Translate

31 janeiro 2015

Rir é o melhor remédio





Kama-Sutra dos casados

Fato da Semana: Os números da Petrobras (Semana 5 de 2015)

Fato da Semana: A empresa Petrobras divulgou de maneira preliminar o balanço do terceiro trimestre de 2014. A divulgação aconteceu com um grande atraso e sem que computasse os valores da amortização com a propina que a empresa pagou nos últimos anos. A decisão foi política e o mercado reagiu de maneira negativa, derrubando, ainda mais os preços das ações. Entretanto, a empresa divulgou, talvez tentando passar despercebido, um número que reflete a diferença entre o valor contábil e o valor justo dos ativos. É muito acima de qualquer número que tinha sido comentado anteriormente à divulgação.

Qual a relevância disto? O fato trouxe a tona conceitos como recuperabilidade, amortização, valor justo, controle interno, entre outros. Aparentemente não afetou outras empresas, mas foi um baque para a empresa. A gestão da empresa parecia à mercê dos acontecimentos, sem ação.

Positivo ou Negativo – Horrível para a empresa. Mas este blog é de contabilidade. A discussão contábil é interessante para todos os profissionais. Principalmente que a contabilidade passou incólume ao teste. Neutro.

Desdobramentos – O que acontecerá no próximo trimestre? Será que a empresa irá aceitar o inevitável e fazer a amortização? Ou continuarão dizendo que a mensuração dos valores da corrupção é difícil? Tudo leva a crer que nos próximos dias nada irá mudar na empresa. Será que mudará nas próximas demonstrações?

30 janeiro 2015

Som da Sexta - Flight of the Conchords

Flight of the Conchords é um dueto da Nova Zelândia, formado por Bret McKenzie e Jemaine Clement. O grupo usa uma combinação de letras engraçadas e guitarras acústicas em suas músicas. A música abaixo chama-se Business Time. A letra é muito engraçada, assim como o clipe.


Rir é o melhor remédio

Fonte: Estadão de 1960

Oitenta e oito

Muita coisa foi escrita sobre as demonstrações contábeis não auditadas da Petrobras. Um dos principais pontos foi sobre os 88 bilhões, que muitos enxergaram como o valor da corrupção da empresa. Este valor representa a diferença entre o valor justo e o valor contábil de grandes empreendimentos da empresa. Rapidamente significou o valor da corrupção. Isto não é verdade por dois motivos. O primeiro, é que o “método de cálculo” não abrangeu todo ativo imobilizado, o que poderia fazer este montante ser maior do que o citado. O segundo é dificilmente teremos condições de saber o valor preciso da corrupção, já que a empresa não terá acesso a toda informação de todos os corruptos. Na melhor da hipótese será um valor estimado.

Mas mesmo sendo uma estimativa, ainda que tosca de um processo que passou por cima de uma longa história desta empresa, os oitenta e oito foram buscados no meio de um monte de números. E passou a representar a corrupção que derrubou a Petrobras.

Numa empresa privada, num mercado desenvolvido, muito provavelmente aconteceria o seguinte. Em primeiro lugar, haveria uma substituição de todos os executivos do primeiro escalão e a contratação de executivos externos. A nova administração deveria ter credibilidade, com liberdade para fazer um enxugamento e uma mudança na cultura da empresa. Além dos executivos, a faxina também incluiria as pessoas nos postos relevantes, como os assessores e secretarias das diretorias envolvidas. Logo a seguir, seriam chamadas pessoas para investigar os problemas e apresentar solução. Isto incluiria especialistas em fraudes. As empresas fornecedoras que estivessem envolvidas nos problemas seriam processadas e impedidas de fazer qualquer negócio com a empresa. Em termos contábeis, o máximo possível seria amortizado. Isto aumentaria a alavancagem e o custo do empréstimo. Mas limparia o balanço e permitiria que nos próximos exercícios a empresa pudesse recuperar. A empresa de auditoria seria substituída imediatamente, já que existiram dúvidas sobre a qualidade do seu trabalho. Em lugar de esconder por trás de notícias sem relevância ou usando linguagem obscura, a empresa seria extremamente honesta sobre os problemas, constituindo comissão de investigação com especialista (não necessariamente de renome) que apresentaria resultados rapidamente.

Comparando com as medidas que foram tomadas até agora na empresa é possível perceber quão distante estamos do ideal. A decisão de contratar advogados, em lugar de detetives, de colocar ex-juiz do supremo em vez de especialista em fraude, de manter a atual gestão, incluindo o conselho de administração e de auditoria, com pouca visão da realidade administrativa e financeira da empresa e de não fazer amortização mostram que os rumos da empresa necessitam de outras medidas, que modifique substancialmente o atual cenário.

Mas a presença do número 88 nas informações divulgadas na quarta, referente ao valor que deveria ser amortizado (R$88,9 bilhões) indica que existe esperança. Este número deve ter sido fruto da área técnica contábil da empresa, que ainda resiste às imposições políticas. É um número que teve que ser “engolido” pela alta cúpula da empresa, apesar da pressão para não evidenciar. É o número da resistência.

Mostra que não existe somente a Petrobras da sra. Foster ou do sr. Barbassa.

Nesta empresa existem pessoas que querem fazer um trabalho técnico da melhor qualidade e que gostariam que os números contábeis fossem a expressão da realidade.

O que gostaríamos de saber 3

Anteriormente, numa postagem, fizemos algumas projeções. Este é um momento para verificar como saímos:

1 - Tamanho do rombo? - será uma estimativa e não deverá levar em consideração os problemas mais antigos de corrupção da empresa. Já fizemos uma estimativa aqui de 20 bilhões, mas acredito que a empresa deverá colocar um número compatível com o resultado apurado. Minha avaliação é que o valor estará entre 10 e 20 bilhões.

A empresa disse que ainda não é possível fazer uma avaliação. A grande notícia foi o valor de 88 bilhões, mas neste valor tem mais do que corrupção. No entanto, ontem a presidência da empresa afirmou que ainda pode aumentar, já que nem todo ativo foi mensurado. Numa das metodologias chegaram a 4 bilhões. É bem abaixo do valor que estimamos.

2 - Haverá baixas por conta da redução do preço do petróleo? - Não acredito. Como o foco é o valor da baixa pela corrupção, isto pode ficar para depois. Além disto, a empresa pode afirmar, com uma certa dose de razão, que o preço é volátil.
Correto. A empresa aproveitou para não dar baixa por conta da redução do petróleo.

3 - Tamanho do corte de investimento em 2015 para não tomar empréstimo? - A punição às empreiteiras irá ajudar neste corte. Nos últimos anos a empresa teve fluxo de caixa de investimento negativo entre 53 bilhões de reais em 2008 e 77 bilhões em 2013. Deve ficar entre 30 bilhões e 50 bilhões em 2015, mas com valores mais próximo ao valor mínimo.
Ainda não está claro e somente nos próximos meses teremos condições de saber.

4 -O que falta para a empresa publicar o balanço auditado e se as demonstrações anuais serão publicadas no prazo? - A PwC é quem irá determinar esta publicação. Tenho sérias dúvidas se o balanço será limpo.
Ainda é cedo. Mas parece que será com atraso, pelo que foi dito na conferência ontem.

5 - Vai processar os executivos? - Não.
Tudo caminha para isto. Em nenhum momento a empresa falou em responsabilizar. Mais ainda, fez questão de destacar que o problema acabou com a nova gestão, apesar das investigações afirmarem o contrário.

28 janeiro 2015

E o juiz...

Postamos que o mercado seria o juiz do balanço da Petrobras. Eis o resultado:


A queda foi maior que no início do dia. Parece que o mercado trabalhou com os 88 bilhões

Preço das Ações

As ações da Petrobras caíram mais de 7%, preferenciais e 6,5% as ordinárias.

E se...

Caso a empresa Petrobras tivesse feito uma amortização de 88 bilhões teríamos o seguinte:

Resultado líquido acumulado de 2014 = 75 bilhões de prejuízo
Margem Líquida = -30%
Ativo Total = 737 bilhões, com redução de 2% em relação a 31/12/2013
Patrimônio Líquido = 262 bilhões, com redução de 25% em relação ao final de 2013
Endividamento de 64% (versus 53% no final de 2013 e 58% do balanço divulgado)

Legibilidade

A legibilidade é uma medida aproximada da dificuldade de um texto. Usando o método Flesch, o mais usado para medir a legibilidade, calculamos o valor para a carta de Foster, presidente da empresa, divulgou ontem. Em 269 palavras, o método acusou legibilidade difícil.

Nos comentários foram 1.333 palavras e novamente o Flesdh foi difícil.

Durante o escândalo da Enron o seu comunicado à imprensa também foi considerado difícil.

Confusão

O fato de divulgar o balanço no final da noite causou uma confusão na imprensa. Veja a seguir:

A empresa não adiou o balanço. Somente divulgou número s sem a amortização. 

Juiz

Na abertura do mercado acionário hoje saberemos a reação dos investidores. Havia uma expectativa de amortização, que não ocorreu. Além disto, as ações já estão num patamar muito baixo.

Encruzilhada 2

Ontem postamos sobre a encruzilhada da Petrobras. A empresa optou por não assumir as perdas. Conformo afirmamos, a opção possui algumas vantagens: "pode" garantir pagamento da PLR aos empregados e dividendos aos acionistas. Isto deverá ser discutido mais adiante. A segunda vantagem é cumprir certas obrigações e isto está presente no comunicado da empresa ("A divulgação das demonstrações contábeis não revisadas pelos auditores independentes do terceiro trimestre de 2014 tem o objetivo de atender obrigações da Companhia (covenants) em contratos de dívida"). Terceiro, não afeta o endividamento e pode tentar manter a classificação de risco (aguardem os próximos capítulos; acho difícil as agências manterem as notas). Quarto, a questão política. É importante notar que a reunião do Conselho da empresa aconteceu no mesmo dia da reunião ministerial. O presidente da república afirmou que não deveria enfraquecer a Petrobras. O recado tinha sido dado. A questão do caixa parece não preocupar a empresa, que afirmou que os problemas não afetam o caixa futuro e os investimentos (não é verdade). Finalmente, "os gestores foram indicações políticas; sua sustentação decorre de acordos partidários e eles sabem disto".

Petrobras

Nas demonstrações contábeis publicadas ontem, a Petrobras divulga na nota explicativa 3 uma série de informações mais detalhadas do que foi exposto no comunicado da empresa e na carta da presidente.

Inicialmente a nota faz um histórico dos efeitos da operação de investigação da corrupção na empresa. e justifica que somente no terceiro trimestre seria possível as denúncias afetarem o resultado. No item 3.1 a empresa indica as providências tomadas, incluindo a contratação de advogados, requerimentos e outras medidas burocráticas. No item 3.2 destaca-se as medidas para melhoria da governança. O item 3.3 comenta sobre o ativo imobilizado e justifica a impraticabilidade de quantificar o valor exato a ser corrigido. Diante disto, a empresa considerou duas abordagens: a) percentual médio de pagamentos indevidos, que resultaria numa amortização de 4 bilhões; b) valor justo, que resultou em R$88 bilhões inferior, conforme comentado na postagem anterior.  Aqui, neste texto, a empresa informa que não está sendo considerado as sinergias. E que isto poderia fazer com que o valor fosse menor. Ou seja, os 88 bilhões seria a amortização "na pior das hipótese". (A empresa esquece que "sinergia" pode também ser no sentido contrário).

Mais adiante a empresa afirma:

Em 21 de Novembro de 2014, a Petrobras recebeu uma intimação (subpoena) da Securities and Exchange Commission (SEC) requerendo documentos relativos à Companhia. A Companhia atenderá as solicitações oriundas da subpoena após trabalho conjunto e em andamento com o escritório nacional Trench, Rossi e Watanabe Advogados e com o escritório norte-americano Gibson, Dunn Crutcher, contratados pela Petrobras para realizar uma investigação interna independente.


 Sempre fomos críticos e contrários a esta contratação. Aqui a empresa informa que os escritórios irão ajudar na resposta à SEC e outros reguladores.

Comunicado da Petrobras 2

Juntamente com o comunicado, a presidente divulgou "comentários" nos resultados do terceiro trimestre, . Negrito do blog.

Comentários da Presidente
Sra. Maria das Graças Silva Foster
Prezados Acionistas e Investidores,


Como é de notório conhecimento, a Petrobras enfrenta um momento único em sua história. Em março de 2014, a “Operação Lava Jato”, deflagrada pela Polícia Federal com o objetivo de investigar suspeitas de lavagem de dinheiro, alcançou a Petrobras com a prisão do ex-diretor de Abastecimento da Companhia Paulo Roberto Costa, que está sendo investigado pelos crimes de corrupção, peculato, dentre outros.


No dia 13/11/14, em consequência dos fatos e provas produzidos no âmbito da Operação Lava Jato, a Petrobras postergou a divulgação dos resultados do 3T-2014. Em suma, os depoimentos aos quais a Petrobras teve acesso revelaram a existência de atos ilícitos, como cartelização de fornecedores e recebimentos de propinas por ex-empregados, indicando que pagamentos a tais fornecedores foram indevidamente reconhecidos como parte do custo de nossos ativos imobilizados, demandando,  portanto, ajustes.


Provavelmente a presidente está informando que não teve acesso a todos os depoimentos. Além disto informa que somente "ex-empregados" receberam propinas (Sérgio Machado, da Transpetro, por exemplo, não recebeu).


Entretanto, concluímos ser impraticável a exata quantificação destes valores indevidamente reconhecidos, dado que os pagamentos foram efetuados por fornecedores externos e não podem ser rastreados nos registros contábeis da Companhia.

De certa forma ela tem razão no termo exato. Mas muitas medidas na contabilidade não são exatas, como é o caso de valores a receber. Nem por isto se deixa de fazer estimativas de perda com clientes ruins. 

Em face da impraticabilidade de identificar os pagamentos indevidos de forma correta, completa e definitiva, e da necessidade de corrigir esse erro, a Companhia decidiu lançar mão de duas abordagens: (i) diferença entre o valor justo (fair value) de cada ativo e seu valor contábil e (ii) quantificação do sobrepreço decorrente de atos ilícitos usando informações, números e datas revelados nos depoimentos e termos de colaboração premiada no âmbito da Operação Lava Jato.


Existe um jogo de palavras aqui. A empresa não é capaz de identificar os pagamentos de forma "correta, completa e definitiva". Provavelmente nunca será. A contabilidade trabalha com estimativas. Mesmo assim, talvez por pressão da área técnica, a empresa usou duas metodologias: o valor justo e o sobrepreço. Observe que isto desmente a primeira parte da frase; existe forma de mensurar o sobrepreço, não de forma definitiva (nunca será possível), mas por estimativa. É bem verdade que em parte desta estimativa haverá também as ineficiências da própria empresa.


Os ativos selecionados para avaliação do valor justo somam R$ 188,4 bilhões, praticamente 1/3 do ativo imobilizado total da Petrobras (R$ 600,1 bilhões) e tiveram, como referência, os contratos firmados entre a Petrobras e as empresas citadas na “Operação Lava Jato” entre 2004 e abril de 2012.


Nem tudo foi selecionado para fazer a avaliação a valor justo. Bastante razoável. Mas parece que a empresa não teve acesso a todos os depoimentos e por este motivo não teria como fazer uma seleção completa. O segundo ponto importante é que a presidente insiste em terminar o problema em abril de 2012, quando se sabe que as práticas inadequadas continuaram até o ano passado. A razão disto é simples: tira a responsabilidade - um pouco - da atual gestão.


A avaliação foi realizada por firmas globais reconhecidas internacionalmente como avaliadores independentes, abrangendo 81% do ativo total avaliado. A análise dos outros 19% foi realizada pelas equipes técnicas da Petrobras, porém com total consistência metodológica e de premissas com o trabalho realizado pelos avaliadores independentes.


A empresa não informa quem são as "firmas globais reconhecidas internacionalmente". Já discutimos isto anteriormente no blog, quando a empresa anunciou a contratação de um escritório de advocacia dos EUA e outro brasileiro (internacional?). Na ocasião apontamos que o correto seria a contratação de uma empresa de investigação, como a Kroll. Logo depois estas empresas de advogados subcontrataram uma auditoria.


No entanto, o amadurecimento adquirido no desenvolvimento do trabalho tornou evidente que essa metodologia não se apresentou como uma substituta “proxy” adequada para mensuração dos potenciais pagamentos indevidos, pois o ajuste seria composto de diversas parcelas de naturezas diferentes, impossível de serem quantificadas individualmente, quais sejam, mudanças nas variáveis econômicas e financeiras (taxa de câmbio, taxa de desconto, indicadores de risco e custo de capital),
mudanças nas projeções de preços e margens dos insumos, mudanças nas projeções de preços, margens e demanda dos produtos comercializados, mudanças nos preços de equipamentos, insumos, salários e outros custos correlatos, bem como deficiências no planejamento do projeto (engenharia e suprimento).


Afirma-se que não se teve condições de medir os potenciais pagamentos indevidos. E não será possível fazê-lo nem nos próximos dias nem nos próximos anos. Neste parágrafo já se fala em "proxy" e "adequada" em lugar de "certeza" do anterior. Outro fator é que justifica a ausência da amortização em razão da variação dos preços do petróleo. Recentemente a imprensa especulou que a empresa poderia fazer uma amortização em razão deste fato. Mas temos aqui um problema de lógica grave: o teste de recuperabilidade não está interessado em determinar precisamente as causas da amortização e sim fazer uma comparação entre o valor que está contabilizado e o valor recuperável. Este valor recuperável poderá ser o fluxo de caixa descontado (possível de ser feito agora) ou o valor de mercado dos ativos, que na maioria dos imobilizados da empresa é inferior ao fluxo descontado. E pelo que a presidente divulgou, a mensuração do fluxo descontado foi realizado, sendo possível fazer a amortização. O problema é determinar as causas. (É bem verdade que a separação da incompetência e da corrupção possuem implicações fiscais.)


O resultado das avaliações indicou que os ativos com valor justo abaixo do imobilizado totalizaram R$ 88,6 bilhões de diferença a menor. Os ativos com valor justo superior totalizaram R$ 27,2 bilhões de diferença a maior frente ao imobilizado. 

Esta informação é relevante. A presidente diz que a amortização deveria ser de R$88,6 bilhões, gerando o prejuízo recorde de todos os tempos no Brasil. Afinal, o teste de recuperabilidade está associado a amortizar os valores a menor e assim o valor de R$27 bilhões a maior não seria considerado. Temos também aqui a origem dos 52 bilhões que a imprensa noticiou recentemente. 

Decidimos não utilizar a metodologia da determinação do valor justo como “proxy” para ajustar os ativos imobilizados da Companhia devido à corrupção, pois o ajuste seria composto de elementos que não teriam relação direta com pagamentos indevidos. Assim, aprofundaremos outra metodologia que tome por base valores, prazos e informações contidos nos depoimentos em conformidade com as exigências dos órgãos reguladores (CVM e SEC), visando a emissão das demonstrações contábeis
revisadas.


A justificativa para não fazer a amortização é que não se conhece o valor dos pagamentos indevidos. Como os depoimentos estão em "sigilo", a divulgação com base nesta metodologia deverá demorar. Outro aspecto é que a empresa não conhece os pagamentos indevidos, mas pode estimar, por exemplo, os efeitos da redução do preço do petróleo sobre o fluxo de caixa futuro.


Quanto aos resultados deste 3º trimestre de 2014, nosso lucro operacional foi de R$ 4,6 bilhões, 48% abaixo do realizado no 2º trimestre (R$ 8,8 bilhões). Essa redução é explicada, principalmente, por gastos com o Acordo Coletivo de Trabalho (R$ 1,0 bilhão), pelo pagamento do acordo com a Bolívia para importação do gás natural (R$ 0,9 bilhão) e pelas baixas no ativo referente aos Projetos Premium I e II (R$ 2,7 bilhões). Por outro lado, a maior produção de petróleo e consequente exportação agregaram R$ 2,4 bilhões ao resultado operacional deste 3º trimestre em relação ao trimestre anterior. O lucro líquido totalizou R$ 3,1 bilhões, 38% abaixo dos R$ 5,0 bilhões no 2º trimestre, refletindo o menor lucro operacional. 


blá-blá-blá

Quanto à projeção do fluxo de caixa e liquidez da Companhia, é importante ressaltar que a posição de caixa da Petrobras e sua capacidade de geração operacional não será afetada por ajustes decorrentes da “Operação Lava Jato” ou de qualquer outro relacionado ao valor dos seus ativos.

Não é verdade. Haverá os pagamentos de impostos, o custo dos empréstimos serão maiores, será mais difícil contratar, etc. Mas neste momento é fundamental que isto seja dito.

Temos sido diligentes na implementação de ações que nos permitem afirmar que não necessitaremos recorrer a novas dívidas no ano de 2015 em função dos fatores que favorecem nosso fluxo de caixa, os quais estão descritos a seguir. 


Em primeiro lugar, a Companhia reafirma a manutenção da política de preços de diesel e gasolina não repassando a volatilidade do mercado internacional, o que, na situação atual, favorece excepcionalmente o caixa. Nosso patamar atual de produção de petróleo e derivados nos assegura o mesmo patamar de geração operacional, mesmo com o preço do barril de petróleo Brent variando entre US$ 50/bbl e US$ 70/bbl. 


Quanto à nossa produção de petróleo no Brasil, planejamos crescer 4,5% (+/- 1 p.p.) no ano de 2015 frente ao ano anterior. O fato é que 2015 dá sequência aos eventos de 2014, quando adicionamos quatro novas plataformas que agora estão em curva de ramp-up e aumentamos nossa frota de PLSV de 11 para 19 navios. Assim, a produção será sustentada pela interligação de 69 poços produtores e injetores e pela entrada em operação da P-61/TAD (Papa-Terra) no 1º trimestre e do FPSO Cidade de Itaguaí (campo de Iracema Norte) no 4º trimestre desse ano.


Assim, esperamos ter uma geração operacional (incluindo pagamento de impostos, antes dos juros, dividendos e amortizações) entre US$ 28 bilhões e US$ 32 bilhões em 2015, considerando patamares de Brent entre US$ 50/bbl e US$ 70/bbl e taxa de câmbio entre R$ 2,60/US$ e R$ 2,80/US$. Também consideramos que teremos à disposição garantias da União Federal para os recebíveis do Setor Elétrico, que permitirão a negociação desses créditos no mercado bancário.


No que tange aos investimentos, estamos reduzindo o ritmo de alguns projetos, principalmente aqueles com baixa contribuição ao caixa nos próximos dois anos, de forma que nosso orçamento fique no patamar de US$ 31 bilhões a US$ 33 bilhões neste ano de 2015. 


Nosso portfólio de ativos também indica oportunidades de desinvestimentos em 2015, com potencial de contribuição ao caixa em níveis próximos aos realizados em 2014. A implementação desses desinvestimentos dependerá, naturalmente, da evolução das condições de mercado.


Importante ressaltar, nossa posição de Caixa vem sendo favorecida pela forte redução do preço do Brent nos últimos 3 meses e possui folga em relação aos valores que julgamos suficientes para manter nossas operações com a liquidez necessária ao longo do ano.


Continuamos trabalhando para produzir as demonstrações financeiras revisadas pelo Auditor Externo (PwC) no menor tempo possível, não apenas em relação aos ajustes nas demonstrações contábeis, mas também à necessidade de aprimoramento dos nossos controles internos.


Destaco a posse do nosso diretor de Governança, Risco e Conformidade, João Adalberto Elek Júnior no dia 19 de janeiro passado. João Elek foi escolhido entre profissionais de mercado com notório reconhecimento de competência na área de Governança. Ele passou por processo seletivo conduzido pela empresa Korn Ferry, especializada em seleção de executivos, foi eleito de uma lista tríplice apresentada ao Conselho de Administração da Petrobras e deverá permanecer no cargo por três anos, período que pode ser renovado.


Respire fundo que está terminando
 

Assim, quero aqui reafirmar nosso compromisso com a superação desses desafios. Estamos dando plena condição para que as investigações em curso, sejam as internas, sejam as externas, caminhem livremente, sem qualquer barreira. Somos transparentes com vocês, nossos acionistas e investidores. Trabalhamos para que, no futuro próximo, nossa companhia seja reconhecida por seus métodos de governança e controles internos com a mesma excelência que tem sido reconhecida ao longo dos anos por sua capacidade técnica e operacional.

Maria das Graças Silva Foster
Presidente

Comunicado da Petrobras

A empresa divulgou uma nota sobre os resultados, que transcrevo em itálico. Os comentários em letra normal


Petrobras divulga seus resultados consolidados não revisados pelos auditores independentes, expressos em milhões de reais, de acordo com o IAS 34 exceto pela existência de erros nos valores de determinados ativos imobilizados.

Em outras palavras, decidiu não fazer a amortização esperada por alguns. Além disto, não traz o relatório dos auditores independentes. Ao afirmar que os resultados estão "de acordo com o IAS 34, exceto" a empresa quis passar uma mensagem de maior adequação as normas internacionais. Certamente não irá conseguir.

A divulgação das demonstrações contábeis não revisadas pelos auditores independentes do terceiro trimestre de 2014 tem o objetivo de atender obrigações da Companhia (covenants) em contratos de dívida e facultar o acesso às informações aos seus públicos de interesse, cumprindo com o dever de informar ao mercado e agindo com transparência com relação aos eventos recentes que vieram a público no âmbito da “Operação Lava Jato”.

Novamente um parágrafo positivo, indicando que a empresa atendeu aos contratos de dívida e permitiu que as pessoas tivessem acesso às informações. Talvez a empresa evite os problemas com os contratos, ao publicar estes números, mas certamente a empresa não agiu com "transparência". Pelo contrário, na página principal da empresa neste momento (seis horas da manhã) não consta nada sobre este fato. Além disto, o comunicado somente saiu bem tarde da noite, impedindo ou dificultando que o mesmo fosse notícia nos jornais.


A Companhia entende que será necessário realizar ajustes nas demonstrações contábeis para a correção dos valores dos ativos imobilizados que foram impactados por valores relacionados aos atos ilícitos perpetrados por empresas fornecedoras, agentes políticos, funcionários da Petrobras e outras pessoas no âmbito da “Operação Lava Jato”.

Aqui a empresa reconhece a necessidade de ajustes e indica que os atos foram realizados por fornecedores, políticos, funcionários e outras pessoas. E que seriam necessários ajustes, mas não diz que é amortização, já que o termo ajuste é mais neutro.


No entanto, em face da impraticabilidade de quantificar de forma correta, completa e definitiva tais valores que foram capitalizados em seu ativo imobilizado, a Companhia considerou a adoção de abordagens alternativas para correção desses valores: i) uso de um percentual médio de pagamentos indevidos, citados em depoimentos; ii) avaliação a valor justo dos ativos cuja constituição se deu por meio de contratos de fornecimento de bens e serviços firmados com empresas citadas na “Operação Lava Jato”.

A Petrobras lançou mão da dificuldade de fazer a mensuração para justificar a ausência dos ajustes. Tecnicamente isto é bastante razoável e é a mesma justificativa que usamos para não fazer o lançamento do goodwill. A empresa informa que foram consideradas duas possibilidades: o pagamento indevidos citados em depoimentos e o valor justo. A primeira possibilidade seria ruim para a empresa, já que não tem notícia dos depoimentos na sua integra e o valor seria um pouco de especulação. Já o uso do valor justo dos ativos tecnicamente seria muito mais defensável. Seria feito um levantamento do valor dos empreendimentos onde claramente ocorreram as propinas já reveladas e indicado o tamanho do valor indevido. Tenho uma hipótese que a empresa (e o conselho diretor) tinha estes números, mas não usou. Afinal um valor foi noticiado na imprensa, número este que provavelmente foi calculado pela área técnica e vazado, como uma forma de pressionar o conselho a fazer a amortização. Então, qual a razão de não se ter usado? A empresa justifica logo a seguir:


Essas alternativas se mostraram inapropriadas para substituir a impraticável determinação do sobrepreço relacionado a esses pagamentos indevidos.

Justifica? Não existe justificativa nenhuma na frase. Afirma que seria impraticável determinar os pagamentos indevidos. A empresa tem razão, já que nunca saberá com precisão este valor. Mas seria preferível uma estimativa a nenhum valor, correto? Para finalizar, o comunicado diz que a "novela" ainda não acabou:

Com objetivo de divulgar as demonstrações contábeis do terceiro trimestre de 2014 revisadas pelos auditores independentes, a Companhia está avaliando outras metodologias que atendam às exigências dos órgãos reguladores (CVM e SEC).


Rir é o melhor remédio


Fonte: Aqui

27 janeiro 2015

Encruzilhada

Estamos numa grande expectativa para as demonstrações contábeis da Petrobras do terceiro trimestre de 2014. No momento em que escrevo esta postagem a empresa não tinha divulgado seu resultado, apesar da expectativa do mercado. Enquanto se especula sobre o valor da baixa contábil, a empresa permanece em silêncio, não divulgando nenhuma informação no seu endereço.

A empresa tem duas alternativas bem claras. Ou faz uma amortização grande, como R$52 bilhões especulados por alguns e limpa o balanço ou então procura reduzir ao máximo o prejuízo. É bem verdade que pode procurar um meio termo, mas a opção será considerada ruim para todos.

As vantagens de fazer uma grande amortização já foram amplamente divulgadas. Em primeiro lugar, tenta restabelecer a confiança do mercado nas demonstrações. Sabemos que nos diversos mercados em que a empresa atua, e não estamos falando somente no mercado acionário, a confiança é um ativo de valor enorme. Em segundo lugar, isto poderá permitir que a PwC assine o balanço. A empresa de auditoria, depois de ter assinado o que não devia nos períodos anteriores, está sob ameaça de um processo e punição dos reguladores. A PwC não irá aceitar baixas reduzidas. O terceiro ponto é que uma grande amortização limpa o balanço e este tipo de atitude têm sido adotados quando se quer marcar uma nova gestão. A quarta vantagem é o fato dos gestores (presidência, diretoria, conselhos, contadores etc) possuem um nome para se resguardar. Uma demonstração com uma pequena amortização pode ser uma nódoa no currículo de alguns deles.

Mas a opção por uma pequena amortização também possui suas vantagens. É bom lembrar que os funcionários desejam participação no lucro e uma grande amortização significa uma perda de 5 a 10% da renda anual. Os acionistas ordinários também são interessados nos dividendos, que serão poucos, mas que podem compensar o preço baixo das ações. A segunda vantagem são os compromissos de alguns empréstimos que irão obrigar a empresa a arcar com certas obrigações diante do aumento no endividamento. Terceiro, é bom lembrar que as agências de ratings usam índices de endividamento nas suas classificações de risco e que uma elevada amortização irá comprometer as notas. (É bem verdade que as agências de ratings poderão rebaixar a nota exatamente por não fazer o ajuste) Em quarto lugar, uma grande amortização terá sérias implicações políticas; a partir do montante divulgado, surgirão especulações sobre o valor da propina que a empresa pagou. Em quinto lugar, sobre a amortização incidirão imposto de renda, que aumentará a saída de caixa nos próximos meses. Finalmente, os gestores foram indicações políticas; sua sustentação decorre de acordos partidários e eles sabem disto. Eles já estão comprometidos com os problemas que ocorreram na empresa nos últimos meses e a reputação já está manchada.

A Petrobras é antes de tudo governo. Será que o governo irá permitir que algo de ruim aconteça? Uma alternativa poderá ser uma estratégia mista, reconhecendo o prejuízo e ao mesmo tempo fazendo uma operação para salvar a empresa. Especulações...

Sigilo...

Na expectativa do resultado da Petrobras, o Globo traz um texto sobre o assunto. Num determinado ponto:

Um deles [analista de mercado], que pediu para não ser identificado, afirmou que a expectativa é de prejuízo significativo, caso os dados incluam a baixa contável e a redução do patrimônio líquido.

Qual a razão de um analista pedir para não ser identificado a partir desta informação? É uma opinião dele e um certo consenso do mercado. Estamos numa democracia. O que ele teme?

Rir é o melhor remédio

Fonte: Aqui

O poder do gráfico

As empresas, quando divulgam seus resultados, apresentam uma grande quantidade de informações gráficas e ilustrações. Os alunos, quando estão submetendo seus trabalhos de final de curso, gostam de mostrar suas habilidades numa planilha e transformam os dados em pizzas e barras. Numa apresentação de negócios, o gestor coloca uma linha de tendência para justificar seu ponto de vista. O investidor acha tão relevante a visualização do preço da ação que se construiu uma teoria de decisão de compra e venda baseado nos gráficos. Em todos estes casos temos uma mostra do poder do gráfico no convencimento das pessoas.

Dois pesquisadores da Cornell, uma universidade dos Estados Unidos, fizeram um experimento interessante. Tomaram uma informação e submeteram em dois grupos de pessoas. Num dos grupos, os pesquisadores apresentaram informação sobre um novo medicamento sob a forma de texto. Para outro grupo, além desta informação foi apresentado um gráfico, com duas barras, que não continha nenhuma nova informação além daquela existente no texto. Depois da leitura, perguntou-se para os participantes do grau de efetividade do novo remédio, numa escala de nove pontos. Os respondentes com a informação com o texto deram uma nota de 6,12 em média; já aqueles que receberam o texto e juntamente o gráfico pontuaram a efetividade em 6,83. A diferença de pontuação permite afirmar, estatisticamente, que o gráfico provocou um efeito na resposta.

Segundo os autores, a premissa é que os gráficos sinalizam a existência de uma base científica. Como o gráfico possui uma informação pode-se concluir que a informação teria base científica. Como a ciência é indicaria uma verdade, tem-se que a informação é verdadeira para os participantes.

Mas atenção: o estudo foi conduzido em estudantes, mas que não são necessariamente especialistas na área. Não se sabe se a apresentação gráfica para especialistas teria o mesmo efeito. Não custa tentar, não é? Assim, caso o leitor queira convencer uma plateia, pense, a partir de agora, em usar um gráfico.

TAL, Aner; WANSINK, Brian. Blinded with Science. Public Understanding of Science, 2014

Inovação

A Educação é o grande problema do Brasil na inovação:

26 janeiro 2015

Especulação...

O conselho de administração da Petrobras — presidido ainda pelo ex-Ministro da Fazenda, Guido Mantega — vai apreciar amanhã o balanço do terceiro trimestre da estatal, ainda sem a chancela dos auditores da empresa.

Pessoas próximas à Petrobras esperam que a empresa reconheça uma baixa contábil que pode chegar a 20 bilhões de dólares (cerca de 52 bilhões de reais), ou o equivalente a 42% do valor de mercado atual da empresa.

A baixa contábil, conhecida também como impairment ou writeoff, é um reconhecimento por parte de uma empresa da desvalorização dos ativos que ela carrega em seu balanço, seja por superfaturamento em contratos, estouros legítimos em seus orçamentos de obras, ou outros fatores.

Os investidores estão ansiosos para ver se a empresa publicará, também, uma nota explicativa discriminando quanto do writeoff se originou de propinas, bem como um compromisso da empresa de que vai tentar recuperar o valor na Justiça. É possível também que o writeoff seja influenciado por uma nova projeção de longo prazo para o preço do petróleo. Esta estimativa é discricionária, e não sabe se a Petrobras vai inclui-la no writeoff, e, se o fizer, se dará transparência às estimativas.

A Petrobras contratou a Deloitte para ajudá-la a decidir o tamanho e os parâmetros do writeoff. O auditor da Petrobras, que terá que concordar com tudo antes de dar um parecer sem ressalvas, é a PWC. Um parecer com ressalvas neste momento seria muito ruim para a Petrobras, e poderia levá-la a ter que alterar seu balanço de novo. Portanto, as perdas apresentadas agora deveriam ser suficientes para satisfazer o auditor.

Com o País inteiro olhando o balanço com lupa, seria interessante que a Petrobras mudasse sua rotina e publicasse os votos individuais dos conselheiros sobre o assunto. (Neste caso, o mercado vai prestar atenção nos votos dos conselheiros independentes, José Monforte e Mauro Cunha.) “Depois que tudo que já aconteceu, qualquer conselheiro vai ter muito medo de aprovar algo que ele não tenha convicção de que está redondinho,” diz um analista.


Geraldo Samor - Veja

Rir é o melhor remédio



O que você pensa que parece e o que realmente parece

O crescimento dos economistas

Have we reached peak economist?

Two hundred years ago, the field of economics barely existed. Today, it is arguably the queen of the social sciences.

These are the conclusions I draw from a deep dive into The New York Times archives first suggested to me by a Twitter follower. While the idea of measuring influence through newspaper mentions will elicit howls of protest from tweed-clad boffins sprawled across faculty lounges around the country, the results are fascinating. And not only because they fit my preconceived biases.

Using the new Chronicle tool that catalogs the entire Times archive, I discovered that in recent years around one in 100 articles mention the term “economist,” and these typically occur in the context of introducing a proponent of the dark arts. Far fewer articles mention the terms historian or psychologist, while sociologists, anthropologists and demographers rarely rate a mention. Continue reading the main story
The Rise of the Economists

Interest in what economists have to say rises and falls with the economy. Measured by mentions in The New York Times, other professions aren’t as notable.


It wasn’t always this way. Historians held the largest market share until the Great Depression intervened in the 1930s, leading a frightened public to take a greater interest in economics.

There’s an old Bob Dylan song that goes “there’s no success like failure,” and it’s a lesson that’s been central to the rise of the economics profession. Each economic calamity since the Great Depression — stagflation in the 1970s, the double-dip recession in the late 1970s and early 1980s, the 1991 downturn — has served to boost the stock of economists. The long Clinton boom that pushed unemployment down to 3.8 percent was good news for nearly all Americans, except economists, who saw their prominence plummet. Fortunately, the last financial crisis fixed that.

Today, the profession is so ubiquitous that if you are running a government agency, a think tank, a media outlet or a major corporation, and don’t have your own pet economist on the payroll, you’re the exception.

But it’s not just economists who are thriving. Over the past 50 years, the pages of The Times have come to reflect an increasing fascination with the social sciences generally, and mentions of historians, psychologists and, to a lesser extent, sociologists have also risen. As social sciences have grown in importance, other sources of authority have lost market share. Priests were once more likely to be discussed in the pages of The Times than any of these social science celebrants, but today they are found far less often than either economists or historians, roughly on par with psychologists.


Which Professions Capture the Attention of Congress?

The Congressional Record provides a verbatim account of the debates, proceedings and activities of the United States Congress. Economists get cited most often.

These rankings reflect something broader than just the tastes of one newspaper’s editors, as the pecking order among the social sciences at The Times roughly mirrors that on Capitol Hill. A similar search of the Congressional Record over the past 25 years reveals that the term “economist” was most likely to be mentioned, with historians and psychologists again the next most popular.

Most striking is the poor showing of sociology, whose relevance to policy makers appears to be minimal, even though it focuses on many of our most pressing problems, including families, crime, education, aging, religion, community, inequality and poverty.


Of course, sociologists, whose comparative advantage is in offering structural explanations, might point to the fact that their field has no equivalent of the business pages, that the president does not receive advice from a Council of Sociological Advisers, and that there’s little demand from Wall Street for sociological insights. Perhaps, although topics like crime, family and faith are grist for the daily newspapers; an array of federal agencies are responsible for dealing with topics like housing, education, labor and human services; and Silicon Valley is hungry for insights from sociologists who study networks.

More tellingly, as Orlando Patterson, a professor of sociology at Harvard, recently noted, sociology has limited impact even on issues central to the discipline. The most striking example he offered was that it appears that no sociologists were consulted in the deliberations surrounding President Obama’s “My Brother’s Keeper” initiative to combat the problems afflicting black youth, even as the insights of economists were sought.

Economists might instead look to the forces of supply and demand to understand their relative popularity. But it is not due to supply. As data from the Census Bureau suggests, while about 1.5 million Americans are economics majors, there is a far greater supply of psychology majors (3.4 million) and history majors (1.6 million), and only slightly fewer sociology majors (1.3 million).

This economist is drawn to conclude that if our relative success is not due to supply, then it must be demand, which means that our popularity reflects the discerning tastes of our audience in the marketplace of ideas.


Justin Wolfers is a senior fellow at the Peterson Institute for International Economics and professor of economics and public policy at the University of Michigan. Follow him on Twitter at @justinwolfers

Finanças Pessoais: Valor do Dinheiro no Tempo



Se você for estudar finanças pessoais é provável que você encontre uma tentativa de apresentar conhecimentos básicos de valor do dinheiro no tempo. Inicialmente, os conhecimentos básicos dos juros simples (qual a razão disto? Ninguém usa isto mais). Depois, juros compostos, que inclui valor presente, valor futuro, anuidade, etc. Tudo isto pode ser acompanhado de instruções que como usar uma calculadora antiga (HP 12) ou planilha.

Não iremos falar sobre este assunto aqui. Vamos comentar sobre um dos pressupostos do valor do dinheiro no tempo: o custo crescente do dinheiro ao longo do tempo. Se você decidir fazer um empréstimo de 15 anos provavelmente irá pagar mais do que um empréstimo de 12 meses. A razão disto é que os juros são calculados sobre os juros. Ou de uma forma mais simples: eu cobro ou pago juros numa operação de empréstimo pelo fato de abrir mão da liquidez do dinheiro. É por este motivo que existe a incidência de juros sobre uma operação a prazo. E somos levados a acreditar que toda operação a prazo possui estes juros.

Entretanto o leitor já deve ter visto uma situação onde o vendedor divide o valor a vista em duas ou três parcelas sem juros. E não concede nenhum desconto sobre o pagamento em dinheiro. Qual a razão disto acontecer?

A primeira justificativa é a comodidade. Se um produto custa três parcelas de R$400 reais é muito mais fácil determinar o preço à vista multiplicando o valor da parcela por três, chegando a um valor de R$1.200. Determinar o valor à vista, com uma taxa de desconto, significa cálculos mais elaborados, sujeitos a erros.

A segunda razão é que alguns comerciantes sabem que a divisão da compra em parcelas induz o consumidor a gastar mais. Se você entra num supermercado somente com dinheiro da sua carteira, você irá controlar a quantidade de supérfluo que coloca no carrinho. Já se você possui um cartão de crédito, a possibilidade de pagar somente um terço do valor das compras na próxima fatura induz encher o carrinho. Deste modo, incentivar o uso do cartão pode ser interessante para o comerciante que deseja empurrar os produtos com maior margem de lucro. Existe uma estratégia derivada desta, presente em lojas como Renner: você divide em duas ou mais vezes, mas faz o pagamento na loja. Quando o cliente estiver voltando para efetuar o pagamento, aumenta a chance de uma nova compra. Esta é justificativa derivada do marketing da empresa.

A terceira razão é a informação. Se você vai pagar em dinheiro, a empresa fica sabendo muito pouco ou quase nada sobre o cliente. Mas ao pagar com cartão de crédito, a empresa pode associar aquele número e nome às compras realizadas. E traçar um bom perfil do seu cliente. Na era do bigdata este motivo tornou-se mais importante.

Finalmente a última justificativa é a concorrência. Se o meu concorrente faz uma promoção onde a compra a prazo tem o mesmo valor da operação à vista, seguir a estratégia da loja ao lado pode impedir que se perca participação do mercado. E anula o movimento do concorrente.

25 janeiro 2015

Rir é o melhor remédio



Mania de Celular 2

História da Contabilidade Brasileira



Por um tempo publiquei aqui no blog diversas postagens sobre a história da contabilidade no Brasil. Mas como agrupar os eventos que ocorreram no passado de maneira didática?

Uma possibilidade é dividir a história da contabilidade de forma a coincidir com os períodos da história do Brasil. É pouco criativo, mas resultaria em algo como: (a) Colônia; (b) Brasil Império; (c) República Velha; (d) Estado Novo; (e) Redemocratização; (f) Período Militar; e (g) período pós-ditadura. Mas isto implicaria não reconhecer, por exemplo, que a adoção das normas internacionais seria um novo período contábil. Não, esta não é uma boa opção.

Outra possibilidade é corresponder a divisão com a evolução econômica do país. Assim, a história seria dividida no extrativismo, ciclo do ouro, café, industrialização, milagre econômico, hiperinflação e estabilização. Mas não me agrada, já que o período anterior a chegada da Família Real é basicamente um só termos da nossa história contábil.

Finalmente estou propondo aqui que nossa história seja dividida conforme alguns fatos marcantes. Seriam oito períodos assim constituídos:

Período - Primórdios
Tempo - de 1500 a 1850
Fato que marcou o término - Aprovação do Código Comercial
Características - Lentidão na adoção das técnicas contábeis; educação contábil não estruturada; contabilidade para o gestor; predomínio das partidas simples

Período - Estruturação do ambiente de negócios
Tempo - 1851 a 1891
Fato que marcou o término - Criação do curso técnico
Características - primeiros escândalos; primeiras obras nacionais; primeira lei das sociedades por ações; primeira associação de classe; contabilidade ensinada logo após a alfabetização

Período - Cursos Técnicos
Tempo - 1892 a 1924
Fato que marcou o término - Primeiro congresso científico nacional
Características - adoção das partidas dobradas no setor público; fortalecimento da auditoria;

Período - Busca do Reconhecimento Profissional
Tempo - 1924 a 1945
Fato que marcou o término - Criação do Conselho Federal de Contabilidade
Características - congressos científicos; imposto sobre o lucro; organização do ensino contábil;

Período - Padronização
Tempo - 1946 a 1971
Fato que marcou o término - Resoluções do CFC, CMN e Banco Central antecipam a mudança na Lei das SA
Características - Começa o debate sobre padronização (inclusive internacional); Troca de experiência com o exterior; criação da pós-graduação

Período - Inflacionário
Tempo - 1972 a 1994
Fato que marcou o término - redução drástica da inflação com o Plano Real
Características - ambiente econômico confuso com reflexo na contabilidade; expansão do ensino superior; discussão sobre a estrutura conceitual

Período - Contabilidade de Custos
Tempo - 1995 a 2007
Fato que marcou o término - criação do Comitê de Pronunciamentos Contábeis
Características - retomada do uso da contabilidade de custos; expansão da pós-graduação; (re) aproximação com outros países

Período - Normas Internacionais
Tempo - 2008 a
Fato que marcou o término -
Características - adoção parcial das normas internacionais de contabilidade; fortalecimento das pesquisas empíricas relacionadas com o mercado acionário; institucionalização do CPC.