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20 janeiro 2014

Desemprego no Brasil

Esta reportagem explica a mudança na metodologia de cálculo da taxa de desemprego:

61 milhões estão fora da força de trabalho
38,5% da população em idade para trabalhar não tem ocupação nem procura emprego, de acordo com o IBGE
2/3 dos que estão fora das estatísticas de desemprego são mulheres; 55% não têm fundamental completo


GUSTAVO PATU
DE BRASÍLIA/FSP

Um contingente de 61,3 milhões de brasileiros de 14 anos ou mais não trabalha nem procura ocupação --e, portanto, não entra nas estatísticas do desemprego.
Trata-se de 38,5% da população considerada em idade de trabalhar pelo IBGE, ou o equivalente à soma do total de habitantes dos Estados de São Paulo e do Rio.
Nos EUA, ainda se recuperando da crise, a taxa é similar, 37,4% --as metodologias, porém, não são as mesmas.

Referente ao segundo trimestre de 2013, o dado brasileiro ajuda a ilustrar como, apesar das taxas historicamente baixas de desemprego, o mercado de trabalho mostra sinais de precariedade.
Mesmo tirando da conta os menores de 18 e os maiores de 60 anos, são 29,8 milhões de pessoas fora da força de trabalho, seja porque desistiram de procurar emprego, seja porque nem tentaram, seja porque são amparados por benefícios sociais.

Esse número supera o quádruplo dos 7,3 milhões de brasileiros oficialmente tidos como desempregados nas tabelas do IBGE --o que dá uma ideia de quanto o desemprego poderia crescer se mais pessoas decidissem ingressar no mercado e disputar vagas.
Os dados sugerem que grande parte dos que estão fora da força de trabalho é dona de casa: 40,9 milhões são mulheres. Entre os desempregados, a proporção de mulheres é bem menor, de pouco mais da metade.

O grau de instrução da maioria dos que não trabalham nem procuram emprego, previsivelmente, é baixo: 55,4% não chegaram a concluir o ensino fundamental.
Mas uma parcela considerável, de quase um quarto do total, inclui os que contam com ensino médio completo ou mais escolaridade.

Considerando toda a população em idade de trabalhar, de 159,1 milhões, as proporções dos grupos menos e mais escolarizados são semelhantes, na casa dos 40%.


MELHORA

A nova pesquisa ainda não permite análise da evolução dos dados nos últimos anos, mas outros trabalhos apontam melhoras na participação feminina e na escolaridade do mercado de trabalho.
Estudo de 2012 do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) apontou que mais da metade das mulheres participa atualmente da força de trabalho, ante menos de um terço no início da década de 1980.

O ministro do Trabalho, Manoel Dias, disse que a pasta ainda está avaliando os resultados da nova pesquisa. Ele ressaltou que não é possível dizer que houve alta do desemprego, já que se trata de nova metodologia.


GLOSSÁRIO DA NOVA PESQUISA
Conceitos que mudam com a Pnad contínua:
> PEA (População Econo-micamente Ativa): Passa a se chamar Força de Trabalho (soma das pessoas ocupadas ou à procura de trabalho)
> PIA (Pessoas em Idade Ativa):* Passa a se chamar Pessoas em Idade de Trabalhar
> Recorte de idade: Antes, a idade mínima era 10 anos. Agora, é 14 anos
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Desemprego passa a ser medido em 3.500 cidades
DO RIO
DE SÃO PAULO

A principal diferença entre a nova pesquisa, a Pnad contínua, e a antiga, a PME (Pesquisa Mensal de Emprego), é a abrangência geográfica, que foi ampliada para obter informações sobre o mercado de trabalho com mais precisão em todo o país.
A PME é restrita às seis maiores regiões metropolitanas. Já a Pnad contínua vai a 3.500 municípios em todos os Estados. Outra diferença é o período de coleta e divulgação dos dados. A PME é feita mensalmente, a Pnad contínua, trimestralmente.

Até o fim do ano, a nova pesquisa vai incorporar dados que havia no levantamento antigo e que não foram divulgados ontem, como a ocupação por setores da economia e o rendimento.
As primeiras informações deste ano (relativas ao primeiro trimestre) serão divulgadas em 27 de maio.

A PME vai continuar sendo feita até o fim deste ano e depois será encerrada. Como são pesquisas distintas, a série de dados sobre o mercado de trabalho brasileiro será novamente descontinuada (a última vez que isso ocorreu foi em 2002).

Existe uma demanda de economistas e até de outras áreas de dentro do instituto para que parte das informações da nova pesquisa seja produzida mensalmente. O cálculo da inflação, feito pelo IBGE, usa dados mensais de rendimento extraídos da PME.

Segundo Cimar Azeredo, coordenador de trabalho e emprego do IBGE, os técnicos estudam como fornecer a cada mês a taxa de desemprego, o rendimento e o número de trabalhadores com carteira assinada. A expectativa é concluir esse trabalho até o fim deste ano.
Além da maior abrangência, houve mudanças no conceito de desocupação e na população considerada apta para trabalhar. A idade mínima subiu de 10 para 14 anos (idade que a legislação permite o trabalho como aprendiz).

Na nova pesquisa, se uma pessoa procurar emprego nos últimos 30 dias, mesmo tendo feito um "bico" no período, será considerada desempregada. Antes, ela não poderia ter tido nenhum trabalho no período.

Outra mudança é considerar desempregada uma pessoa que não procurou emprego, mas estava disposta a trabalhar. Até agora, ela estava fora da força de trabalho.
Especialistas afirmam que as mudanças contribuíram para aumentar o patamar da taxa de desemprego do país, que subiu cerca de 1,5 ponto percentual.
Segundo o IBGE, as alterações seguiram orientações da OIT (Organização Internacional do Trabalho).
(MARIANA CARNEIRO E PEDRO SOARES)
DIFERENÇAS NO DESEMPREGO
7,4%
é a taxa da Pnad contínua
no 2º trimestre de 2013

5,9%
é a taxa da PME
no 2º trimestre de 2013



Aqui um texto da Miriam Leitão

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