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30 abril 2012

Lucro Econômico

Definição – Corresponde ao lucro líquido obtido pela empresa deduzido do custo de oportunidade para os acionistas.

Fórmulas – Lucro Econômico = Lucro Líquido – Custo de Oportunidade dos Acionistas x Patrimônio Líquido inicial

Lucro Líquido – resultado líquido da empresa, após o pagamento de despesas financeiras e impostos.
Custo de Oportunidade dos Acionistas – corresponde a percentagem da alternativa de investimento dos acionistas.
Patrimônio Líquido Inicial – refere-se ao patrimônio líquido contábil inicial

Unidade de Medida – Em unidades monetárias.

Intervalo da medida – O índice pode ser negativo ou positivo e os valores podem variar neste intervalo.
Como calcular – Os valores são obtidos na demonstração do resultado, no balanço patrimonial e através de dados do mercado. Vamos mostrar como se calcula este índice através da empresa Arezzo. A seguir um extrato da Demonstração do resultado

A empresa obteve um lucro de 91,6 milhões de reais em 2011. O valor do Patrimônio Líquido inicial é dado na figura a seguir:

A determinação do custo de oportunidade dos acionistas é a parte mais difícil. Existem diversas fórmulas de cálculo que podem ser usadas, incluindo o custo dado pelo CAPM, método build-up, pesquisa de mercado entre outras. Para o detalhamento destes métodos seriam necessárias diversas postagens. Vamos adotar aqui dois métodos: um simplista, mas polêmico, de usar a rentabilidade de um investimento no mercado; e outro, baseado no CAPM.

Para o primeiro método iremos considerar a rentabilidade da poupança. A figura mostra que em 2011 este investimento teve um retorno mínimo de 7,5%:

Usando este valor o lucro econômico da empresa será:

Lucro Econômico em 2011 = 91 613 – 7,5% x 146 218 = 80 646

A empresa gerou um lucro econômico de 80,6 milhões de reais.O método do CAPM utiliza a expressão:

Custo de Oportunidade = Retorno do Título sem Risco + (Prêmio do Mercado) x Beta

O beta é calculado para empresas com ações no mercado de capitais. Para a Arezzo encontramos o seguinte beta:

Usaremos aqui um prêmio de 6% do mercado. Assim, o custo de oportunidade será dado por:

Custo de Oportunidade – CAPM = 7,5% + 6% x 0,6676 = 11,51%

(Estamos assumindo de forma simplificada alguns valores nestes cálculos)

O Lucro Econômico, usando este custo de oportunidade, é de:

Lucro Econômico = 91 613 – 0,1151 x 146 218 = 74 789

Indicando que a empresa obteve um lucro econômico de 74,8 milhões de reais.

Grau de utilidade – Elevado. Apesar de o índice ser mais fácil de calcular para empresas com capital na bolsa de valores, qualquer empresa pode ter seu lucro econômico determinado.  O índice é útil, pois mostra se a empresa agregou valor para seus acionistas no período considerado. Valores negativos indicariam que a empresa destruiu valor no exercício.

Controvérsia de Medida – Muitas. Além dos problemas relacionados com o custo de oportunidade existem as questões relacionadas com o capital próprio (usamos o inicial, o médio ou o final?). Observe que o PL inicial da empresa que usamos para exemplificar o índice era de 146 milhões e o PL final era de 384 milhões. Esta variação ocorreu pelo aumento de capital da empresa e pela retenção dos lucros. Se um investidor tivesse comprado ações após o aumento de capital o uso do PL inicial não seria o mais recomendável. Isto significa dizer que os cálculos de diferentes analistas para o lucro econômico não serão iguais.

Observações Adicionais
a)      Se a análise for realizada para uma empresa de capital fechado, podemos usar parâmetros de empresas similares com ações negociadas no mercado de capitais, acrescido de um prêmio pela iliquidez das ações.
b)     Usamos o lucro econômico em termos do passado. Este índice é muito útil quando se considera os valores projetados. A teoria de finanças mostra que o lucro econômico projetado, a valor presente, corresponde ao valor da empresa.
c)     Poderíamos afirmar que uma empresa deveria ter um lucro econômico positivo. Entretanto, em fase de expansão, é possível que uma empresa tenha lucro econômico negativo em alguns períodos. Isto ocorre em razão do volume elevado de investimento realizado e da baixa margem de lucro nestes períodos.
d)     No longo prazo uma empresa deve ter valores positivos para o lucro econômico. É uma condição essencial para sobrevivência no longo prazo.
e)     Em razão da dificuldade de cálculo do custo de oportunidade dos acionistas, é comum encontrar utilização de fórmulas que tentam aproximar deste valor. 

Esta é a penúltima postagem de uma série de textos sobre os principais índices usados na análise das demonstrações contábeis. Outros textos publicados foram: FCO sobre Ativo, FCO sobre Passivo, Retorno Total, Crescimento SustentávelFC sobre VEFC sobre Vendas, PLCFCL sobre VEDistribuição do Valor adicionadoLucro Líquido sobre AtivoDividendo por lucro, Lucro por açãoPreço sobre vendasDividend yieldCapital Circulante LíquidoCusto da DívidaInvestimento sobre DepreciaçãoComposição do EndividamentoCobertura de dívida,. Cobertura de investimentoPrazo de Pagamento a FornecedoresTaxa de QueimaPrazo de EstocagemValor Adicionado sobre ReceitaMargem LíquidaGiro do AtivoP/LRSPLEndividamento OnerosoEndividamentoFluxo de Caixa LivreEbitdaMargem OperacionalNIG sobre VendasValor do EmpreendimentoCapitalizaçãoMargem BrutaROI e Liquidez Corrente

27 abril 2012

FCO sobre Passivo

Definição – O fluxo de caixa das operações sobre o passivo mostra se o caixa gerado com as operações é suficiente para pagar as dívidas com terceiros. Seu inverso mostra em quanto tempo o passivo pode ser quitado com o caixa das operações.

Fórmulas – FC sobre Passivo = (Fluxo de Caixa das Operações / Passivo)
Fluxo de Caixa das Operações – corresponde ao caixa gerado nas atividades operacionais da empresa.
Passivo – representa as obrigações com o capital de terceiros.  

Unidade de Medida – Números absolutos. Se multiplicado por cem será em valores percentuais.

Intervalo da medida – O fluxo de caixa das operações pode assumir valores negativos ou positivos. Assim, o índice pode ser positivo ou negativo. Valores acima de -100% são raros, assim como valores superiores a 100%, que ocorrem em empresas com elevada geração de caixa e baixo endividamento.
Como calcular – Os valores são obtidos nas demonstrações dos fluxos de caixa e Balanço patrimonial.
Considere, a título de exemplo, as informações financeiras do Sport Club Corinthians para o ano de 2011.  Parte do balanço encontra-se na figura a seguir:

O passivo do Corinthians é a soma do passivo circulante mais o passivo não circulante. Neste caso corresponde a R$688,5 milhões para o final de 2011. O fluxo das operações encontra-se na figura a seguir:

O fluxo de caixa é de 120 milhões de reais para 2011 e 33 milhões para 2010. O índice é dado por:

FCO sobre Passivo = 120,3 / 688,5 = 0,175

Ou seja, o fluxo gerado nas operações em 2011 conseguiria quitar um pouco mais de um sexto da dívida com terceiros. No ano de 2010 este valor seria de 0,089, indicando um aumento na capacidade de pagamento das dívidas com o caixa das operações. Outra forma de analisar este índice é calcular seu inverso:

Passivo sobre FCO = 688,5 / 120,3 = 5,7 anos

O clube levaria 5,7 anos para quitar a dívida com o caixa gerado internamente. No ano anterior seria de 11,2 anos. Esta melhoria deveu-se ao aumento no fluxo das operações, de 266%. Entretanto, o passivo também aumentou, numa proporção menor, em 87%.

Grau de utilidade – Moderado. As dívidas de funcionamento, relacionadas com o ciclo operacional, geralmente não são objeto de pagamento por parte da empresa. Neste sentido, usar o passivo oneroso seria mais interessante.  

Controvérsia de Medida – Alguma. Existe a questão da utilização dos juros no FC das operações. Além disto, o uso do passivo talvez não seja a melhor opção, conforme discutido anteriormente.

Observações Adicionais
a)     O índice pode ser calculado usando o passivo médio ou o passivo inicial. Estas duas opções implicaria em perda de uma informação. Para o caso do Corinthians, cujo passivo aumentou mais que o FCO, as alternativas aumentaria o índice, para 0,227 e 0,326, nesta ordem.
b)     É importante verificar se o FCO está considerando ou não os juros (despesas financeiras). O correto é considerar os juros como parte do FC de financiamento.
c)     Uma alternativa ao índice é usar somente o passivo oneroso. Para o caso do exemplo, considerando somente Empréstimos e Financiamentos, o valor do passivo oneroso seria de 53,7 milhões de reais, aumentando bastante o índice, para 2,24, indicando que o caixa operacional consegue pagar os financiamentos. 

26 abril 2012

FCO sobre Ativo

Definição – Este índice mede o fluxo gerado pelas operações da empresa num determinado período sobre o ativo total.

Fórmulas – FC sobre Ativo = (Fluxo de Caixa das Operações / Ativo ) x 100

Fluxo de Caixa das Operações – corresponde ao caixa gerado nas atividades operacionais da empresa.
Ativo – representa os itens que promoveram a geração do caixa.

Unidade de Medida – Em percentual. Apresenta quantos por cento de retorno, em caixa, o ativo gerou.

Intervalo da medida – O fluxo de caixa pode ser negativo ou positivo. Assim, o índice pode variar entre -100% a 100%. Valores acima ou abaixo desse intervalo são possíveis de serem obtidos na prática, mas são raros.

Como calcular – Os valores são obtidos na demonstração dos fluxos de caixa e no Balanço patrimonial.
Considere o caso da Usiminas, apresentado a seguir através de um pedaço da demonstração dos fluxos de caixa:

Observe que a empresa gerou R$1,3 bilhão de caixa das atividades operacionais no primeiro trimestre de 2012.  O ativo encontra-se na figura a seguir:

O ativo, no final de março, era de 33 bilhões. O índice pode ser calculado facilmente:

FCO sobre Ativo = (1286 894 / 33 038 904) x 100 = 3,9%

Para cada unidade monetária de ativo, a empresa gerou 0,04 centavos no primeiro trimestre de 2012.

Grau de utilidade – Moderado. A primeira limitação é o fato de que somente algumas empresas calculam o fluxo de caixa das operações, em especial aquelas com ação negociada na bolsa.

Controvérsia de Medida – Alguma. O cálculo do FC das operações pode considerar os valores pagos para o capital de terceiros sob a forma de juros. Além disto, o uso do ativo pode gerar algumas controvérsia.

Observações Adicionais
a)     Quando divide e múltipla os valores pelo lucro operacional teremos o retorno do ativo multiplicado pelo fluxo sobre o lucro. Ou seja, o fluxo sobre o ativo corresponde ao retorno do ativo pela capacidade de converter o lucro em caixa da empresa;
b)     Observe que no exemplo apresentado consideramos o fluxo das operações sem a despesa financeira. Veja que após o lucro líquido do exercício foi somado às despesas de juros, anulando seu efeito sobre o fluxo das operações. Esta é a forma mais correta de obtenção do fluxo das operações.
c)     Com respeito ao ativo, pode-se usar o valor do ativo médio ou o ativo inicial. No exemplo apresentado, o valor do ativo inicial e final são  próximos, o que não afeta a escolha do ativo. Usar o ativo de 31 de março evita perder uma informação. O uso do ativo médio ou do ativo inicial pode ficar mais próximo do ativo que foi efetivamente usado ao longo do primeiro trimestre.
d)     A melhor alternativa seria usar o “investimento”, considerando aqui, com o sinal negativo, o valor do passivo não oneroso. Veja mais sobre isto no índice ROI.
e) A geração de caixa irá depender de uma série de fatores. Em algumas situações, como no caso de empresas em setores novos da economia, é razoável trabalhar com fluxos de caixa das operações negativo. Apesar disto, provavelmente maiores valores do índice indicariam maiores rentabilidades.

Esta é uma série de textos sobre os principais índices usados na análise das demonstrações contábeis. Outros textos publicados foram: Retorno Total, Crescimento Sustentável, FC sobre VE, FC sobre Vendas, PLCFCL sobre VEDistribuição do Valor adicionadoLucro Líquido sobre AtivoDividendo por lucro, Lucro por açãoPreço sobre vendasDividend yieldCapital Circulante LíquidoCusto da DívidaInvestimento sobre DepreciaçãoComposição do EndividamentoCobertura de dívida,. Cobertura de investimentoPrazo de Pagamento a FornecedoresTaxa de QueimaPrazo de EstocagemValor Adicionado sobre ReceitaMargem LíquidaGiro do AtivoP/LRSPLEndividamento OnerosoEndividamentoFluxo de Caixa LivreEbitdaMargem OperacionalNIG sobre VendasValor do EmpreendimentoCapitalizaçãoMargem BrutaROI e Liquidez Corrente


25 abril 2012

Retorno Total


Definição – Corresponde ao lucro operacional gerado pela entidade pelo valor do empreendimento. O inverso do índice refere-se ao período de tempo de retorno proporcionado pelo lucro operacional da empresa.

Fórmulas – Retorno Total = (Lucro Operacional / Valor do Empreendimento) x 100

Lucro Operacional = corresponde ao resultado da empresa antes das despesas financeiras, imposto de renda e participações. Inclui a receita financeira
Valor do Empreendimento = refere-se ao valo de mercado da empresa mais as dívidas menos o caixa e equivalentes.

Unidade de Medida – Em percentual. Corresponde a percentagem de retorno total da empresa, usando uma aproximação do valor de mercado da empresa.

Intervalo da medida – O lucro operacional é positivo, mas eventualmente poderá ser negativo. Assim, o intervalo irá variar entre -100% a infinito. Como em geral dificilmente o lucro operacional é superior ao valor do empreendimento, o intervalo natural do índice está entre -100% a 100%, mas com valores positivos.

Como calcular – Para determinar o valor do empreendimento é necessário obter o valor de mercado do patrimônio líquido. Vamos usar o exemplo da Embraer. Num sítio da internet localizamos que o valor da empresa em dezembro de 2011:

Os valores do passivo e do caixa são obtidos no balanço patrimonial da empresa:


Assim, o valor do Empreendimento é dado por:

Valor do Empreendimento em 31/12/2011 = 8,7 + 10,8 – 2,5 = 16,9 bilhões de reais

O lucro operacional pode ser obtido na DRE da empresa:

Observe que este não é o resultado operacional correto já que não inclui as receitas financeiras (é isto mesmo, as receitas financeiras fazem parte do resultado operacional). Isto tende a reduzir o valor o retorno total encontrado para empresa. O índice é dado por:

Retorno Total = Lucro Operacional / VE = 521 / 16 943 = 3,1% ao ano

Grau de utilidade – Regular. Seu uso está limitado a empresas de capital aberto e que tenham perspectiva de lucratividade.

Controvérsia de Medida – Alguma. O cálculo do lucro operacional é sempre complicado em razão da dificuldade de separação da receita financeira da despesa financeira. Estes dois itens devem ter tratamento financeiro distinto, já que o primeiro é operacional, mas o segundo não. Entretanto, as DRE das empresas não apresentam desta forma.  

Observações Adicionais
a)     O inverso do índice informa em quanto tempo o lucro operacional gerado pela empresa paga o capital investido hoje. No caso da Embraer, são 32 anos para se pagar este capital.
b)     Uma forma de minimizar o problema do lucro operacional é considerar um conceito de VE mais abrangente, incluindo todas as aplicações financeiras. No caso da Embraer, isto reduziria o VE para 15,5 bilhões já que seria subtraído de 1,413 bilhão de “instrumentos financeiros ativos”. O novo índice seria de 3,36% ou 29,7 anos para pagar o capital.
c)     Este índice é interessante, pois leva em consideração todo o capital investido na empresa e não somente o patrimônio líquido. Alguns analistas usam o preço da ação sobre o lucro operacional por ação, o que é inconcebível em termos teóricos. Neste caso está usando um lucro derivado do ativo e comparando com o patrimônio líquido

24 abril 2012

Crescimento Sustentável

Definição – este índice determina a taxa de crescimento máxima das vendas em comprometer a estrutura financeira.

Fórmulas – Crescimento sustentável = Variação no PL / PL inicial

Variação no PL = corresponde à variação ocorrida no patrimônio líquido da empresa no período. Nas situações onde nenhum lucro é distribuído, a variação irá corresponder ao próprio lucro líquido. Caso exista distribuição, a variação no PL corresponde ao lucro vezes a taxa de retenção.
PL Inicial = refere-se ao patrimônio no inicio do período.

Unidade de Medida – Pode ser expresso em percentual se multiplicar por 100.

Intervalo da medida – Este índice pode variar, pelo menos em teoria, entre menos infinito a infinito. Entretanto, em situações de lucro irá variar entre zero a cem por cento.

Como calcular – Os valores podem ser obtidos na DMPL de uma empresa. A figura a seguir é um pedaço da DMPL da empresa Les Lis Blanc Deux, do setor de moda.

Em 31 de dezembro de 2010 o patrimônio líquido da empresa era de 153 milhões de reais. A empresa gerou um lucro de 37,7 milhões, dos quais 8,9 foram distribuídos. Assim, o lucro que ficou na empresa foi de 28,7 milhões. O crescimento sustentável é de

Crescimento Sustentável = 28,7 / 153 = 0,1877

Ou seja, a empresa pode crescer a uma taxa de 18,77%. Observando a demonstração do resultado da empresa tem-se a seguinte figura:

Durante o ano de 2011 a receita da empresa apresentou o seguinte crescimento:

Crescimento das Receitas = (471,1 / 351,1) – 1 = 0,342

Ou seja, a receita vem aumentando muito além do crescimento sustentável da empresa. Persistindo esta diferença, isto pode gerar problemas financeiros.

Grau de utilidade – Regular. É um índice interessante para empresas com lucro e taxa de crescimento elevada. Além disto, não é muito usada pelos analistas.

Controvérsia de Medida – Alguma. É muito difícil prever uma taxa de crescimento adequada para uma empresa. No anterior, a empresa do exemplo apresentou um crescimento sustentável de 0,24. Naquele período o crescimento das vendas foi novamente superior ao crescimento sustentável (34%).

Observações Adicionais
a) Este índice é bastante defendido por Robert Higgins, no livro Analysis for Financial Management.
b) Multiplicando o numerador e denominador por vendas e ativo, o índice corresponde a margem líquida vezes a taxa de retenção do lucro vezes o retorno do ativo vezes o giro do ativo. Higgins denomina esta fórmula de PRAT, sendo P = margem líquida (profit margin), R = retenção do lucro; A = giro do ativo e T = alavancagem que poderíamos traduzir para MARA.
c) Este índice deve ser considerado no longo prazo. A empresa que apresenta crescimento de vendas muito acima da sua capitalização pode estar aumentando o endividamento, com reflexo no risco.
d) Trata-se, portanto, de um índice conservador, onde a expansão deve ser feita com recursos próprios da própria empresa.

Esta é uma série de textos sobre os principais índices usados na análise das demonstrações contábeis.  Outros textos publicados foram:


20 abril 2012

PLC - Patrimônio Líquido e Crescimento da Empresa

Definição – corresponde a relação entre o P/L e a taxa de crescimento da empresa. Por relacionar um índice de avaliação de ação pelo crescimento, o PLC corresponde a um comparativo entre o valor da ação no mercado e o nível de crescimento dos lucros da empresa.

Fórmulas – PLC =  índice P/L / Crescimento do Lucro em %

Índice P/L = corresponde a relação entre o preço de mercado da ação pelo lucro por ação. Refere-se ao período de tempo necessário para que o lucro pague o valor de mercado da ação. Um P/L de 10 indica que em 10 períodos o lucro irá pagar o preço da ação. É um índice de valorização de uma ação no mercado.
Crescimento do Lucro em % = refere-se a taxa de crescimento do lucro da empresa em %.

Unidade de Medida – O índice ser uma divisão de um número absoluto por um percentual, sendo que o resultado final está em percentuais.

Intervalo da medida – O intervalo deste índice é amplo já que a empresa pode ter prejuízo e crescimento negativo. Considerando que este índice será usado para empresas com lucro e crescimento positivo, o intervalo irá variar em torno de 1, entre 0 a infinito.

Como calcular – Este índice deve ser usado para valores projetados. Assim, o índice P/L e a taxa de crescimento do lucro são montantes estimados pelo analista. Iremos mostrar como o índice funciona para situações históricas.
A figura a seguir foi retirada de um endereço de informação sobre a empresa Sanepar:

A Sanepar tinha um P/L de 13,10. Isto significa dizer quem em 13,1 anos o preço atual da ação da empresa irá retornar para o investidor sob a forma de lucro. A seguir a demonstração do resultado para mesma empresa em 2011 e 2010.

A empresa apresentou um crescimento de lucro de 83,87% no período.

O índice é dado por:

PLC = 13,1 / 83,87 = 0,16

Neste caso, a taxa de crescimento do lucro é muito superior a relação esperada para o nível de P/L. Isto faz com que o índice fique abaixo da unidade, indicando que mantendo este crescimento, o investimento na empresa seria interessante.

Grau de utilidade – Regular. Seu uso está condicionado a existência de lucro na empresa e que o mesmo seja crescente no tempo. Além disto, seu uso está restrito a empresas de capital aberto.

Controvérsia de Medida – Alguma. O índice deve ser usado em termos de projeção. Isto significa que cada analista poderá ter seu resultado.

Observações Adicionais
a)     Este índice mostra se o preço de uma ação está “barato” ou não. Valores menores que a unidade indicaria um preço de mercado atual atrativo, já que o crescimento futuro dos lucros conduziria a uma redução, no tempo, do índice P/L.
b)     Em termos de análise, valores menores são mais interessantes. É importante que o índice seja usado projetado e não usando informação do passado.
c)     Para fazer isto, o analista pode buscar um consenso de outros analistas com respeito ao desempenho da empresa. Ou fazer projeções. Observe que a taxa de crescimento histórica do lucro da empresa, de 83%, talvez seja irreal. Se usarmos uma taxa de 20%, o índice seria de 0,655, que ainda seria interessante a compra da ação. Para que não seja interessante comprar esta ação, o crescimento do lucro deve ficar em 13,1%, que corresponde ao índice P/L.
d)     Assim, quando a empresa irá crescer acima do P/L, o índice indicaria uma ação atrativa. Valores abaixo, a ação não seria interessante.
e)     Observe que o índice P/L possui variação diária. Isto significa que este índice também possui periodicidade diária.
f)       Este índice é conhecido no PEG Factor na literatura inglesa.

Esta é uma série de textos sobre os principais índices usados na análise das demonstrações contábeis.  Outros textos publicados foram:

14 abril 2012

Dividendo por lucro

Definição – Este índice representa a taxa de distribuição do lucro para os acionistas.

Fórmula – Dividendo por lucro = [(Dividendos + Juros sobre o Capital Próprio)/Lucro Líquido] x 100

Sendo

Dividendos e Juros sobre Capital Próprio = representa o valor distribuído para o acionista sob a forma de dividendos e juros sobre o capital próprio
Lucro Líquido = corresponde ao lucro líquido da empresa, antes da distribuição do resultado

Unidade de Medida – em percentual.

Intervalo da medida – Este índice é obtido para valores positivos, variando entre zero a cem. Quanto mais próximo de 100% maior a distribuição do resultado por parte da empresa. Em razão das normas societárias brasileiras, o valor mínimo deveria ficar em geral acima de 25%.

Como calcular – Os valores podem ser obtidos na demonstração das mutações do patrimônio líquido. Ou então na demonstração dos fluxos de caixa do período seguinte e do resultado do atual exercício.

Veja o exemplo da holding Itau, conforme extrato apresentado na figura abaixo:

Durante o exercício (segundo semestre de 2011) a empresa teve um lucro acumulado de R$6,12 bilhões. Será destinado para os acionistas R$1,85 bilhão. Este índice pode ser calculado facilmente:

Dividendo por lucro = [1846 923 / 6 120571] x 100 = 30,2%

Ou seja, a empresa está distribuindo um pouco menos de um terço do lucro para seus acionistas.

Grau de utilidade – Elevado. Este índice mostra quanto está sendo distribuído do lucro por parte da empresa. Para o investidor é importante saber a possibilidade de ter um fluxo de dividendos ao longo dos anos.

Controvérsia de Medida – Alguma, referente ao uso da DMPL para fins de obtenção dos valores, conforme detalhado a seguir.

Observações Adicionais
a) Apesar de o índice referir-se aos dividendos, os aspectos contemplados também estão relacionados com os juros sobre o capital próprio.
b) Usamos a DMPL para o cálculo. É importante notar que o valor de dividendos apresentados na DMPL refere-se a uma proposta. O ideal seria usar o valor efetivamente distribuído. A alternativa para isto seria obter este valor na DFC no próximo exercício social. Entretanto, isto não garante que o cálculo esteja levando em consideração somente os dividendos gerados no exercício.
c) O inverso desta medida seria a taxa de retenção do lucro. No exemplo apresentado, a taxa de retenção seria 70% ou 1 – 30%.
d) Empresas em fase de expansão costumam reter lucros, resultando num índice reduzido. Entretanto é importante considerar que a existência da legislação societária sobre o assunto tende a elevar o valor distribuído mesmo nestas fases.
e) As empresas que não possuem alternativas de investimento geralmente apresentam um valor elevado para este índice.
f)Em geral as empresas apresentam um valor relativamente estável no tempo. Grandes variações neste índice pode ser um aspecto negativo para o investidor.
g) Para as empresas que distribuem dividendos adicionais após a assembleia dos acionistas deve-se tomar o cuidado de relacionar o valor distribuído pelo lucro do exercício correspondente. 

Esta é uma série de textos sobre os principais índices usados na análise das demonstrações contábeis.  Outros textos publicados foram:

11 abril 2012

Dividend yield = Dividendos / Valor de Mercado

Definição – Este índice mede a distribuição de resultados para os acionistas pelo valor de mercado do capital próprio. Corresponde ao grau de distribuição de resultado por cada unidade de valor de mercado.

Fórmula – Dividend Yield = Dividendos / Valor de Mercado

Ou então Dividend Yield = Dividendos por ação / Preço de Mercado da Ação

Dividendos = valor distribuído ao acionista. Em virtude das peculiaridades do nosso mercado, deve incluir tanto os dividendos quanto os juros sobre o capital próprio.
Valor de Mercado = corresponde ao valor de mercado do capital próprio ou capitalização. Representa o valor de mercado das ações da empresa.

Unidade de Medida – em números absolutos. Se multiplicar o valor por 100 o resultado será em percentual.

Intervalo da medida – Este índice pode variar entre zero e um. Em casos extremos e raros pode ser maior que a unidade. Nesta situação, a empresa distribuiu dividendos numa parcela maior que o valor de mercado.

Como calcular – Parte da informação é obtida nas demonstrações contábeis da empresa. A outra parte, o valor de mercado, em endereços da internet. Veja o exemplo da Souza Cruz. O valor dos dividendos distribuídos pode ser obtido na demonstração dos fluxos de caixa:

A empresa distribuiu R$1,583 bilhão em 2011. O valor de mercado da empresa pode ser obtido em endereços que já citamos na postagem sobre capitalização. O valor de mercado ao final de 2010 era de R$27,6 bilhões.

O índice pode então ser calculado da seguinte forma:

Dividend Yield = 1,583 / 27,6 = 0,057

Indicando que para cada R$ investido no final de 2010 o acionista teria um dividendo de R$0,057.

Grau de utilidade – Moderado. Pode ser usado para selecionar as empresas pagadoras de dividendos ao longo do tempo, daquelas onde o retorno decorre da valorização do preço das ações.  Em situações de perpetuidade (modelo Gordon de dividendos descontados), o índice somado a taxa de crescimento corresponde ao custo do capital próprio.

Controvérsia de Medida – Alguma. Observe que usamos o valor de mercado inicial para confrontar com os dividendos pagos em 2011. É possível usar o valor médio ou o valor no final do período. Quando as ações estão crescendo, como é o caso da Souza Cruz, o uso do valor inicial tende a apresentar um índice mais elevado. As escolhas diferentes podem conduzir a valores diferentes. No caso da Souza Cruz, a empresa informou  um índice de 0,059, um pouco acima do que calculamos aqui.

Observações Adicionais
a)     Em caso de ausência do fluxo de caixa, pode-se usar a informação da DMPL referente à distribuição proposta de dividendos como uma aproximação. E existindo a informação no balanço patrimonial dos dividendos a pagar, o valor dos dividendos pagos corresponde ao valor existente na DMPL mais a variação de dividendos a pagar do passivo da empresa;
b)     Em razão da obrigatoriedade de distribuição mínima de dividendos existente na nossa legislação, alguns analistas consideram que esta medida pode ser afetada por esta exigência;
c)     Este índice pode servir de parâmetro para verificar a evolução da política de dividendos da empresa ao longo do tempo. Empresas com maiores índices pagam mais dividendos. Além disto, pode ser um índice interessante para aqueles que procuram ações subavaliadas pelo mercado e que pagam bons dividendos.

Esta é uma série de textos sobre os principais índices usados na análise das demonstrações contábeis.  Outros textos publicados foram:


09 abril 2012

Custo da Dívida

Definição – Este índice mede qual o custo da dívida com capital de terceiros da empresa.

Fórmula – Custo da Dívida = (Despesa Financeira / Capital de Terceiros Oneroso) x 100

Sendo
Despesa Financeira = corresponde ao valor dos juros relacionados com o passivo oneroso
Capital de Terceiros Oneroso = refere-se ao passivo oneroso, geralmente empréstimos e financiamento, de curto e de longo prazo.

Unidade de Medida – Em percentual.

Intervalo da medida – Em situações normais, este índice varia de zero a infinito. Entretanto, empréstimos em moeda estrangeira, em períodos de forte valorização cambial, pode fazer com que a empresa venha apresentar, como exceção, um índice negativo. Isto indicaria que a empresa ganhou com a captação de terceiros.

Como calcular – O índice pode ser calculado a partir do Balanço Patrimonial e da Demonstração do Resultado. É também relevante consultar as notas explicativas.

Considere o extrato do balanço patrimonial da empresa Marcopolo, apresentado a seguir.

O valor do passivo oneroso, para final de 2011, corresponde a 1,482 bilhão, que é a soma de empréstimos e financiamentos, circulante e não circulante. Para final de 2010 foi de 1,361 bilhão. Nos dois anos a média foi de 1,422 bilhão.

Para encontrar a despesa financeira podemos usar a demonstração do resultado. No caso da MarcoPolo tem-se:

Ou seja, a despesa financeira é de 182 milhões de reais.

Assim, o custo da dívida é dado por:

Custo da Dívida = (182 357 / 1 422 095) = 12,82 %

Entretanto, muitas vezes a informação de despesa financeira encontra-se melhor detalhada nas notas explicativas. No caso da empresa, eis o detalhamento do item “despesa financeira” da demonstração do resultado:

Ou seja, existem valores que não estão diretamente relacionados com o passivo oneroso. Considerando somente os itens destacados na figura tem-se que a despesa financeira foi 147,6 milhões de reais. Assim, o custo da dívida foi de:

Custo da Dívida = 147 621 / 1422 095 = 10,38%

Grau de utilidade – Elevado. O custo da dívida é um parâmetro fundamental na decisão financeira. Valores elevados podem indicar que o risco da empresa é elevado.

Controvérsia de Medida – Alguma. Existem algumas simplificações que adotamos aqui, que podem gerar controvérsia. A empresa possui muitos empréstimos em moeda estrangeira. O custo da dívida pode variar conforme o comportamento do câmbio. Entretanto, a existência de hedge pode minimizar este efeito. Isto deve ser considerado ou não no cálculo? Outro aspecto refere-se ao denominador: usamos o valor médio. Talvez o mais coerente fosse usar o valor inicial (ou de 31 de dezembro de 2010). Entretanto, em ambas as situações nós perdemos uma informação na série histórica.

Observações Adicionais
a)     O valor apresentado encontra-se em termos nominais. Para transformar em valores reais, retirando o efeito da inflação, basta usar a expressão de Fisher. Usando 5,04% de taxa de inflação, o custo real da dívida seria 5,08% ou [1,1038/1,0504 – 1].
b)     O custo da dívida expressa o risco considerado pelo capital de terceiros. Valores elevados indicam que as instituições financeiras consideram a empresa arriscada e cobram uma taxa de juros elevada;
c)      Para empresas com empréstimo em moeda estrangeira é necessário estar atento para os efeitos da valorização e desvalorização da moeda. No caso da Marcopolo as parcelas mais expressivas são de empréstimos em moeda nacional.
d)     A movimentação de taxas básicas também pode afetar o custo da dívida. Alterações na TJLP, para uma empresa com empréstimos atrelados a esta taxa, pode afetar o custo da dívida. Na Marcopolo 38% dos passivos onerosos estão vinculados a TJLP.
e)     Deveriam ser inclusos no custo da dívida qualquer tipo de reciprocidade exigida por instituição financeira. Isto inclui saldo médio, obrigação de compra de produtos e serviços bancários, entre outros itens. Entretanto, isto é muito difícil para o analista externo.


Esta é uma série de textos sobre os principais índices usados na análise das demonstrações contábeis.  Outros textos publicados foram: