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31 maio 2019

Tradição continua 2

Duas informações adicionais sobre o contador-chefe da SEC. Em primeiro lugar, o ocupante anterior, Schnurr, saiu do cargo por ter caída de uma bike e ter ficado tetraplégico . O que está saindo agora, que está no cargo desde 2016, não apresentou uma justificativa.

Em 27 anos foram 11 contadores, o que representa uma média de 2 anos e meio. Deve ser um cargo bem difícil.

Na foto, o novo contador-chefe.

A tradição continua...

Em 2015 comentamos sobre uma reportagem da Reuters sobre o Contador-Chefe da SEC. Na época colocamos a seguinte figura:
Desde 1992, o contador-chefe é originário de um empresa de auditoria. Passeando pela página da SEC deparei com o contador-chefe: Wesley Bricker:
Originário da PwC. Mantendo a tradição. Ontem foi anunciado que Bricker está saindo da SEC. No seu lugar, provisoriamente, Sagar Teotia, Originário da Deloitte. 

Petrolífera e Clima

É interessante o posicionamento de algumas empresas petrolíferas com respeito a questão do clima. Na semana passada, acionistas da BP - uma empresa responsável pelo desastre do Golfo do México - aprovaram a adesão da empresa a um acordo de clima. No ano passado, a Shell aceitou metas de redução de emissões de gases.

Enquanto isto, a Exxon e sua diretoria tem lutado de todas formas contra este problema. Na quarta, uma assembleia da empresa não conseguiu o apoio necessário para que resoluções climáticas fossem aprovadas. Há uma pressão para aderir ao acordo de Paris de 2015, mas a empresa se recusa. O presidente afirmou:

"O envolvimento com o clima é importante, mas trabalhar com soluções através de pesquisa fundamental e desenvolvimento de novas tecnologias também é importante"

Calibração das previsões

Quando fazemos previsões, podemos cometar uma série de erros, independente do modelo preditivo. Fazer previsão é algo muito difícil; em especial, como disse Yogi Berra, sobre o futuro. Um dos problemas é a calibração (o outro é o overfitting). Se considero que a chance de um evento ocorrer é de 80%, isto significa dizer que realmente esta deve ser a probabilidade do evento. Suponha que construí um modelo para prever se irá fazer ou não sol na minha cidade. Sendo 80% a chance de fazer sol prevista pelo modelo, em 80% dos dias isto deve ocorrer, caso contrário o modelo não é calibrado. Se os eventos ocorrerem em 70% das vezes, não é calibrado.

O problema da calibração é que precisamos de muitas previsões para verificar se o modelo é calibrado ou não. Se o meu evento é único, não tenho condições de saber se o modelo foi calibrado ou não. Um site mostrou 10 previsões certas de Jobs e 2 erradas. Isto não permite dizer que Jobs era um bom preditor, por ele ter acertado 10 em 10. Afinal, não temos a lista de todas as previsões de Jobs.

As estimativas de valor estão baseadas em modelos de previsão. Cunha verificou se as previsões de modelos de avaliação usando o fluxo de caixa descontado em ofertas públicas de ações eram aderentes ao longo do tempo. No caso da tese de doutorado de Cunha, o período de tempo estava entre 2002 a 2009. Ele comparou as previsões com os valores realizados, usando testes de médias. Em algumas variáveis foi possível verificar a aderência. Em outras não, existindo superavaliação e subavaliação, conforme o objetivo do laudo. O problema é que foram várias empresas fazendo a previsão, com diferentes modelos preditivos. Sua conclusão mostra que pode existir um viés comportamental (ou ético) nas previsões. Mas que falta calibração para um agente econômico específico ou um modelo de previsão.

Este não foi o problema do site FiveThirtyEight, originalmente criado por Natan Silver (de O Sinal e o Ruído). Como o site está prevendo muitas coisas há mais de 11 anos, recentemente eles fizeram um levantamento da calibração e descobriram que eles acertaram razoavelmente em muitas previsões. Em 5.589 eventos onde eles disseram que um evento tinha 70% de ocorrer (arredondando os 5% mais próximos) eles acertaram 71%; outros 55.553 eventos que afirmaram ter 5% de ocorrer realmente ocorrer 4% das vezes. Mas eles descobriram que estavam confiantes demais nas previsões da NBA em disputas desequilibradas e em outros fatos.

Esta evidenciação do FiveThirtyEight não é realizada por um instituto que faz pesquisa eleitoral ou por uma consultoria que elabora um laudo de avaliação. Também não sabemos a calibração do setor de contabilidade de uma empresa, que faz previsões para mensurar o valor dos ativos (por exemplo, para o teste de impairment) ou dos passivos (para as contingências). Conhecendo a calibração, sabemos como questionável será o valor da mensuração com estes problemas.

Rir é o melhor remédio


30 maio 2019

Experimento

Via Scholary Kitchen, três vídeos para entender um experimento:





Celular e homicídio

Há alguns anos, uma pesquisa mostrou existir uma relação entre crimes e legislação de aborto. Agora, outra pesquisa acrescentou outro fator para explicar o número de homicídios: o celular. Eis o resumo:

US homicide rates fell sharply in the early 1990s, a decade that also saw the mainstreaming of cell phones – a concurrence that may be more than a coincidence, we propose. Cell phones may have undercut turf-based street dealing, thus undermining drug-dealing profits of street gangs, entities known to engage in violent crime. Studying county-level data for the years 1970-2009 we find that the expansion of cellular phone service (as proxied by antenna-structure density) lowered homicide rates in the 1990s. Furthermore, effects were concentrated in urban counties; among Black or Hispanic males; and more gang/drug-associated homicides.

As pesquisadoras da Universidade de Colúmbia acreditam que os telefones reduziram os crimes relacionados com gangues, facilitando a chamada para os policiais. A construção de antenas e a expansão dos celulares afetou, por exemplos, os crimes praticados por estranhos, mas não os assassinatos de esposas.

It's the Phone, Stupid: Mobiles and Murder. Lena Edlund, Cecilia Machado. NBER Working Paper No. 25883

Income, Revenue, Receita, Lucro

Em agosto postamos sobre esta terminologia. No balanço de 2018 da Fundação IFRS eis a DRE:
O Iasb está usando "income" como receita e lucro, assim como no ano anterior. Na época alertamos que há um erro na estrutura conceitual. A versão anterior utilizava o termo "revenue". Na versão aprovada agora, todos as "revenues" foram trocadas por "income", exceto em um parágrafo.

... e em um trecho das demonstrações contábeis o mesmo termo é usado:

Overall publications revenue increased by £2.0 million

Flamengo auditado por uma Big Four

Um processo de Due Dilligence – análise financeira, contábil, legal e de riscos e seguros – realizado no ano passado, mostrou que o Flamengo estava apto a receber auditoria de uma Big Four, algo pioneiro e inédito no futebol brasileiro. Vale lembrar que já há uma parceria firmada com a Ernst&Young desde 2013, com a entrada do ex-presidente Eduardo Bandeira de Mello, no entanto a EY fazia apenas a consultoria financeira do clube.

“Foi um trabalho de consultoria em diversas partes. Foi uma consultoria de gestão. Analisamos as pastas, finanças, fluxo de caixa e procuramos resgatar a credibilidade do clube junto ao mercado. Foi uma coragem muito grande do Flamengo em abrir mão de alguns anos de competitividade pensando em longo prazo. E o resultado já está sendo possível notar”, explicou Pedro Daniel, sócio da EY, que esteve envolvido em todo o processo, em entrevista ao Torcedores.com no início deste ano.

Mas o que isso de fato significa e quais as vantagens que o Flamengo pode ter?

Ser auditado por uma das Big Four reflete na credibilidade junto aos patrocinadores, que confiam na destinação e retorno dos investimentos realizados no clube, podendo atrair grandes aportes, inclusive, do exterior. Além da confiança junto aos bancos para a obtenção de crédito com juros menores.

O especialista e sócio da Ernst&Young, Pedro Daniel, explicou também a importância desse processo e qual a visão que isso passa ao mercado. Segundo ele, é uma mudança significativa de patamar para uma equipe que há pouco tempo era vista como grande devedora.

“Ser auditado por uma Big Four traz algumas vantagens. Não só de credibilidade, mas no mercado. Ela verifica vários setores e dá uma segurança de investimento maior. Logo, você fica mais atrativo pro mercado. As Big Four só auditam se elas sentirem confiança na empresa ou, no caso, clube. Um dos benefícios é na questão do crédito. Vamos supor que o Flamengo queira a iniciar construção do seu estádio e precise de um empréstimo bancário. Os juros, por ser uma empresa responsável, serão muito menores”, analisou.
[...]

Fonte: Aqui

Rir é o melhor remédio

Sorrir também.

E hoje é o dia de um dos maiores amores da minha vida, a minha mãe. ❥
Feliz aniversário! ❤ ❤ ❤ 

29 maio 2019

Anel de noivado

A partir de um estudo sobre a função do anel de noivado (tamanho, valor, a beleza do noivo(a), etc)

O tamanho do anel de noivado parece uma compensação paga pelo marido a uma esposa pela tarefa relativamente desagradável do casamento.

Isto me fez lembrar o anel de 5 milhões de Kate Perry (por exemplo aqui) ganhou no início do ano pelo noivado.

Congresso


Obrigatoriedade de divulgação

É um assunto que muitas pessoas acreditam na associação entre divulgação e melhoria do comportamento do mercado. Nem sempre. Muitas vezes a solução está em alternativas, como design.

Matthias Breuer pergunta se é necessário obrigar as empresas a divulgar as informações e a fazer auditoria. O parágrafo final do post escrito para o Pro-Market (Stigler Center, da Universidade de Chicago):

With a view to the regulation of firms’ financial reporting in the United States, my evidence suggests an extension of reporting requirements to (larger) private firms could counteract recent trends of slowing business dynamism (e.g., Decker et al. 2014; Haltiwanger 2014), increasing market-share concentration (e.g., Barkai 2017; De Loecker & Eeckhout 2017; Grullon et al. 2017), and declining IPO activity (e.g., De Fontenay 2017; Doidge et al. 2017). Yet, it is questionable whether extending reporting requirements to these firms ultimately improves resource-allocation efficiency and, in particular, stimulates growth. Absent convincing empirical evidence of enhanced efficiency and growth, the case for firms’ mandatory reporting and auditing appears weak, especially given the costs and imperfections of regulation (e.g., Stigler 1971).

Menos informação e mais design

Daniel P Egan postou um comentário muito interessante (que guardei para pensar melhor ao longo do tempo).

O início do comentário é esta fotografia:
Garotos em cima de um cano que adentra para o mar, com uma placa solicitando para as pessoas não brincarem com o tubo. Ou seja, fazendo justamente o contrário do que está sendo solicitado. No canto direito, um sinal solicitando para as pessoas darem espaço para os ciclistas, mas a sinalização retira espaço do ciclista. No canto inferior direito, uma placa pedindo para pessoas não jogarem pedras na placa; e a foto mostra que muitos jogaram pedra.

Os avisos, bem intencionados, terminam por piorar a situação. A partir daí, Egan comenta sobre a questão da regulação. Segundo ele, talvez a forma como o assunto tem sido tratado não seja a melhor. Ele afirma:

Durante décadas o princípio regulatório nos EUA [não somente] tem sido o da divulgação

Bingo. Se você divulga o salário dos funcionários públicos, isto irá mudar a atitude das pessoas; evidenciando os conflitos de interesse de uma pessoa, irei levar isto em consideração na decisão; se divulga os impostos na nota fiscal, isto muda o comportamento; se o auditor divulga o que ele teve dificuldade em auditar, isto irá chamar a atenção dos usuários da demonstração; e assim por diante. Será que isto está funcionando? Nós temos hoje um grande número de informação, mas pouco tempo para ler e levar em consideração na decisão (sistema 1 e sistema 2). Egan afirma:

“(...) temos outra opção para ser eficaz: design”

Por ser menos visível, seria menos valorizado. Acrescento mais, é mais fácil regular pedindo mais informação do que regular o design:

Precisamos tornar visível o invisível, mostrar aos clientes como ajudamos a priorizar os objetivos deles ou restringir os gastos não prazerosos ou economizar impostos.

Melhores séries

Olha a coincidência. Isabel postou sobre as melhores séries. E um pouco antes estava olhando o IMDB de Game of Thrones. Veja a nota de cada episódio da oitava temporada:

E1 = Winterfell = 7,7
E2 = A knight of the 7 Kingdoms = 8
E3 = The Long Night = 7,6
E4 = The Last of the Starks = 5,6
E5 = The Bells= 6,2
E6 = The Iron Throne = 4,3

Um ponto importante: o menor número de votantes foi 109 mil (dado de 29 de maio de 2019), para o episódio de maior nota. O maior número de votantes foi 196 mil (idem) para o episódio com pior nota. A série tem nota 9,4 (1,5 milhão de votantes).

(Ah, sim. Eu não assisti a série, então não tenho opinião formada sobre o assunto)

Lista: melhores séries

Séries com melhores avaliações no IMDb;

1. Chernobyl - 9,7
2. Planeta Terra II - 9,5
3. Band of Brothers - 9,5
4. Breaking Bad - 9,5
5. Planeta Terra - 9,4
6. Game of Thrones - 9,4
7. Nosso Planeta - 2019 - 9,4
8. The Wire - 9,3
9.Cosmos: Uma Odisseia no Espaço-Tempo - 9,3
10 Planeta Azul II - 9,3

Fonte: Aqui

Rir é o melhor remédio


28 maio 2019

A ética dos professores de ética

Isto me lembrou os professores que ensinam ética contábil (disciplina obrigatória na graduação): um estudo com 417 professores, publicado no Philosophical Psychology, sendo 151 com professores de ética, encontrou que não existe muita diferença entre eles. O estudo, feito por um estudante europeu, perguntou aos professores sobre diversos tópicos (doação de órgãos, caridade e outras atitudes) e como eles se comportavam em cada categoria. As perguntas exigiam respostas de 1 (muito imoral) a 9 (muito moral).

There were some differences in views—ethicists had more stringent expectations than other professors on donating to charity, but were more lenient on the immorality of theft, and staying in touch with their mothers. But the researchers found no significant difference in moral behavior. For example, ethicists on average said a professor should donate 6.9% of their annual income to charity per year, versus non-philosophers’ recommendation of 4.6%, and other philosophers’ suggestion of 5.1%. But when it came to following through on this moral guidance, there was no gap: Ethicists reported donating 4.6% of their annual salary to charity in the past year, compared to non-ethicist philosophers’ 4.6% and non-philosophers’ 4.4%.


Fonte: Aqui

Financiamento, Publicação e Tempo de doutorado

Uma pesquisa realizada em Portugal descobriu uma relação interessante: os alunos que receberam financiamento demoraram mais tempo para concluir o curso de doutorado.

Em geral um curso de doutorado leva quatro anos. Mas em algumas áreas e em alguns países pode ultrapassar a 7 anos e este tempo não tem se alterado nos últimos anos. E este período de tempo longo pode aumentar a chance de abandono e impede de outros alunos possam entrar nos programas de pós. A análise foi realizada com 2.253 doutores portugueses e o financiamento com bolsa atrasa a conclusão do curso. Outro aspecto interessante é que não existe relação com a publicação dos trabalhos.

Como coordenador, eu tenho observado isto. Geralmente o aluno financiado, diretamente por uma bolsa ou indiretamente com uma dispensa de carga horária, tem mais dificuldade de concluir o curso. Em uma turma de doutorado, os três últimos remanescentes eram financiados e os três primeiros que concluíram não tiveram "apoio" de bolsa ou liberação.

What the findings do suggest is that alongside PhD funding support, policymakers and funding agencies should stress the importance of publishing during the PhD. This would provide students with the credentials needed to enter the postdoctoral labour market and also make contributions to national, regional and global knowledge. The findings of this study also underline the need to raise awareness of students starting doctoral studies about the importance of credentials, including what specific credentials mean and how they may benefit from them during and after the completion of PhD studies. Both points above are relevant considering the career routes that PhDs in STEM and Non-STEM fields can take, as well as their involvement in future work that may involve research activities or not, in and outside academia. In other words, the PhD needs to be perceived as a degree that besides providing intellectual and personal growth and stimulation, should be a springboard for a knowledge based career, students should be aware of this and the credentials that count towards their post-doctoral life, whatever that may be.


Odebrecht e Pemex

(...) En 2014 Pemex anunció la compra y rehabilitación de Agro Nitrogenados, una empresa de Altos Hornos de México, el mayor consorcio acerero del país, y cuyas acciones están listadas en la Bolsa Mexicana de Valores.

En esta transacción Pemex invirtió 475 millones de dólares, asegurando que con esta acción se “reactivaría la producción de Fertilizantes en México”.

De acuerdo con una investigación de la organización 5° Elemento, un mes después de su adquisición de Agro Nitrogenados, la empresa Altos Hornos de México, propiedad de Alonso Ancira, transfirió más de 3 millones 700 mil dólares a las cuentas de Grangemouth Trading Company, firma offshore de la constructora Odebrecht.

Grangemouth Trading Company no tiene empleados registrados y está domiciliada en un edificio de departamentos de Edinburgo, Escocia.

El dinero fue depositado a esta empresa fue para la cuenta número 244087 en el Meinl Bank, banco con sede en la isla caribeña de Antigua comprado por funcionarios de Odebrecht para evadir los controles del sistema financiero internacional.

Desde esa cuenta, según la investigación, se transfirieron los sobornos a presidentes, ministros, viceministros, congresistas, directores de empresas públicas y políticos de diversos países de América Latina y África.

Entre 2013 y 2014 de esa misma cuenta se transfirieron los 5 millones de dólares a Zecapan SA, la empresa fantasma donde se depositaron los sobornos para Emilio Lozoya [foto, ex-CEO da Pemex, de 2012 a 2016] (...)

Las fechas no se cumplieron y, según el Consejo de Administración de Pemex, las condiciones de la planta estaban peor que de lo que se había previsto, razón por la cual se autorizó un presupuesto extra de 285 millones de dólares para la rehabilitación elevándose el costo final a 760 millones de dólares.

Fonte: Aqui

Conselho de Gestão Fiscal

A Câmara dos Deputados finalmente aprovou a criação do Conselho de Gestão Fiscal (CGF). O Conselho, previsto na LRF de 2000, deverá harmonizar os entendimentos sobre questões fiscais e editar normas relacionadas com a prestação de contas no governo. O projeto agora vai para o senado.

O Conselho será composto por 14 membros: um do CFC, do Ministério Público, Judiciário e do Legislativo. Os municípios e os estados terão dois representantes cada e o governo federal quatro. Para fechar a conta, representante do TCU e dos tribunais estaduais.

O conselho tem como função avaliar e coordenar a gestão fiscal do País. Ele será integrado por representantes da União, dos estados, Distrito Federal e dos municípios, que não serão remunerados pelo trabalho.

Outro papel do órgão é padronizar as normas gerais de consolidação das contas públicas, como balanços contábeis e relatórios fiscais exigidos por lei. Para garantir a independência do CGF em relação aos governantes, o projeto determina que os conselheiros e seus assessores terão total acesso às informações relevantes do governo relativas ao orçamento, finanças e contabilidade.


Se seguir o mesmo ritmo da Câmara, a criação deve ocorrer em 2038.

Rir é o melhor remédio

Pra quem, como eu, não aguenta mais essa história de coach!

27 maio 2019

Qualis Inflado?

"Uma decisão na Capes, entidade do Ministério da Educação responsável por avaliar cursos de pós-graduação, acabou por aumentar, por meio de critérios subjetivos, os conceitos de um grupo reduzido de cursos de mestrado e doutorado de Administração (1). E, por tabela, abriu um caminho mais fácil a verbas de pesquisa dos órgãos de fomento a um grupo de pesquisadores. Só em bolsas de produtividade oferecidas na área pelo CNPq foram quase R$ 19 milhões, entre 2013 a 2016, sem contar a possibilidade de sair na frente na corrida para receber recursos de outros programas de investimentos públicos (2).

Os cursos de mestrado e doutorado no Brasil são classificados em uma escala de 1 a 7. A nota mínima para funcionamento de cursos de mestrado é “Capes 3” e, de doutorado, “Capes 4”.

Cerca de 40% da nota de um curso de mestrado e doutorado depende da “produção intelectual” dos seus professores permanentes. A produção intelectual é medida pela quantidade de artigos publicados pelos docentes em revistas de prestígio e/ou pela qualidade das revistas de prestígio editadas pelo curso.

Para classificar as revistas da forma mais objetiva possível, a Capes criou o sistema “Qualis”. O Qualis utiliza uma série de critérios para classificar as revistas em 8 categorias ou estratos: A1 (100 pontos), A2 (80 pontos), B1 (60 pontos), B2 (50 pontos), B3 (30 pontos), B4 (20 pontos), B5 (10 pontos) e C.

Como as áreas do conhecimento são diferentes – os critérios utilizados em Biologia não são os mesmos adotados em revistas de Educação, por exemplo –, cada uma delas tem um comitê dentro da Capes que, a cada quatro anos, reclassifica todas as revistas dos cursos.

A manobra feita pelo comitê responsável por avaliar as revistas científicas de Administração consistiu em promover, por serem “considerados os mais relevantes” (página 6, último parágrafo) – sem explicar o que isso significa (3) –, 23 periódicos, 17 dos quais do estrato “B1” para o estrato “A2”. A decisão foi tornada pública em dezembro de 2017. Com isso, 3.015 artigos passaram de “B1” para “A2”, injetando 60,3 mil pontos (4) a esse grupo de revistas.

Com isso, programas conceito 4, 5, 6 e 7 concentraram 83,68% dos artigos, se beneficiando do ajuste “inflado” do Qualis. Os cursos 7, por exemplo, perderiam 68% de seus artigos “A2” caso não tivessem sido beneficiados. (5)

“Pelos critérios da área, o docente de um programa de pós-graduação deve ter pelo menos dois artigos ‘A2’ (6). Mas esses artigos que foram alçados para ‘A2’, na verdade, seriam ‘B1’, o que diminuiria a nota desses cursos”, afirma um professor da área, que não quis se identificar, e que fez o levantamento para a Gazeta do Povo.

Critérios mutantes
Outro professor aponta como problemático o fato de o comitê de Administração, como outros dentro da Capes, mudar os critérios constantemente (7). “Se você tomar a última década, os critérios mudaram nas últimas avaliações. Em 2010, contava a quantidade de papers em periódicos e congressos, 150 pontos; de 2013 a 2016, usou-se a mediana com o Qualis, etc.; e os professores que não têm contatos lá dentro só sabem dos critérios no fim do período, eles fazem a barra do gol depois que o cara chuta. Para este ano, por exemplo, não foram publicados os critérios ainda”, afirmou.


Fonte: Aqui

(1) Não é bem assim.
(2) As bolsas de produtividade não possuem relação com as notas do programa, a princípio. Há aqui uma manipulação
(3) Acho que quem escreveu não leu o documento. Existe uma relação com o fator de impacto.
(4) Este número me pareceu estranho. São 60.300 pontos a mais, por sair do B2 para A1, que corresponde a mais 20 pontos. Como são 17 periódicos, isto corresponde a: 60300 / (20 x 17) = 177 artigos publicados nestes periódicos. Supondo 3 números por ano, cada um desses periódicos precisa publicar perto de 60 artigos.
(5) Há um grande desconhecimento. Em geral a nota é feita de maneira comparativa entre os cursos.
(6) Não é verdade. Cada área estabelece uma pontuação mínima e existe uma "produção qualificada", que pode ser A1, A2 e B1.
(7) Aqui eu concordo com o texto, muito embora isto ocorra desde sempre. Uma defesa da comissão: em geral eles fazem palestras com os coordenadores de cursos, indicando as mudanças. Será que o professor que não foi identificado não recebeu a informação?

Boas notícias no mercado de trabalho contábil

O Ministério da Economia divulgou os números do emprego formal de abril de 2019, usando as informações do Caged. A partir desta base de dados, este blog, como tem sido praxe, calcula o desempenho do emprego do setor contábil, usando para isto os números de contadores e auditores, escriturários e técnicos em contabilidade.

Em abril foram contratados 10.287 novos empregados e demitidos 10.043, o que significa uma criação de 244 novas vagas. Pode parecer pouco, mas geralmente abril é um mês de demissão no setor; nos últimos anos, somente em 2014 o número foi positivo para este mês. O mês foi melhor para as mulheres (saldo da movimentação, ou seja, a diferença entre admitidos e demitidos, de 295), aqueles com ensino superior completo (325) ou incompleto (193) e escriturários (619). Mas, a exemplo de meses anteriores, foi um mês ruim para os homens (-51), com menos educação (-231 para aqueles com ensino médio completo), contadores e auditores (-288) e técnicos (-87).

Como é praxe, o mercado de trabalho demite quem ganha mais e contrata novos funcionários com menores salários. Em abril, a diferença salarial esteve em 20%, dentro do padrão normal. A idade dos admitidos é geralmente menor que dos demitidos (30,91 anos versus 33,02 anos), como ocorre normalmente.

Em relação à economia como um todo, os números de abril foram coerentes. Há um mês, nós postamos que os números do setor contábil já não seguia o padrão da economia. A partir de abril de 2017, o resultado da economia - em geral, positivo - divergia do resultado do setor contábil, em geral negativo. Em abril 2019 a economia também apresentou mais contratações que demissões, a exemplo do que ocorreu no setor contábil. Será que a fase negativa da contabilidade está terminando?

Plágio é crime ... em Montenegro

Montenegro, um pequeno país da Europa, anteriormente ligado a Iugoslávia, instituiu uma lei onde plágio é considerado crime. Junto com a lei, aprovada pelo parlamento, foi criado um Comitê de Ética nacional e se reconheceu que plágio é um crime. Prêmios, notas, cargos e títulos obtidos por uma pessoa tendo por base um trabalho com plágio serão considerados nulos e sem efeito. Mas não somente isto: outras penalidades, como repreensão, podem ser aplicadas.

Ilustração, aqui

Autocracia e construção de prédios

O mais alto edifício do mundo está localizado em Dubai. Com 828 metros, o Burj Khalifa deixará de ser o mais alto do mundo em pouco tempo. Outro prédio, a torre Jeddah (foto), com mil metros de altura, está sendo construída na Arábia Saudita.

Um texto do jornal Washington Post discute se existe coincidência dos dois prédios estarem em regimes não democráticos. Parece que os líderes autoritários tendem a gastar mais em projetos não produtivos que os líderes democráticos. Isto inclui as pirâmides e outras obras.

Uma razão óbvia para isto é o custo elevado.

O financiamento de projetos de infraestrutura caros, sem benefícios óbvios para a população em geral, é mais difícil de ser feito por líderes em democracias.

Usando dados sobre a construção de arranha-céus de todo o mundo desde 1900, encontramos evidências sistemáticas de que autocracias constroem mais novos arranha-céus do que democracias.

A razão para que isto ocorra é que o líder tem interesse pessoal no projeto. O líder pode usufruir do edifício morando nele. Ou então, a construção das obras pode ser uma tentativa de projetar a imagem externa do líder e do governo. Ou pode existir uma crença pessoal, como foi o caso da Basília de Nossa Senhora da Paz, construída na Costa do Marfim, por Félix Houphouët-Boigny. É uma réplica da Basílica de São Pedro, com 30 metros a mais.

Em regimes democráticos, a liberdade de expressão é um obstáculo importante para esta decisão. Um pesquisador fez uma análise dos arranha-céus que foram construídos a partir de 1900 em mais de 150 países. Analisando quase cinco mil construções, o pesquisador encontrou que existe uma relação entre o tipo de regime (autocrático ou não) e a construção de um prédio. E isto não depende da renda, de recursos naturais ou população.

Baseado no texto do Washington Post

Rir é o melhor remédio


26 maio 2019

Consumidores como Auditores Fiscais: o caso da Nota Fiscal Paulista

Resumo:

Access to third-party information trails is widely believed to be critical to the development of modern tax systems, but there is limited direct evidence of the effects of changes in information trails. This paper investigates the enforcement effect of an increased availability of third-party information, and sheds light on how governments can harness this information despite collusion opportunities. I exploit unique administrative data on firms and consumers from an anti-tax evasion program in Sao Paulo, Brazil (Nota Fiscal Paulista) that created monetary rewards for consumers to ensure that firms report final sales transactions, and establishes an online verification system that aids consumers in whistle-blowing firms. Using variation in intensity of exposure to the policy, I estimate that firms’ reported revenue increased by at least 22% over four years. The compliance effect is stronger for firms that face a high volume of consumers, consistent with positive shifts in audit probability from whistle-blower threats. I also investigate the effect of whistle-blowers directly: firms report 14% more receipts and 6% more revenue after receiving the first consumer complaint. To study the role of the value of rewards in improving enforcement, I show evidence consistent with the possibility that lottery incentives amplify consumer responses due to behavioral biases, which would make it more costly for firms to try to match government incentives in a collusive deal. I conclude by discussing policy implications.



Consumers as Tax Auditors
Joana Naritomi
AMERICAN ECONOMIC REVIEW (FORTHCOMING) - 2019

Grande mesmo

Eis uma listagem das maiores empresas de capital fechado dos Estados Unidos. E olhe a surpresa. Em primeiro lugar, a Cargill, com receitas de 114,7 bilhões de dólares e 155 mil empregados. A surpresa, minha, está no quarto, quinto e sétimo lugar:

1- Cargill, Inc - fundada em 1865, com receita de 115 bilhões de dólares e 155 mil empregados

2- Koch Industries - receita de 110 bilhões e 120 mil empregados

3- Albertsons - fundada em 1939, 60 bilhões de receita e 275 mil empregados

4- Deloitte - receita de 43 bilhões e 263 mil empregados

5- PricewaterhouseCoopers - 41,3 bilhões e 236 mil empregados

6- Mars, Inc. - fundada em 1911, 35 bilhões de receita e 100 mil empregados

7- Ernst Young - 34,8 bilhões de receita e 250 mil empregados

Depois Publix Super Markets, Reyes e CS. A KPMG é britânica.

Rir é o melhor remédio

Quando você precisa do emprego

25 maio 2019

Rir é o melhor remédio


Competição de previsão

Segundo o jornal The Telegraph, os Estados Unidos estão oferecendo um prêmio de 250 mil dólares para quem vencer uma competição de previsão. Isto inclui resultado de eleições políticas, presença de Zika no Brasil e testes de mísseis na Coreia do Norte.

A ideia é que a competição possa trazer melhoria nas previsões e nas técnicas utilizadas. Segundo o jornal, os participantes podem usar qualquer metodologia. O nome da competição é Geopolitical Forecasting Challenge 2.

Este tipo de competição não é novo. Surgiu entre a década de 60 e 70. O trabalho de Tetlock está vinculado a uma competição, também promovida pelo governo dos Estados Unidos. Atualmente, o site Kaggle é dedicado a este tipo de competição.

24 maio 2019

Produtividade no Brasil

Resumo:

Como mostra a análise comparativa feita neste volume, a produtividade do trabalho brasileira é baixa em comparação com os países desenvolvidos e mesmo em relação a alguns países da América Latina, como o Chile. Além disso, após um período de convergência para a produtividade dos Estados Unidos no pós-guerra, a produtividade brasileira cresceu pouco desde 1980, o que reverteu a trajetória de convergência para a fronteira tecnológica.
Conclusão:

Neste capítulo fizemos comparações internacionais de produtividade setorial e analisamos em que medida a baixa produtividade brasileira em comparação com outros países está associada a diferenças no nível de produtividade setorial ou na alocação setorial do emprego. Os resultados mostram que a produtividade brasileira é bem mais baixa que a dos países desenvolvidos nos três grandes setores: agropecuária, indústria e serviços. Em particular, a produtividade dos Estados Unidos é cerca de 14 vezes maior que a do Brasil na agropecuária, 5,7 vezes na indústria e 5,4 nos serviços. A distância em relação à média dos países desenvolvidos é menor, mas ainda muito significativa, com uma produtividade 5,3 vezes maior que a do Brasil na agropecuária, 2,7 vezes na indústria e 3,0 nos serviços.A produtividade brasileira também é menor que a de países com nível de renda per capita similar, especialmente no setor de serviços.

Fonte: O Brasil em comparações internacionais de produtividade: uma análise setorial

Custos de Troca

No passado, os reguladores brasileiros forçaram os bancos a "aceitarem" a saída dos clientes para o concorrente em serviços financeiros e de telefonia. Até então, quando um cliente deseja trocar de banco (ou de companhia telefônica ou de serviço de internet/televisão a cabo), as empresas impunham um longo ritual. (Em alguns casos, o leitor deve estar pensando, ainda ocorre)

Esta dificuldade em mudar para o concorrente recebe a denominação de Switching Cost ou Custo de Troca. Apesar do termo "custo" é muito mais uma estratégia de marketing. Estaria no limite da "ilegalidade", já que a empresa aproveita da impaciência do consumidor para força-lo a permanecer usando seus serviços. Imagine você tentando cancelar a assinatura da TV a cabo durante duas horas, sendo transferido de atendente para atendente, recebendo ofertas, sendo questionado dos motivos, ficando esperando o atendente, confirmando suas informações pela enésima vez, entre outros procedimentos. Isto é o switching cost.

Uma edição do American Economic Journal: Microeconomics mostrou como isto é relevante nos fundos de pensão do Chile. A pesquisa ajuda a explicar a razão pela qual os inscritos em fundos de pensão permanecem "fiéis" mesmo com as mudanças ocorridas no mercado.

Eis o resumo:

How do different switching costs affect choices and competition in a private pension system? I answer this question in a setting in which variation in employment status allows me to identify two switching costs that jointly affect enrollees' decisions: the cost of evaluating financial information and the cost of the bureaucratic process that enrollees must navigate when switching. I use this variation to estimate the different switching costs and study their impact on competition among pension funds. I find that though eliminating all switching costs decreases equilibrium fees the most, eliminating either switching cost decreases fees significantly.


Mais prazo

Uma boa notícia para as Big Four: segundo a Reuters, o Ministério dos Negócios ampliou o prazo para reformar o mercado de auditoria da Grã-Bretanha. No mês passado, o Competition and Markets Authority propôs reformas no mercado, tentando reduzir o peso das grandes empresas e solicitando que as empresas de capital aberto fossem auditadas por duas empresas de auditoria.

A notícia é que o Ministério pretende fazer outras consultas antes de fazer qualquer mudança. Como as Big Four pressionam contra a proposta, agora terão mais tempo para influenciar uma nova regra ou evitar qualquer nova regra.

Imagem: FT

Ética x desempenho

Bom ou ruim? Segundo a PwC (via aqui):

Pela primeira vez na história do estudo, mais CEOs foram demitidos por lapsos éticos do que por desempenho financeiro ou lutas do conselho. (Definimos demissões por lapsos éticos como a remoção do CEO como resultado de um escândalo ou conduta imprópria dele mesmo ou de outros funcionários; exemplos incluem fraude, suborno, informações privilegiadas, desastres ambientais, currículos inflados e indiscrições sexuais). O aumento desses tipos de demissões reflete várias tendências sociais e de governança, incluindo a intervenção mais agressiva de autoridades reguladoras e policiais, novas pressões por responsabilidade sobre assédio sexual e agressão sexual provocadas pela ascensão do movimento “Me too” e o aumento da propensão dos conselhos de administração a adotar uma postura de tolerância zero em relação à má conduta executiva.

É o efeito Harvey Weinstein.

Persistência

Adaptado daqui.

Rir é o melhor remédio

Opinião

23 maio 2019

Lucro Social

Uma pequena notícia publicada no Valor diz:

A Embrapa informou que seu "lucro social" alcançou R$43,52 bilhões em 2018 (1). O valor foi calculado a partir da análise do impacto econômico de 165 soluções tecnológicas e de cerca de 220 cultivares desenvolvidas (2) pela estatal.

"O lucro social é um valor decorrente dos benefícios econômicos recebidos pelo setor produtivo (3) com a adoção das soluções tecnológicas geradas pela Empresa. Esse valor é calculado por meio da soma dos lucros obtidos pelos adotantes (4) dessas soluções. Quando relacionamos em 2018 o lucro social de R$43,52 bilhões com receita operacional líquida de R$3,57 bilhões (5), temos então o índice de retorno social de R$12,16 para cada real aplicado (6) na Embrapa", diz Flavio Avila, pesquisador responsável pela área de Avaliação de Desempenho Institucional, da Secretaria de Desenvolvimento Institucional (SDI)


(Pressionott, Fernanda. Embrapa reporta "lucro social" de R$43,5 bilhões de 2018)

Há muito a ser dito e questionado na notícia. O problema é que as questões levam a duvidar da medida proposta. Particularmente sempre devemos ter interesse por novas medidas. Mas esta, em específico, merece ser considerada com muita cautela:

(1) observe que o lucro social é para um exercício.
(2) muitas soluções desenvolvidas pelas estatal foram feitas em parceria com outras instituições. Isto provavelmente não foi levado em consideração.
(3) como foi possível calcular isto sem ter acesso as contas das empresas que usam cada solução? Provavelmente uma estimativa. Não é possível afirmar nada, mas creio que teria divergências da metodologia empregada. Existem diversas dificuldades no cálculo: como evitar dupla contagem, como separar os benefícios das soluções tecnológicas das inovações realizadas pelo setor produtivo ou com retirar os benefícios já contabilizados nos anos anteriores. O trecho a seguir esclarece um pouco isto
(4) Pelo visto, somaram os lucros das empresas que adotaram as tecnologias da Embrapa. Provavelmente não separaram dos resultados gerados por outras áreas de negócio. Mas que lucro foi usado?
(5) o uso da receita operacional aqui mostra que qualquer desconfiança no cálculo pode ter uma razão. O parâmetro mais adequado seria o ativo da empresa, que foi o investimento realizado pelo contribuinte na estatal. Ao usar a receita, deixa de considerar a despesa de salário da estatal, talvez o principal gasto da Embrapa.
(6) mais um exemplo de que devemos desconfiar do resultado. O texto equipara "receita" com "real aplicado". Ora, isto seria muito mais o conceito de ativo do que receita.

Imagem: Alquimista

Mudança contra a Corrupção na América Latina

Ao descrever a atuação da Odebrecht na América Latina (Brasil, Peru e México), um texto do Washington Post destaca três boas notícias

1. Agências que lutam contra a corrupção apareceram. A novidade não é a corrupção, que sempre foi elevada. É a não impunidade. Segundo o texto, “o motivo pelo qual sabemos muito sobre o escândalo da Odebrecht é que as agências governamentais de combate à corrupção ganharam novos recursos, autonomia e capacidade nos últimos anos”. No Brasil, há um aumenbto na ‘rede de prestação de contas´, que inclui a própria Polícia Federal. Estas agências não eliminaram a corrupção, mas quebraram a impunidade.

2. Mobilização dos cidadãos contra a corrupção. Isto inclui as agências não governamentais, que possuem autonomia. E criaram espaços institucionais para que as pessoas possam supervisionar as políticas públicas e verificar abusos.

Sorteio: auditoria fiscal e tributária



Aí, galera. Mais um sorteio na área! Mesmo esquema de sempre: (i) seguir o @contabilidadefinanceira e (ii) a @saraivauni, que cedeu o livro. (iii) Curtir esta foto, (iv) comentar com o nome de 3 amigos (v) e estar com o perfil aberto no momento do sorteio. Participações até 01/06! Lembrem-se dos 5 requisitos! Quem não seguir algum deles será eliminado e sortearemos o próximo participante. A abertura do perfil é apenas para que possamos averiguar quais contas você segue, para sabermos se todas as exigências foram cumpridas. Boa sorte! #Sorteio #Auditoria #CiênciasContábeis #Contábeis #Contabilidade #SaraivaUni #ContabilidadeFinanceira #ContabilidadeParaConcursos #ContabilidadeParaExameDeSuficiência #AuditoriaFiscal #AuditoriaTributária #AuditoriaFiscalETributária #SilvioCrepaldi #GuilhermeSimõesCrepaldi #QuantaHashtag!!!
Uma publicação compartilhada por Blog Contabilidade Financeira (@contabilidadefinanceira) em

Rir é o melhor remédio


22 maio 2019

Retorno dos títulos da dívida soberana: 1815 a 2016

Resumo:

This paper studies external sovereign bonds as an asset class. We compile a new database of 220,000 monthly prices of foreign-currency government bonds traded in London and New York between 1815 (the Battle of Waterloo) and 2016, covering 91 countries. Our main insight is that, as in equity markets, the returns on external sovereign bonds have been sufficiently high to compensate for risk. Real ex-post returns averaged 7% annually across two centuries, including default episodes, major wars, and global crises. This represents an excess return of around 4% above US or UK government bonds, which is comparable to stocks and outperforms corporate bonds. The observed returns are hard to reconcile with canonical theoretical models and with the degree of credit risk in this market, as measured by historical default and recovery rates. Based on our archive of more than 300 sovereign debt restructurings since 1815, we show that full repudiation is rare; the median haircut is below 50%.




Sovereign Bonds since Waterloo Josefin Meyer, Carmen M. Reinhart, and Christoph Trebesch NBER Working Paper No. 25543 February 2019 JEL No. F30,F34,G12,G15,N10,N20

Minha experiência em Big4

Achei recentemente o canal da Stephie Mills, sobre o estilo de vida de uma CPA (certified public accountant). Há alguns vídeos interessantes sobre a experiência dela em auditoria nos Estados Unidos. Ela é formada em contabilidade pela Universidade do Texas, trabalhou na Deloitte e na BDO, mas atualmente está na Solera, uma empresa que usa tecnologias digitais para gerir riscos e ativos.

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... Café

18 maio 2019

Análise da evolução das empresas estrelas

Resumo:

We study the evolution of super star firms in the U.S. economy over the past 60 years. Contrary to common wisdom, super stars firms have not become larger, have not become more productive, and the contribution of star firms to aggregate U.S. productivity growth has fallen by more than one third since 2000.

Fading StarsGermán Gutiérrez and Thomas PhilipponNBER Working Paper No. 25529February 2019JEL No. D2,E22,E24,F6,G3,L1,O3,O4

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16 maio 2019

Frase

É uma notícia um pouco antiga (que ficou esquecida), mas que merece concorrer ao título de besteira do ano. O título é:

Vale explica lucro pela maior geração de caixa

Como é que é? A reportagem diz que o Conselho de Administração da empresa colocou isto no seu relatório:

No relatório do conselho de administração da companhia, a Vale diz que o aumento do lucro foi resultado “principalmente da maior geração de caixa medida pelo Ebitda de R$ 12,1 bilhões”.

(Eu não vou perder tempo verificando se a notícia é verdadeira). Eles disseram que Ebitda é geração de caixa!! Você confiaria em um Conselho de Administração que diz uma besteira destas? (E eles devem ser muito bem remunerados para isto)

Países com mais florestas

Esta é uma listagem que tem resultados interessantes. Em percentuais, os países com mais florestas são:

1) Suriname (98.3%)
2) Micronesia (91.9%)
3) Gabão (90.0%)
4) Seychelles (88.4%)
5) Palau (87.6%)
6) Samoa Americana (87.5%)
7) Guiana (83.9%)
8) Laos (82.1%)
9) Ilhas Salomão (77.9%)
10) Pápua Nova Guiné (74.1%)

Em área o ranking é diferente:

1) Rússia (8,148,895 sq. km)
2) Brasil (4,925,540 sq. km)
3) Canadá (3,470,224 sq. km)
4) Estados Unidos (3,103,700 sq. km)
5) China (2,098,635 sq. km)
6) República Democrática do Congo (1,522,665 sq. km)
7) Austrália (1,250,590 sq. km)
8) Indonésia (903,256 sq. km)
9) Peru (738,054 sq. km)
10) Índia (708,604 sq. km)

Da lista acima, somente Rússia, Índia, China e EUA aumentaram a cobertura vegetal. O Brasil perdeu 20% da Amazônia em 40 anos.

Fonte: Aqui

15 maio 2019

Colapso da Inteligência Artificial




Excelente palestra proferida no Santa Fe Institute da professora de computação Melanie Mitchell acerca das grandes limitações da inteligência artificial.

Dinheiro e Futebol

Um texto muito interessante sobre o Fair Play Financeiro no futebol europeu foi publicado no site de futebol Trivela. O texto apresenta a possibilidade de dois clubes de futebol, o inglês Manchester City e o francês Paris SG, de serem punidos pela entidade de administra o futebol no continente, a UEFA. Uma diretoria da UEFA estaria estudando as contas dos clubes. Como ambos os clubes já tinham sido condenados anteriormente, uma segunda violação seria mais rigorosa.

Há dúvidas se haverá punição dado que os donos do City e do PSG são árabes com muita influencia política e no mundo do futebol. Onde entra a questão contábil? Em primeiro lugar, a base para a punição seriam as informações da contabilidade de cada clube. Em segundo, tudo leva a crer que algumas transações teriam sido infladas para burlar o Fair Play Financeiro.

Este Fair Play foi instituído pela UEFA para impedir que alguns clubes dominassem as competições pelo poder do dinheiro. Assim, alguns limites foram estabelecidos. Para burlar isto, tanto o City quanto o PSG teriam "registrado" na contabilidade patrocínios por um valor acima do mercado:

Um dos modos de violação cometidos pelo Manchester City seriam seus patrocínios, tanto na camisa quanto do nome do estádio, com a Etihad, empresa emiratense. Os valores teriam sido inflados para justificar o dinheiro ter entrado no clube e equilibrar as contas. (...) E-mails revelaram, por exemplo, que o patrocínio da Etihad ao Manchester City paga, na verdade, apenas 8 milhões de libras ao clube, e outros 59,9 milhões de libras são investidos pela ADUG, empresa de Mansur usada para comprar o City. Ou seja: uma forma de mascaram investimento como patrocínio. Segundo as regras da Uefa, o clube pode ser patrocinado por empresas ligadas aos seus donos, desde que os valores reflitam o valor de mercado. A revista Spiegel relatou que o clube fez várias manobras financeiras para driblar as violações da Uefa.

Um dos motivos da punição ao Manchester City, segundo informado pelo New York Times, seria justamente a apresentação de documentos falsificados pelo clube, tanto para autoridades inglesas quanto para a Uefa, sem efetivamente revelar os valores verdadeiros dos patrocínios.

Pipoca e cinema

No final de semana estreou o filme Avengers: Endgame. O impressionante foram as vendas de produtos para consumo durante o filme, o que inclui refrigerantes, pipocas e outras comidas. As receitas obtidas pela AMC Entertainement nos Estados Unidos, uma cadeia de cinemas que exibiu o filme nas suas salas, foram de 28 milhões de dólares. Como foram quatro dias, com várias exibições, e exibição do filme 63 mil vezes, isto corresponde a 444 dólares por exibição.

Fonte: aqui 

Rir é o melhor remédio

Produtividade versus Procrastinação

14 maio 2019

Equilíbrio de Nash não pode ser alcançado

In 1950, John Nash — the mathematician later featured in the book and film “A Beautiful Mind” — wrote a two-page paper that transformed the theory of economics. His crucial, yet utterly simple, idea was that any competitive game has a notion of equilibrium: a collection of strategies, one for each player, such that no player can win more by unilaterally switching to a different strategy.

Nash’s equilibrium concept, which earned him a Nobel Prize in economics in 1994, offers a unified framework for understanding strategic behavior not only in economics but also in psychology, evolutionary biology and a host of other fields. Its influence on economic theory “is comparable to that of the discovery of the DNA double helix in the biological sciences,” wrote Roger Myerson of the University of Chicago, another economics Nobelist.


When players are at equilibrium, no one has a reason to stray. But how do players get to equilibrium in the first place? In contrast with, say, a ball rolling downhill and coming to rest in a valley, there is no obvious force guiding game players toward a Nash equilibrium.

It has always been a thorn in the side of microeconomists,” said Tim Roughgarden, a theoretical computer scientist at Stanford University. “They use these equilibrium concepts, and they’re analyzing them as if people will be at equilibrium, but there isn’t always a satisfying explanation of why people will be at Nash equilibrium as opposed to just groping around for one.”

If people play a game only once, it is often unreasonable to expect them to find an equilibrium. This is especially the case if — as is typical in the real world — each player knows only how much she herself values the game’s different outcomes, and not how much her fellow players do. But if people can play repeatedly, perhaps they could learn from the early rounds and rapidly steer themselves toward an equilibrium. Yet attempts to find such efficient learning methods have always come up dry.






“Economists have proposed mechanisms for how you can converge [quickly] to equilibrium,” said Aviad Rubinstein, who is finishing a doctorate in theoretical computer science at the University of California, Berkeley. But for each such mechanism, he said, “there are simple games you can construct where it doesn’t work.”

Now, Rubinstein and Yakov Babichenko, a mathematician at the Technion-Israel Institute of Technology in Haifa, have explained why. In a paper posted online last September, they proved that no method of adapting strategies in response to previous games — no matter how commonsensical, creative or clever — will converge efficiently to even an approximate Nash equilibrium for every possible game. It’s “a very sweeping negative result,” Roughgarden said.

Economists often use Nash equilibrium analyses to justify proposed economic reforms, Myerson said. But the new result says that economists can’t assume that game players will get to a Nash equilibrium, unless they can justify what is special about the particular game in question. “If you’re trying to figure out if your game will easily find an equilibrium,” said Noam Nisan, a computer scientist at the Hebrew University, “it’s on you to provide the argument why it would be.”

[...]

If this is going to take longer than the age of the universe,” said Sergiu Hart, a game theorist at the Hebrew University of Jerusalem, “it’s completely useless, of course.”

It might seem natural, almost obvious, that players will sometimes need to know everything about each other’s values to find a Nash equilibrium. The new paper shows, however, that this same limitation holds even if the players are willing to make do with an approximate Nash equilibrium — an important finding when it comes to real-world applications, in which an outcome that’s close to a Nash equilibrium is often good enough.


Fonte: aqui