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02 setembro 2013

Petrobras e fornecedor 3

Apesar de difícil, a decisão da Multitek Engenharia de rom­per seus 11 contratos com a Pe­trobrás e demitir 1,7 mil empre­gados foi planejada e considera­da "a única" pelos sócios. No mercado há 28 anos e credencia­da pela estatal (sua única clien­te) para prestar cerca de 90 dife­rentes tipos de serviços de enge­nharia, a empresa tomou uma decisão pouco comum. Mesmo entre as empresas com dificuldades após a mudan­ça de postura da Petrobrás na gestão de contratos com emprei­teiras, o recurso à Justiça costu­ma vir somente após a falência ou a recuperação judicial. Dependentes da petroleira e com pouco poder de barganha, pequenas e médias empreitei­ras temem ser excluídas de con­corrências futuras. A Multitek, porém, agiu antes. Em 08 de agosto, notificou a Pe­trobrás extrajudicialmente, exi­gindo respostas para os pedidos de aditivos em contratos em até cinco dias. São R$ 245 milhões, nos cálculos da empresa. Como os pleitos não foram atendidos, os contratos foram rescindidos e os trabalhadores das obras, demitidos. Apenas os cerca de 40 funcionários da se­de da empresa, em Juiz de Fora (MG), seguem empregados. A empresa pretende manter-se ad­ministrando ativos e passivos. O valor dos pleitos é conside­rado um ativo, segundo o advo­gado da Multitek, Juarez Loures de Oliveira. A intenção dele é entrar com a ação para cobrar os 245 milhões nos próximos dias. "Ensaiamos vários cenários", diz Luís Alfeu Alves de Mendon­ça, presidente e sócio da Multi­tek, ao lado de seu filho, Rodri­go de Mendonça, numa rara en­trevista. O mesmo receio de en­trar na Justiça limita empresá­rios desse mercado a entrevis­tas sem se identificar. Cortes« Segundo Mendonça, apesar do planejamento, a deci­são foi difícil: "O dia em que nos dispusemos a botar para fora, falar que do jeito que está nao tem jeito, foi uma dor que você não pode imaginar". Os empresários fazem questão de destacar outra notificação extrajudicial, na qual aMultitek cedeu créditos a receber - serviços já faturados, aditivos de contratos assinados e plei­tos aprovados, no valor de R$ 25 milhões, para além dos R$ 245 milhões para que a Petrobrás quitasse as rescisões trabalhistas. A Petrobrás "entende que a responsabilidade pelo pagamento dos empregados, que estavam alocados em Macaé, Ipojuca ou Itaboraí (COMPERJ) é da Multitek", segundo nota. Os sindicatos de Macaé (RJ) e Ipojuca (PE) conseguiram liminares na Justiça obrigando a estatal a as­sumir os pagamentos. A Petrobrás diz que já fez os pagamen­tos - bi caso pernambucano, em juízo. Os sócios da Multitek rejeitam a explicação de que os plei­tos funcionavam como estraté­gia de inflacionar valores de contratos ganhos com orça­mentos propositalmente depre­ciados. O problema, segundo eles, está nas mudanças técni­cas e de escopo em orçamentos . aprovados e contratados, cada vez mais comuns nas megaobras da Petrobrás.


Multitek rompe 11 contratos com estatal e demite 1,7 mil - Estado de S Paulo - 1 set 2013

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