga" do setor - ou seja, o conflito básico de um auditor entre servir o cliente que paga e servir o bem maior.


Lynn Turner, o ex-chefe da contabilidade da SEC, uma das agências que impõe a lei Sarbanes-Oxley, disse: "É como qualquer legislação Só funciona se você tem um regulador e um policial aplicá-la.".


Fonte: Aqui

02 novembro 2011

Conselhos têm poucos diretores financeiros


A Lei Sarbanes-Oxley devia ter colocado mais diretores financeiros nos conselhos das grandes empresas americanas. Mas, quase dez anos depois, eles continuam escassos.

Não é que os diretores financeiros não queiram ser conselheiros. Além de oferecer remuneração generosa pelo que é basicamente um trabalho de meio período, um assento no conselho confere prestígio e o reconhecimento de que o executivo faz mais do que lidar com números.

Os conselhos também querem esses diretores. Eles preenchem exigências regulatórias de que os conselhos tenham sabedoria financeira. E também podem ajudar ou liderar comitês de auditoria.

Mas os diretores financeiros das maiores empresas americanas trabalham em média para 0,30 conselho, uma queda de 19% se comparado a 0,37 conselho quatro anos atrás, de acordo com a firma de contratação de executivos CristKolder Associates. É menos de um assento para cada três diretores financeiros.

Os motivos são intrigantes. Tais como cultura corporativa, ou uma cota não oficial com intenção de maximizar a diversidade de talentos num conselho. Às vezes, o maior obstáculo para que diretores financeiros entrem em conselhos de outras empresas é um chefe que teme sua distração com atividades externas.

A Honeywell International Inc., por exemplo, autoriza seus executivos a participarem de conselhos externos “de maneira limitada”, de acordo com um porta-voz. Isso desde que o executivo esteja na Honeywell por “um período extenso de tempo e que a oportunidade avance seu desenvolvimento profissional”. E ainda exige aprovação pelo presidente do conselho da Honeywell.

Um dos objetivos da Lei Sarbanes-Oxley de 2002 foi deixar os conselhos mais responsabilizáveis pelas finanças das empresas, em parte pela ampliação dos deveres do comitê auditor do conselho e pela elevação dos exigências em termos de conhecimento financeiro e independência para os candidatos a conselheiro. As novas regras pareciam favorecer os diretores financeiros.

E, na verdade, as oportunidades atuais para eles são abundantes, se comparadas com o que eram na virada do milênio. “Diretores financeiros que eram conselheiros independentes em 2000 podiam ser contados com uma mão”, diz Peter McLean, presidente da área de finanças globais da Korn/Ferry
International.

Há mais agora, de acordo com a Korn/Ferry, mas mesmo assim somente 20% dos 1.000 principais diretores financeiros dos EUA estão em conselhos atualmente, e quanto menor a empresa, piores as chances de seu diretor financeiro ser membro de um conselho.

“Há mais diretores financeiros que querem assento num conselho do que oportunidades disponíveis”, diz Jeremy Rickman, diretor da área de contratação para conselhos da Russell Reynolds Associates, de Chicago

Fonte: Maxwell Murphy The Wall Street Journal, Valor Economico

02 agosto 2010

Efeito da Sarbox

A Sarbox foi uma lei aprovada nos Estados Unidos após o escândalo da Enron. Pela influência daquele país na contabilidade mundial, uma nova regulamentação será acompanhada de perto pelos outros países do mundo. Também foi o caso desta norma.

Segundo uma pesquisa publicada no International Journal of Disclosure and Governance, no número de agosto de 2010, (The recent international growth of mandatory audit committee requirements, Jason Fichtner), a Sarbox exerceu uma grande influencia sobre as normas de outros países. O artigo explora a criação dos comitês de auditoria, criados para melhorar a qualidade das informações contábeis. Antes da aprovação da Sarbox, somente 10 dos 40 maiores mercados do mundo exigiam tal comitê. Com a nova lei, o número aumentou para 31.

29 junho 2010

PCAOB

Com o escândalo da Enron, houve um movimento nos Estados Unidos no sentido de modificar a sua legislação. Estas mudanças foram aprovadas no legislativo daquele país, tendo por base propostas de dois políticos, Sarbannes e Oxley. A legislação ficou conhecida como Sarbox em homenagem aos dois.

Uma das inovações da Sarbox foi a criação do Public Company Accounting Oversight Board ou PCAOB ou Peek-a-boo. O PCAOB é uma entidade sem fins lucrativos que tem a finalidade de fiscalizar os auditores.

Agora, a Suprema Corte dos Estados Unidos decidiu, por 5 votos a 4, que o PCAOB viola a constituição dos Estados Unidos. A razão é que o PCAOB foi criado pelo Congresso, com poderes de regulação, sendo considerada como agência do governo daquele país. Em razão disto, os membros do PCAOB são oficiais do governo.

Um aspecto importante do julgamento é que o PCAOB não foi considerado inconstitucional. Mas a Corte entende que é a SEC que tem o poder de afastar dirigentes de empresas que tenham violado a lei.

14 dezembro 2009

O excessivo custo da Sarbox

A Sarbanes-Oxley, também conhecida como Sarbox, foi criada em 2002 para regular as empresas de capital aberto dos EUA. Junto com a Sarbox foi criado o Public Company Accounting Oversight Board (PCAOB). Questiona-se agora se a relação entre o custo e o benefício dos controles que surgiram da legislação, com a finalidade de evitar novos escândalos (como Enron) seria favorável ou não.

James Freeman, em The Supreme Case Against Sarbanes-Oxley (7/12/2009, The Wall Street Journal, A23) discute esta questão. O principal questionamento são as regras conhecidas como Section 404, que implementou os controles internos sobre a contabilidade das empresas. Estas regras são onerosas para as empresas segundo novos estudos.

Em 2003, segundo Freeman, a SEC estimou que uma empresa média poderia fazer com seus controles internos trabalhassem por $91 mil dólares por ano. Em 2008 um novo estudo aponta que a Section 404 irá consumir mais de 2,3 milhões de dólares por ano com custos diretos médios. Como parte deste custo é fixo, as pequenas empresas sofrem mais do que as grandes empresas: o estudo apontou em sete vezes mais. Para as empresas, somente 19% consideraram que a Section 404 possui mais benefícios que custos. Muitos afirmaram que reduz a eficiência das operações e afeta negativamente as decisões. Uma pesquisa recente, publicada no prestigioso Journal of Accounting and Economics (Leonce Bargeron, Kenneth Lehn e Chad Zutter da University of Pittsburgh), mostrou que desde a aprovação da Sarbox as empresas diminuíram os investimentos de capital e a pesquisa e desenvolvimento.

30 dezembro 2008

A Mudança Contábil e seus Efeitos

(...) [A Sarbox] essencialmente matou a criação de novas empresa abertas nos EUA (...) Mas o maior crime do FASB contra a economia e o povo dos EUA ocorreu quando se decidiu mensurar o impossível: despesas com opções.

Washington Is Killing Silicon Valley - Michael S. Malone – 22/12/2008 - The Wall Street Journal - A19

31 outubro 2008

Crise Financeira e Risco

COSO, Sarbanes-Oxley e a crise atual
Gazeta Mercantil - 31/10/2008

31 de Outubro de 2008 - Todos os 6 bilhões de habitantes da Terra sabem ou pelo menos sentem o que é a crise mundial desses conturbados dias. Mas apenas uma parte diminuta da população mundial sabe o que significa COSO e Sarbanes-Oxley. E poucos especialistas do mundo financeiro interligam esses nomes, que tudo tem a ver com o estrago de trilhões de dólares perdidos nessa estúpida crise, causada pela leniência de controles do sistema financeiro dos Estados Unidos.

Em agosto de 1974, Richard Nixon teve de renunciar a presidência dos Estados Unidos por conta do incidente de Watergate, no qual espiões do Partido Republicano, com conhecimento e autorização dele, invadiram a sede do partido democrata em Washington.

A campanha presidencial dos republicanos havia sido financiada em parte por desvios de verbas de grandes corporações usando práticas que incluíam corrupção no território dos Estados Unidos e no exterior.

O Congresso americano, em resposta, editou em 1977 o "Foreign Corruption Act", que criminaliza subornos feitos por empresas americanas no exterior.

O setor privado americano também deu uma resposta por meio da criação de uma comissão para aperfeiçoar os controles contábeis e gerenciais das grandes empresas americanas.
Criaram uma comissão chamada "National Commission on Fraudulent Financial Reporting" formada em 1985 e conhecida como a "Treadway Commission". Essa comissão preparou uma listagem extensa de normas sobre controles internos nas organizações, que hoje é conhecida como COSO, abreviação de Committee of Sponsoring Organization of the Treadway Commission.

Normas tão completas e adequadas que o Bank for International Settlements (BIS) ou Banco para Compensações Internacionais, com sede em Basiléia, na Suíça, o banco dos bancos, as adotou para empregá-las no sistema bancário mundial. Estes foram os fundamentos para os Acordos de Basiléia.

Essas normas chegaram ao Brasil em 1998 e geraram um processo de controles comandado pelo nosso Banco Central (BC) para todo o sistema financeiro brasileiro: bancos comerciais e de investimentos, corretoras, distribuidoras, consórcios, etc. É a chamada resolução de controles internos, a Resolução n 2.554.

Infelizmente as grandes corporações americanas não entenderam a lição e não praticaram as recomendações do COSO. Por conta disso, os escândalos da Enron, Tyco, Adelphia, Peregrine, Worldcom e muitas outras grandes empresas obrigaram o Senado americano a aprovar uma nova lei, o "Sarbanes-Oxley Act" em 2002.

Essa lei diz ser crime federal fraudar balanços e obriga os diretores das empresas americanas a se responsabilizarem criminalmente por suas demonstrações financeiras fraudadas, que devem ter suas assinaturas para caracterizar suas responsabilidades.

A atual crise não teria ocorrido se essas duas práticas gerenciais tivessem sido seguidas, o COSO e a Sarbanes-Oxley. Mas não foram, como atestam os casos das instituições financeiras e de seguros que fracassaram nos Estados Unidos, envolvidas pela ambição desmesurada de ganhos e dos bônus para seus executivos. Mas a culpa também é das autoridades americanas, que não exerceram adequada supervisão sobre suas empresas, especialmente as financeiras, embora possuíssem os instrumentos do COSO e da Sarbanes-Oxley para exercer uma forte supervisão entre muitas outras leis.

Nesse aspecto, o Brasil pode dar lições aos Estados Unidos, com a criação do Programa de Estímulo à Reestruturação e ao Fortalecimento do Sistema Financeiro Nacional (Proer) e do Programa de Incentivo à Redução do Setor Público Estadual na Atividade Bancária (Proes), com a limpeza feita no sistema bancário, inclusive nos bancos públicos, e com a apertada fiscalização centralizada do BC.

Os Estados Unidos têm cerca de 8 mil bancos, mas os controles do governo sobre essas instituições são fracos e a supervisão é falha. O mundo agora quer aumentar os controles e a supervisão. Bastaria os Estados Unidos terem exercido de modo mais adequado as leis e critérios de gestão existentes e criados por eles próprios para que nós e o mundo não estivéssemos pagando o preço que estamos pagando.

(Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág. 3) CARLOS DANIEL CORADI* - Presidente da EFC - Engenheiros Financeiros & Consultores )

25 agosto 2008

O último teste da Sarbox

Conforme informa o Washington Post (Sarbanes-Oxley Upheld Court as Constitutional,
David S. Hilzenrath, 23/08/2008), a Sarbox passou pelo último teste: uma corte de apelação recusou os argumentos contrários a lei, incluindo a criação do PCAOB.

Aqui e aqui, mesma notícia.

13 agosto 2008

Efeito Sarbox

Um novo estudo das empresas estrangeiras que sumiram das Bolsas americanas depois que a Securities and Exchange Commission (SEC, a comissão de valores mobiliários americana) facilitou a fuga delas em 2007 indica que as empresas desertoras eram, sobretudo, aquelas cujo crescimento lento e fraco desempenho de mercado haviam reduzido a necessidade e a capacidade delas de atrair capital americano.

Há, inclusive, algum indício de que o mercado acabou punindo as empresas que decidiram sair mesmo quando ainda podiam explorar o capital.

O que o estudo mostra, disse um dos autores G. Andrew Karolyi, professor de finanças da Ohio State University, é que o mercado não reagiu de modo favorável quando as empresas escaparam das regras americanas.

Em vez disso, o estudo escrito por Korolyi, junto com René M. Stulz, também da Ohio State University, e Craig Doidge, da Universidade de Toronto, concluiu que os preços das ações sofreram nos poucos casos nos quais as empresas estrangeiras, com boas perspectivas de crescimento, abandonaram as Bolsas americanas. "Quando elas optam por sair mesmo quando estão se beneficiando" da listagem americana, disse Karolyi numa entrevista, "os acionistas podem se perguntar se há algum motivo oculto".

Fuga de empresas estrangeiras é questionada - Gazeta Mercantil/Finanças & Mercados - Pág. 4 - The New York Times - 13/08/2008


Esse é um exemplo do que os economistas chamam de sinalização. As empresas que abandonaram o mercado de capitais dos Estados Unidos sinalizaram para o investidor algo negativo: preferem participar de um mercado acionário onde as condições de controle são menos rígidas.

26 julho 2008

Efeito colateral

A implantação da Sarbox apresenta, segundo a Association of Certified Fraud Examiners, um efeito collateral: está mais difícil descobrir a fraude numa empresa.

The ACFE report surveyed 959 cases of reported occupational fraud that were examined by certified fraud examiners from 2006 to 2008. The report breaks down fraud into three broad categories: fraudulent statements (most notably financial statement fraud, but also false employment credentials or falsification of internal and external documents), asset misappropriation (for example, larceny, skimming, fraudulent disbursements), and corruption (including bribery, illegal gratuities, economic extortion, invoice kickbacks, and bid rigging).
Of all of these types of fraud, the report said, financial statement fraud proved the most costly. The median loss for the 99 companies experiencing financial statement fraud during the study period was $2 million.

Veja Aqui também

21 julho 2008

Ameaça a SOX

A SOX (Lei Sarbanes-Oxley) foi criada nos Estados Unidos após os escândalos corporativos. Agora, segundo Jane Bryant Quinn (em Lawsuit Threatens Sarbanes-Oxley Act, para o Washington Post de 20 de julho de 2008), a legislação está ameaçada.

O U.S. Court of Appeals do District of Columbia Circuit está julgando se uma das inovações da lei, a criação do PCAOB (pronuncia-se peek-a-boo), criado para melhorar a auditoria das empresas, é constitucional.

Em caso afirmativo, todo ganho da SOX pode-se perder.

06 maio 2008

PCAOB


O Public Company Accounting Oversight Board (ou PCAOB) (também chamado de Peekaboo) é uma entidade sem fins lucrativos criada pela Sarbanes-Oxley em 2002 para fiscalizar auditores e, consequentemente, proteger os interesses dos investidores. Desde sua criação, o PCAOB já fez mais de 700 inspeções em empresas, criou um guia com 59 páginas (o primeiro guia tinha 185 páginas. Ou seja, resumiu a norma denomina AS5), conforme dados desse endereço.

24 abril 2008

Estimativas dos analistas


Um texto muito interessante do jornal português Jornal de Negócios, de 23 de abril de 2008. O texto, de Peter Robinson, da Bloomberg, comenta a questão da previsão dos lucros pelos analistas. Pelo texto, a margem de erro aumento nos últimos anos.

Estimativas dos analistas não valem um cêntimo por acção
Peter Robison Bloomberg
Jornal de Negócios 23 /04/2008

Esta nova "época de apresentação de resultados" poderá mostrar até que ponto é que os analistas de Wall Street se baseiam nas orientações das empresas que analisam para fazerem as suas estimativas. Isto porque com a crise do crédito e o abrandamento económico, as empresas terão mais dificuldade em apresentar resultados que estejam em linha ou superem os números previstos. Ou seja, se os resultados começarem a ficar muito aquém do estimado... é porque algo se passa, já que a norma não tem sido essa.
Com efeito, em todos os trimestres que decorreram desde o ano 2000, pelo menos 27 empresas apresentaram resultados que coincidiram ou excederam as previsões de Wall Street. A Coach e a Starbucks estão nessa lista. A General Electric (GE) também esteve até ao passado dia 11, data em que deu por terminada essa façanha, ao divulgar números aquém do esperado.

A Goldman Sachs considera que este revés da GE e de outras empresas que não corresponderam às expectativas dos analistas é "um sinal do que está para vir". Isto porque prevê que mais empresas falhem as estimativas para o primeiro trimestre.

Nos "bons velhos tempos", as empresas aproveitavam frequentemente a flexibilidade das normas contabilísticas para escolherem quando é que registavam as receitas e os custos, criando uma sensação de lucros previsíveis, diz Thomas Russo, "partner" na Gardner Russo & Gardner. Só que o abrandamento económico dos EUA e o congelamento dos mercados do crédito estão a dificultar estas manobras.

Voltando aos analistas e à sua independência, ou falta dela, o que intriga verdadeiramente Shiva Rajgopal, professor de contabilidade da Universidade de Washington, é o facto de a GE não ter falhado as estimativas entre 2000 e 2007. Mais surpreendente é o facto de 26 desses 32 resultados trimestrais terem ficado em linha com as previsões. Se os analistas fizessem as suas contas sem se basearem nas previsões das próprias empresas (que funcionam como "guiders"), a probabilidade daquele recorde com a GE seria de uma em cem mil milhões, isto com base numa equação-padrão estatística, salientou aquele professor.

Os Estados Unidos introduziram três novas leis em três anos, destinadas a tornar a análise em Wall Street mais independente: uma norma SEC em 2000, a Lei de Sarbanes-Oxley em 2002 e um acordo da SEC com casas de investimento em 2003. A Sarbanes-Oxley, além de combater a fraude contabilística, veio também obrigar os analistas a divulgar conflitos de interesse e impedir que as entidades patronais retaliem contra os analistas que escrevam relatórios negativos. Em 2003, o Citigroup, Merrill Lynch e oito outras casas de investimento pagaram uma multa de 1,4 mil milhões de dólares por manipulação das análises e concordaram em deixar de compensar os analistas com base no volume de negócio que eles ajudaram a gerar para os seus segmentos da banca de investimento.

Com estas leis, as análises podem ter ficado mais independentes, mas a margem de erro também aumentou. No quarto trimestre de 2007, os quase 1.800 analistas deste sector sobrestimaram os resultados finais em 33,5 pontos percentuais, o que correspondeu ao maior desvio de sempre. Ainda assim, 62% das empresas listadas no Standard & Poor's 500 bateram as estimativas médias – porque os analistas reviram em baixa as suas projecções ao longo do trimestre. Os números deste primeiro trimestre de 2008 apresentam uma tendência semelhante: das 111 empresas que já divulgaram os seus resultados, 55% superaram as previsões médias.

Mas será sempre positivo para as empresas superarem as estimativas? À primeira vista, tudo indica que sim, pelos previsíveis reflexos altistas em bolsa. No entanto, há excepções. A General Electric teve um desempenho inferior ao S&P500 nos últimos cinco anos. Nos 32 trimestres consecutivos em que os seus resultados coincidiram ou superaram as estimativas, os títulos da GE caíram 39%, ao passo que o índice bolsista de referência se manteve inalterado.

Rajgopal, que estudou o chamado "jogo dos lucros" diz que a pressão para atingir os objectivos trimestrais pode prejudicar os investidores. Aquele professor participou em 2005 num inquérito a 400 executivos sobre opções de gestão e diz ter ficado supreendido ao descobrir que 78% sacrificariam investimentos de longo prazo só para poderem aliviar os seus resultados. "Estão todos tão focalizados num número que esquecem que o mais importante é o crescimento de longo prazo da empresa", sublinha Yuan Zhang, professor na Graduate School of Business da Universidade de Columbia.

Apesar de as novas leis evitarem que as empresas façam anúncios selectivos, obrigando-as a declarar tudo o que é considerado informação relevante, a verdade é que estas continuam a poder orientar os analistas para uma determinada estimativa que sabem que pode ser excedida. Os analistas também recebem incentivos para evitarem escrever "researches" negativos, pois isso pode prejudicar o seu relacionamento com a empresa ou o objectivo do seu patrão de incentivar os clientes a comprarem acções da referida empresa.

11 fevereiro 2008

Regra contábil e IPO

O The Wall Street Journal de 11/2/2008 (Why Foreign Firms May Stay Overseas --- Experts Have Doubts If Accounting Shift Will Lure More IPOs, Lynn Cowan, c6) afirma que a mudança na exigência contábil de utilização obrigatória do US GAAP para ter ações negociadas nos Estados Unidos pode ser importante para aumentar o número de novas empresas abertas, mas talvez não seja suficiente.

"It can reduce time to market and clearly reduces the costs of obtaining and maintaining a listing, but standing alone, the GAAP reconciliation requirement probably does not drive the decision not to access the U.S. public market," says Mr. Goodman, who works with foreign companies considering listings in the U.S. "I think foreign companies still have the perception that the U.S. has a more stringent and expensive regulatory regime, including as a result of Sarbanes-Oxley, and that the U.S. is a more litigious environment."

The U.S., once considered a central hub for stock listings globally, has seen a decline in its world-wide share of new foreign listings in recent years. Some have laid most of the blame for the downturn on Sarbanes-Oxley rules, which require companies to add procedures to catch financial misstatements and fraud, and make executives more accountable for fraud that does occur.

But others say it isn't just a negative perception of regulations in the U.S. that is keeping foreign listings away; there are also changes abroad, including increased liquidity in markets from Hong Kong to Brazil that have led to fewer international listings in the U.S. (...)


Clique aqui também.

28 janeiro 2008

Sox foi prejudicial?

A lei Sarbanes-Oxley (mais conhecida como Sox) foi aprovada nos Estados Unidos em 2002 em resposta aos escândalos contábeis ocorridos no ano de 2001, em especial o caso Enron. O legislativo daquele país decidiu impor normas para empresas com ações negociadas na bolsa de valores. Os dois representantes que estruturaram a lei receberam a homenagem do nome da lei.

Até hoje se discute se a lei foi positiva ou não. A principal desvantagem da lei é o seu custo de implantação nas empresas. A vantagem seria a melhoria dos controles internos das empresas. Mas seria uma lei onde o custo é maior do que o benefício?

Esta discussão é importante pois diz respeito ao impacto de uma mudança contábil sobre empresas. Mas como verificar este fato?

Um tipo de estudo procura determinar quanto custa implantar a SOX. Mas este tipo de estudo é limitado pois não compara os seus benefícios.

Uma alternativa é buscar verificar como o mercado reagiu a nova lei. Se o mercado reagiu de forma positiva, valorizando as ações, isto poderia ser um sinal de que a lei apresentou mais vantagens do que desvantagens. Caso contrário, a lei foi negativa para as empresas.

Zhang, em Economic consequences of the Sarbanes-Oxley Act of 2002, publicado em 2007 no Journal of Accounting and Economics, procura analisar como o mercado de ações norte-americano reagiu a SOX. Este tipo de estudo necessita de uma comparação, e Zhang usa outros mercados de capitais do mundo. Entre várias hipóteses testadas por Zhang, a autora conclui que provavelmente a SOX foi prejudicial as empresas. Com a SOX as empresas norte-americanas tiveram uma cotação menor que outros mercados (europeu, canadense etc).

O grande problema deste tipo de estudo é isolar um fato (que os artigos chamam de evento) com outras notícias que surgem a todo momento no mercado. No caso da SOX isto fica mais difícil pois todas empresas norte-americanas com ações negociadas na bolsa estão sujeitas as normas da SOX. Esta é a principal crítica de Leuz (em Was the Sarbanes-Oxley of 2002 really this costly? A discussion of evidence from event returns and going-private decisions, Journal of Accounting and Economics, 2007) ao trabalho de Zhang. Mesmo usando outros mercados como comparação, é muito perigoso afirmar que a SOX prejudicou as empresas norte-americanas. Provavelmente outras notícias também tiveram influência sobre os resultados do mercado nos últimos anos.

Infelizmente ainda não temos disponível uma metodologia que consiga realmente afirmar com precisão que a SOX foi prejudicial para as empresas.

P.S. Nestes dias estou com dificuldades de atualizar este blog. Espero retornar com atualizações mais constantes na sexta. Até lá, tentarei postar pelo menos um comentário por dia.