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06 agosto 2020

Eletrobras e o planejamento em tempos do Covid - Parte 2

No final de março, logo depois da decretação da pandemia por parte da OMS, o Conselho da Eletrobras reuniu-se para aprovar o "Novo Plano Diretor de Negócios e Gestão", para o período de 2020 a 2024. Nós postamos aqui sobre este assunto. 

No início de agosto, a empresa divulgou um Plano Estratégico das Empresas Eletrobras 2020-2035, em substituição a outro documento, que contemplava o período de 2015 a 2030. Agora sim, a empresa contemplou, de forma mais detalhada, o impacto da pandemia. 

Mas notei algo interessante: não há, no documento, a palavra "privatização", um assunto considerado pelo principal acionista. E a palavra "venda" aparece somente para tratar da venda de serviços, embora "valor" apareça 38 vezes. (Estranho, para uma empresa que destruiu tanto o valor nos últimos anos)

14 abril 2020

Eletrobras e o planejamento em tempos do Covid

No início de março, a Organização Mundial de Saúde decretou uma pandemia global. Nos dias seguintes, diversos governadores dos estados adotaram severas restrições para a movimentação das pessoas, incluindo o fechamento da maioria dos estabelecimentos comerciais e industriais. Um ambiente como este significa uma mudança em qualquer perspectiva do que esperamos para o futuro. Algumas estimativas sobre o comportamento da economia fala na maior recessão da economia brasileira. O mundo mudou.

É interessante que diante desta situação no dia 27 de março a Eletrobras tenha realizado uma reunião do seu Conselho de Administração. Em geral, nos dias atuais, quando isto ocorre é para suspender uma assembleia previamente convocada ou tomar medidas para preparar a empresa para os dias atuais. No caso da Eletrobras não foi bem este o caso. A empresa aprovou o "novo Plano Diretor de Negócios e Gestão para o período de 2020 a 2024". Parece temerário, já que é praticamente impossível planejar na atual situação.

Mas não foi bem isto. O documento traz um alerta interessante:

A Companhia esclarece que o PDNG 2020-2024 foi elaborado antes do surto do COVID-19 no Brasil e, portanto, não contempla seus possíveis impactos nos negócios da Companhia, que foram objeto de esclarecimentos de outro Fato Relevante também divulgado ao mercado, nesta data, especificamente sobre este tema.

Faz sentido? É bem verdade que a empresa, em outro documento, faz uma exposição sobre o impacto do Covid concluindo que:

Não obstante o exposto acima, devido ao cenário atípico e de características potencialmente imprevisíveis, não é possível prever com exatidão os cenários que poderão se materializar nos próximos meses nas operações da Companhia. Ainda não estão suficientemente claros os efeitos na economia mundial e, em particular no Brasil, nem por quanto tempo estes efeitos irão perdurar. Além disso, as medidas anticíclicas, sem precedentes, que estão sendo adotadas no mundo todo podem contribuir para a redução dos impactos econômicos da pandemia.

11 novembro 2019

Privatização da Eletrobras

Após sucessivos adiamentos, o governo encaminhou ao Congresso, na última 3ª feira (5.nov.2019), o projeto de lei que trata da privatização da Eletrobras. A expectativa é realizar o processo de venda da estatal no 2º semestre de 2020. O cronograma, no entanto, dependerá do tempo dos congressistas. A discussão deve se alongar, principalmente, pela relevância da empresa para o setor elétrico nacional.

Criada oficialmente em 1962, a estatal tem papel relevante na geração e transmissão de energia elétrica no Brasil. As 227 usinas da empresa correspondem a 1/3 da capacidade de geração instalada no país. A produção é responsável por atender cerca de 3 milhões de lares.
(...)

O aval do Congresso é necessário para incluir a Eletrobras no PND (Programa Nacional de Desestatização). O PL também traz as diretrizes para o processo de capitalização. Serão emitidas novas ações ordinárias (que dão direito a voto) para diluir a participação da União no capital social, hoje de 60%, para menos de 50%.

A intenção é que a Eletrobras se torne uma corporação, ou seja, uma empresa com controle pulverizado. Para garantir isso, o projeto determina que nenhum acionista poderá ter mais de 10% do capital votante da Eletrobras.

Na avaliação do economista e advogado do Souto Correa Advogados Victor Gomes, o texto evita uma concentração de mercado. “Se, por exemplo, 1 player atual pudesse ter o controle da Eletrobras, inibiria a competição no setor elétrico. Nesse contexto de reforma setorial, que visa aumentar a competição, acertaram nessa proposta”, afirmou.

A operação deverá arrecadar, no mínimo, R$ 16,2 bilhões. O montante, já contabilizado no Orçamento, corresponde ao pagamento pela mudança de contrato de concessão de usinas hidrelétricas. A mudança permitirá que a empresa negocie o preço da energia livremente no mercado. Pelo contrato atual, a estatal se comprometeu a praticar valores pré-fixados.

A mudança, segundo Joísa Dutra, aumentará eficiência da empresa como gerador, já que poderá negociar os preços com diversos fornecedores. “Tem 1 impacto muito positivo. Pretende retornar ao gerador o direito de negociar os preços e disputar direito de ser fornecedor de consumidores residenciais, comerciais e Indústrias”, explicou.

CUSTO DA OPERAÇÃO PARA ELETROBRAS
O texto também determina que empresa terá que fazer aportes financeiros ao Cepel (Centro de Pesquisas de Energia Elétrica) por 4 anos após a desestatização. Ainda, terá obrigação de repassar R$ 3,5 bilhões para o programa de revitalização do rio São Francisco e recursos para abater em subsídios do setor elétrico.

Apenas duas das empresas do grupo Eletrobras ficarão de fora da privatização. A Eletronuclear, que controla as usinas do complexo de Angra, e a Itaipu Binacional –que pertence 50% ao Paraguai. Como a Constituição determina ambas fiquem sob controle da União, o PL permite a criação de uma nova estatal.

Outros 3 programas ficarão sob o guarda-chuva da nova estatal: o Proinfa (Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica); Luz para Todos, que atende famílias de baixa renda; e o Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica. (...)

Fonte: Aqui

25 janeiro 2019

Governo e Eletrobras começam a negociar modelo de privatização

O presidente da Eletrobras, Wilson Ferreira Júnior, vai iniciar as discussões com o novo ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, sobre o total de participação da União que será diluído dentro do plano de capitalização da empresa. Ainda não está claro se o novo plano resultará na venda do controle da elétrica, mas o executivo, defensor da privatização, pretende mostrar ao governo que a desestatização trará mais valor para as ações da companhia que ficarão nas mãos da União. "Nunca tratamos da diluição [da participação da União na Eletrobras]. Vamos começar a tratar agora. Que vai haver uma diluição não tem dúvida", afirmou Ferreira.
[...]

Segundo o executivo, a ideia é mostrar ao ministro que o plano que prevê a perda do controle da empresa pela União, a partir da criação de uma corporação, com "golden share" e limitação de concentração por acionistas é o que vai valorizar mais as ações do governo na companhia

Segundo o executivo, a expectativa é que o modelo da capitalização seja definido ainda no primeiro semestre. A partir da definição, a companhia levará no máximo nove meses para preparar a operação. Ele contou que tem se reunido semanalmente com o ministro e sua equipe, a fim de afinar esses planos.

Fonte: Aqui

16 julho 2018

Participação no lucro sem lucro

A empresa Eletrobras teria pago aos funcionários uma participação nos lucros em exercícios onde não teve lucros. Parece absurdo, mas esta é a afirmação de um relatório da CGU, segundo notícia divulgada no G1.

Particularmente acho mais estranho é o fato de que somente agora isto foi levantado. Os pagamentos são de 2013 e 2014. A Eletrobras é uma empresa que divulga suas demonstrações. É bastante conhecida de todos

31 agosto 2017

Eletrobras destruiu R$562 bilhões de valor do acionista em 22 anos

A notícia da possibilidade de privatização da Eletrobras trouxe também a oportunidade de analisar o papel desempenhado pela entidade nos últimos anos. Para fazer isto, usei os dados da empresa de 1995 até 2016. Ou seja, minha análise contempla o início do processo de estabilização, a mudança drástica do setor promovida no governo Dilma e inclui o último resultado da empresa.

Método - Na minha análise utilizei o conceito de lucro econômico. Esta medida de desempenho nada mais é do que considerar, após o lucro contábil, uma remuneração mínima para os acionistas. Em termos gerais, é possível provar que no longo prazo o lucro econômico equivale ao fluxo de caixa descontado, que é o método mais defensável de mensuração de desempenho de uma entidade. Para um determinado exercício social, o lucro econômico é medido da seguinte forma:

Lucro Econômico = Lucro Contábil - Taxa de Desconto x Capital Investido pelo Acionista

O lucro contábil é obtido numa base de dados; no meu caso, eu usei os dados das demonstrações consolidadas disponível na Economática (gráfico abaixo). No capital investido pelo acionista foi utilizado o patrimônio líquido contábil, apresentado pela empresa nas suas demonstrações. Apesar de parecer estranho, a mensuração do lucro econômico realmente utiliza o valor apurado pela contabilidade. Como se deseja saber o valor do retorno obtido pelo investimento na empresa, o montante utilizado corresponde ao valor inicial.

Um problema típico deste tipo de avaliação é determinar a taxa de desconto. Uma vez que o principal acionista da empresa é o governo federal, considerei nos cálculos do custo de oportunidade do capital. Basicamente é preciso imaginar qual o uso alternativo do dinheiro investido na empresa. Assumi que o mais razoável seria a taxa Selic:



Como estamos comparando valores de épocas distintas, faz-se necessário considerar a inflação. Afinal, nos primeiros anos da série a inflação chegou a 22% e não usar valores constantes poderia dar uma visão distorcida do desempenho da empresa. Escolhi como inflator o IPCA, do IBGE, um índice que expressa a inflação brasileira bem melhor que o IGP, muito usado no mercado, ou índices específicos. Assim, todos os valores estão corrigidos para o final de 2016.



Agregando valor para a empresa - a expressão do lucro econômico mostra que a agregação de valor depende de três variáveis: o lucro contábil, o custo de oportunidade de capital e o valor investido. No período analisado, a empresa gerou lucro em quase todos: somente de 2012 a 2015 o resultado foi negativo em 31 bilhões de reais, nominais. Em termos reais, o resultado contábil corrigido foi de 45 bilhões de reais. Aparentemente nada ruim para uma empresa estatal.

A segunda variável é o custo de oportunidade do capital. Quanto maior o custo, mais difícil é para a empresa conseguir agregar valor. Em razão das elevadas taxas da Selic dos primeiros anos, este custo de oportunidade apresentou um valor médio de 17,7%, nominais, sendo 7,57% ao ano o menor valor. Em termos reais, desde 2007 a taxa Selic ficou na casa de um dígito. Observe que quanto maior o custo da Selic, maior deve ser o lucro contábil para compensar o percentual.

A terceira variável é o capital investido. Durante o período a média do PL da empresa ficou em 66 bilhões de reais, sem considerar a inflação. Já quando se considera a inflação é possível observar um padrão nítido de descapitalização da empresa, conforme pode-se notar na figura abaixo. É verdade que o capital nominal sofreu uma forte redução nos últimos anos, passando de 77 bilhões no final de 2011 para 44 bilhões no último exercício social.

A redução do capital investido é boa em termos de agregação de valor: isto indicaria que os acionistas estão colocando menos recursos na empresa e continuam obtendo resultado. O problema é que a soma do lucro contábil obtido, da taxa Selic e do capital investido revela um resultado econômico ruim. O gráfico a seguir apresenta os números obtidos:



 Em nenhum exercício, a empresa foi capaz de gerar lucro econômico positivo. Vamos falar de outra forma: de 1995 a 2016 a Eletrobras só fez destruir valor. Em termos numéricos, isto significa uma destruição anual média corrigida de 25 bilhões de reais.



Observe que o gráfico possui a linha do zero no topo, indicando que todos os valores são negativos. Também é possível perceber que o desempenho de 1995 é claramente destoante; existe aqui uma explicação: a elevada taxa Selic, imposta no início do Plano Real. Assim, o número anterior está claramente influenciado pelo outlier de 1995. Veja o gráfico apresentado, sem o valor de 1995:



A média de destruição de valor anual foi de 20,8 bilhões de reais, corrigidos, sendo o melhor desempenho da empresa ocorrido em 2016.

Justificando a destruição de valor - Seria interessante verificar o efeito do lucro contábil, da taxa Selic e do capital investido no lucro econômico. O que queremos é tentar estabelecer o que foi mais relevante para a destruição de valor da empresa: o baixo desempenho do seu resultado contábil, o elevado custo de oportunidade do capital ou o montante excessivo de capital investido na empresa? Usamos aqui uma análise de correlação ao longo do período, retirando da série o ano de 1995.

Usando somente os valores nominais, a maior correlação foi com a Selic (-0,77). Já com valores sem o efeito da inflação, tanto o capital investido, quanto o custo de oportunidade do capital foram relevantes (-0,70 e -0,71).

Como estamos usando uma série histórica longa, uma questão surge naturalmente: qual a influência da pessoa que estava sentada na cadeira mais importante do Palácio do Planalto? Usando variáveis binárias para marcar os períodos do governo do PSDB, o governo Lula e Dilma, cheguei a uma constatação surpreendente: nenhum governo foi diretamente responsável pelos problemas da empresa. Mesmo no governo Dilma, com sua confusa mudança regulatória, a Eletrobras teve um desempenho diferente dos anos anteriores. Mesmo observando o gráfico acima, com a série histórica do lucro econômico corrigido, não podemos responsabilizar o PSDB pelo fracasso da empresa. (Se retirarmos os efeitos das decisões macroeconômicas, o resultado da empresa não apresenta diferença estatística)

A conclusão é a seguinte:

(a) a política não é uma variável relevante para explicar o desempenho da empresa;

(b) de 1995 a 2016, a Eletrobras destruiu valor para seu acionista no total de R$562 bilhões ou R$2.700 para cada brasileiro.

27 agosto 2017

Limpando o balanço da Distribuidora

A Petrobrás vai injetar R$ 6,3 bilhões na BR Distribuidora, como parte de uma reestruturação societária anunciada para tornar mais atraente a abertura de capital da subsidiária. Os recursos serão usados para abater a dívida da BR e limpar seu balanço, aumentando as chances de sucesso da oferta de ações, que deve ocorrer até 1.º de dezembro. A operação envolve a transferência de créditos da distribuidora com o grupo Eletrobrás à estatal (...)

A empresa petrolífera pretende fazer a oferta em dezembro. O texto continua:

Os R$ 6,3 bilhões do aporte de capital serão 100% destinados ao pagamento de dívidas da BR. A redução da dívida abre espaço para que a empresa seja mais bem avaliada pelos investidores, aumentando o interesse por seu IPO. Além disso, também é afastado o fantasma de um eventual calote da Eletrobrás. Ao fim de 2016, sua dívida bruta era de R$ 12,4 bilhões. O balanço da BR do ano passado mostra que o total a receber de empresas termoelétricas do Sistema Eletrobrás era de R$ 6,064 bilhões.

A sinalização da redução da dívida é realmente importante. A distribuidora ficará muito mais atrativa para os potenciais compradores, sem os créditos podres da Eletrobas.

Para o professor Eliseu Martins, um dos maiores especialistas em contabilidade do País, nada se altera no balanço consolidado da petroleira. “A Petrobrás apenas perde liquidez, ao deixar de ter dinheiro e passar a ter recebíveis”, explica.

A companhia informa no comunicado que a operação será realizada a valor contábil, sem gerar resultado para nenhuma das duas empresas envolvidas. “Não vai ser gerado nenhum lucro interno nas operações da mãe (Petrobrás) com a filha (BR). Às vezes uma empresa passa um ativo para outra não a valor contábil, mas a valor de mercado, o que pode gerar problemas tributários. Nesse caso, a Petrobrás não deve pagar mais nem menos que o valor pelo qual os créditos estão contabilizados”, diz Martins.


Mais do que isto, os créditos são da Eletrobras, uma empresa do próprio governo.

26 agosto 2017

Fato da Semana: Privatização da Eletrobras

Fato: Privatização da Eletrobras

Data: 21 de agosto

Contextualização - Na segunda a Eletrobras informou que faria a proposta de desestatização da empresa. Logo depois, o governo anunciou que o processo seria estendido para aeroportos, Casa da Moeda, etc. O movimento de privatização foi provocado pela má gestão pública dos últimos anos. O crescimento das despesas e a dificuldade de conseguir novas receitas mostraram os problemas do uso político das empresas do governo. As estatais não conseguem gerar caixa para o governo; pelo contrário, estão demandando mais dinheiro, quando o governo não possui mais recursos.

Relevância - A privatização pode ajudar a tornar o Estado menor. Representando um terço da economia, o governo é útil para os políticos, mas não para quem gostaria de uma melhor aplicação dos seus recursos.

Qual a relação com a contabilidade? Teremos agora algumas situações interessantes. A Petrobras avisou esta semana que irá colocar dinheiro na BR para melhorar as chances de privatização. As contingências da Eletrobras necessitam de efetiva verificação da sua probabilidade. O custo da Casa da Moeda pode ser discutida de forma mais clara.

Notícia boa para contabilidade? - Sim. Os aspectos apresentados anteriormente podem trazer algumas discussões interessantes.

Desdobramentos - Conforme afirmamos numa postagem na semana, o processo será demorado.

Mas a semana só teve isto?
- A denúncia do diretor de governança da Petrobras foi outro tema relevante.

24 agosto 2017

Links

Eletrobras pode significar 17 bi para a União

Mensurando a censura na Internet (Brasil não possui nenhum endereço bloqueado)

Usar Emoji faz as pessoas pensarem que você é incompetente

80% dos coreanos abusam das namoradas

Apesar de mais um prejuízo, os resultados do Uber foram bons (aqui também)

Pontos a destacar na proposta de privatização

O governo apresentou uma proposta de privatização da Eletrobras e de diferentes negócios, incluindo a Casa da Moeda, aeroportos, loterias e rodovias. A notícia foi bem recebida pelo mercado e provocou uma alta nos preços das ações da Eletrobras. Alguns pontos a destacar:

a) Ineficiência - a privatização de alguns destes negócios pode colocar um ponto final - ou pelo menos reduzir - as ineficiências destes negócios. Uma estimativa feita por uma gestora e divulgada ontem aponta que somente na Eletrobras, ao longo dos últimos quinzes anos, houve uma perda de 228 bilhões de reais. Este valor inclui investimentos inadequados, desvio de recursos por políticos corruptos, formação de preço inadequada, atraso em projetos, entre outros fatores.

b) Ganhos para o contribuinte - a privatização pode não trazer, a curto e médio prazo, um ganho para o contribuinte. O mais provável é um aumento nos preços dos produtos, com a cobrança de pedágios nas rodovias ou a redução de subsídios artificiais. Mas para a sociedade como um todo, a privatização torna mais claro quem está pagando pelos serviços prestados. Se uma tarifa de um aeroporto está abaixo no custo, alguém está pagando por isto. Existindo rombo, o governo cobre com os recursos dos tributos. Assim, quem paga o imposto termina por assumir esta diferença que deveria ser paga pelo usuário do serviço. A transparência é um grande ganho quando o governo decide sair dos negócios que ele não deveria fazer. Mas a longo prazo, a privatização deverá valer a pena.

c) Resistência política - um programa como este terá resistências. A primeira delas é dos políticos, que hoje indicam apadrinhados para os cargos no sistema Eletrobrás, por exemplo. Lógico que eles não irão colocar este argumento e sim afirmar que o processo é contra os interesses do país e da classe trabalhadora. Esta resistência será pesada e difícil de vencer. Outro foco de resistência encontra-se no próprio governo. A Infraero, que irá perder a sua grande fonte de renda, o aeroporto de Congonhas, já afirma que o governo deverá ter um custo de 3 bilhões a mais com o processo, sem sequer conhecer como o mesmo será feito.

d) Modelo de privatização - ainda não está claro como o processo será realizado, mas este aspecto será fundamental para o sucesso ou fracasso do programa proposto pelo governo. Alguns já especulam que a Eletrobras, por exemplo, ficará sem controle definido. Outros já calculam o valor do dinheiro que o governo irá receber. É certo que talvez o momento não seja o mais adequado (perdemos um bom momento em 2005, por exemplo, quando o mercado mundial estava confiante e com muitos recursos disponíveis), mas quanto mais o governo garantir a geração de fluxo de caixa futuro melhor. O processo conduzido pelo governo anterior, com ênfase na menor tarifa, foi um fracasso. Um aspecto crucial do processo é garantir os direitos daqueles que estão participando do processo.

e) Melhoria na transparência - o anúncio do processo poderá ajudar a melhorar a transparência das informações contábeis das empresas estatais. Um texto do Valor já fez uma estimativa, a maior, que as contingências da Eletrobras chegam a 64 bilhões. Mas esqueceu da conta de chegada entre esta estatal e a Petrobras. Este fato, por sua vez, pode ajudar na privatização da BR.

f) Quem serão os interessados? - as privatizações do governo Dilma foram um fracasso por não garantir a sustentabilidade do negócio. Além disto, ocorreu um erro de análise (e projeção) por parte das empresas. Muitos dos potenciais investidores estão com sérios problemas, seja de caixa ou com a justiça. Os participantes no passado, composto por empreiteiras e fundos de pensão, não participarão do processo atual. Afinal, quem serão os interessados? Interessados em Congonhas será fácil de encontrar, mas na Casa da Moeda e em algumas usinas/empresas elétricas será mais difícil. O modelo irá incluir o pequeno investidor e o investidor estrangeiro? São questões relevantes que ainda precisam ser respondidas no futuro. Como será vencida a resistência política? O atual governo tem usado a estrategia da compra de opinião. Isto será a melhor opção agora?

15 fevereiro 2017

Eletrobras abre novo canal de denúncias de corrupção e ilegalidades

A estatal Eletrobras prevê colocar em operação em abril um novo canal para que funcionários denunciem suspeitas de corrupção ou ilegalidades, após uma ferramenta já disponível para os relatos ter registrado aumento de quase 200% nos casos em 2016, disse à Reuters nesta quarta-feira a diretora de Conformidade da elétrica, Lucia Casasanta.

A preocupação em oferecer um meio anônimo para as denúncias vem em um momento em que a Eletrobras é alvo de investigações pelas autoridades no âmbito da Operação Lava Jato, que apura um enorme escândalo de corrupção no Brasil que envolveu desvios em empreendimentos da companhia, como a hidrelétrica de Belo Monte e a usina nuclear de Angra 3.

A Eletrobras também deverá utilizar eventuais descobertas provenientes dos relatos ou de investigações internas para buscar ressarcimento por perdas por corrupção. A estatal registrou quase 300 milhões de reais em impacto financeiro por irregularidades no final de 2016, após concluir uma primeira fase de apurações internas com apoio de escritórios especializados.

O novo canal faz parte de um programa de ações para garantir a conformidade da atuação da companhia, o que envolverá uma série de outras medidas internas.

"Existia um canal, que funciona... mas a gente percebeu que ele tinha pouca atratividade. Pelo porte e número de funcionários, em tempos de Lava Jato, deveria ter um volume maior (de casos relatados)...", disse Lucia, que foi eleita para a recém-criada diretoria da Conformidade em julho passado.

Segundo ela, agora o serviço do canal de denúncias será terceirizado e terá os relatos levados a um comitê centralizado, com representantes das controladas da Eletrobras, que definirá como lidar com cada caso.

Ela admitiu que, considerando que o canal era administrado pela própria Eletrobras, havia um certo receio dos funcionários quanto à confiabilidade e o modo como a informação seria tratada.
[!!!]

"As pessoas acreditavam pouco na solução", completou Lucia.

A Eletrobras também adotará medidas para reduzir riscos no relacionamento com fornecedores, como diligências para avaliação da integridade de terceirizadas e contratadas.

Outra ação, esta já colocada em prática, foi a criação de um comitê para avaliar os nomes indicados a cargos de diretoria da companhia e suas controladas, em cumprimento à recente Lei das Estatais, que tenta eliminar indicações políticas nas empresas públicas.

Segundo a diretora de Conformidade, novas ações podem ser executadas também de acordo com os achados das investigações internas para apurar eventuais irregularidades, que continuam.

Lucia, no entanto, reafirmou que a empresa não acredita que as apurações possam encontrar novos casos de irregularidades a ponto de exigir baixas contábeis.

"A gente não espera que esse processo de investigação nos traga, com tudo que é conhecido hoje, algo que tenha efeitos quantitativos mensuráveis", afirmou ela, que já foi sócia das auditorias Arthur Andersen e Deloitte e coordenadora do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (ICGC).

A executiva afirmou ainda que tem sentido um grande apoio da nova gestão da Eletrobras às ações do programa de conformidade.

O atual presidente da estatal, Wilson Ferreira Jr, comandava a CPFL Energia até pouco antes de tomar posse na Eletrobras, em julho de 2016.

"É um desafio enorme, é muita coisa para implementar... mas acho que a gente está tendo apoio para implementar aquilo que é correto, fazer a coisa certa, e não ficar remediando. Acho que estamos em um momento de transformação", disse.

Ressarcimento de perdas

A executiva afirmou que a companhia buscará ressarcimento para as perdas daquilo que for "incontestável".

"Já tem perdas reconhecidas no balanço... questões quantificadas e divulgadas. Isso aí estamos trabalhando em conjunto com a Advocacia-Geral da União, estamos começando contatos, junto ao Tribunal de Contas da União (TCU) também, porque o TCU estava em processo de fiscalização desses empreendimentos...", destacou. 

Ela lembrou também que a Eletrobras também tem atuado como assistente da acusação nas ações decorrentes da Lava Jato que tramitam agora na Justiça do Rio de Janeiro, sob responsabilidade do juiz Marcelo Bretas.

"A gente quer acompanhar o resultado disso para que, naquilo que couber eventualmente ressarcimentos, a gente possa entrar com uma ação específica", explicou.

Fonte: Aqui

16 agosto 2016

Eletrobras e RBSE

Diante dos prejuízos bilionários de diversas empresas brasileiras nos últimos anos, a Eletrobras divulgou hoje que teve um lucro de 13 bilhões de reais. No mesmo período do ano anterior o resultado era de um prejuízo.

No período, a holding estatal de energia elétrica informa reconhecimento contábil referente à RBSE com impacto líquido de R$ 17,035 bilhões - o dado se refere a indenização por ativos não amortizados anteriores a 2000.

Perplexidade: “que diabo é RBSE”. Depois de uma busca no site da empresa encontrei as demonstrações contábeis. Basicamente o RBSE é resultante de uma portaria do Ministro que determinou a correção de valores que estavam a custo histórico desde o início do milênio. Isto será incorporado a Base de Remuneração Regulatória a partir de 2017.

Apesar da explicação constante na Portaria que deu origem ao palavrão e das explicações constantes nas demonstrações contábeis, confesso que não fiquei convencido. Tenho dúvidas sobre a pertinência desta correção e sua finalidade. Preciso estudar melhor o assunto. (Socorro, Isabel. Nossa especialista no setor !!)

13 julho 2016

Norte Energia e Belo Monte


Os acionistas da Norte Energia, empresa responsável pela construção e operação da usina de Belo Monte, no rio Xingu, no Pará, farão nos próximos dias uma nova injeção de capital no empreendimento, afirmou o presidente da Eletrobras, José da Costa Carvalho Neto. 

"O aporte total será de 300 milhões de reais e será rateado pela participação de cada um lá em Belo Monte", disse uma fonte sob condição de anonimato.

O aporte de capital foi decidido diante da dificuldade de obtenção de um empréstimo junto ao BNDES, com o banco exigindo mais garantias. Com a menor demanda por energia, o consórcio estaria com dificuldades para vender o excedente de energia no mercado livre, condição para liberação do empréstimo de aproximadamente 2 bilhões de reais, segundo a fonte.

Fontes: Aqui e aqui.

25 maio 2016

Eletrobras: Não, não

O TCU aprovou uma medida cautelar que suspende repasse de recursos para a construção de hidrelétrica na Nicarágua. O empreendimento foi concedido para a Eletrobras em parceria com a Queiroz Galvão, investigada na Operação Lava Jato.

Segundo publicação da Agência Brasil, existem irregularidades no projeto - que já tem um aporte de US$ 100 milhões autorizados. A medida cautelar barrou o aporte de mais US$ 1,2 bilhão. O ministro Bruno Dantas declarou que os US$ 100 milhões iniciais autorizados não foram pagos porque "não tem dinheiro".

A Eletrobras apresentou um prejuízo de R$ 3,898 bilhões no 1º trimestre de 2016. E Angra 3 continuará dando dor de cabeça.

21 maio 2016

Fato da semana: Eletrobras

Fato: Eletrobras e as demonstrações de 2014

Data: De 16 a 20 de maio de 2016

Fonte: Imprensa, Governo, Empresa

Precedentes
2010 - Entre 2001 a 2010 a empresa teve oito presidentes.
Março de 2014 - Começa a operação lava-jato. Uma das investigações inclui a corrupção na Eletronuclear e obras de Angra 3. Além disto, as denúncias incluíram as obras da usina BeloMonte.
2015 - As demonstrações contábeis do exercício de 2014 são publicadas no Brasil, mas não foram entregues na bolsa de Nova Iorque. A empresa de auditoria recusou assinar o parecer sem uma investigação. Uma empresa é contratada para fazer os trabalhos, que ainda não terminou.
17/05/2016 - A empresa informa ao mercado que não depositaria as demonstrações do exercício findo em 31/12/2014 na prorrogação do prazo. A bolsa dos EUA suspenderia as negociações do papel da empresa.

Notícia boa para contabilidade?
Aparentemente a Eletrobras foi mais uma empresa que foi usada para fins alheios ao seu objeto social. A lentidão na apuração dos problemas de corrupção "poderia" ser justificada em razão da complexidade da teia societária, mas não convence muito. O fato dos sistemas de controles, incluindo aqui a empresa de auditoria e comitês internos, terem deixado passar os problemas também não ajuda.

Desdobramentos
Tudo leva a crer que a divulgação irá demorar muito. A possibilidade da empresa sair da bolsa dos EUA é real. Em 2004 a Eletrobras saiu do PND, mas sua volta pode ocorrer. Há comentários que a falta de pagamento do subsídio à região norte pode provocar, nos próximos meses, um apagão.

Mas a semana só teve isto?
Não. O anúncio do rombo (ou "rambo") fiscal de R$170 bilhões é muito maior do que o esperado (R$120 era o número comentado). A compra da SSRN também é relevante para a ciência. A demissão do presidente da Mitsubishi por fraude é um fato internacional importante.



Em tempo: Como ressaltado pelo Rossandro, a nomeação de Pedro Parente para a presidência da Petrobras também merece ser ressaltada. O currículo dele é sensacional e eu, particularmente, considero uma ótima nótícia. Ele terá um trabalho árduo pela frente. Isabel Sales

20 maio 2016

Eletrobrás: Fora da meta fiscal

Com mais esclarecimentos à imprensa, a Eletrobras negou a antecipação dos R$ 40 bilhões em dívidas, acrescentando que o valor total da dívida líquida consolidada está em torno de RS 15,8 bilhões, descontados os valores dos financiamentos a pagar e a receber da Reserva Global de Reversão.

O blog “O Antagonista” publicou uma nota na qual afirma que, aparentemente, o valor não só foi reconhecido pelo Ministro do Planejamento e pelo da Fazenda, como também não foi incluído no cálculo da meta fiscal.

19 maio 2016

Eletrobras: e a conta vai para o nosso bolso

Fonte: Aqui
O Congresso aprovou ontem uma regra para ajudar financeiramente o sistema Eletrobras. Os consumidores vão pagar mais essa parte dos custos e das perdas provocadas pelo governo no setor. É mais um resultado da Medida Provisória 579, do governo Dilma. A regra, de 2012, provocou muitos problemas financeiros nas empresas elétricas.

O governo editou aquela MP para forçar um recuo na tarifa de eletricidade. A norma desequilibrou financeiramente as empresas do setor. Veio o “tarifaço”, que socorreu as distribuidoras privadas; tirou dinheiro do nosso bolso para resolver o problema que o governo Dilma criou. Uma parte dos graves problemas da estatal tem origem na MP 579. Agora, a movimentação é para repor dessas perdas do sistema Eletrobras. Cerca de R$ 3,3 bi serão pagos pelos consumidores.

As dificuldades da Eletrobras não param por aí. Ela não consegue mensurar o tamanho da corrupção e a auditoria não quer chancelar o seu balanço [parece familiar?]. A companhia atrasou a entrega de informações no mercado de capitais americano e teve seus papéis retirados da bolsa de Nova York. Dessa forma, a empresa pode ser obrigada a pagar antecipadamente algumas obrigações bilionárias.

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