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31 agosto 2013

Rir é o melhor remédio

Evolução tecnológica
Adaptado daqui

Fato da Semana

Fato: A divulgação das informações financeiras dos clubes de futebol brasileiros (aqui e aqui) mostra uma realidade de elevado endividamento, apesar do aumento recente da receita.

Qual a relevância disto? Nos últimos anos os apaixonados pelo futebol estão discutindo também a situação financeira dos clubes. O brasileiro aprendeu que o desempenho do seu clube depende do salário em dia, da remuneração dos seus jogadores, da existência de patrimônio, entre outros aspectos. Mais recentemente, os clubes começaram a perceber que a boa gestão financeira era relevante. Finalmente, as autoridades deixaram de ser coniventes com dívidas trabalhistas e fiscais das equipes.

O retrato desta situação encontra-se nas demonstrações contábeis. Informações como receita, total do passivo e lucro passaram a ser relevante na análise.

Positivo ou Negativo? - Positivo para a contabilidade. Além das páginas policiais e de economia dos jornais, a contabilidade poderá ser discutida na sessão de esportes.

Desdobramentos – Apesar de tudo, a experiência internacional mostra que dificilmente um clube de futebol entra em falência (vide o livro Soccernomics). Mas a pressão das autoridades pode enfatizar a necessidade de se ter uma gestão mais profissional nestas entidades.

Teste da Semana

Este é um teste para verificar se você acompanhou de perto os principais eventos do mundo contábil. As respostas estão ao final.

1 – O Banco Rural fez uma provisão de R$49 milhões para a Receita Federal. O valor de todas as pendências desta instituição
Corresponde a este valor
É menor que este valor
É muito maior que este valor

2 – A Receita Federal está discutindo com algumas grandes empresas brasileiras uma questão tributária relacionada
A adoção de um sistema único de custo
Ao lucro obtido no exterior por subsidiárias
Ao preço de transferência entre filiais

3 – A sigla BEPS (Base Erosion and Profit Shifting) está relacionada
A existência de contas secretas em paraísos fiscais
A possibilidade de compensar prejuízos entre diferentes países
A tributação internacional das empresas

4 – Entre 2003 a 2013 as refinarias da Petrobras venderam 1,55 trilhão em combustíveis aos distribuidores. O resultado desta venda foi um prejuízo de
R$6,63 bilhões
R$66,3 bilhões
R$663 milhões

5 – O espólio do cantor Michael Jackson revela
Dívidas elevadas com o Fisco
Grande número de herdeiros e interessados na sua fortuna
Um volume a receber da empresa AIG Live

6 – A LDO deste ano incluiu de contrabando uma alteração na distribuição de recursos governamentais
A adoção das normas internacionais de custos
A possibilidade de transferir recursos da União para entidade privada
O aumento no salário dos congressistas e no seu número

7 – Um levantamento da bolsa brasileira mostrou que o número de empresas que divulgam informações não financeiras em um ano
Aumentou
Diminuiu
Permaneceu o mesmo

8 – Segundo a presidência do TSE, o voto no Brasil custa
R$241
R$24,1
R$2,41

9 – Esta empresa de auditoria foi condenada num processo por não ter notado um desvio de US$242 milhões
EY
KPMG
PwC

10 – A instituição em que ocorreu o desvio foi
Banco Noroeste
Lojas Arapuã
MacDonalds

Acertando 10 ou 9 questões = medalha de ouro; 8 ou 7 = prata; 6 ou 5 = bronze

Respostas: (1) É muito maior; (2) lucro obtido no exterior por subsidiárias; (3) tributação internacional das empresas; (4) R$663 milhões; (5) dívidas elevadas com o Fisco; (6) possibilidade de transferir recursos da União para entidade privada; (7) aumentou; (8) R$2,41; (9) PwC; (10) Banco Noroeste

Capital dos Bancos

O Financial Times publica uma opinião interessante sobre o capital dos bancos. Ao contrário dos artigos tradicionais, que defendem o aumento do capital exigido das instituições financeiras, o texto lembra da influencia sobre o volume de empréstimos:

Uma grande confusão marca a discussão pública sobre o sistema bancário, e, portanto, sobre a qualidade da própria política pública para o setor. Ela diz respeito à possibilidade de as exigências mais rígidas de capitalização dos bancos fazerem com que eles emprestem mais ou menos às empresas e consumidores.

A importância da resposta é evidente. Se for "menos", tornar os bancos mais seguros e impulsionar a economia por meio do crédito são mutuamente excludentes. Se for "mais", é sinal de que a boa política pública pode garantir tanto bancos mais seguros quanto um crescimento mais sólido.

A própria resposta deveria ser clara também. Mark Carney - que, como presidente do banco central britânico, ocupa o ápice da nova estrutura regulatória do Reino Unido, que determina o quanto os bancos tem de estar bem-capitalizados - abordou a questão em seu primeiro discurso público, esta semana. Num gráfico que merece mais atenção do que a que recebeu, ele mostrou que os bancos europeus que mais aumentaram a concessão de empréstimos (ou que menos a restringiram) em 2012 foram os percebidos pelos mercados como detentores do maior volume de capital. A maioria dos economistas não funcionários de bancos concorda que ter mais capital reduz os custos do dinheiro e, portanto, permite maior concessão de empréstimos.

O capital dos bancos não é uma reserva guardada para um dia de chuva. O capital é uma fonte de custeio para os bancos; ele não "concorre" com o crédito. O dinheiro custeado pelo capital pode ser emprestado exatamente como o dinheiro custeado por títulos.
Mesmo assim, a discussão política aborda essa questão como uma questão em aberto, o que leva a decisões políticas que visam equilibrar os dois pontos de vista. Daí a advertência de George Osborne, o ministro das Finanças do Reino Unido, contra "a estabilidade dos cemitérios" e a insistência do Tesouro britânico de que a regulação dos bancos a cargo do BC britânico leve em consideração o crescimento da economia. Daí, também, a forte resistência dos Estados Unidos a tentativas de elevar mais as exigências de capitalização.

Por que o nervosismo em torno da maior segurança dos bancos? Há três motivos pelos quais poder-se ia pensar que obrigar os bancos a aumentar seus colchões de capital resulte na redução da oferta de crédito para a economia. Mas um deles não é equivocado; o segundo é irrelevante; e o terceiro é inaceitável.

O motivo equivocado é a afirmação de que quanto maior for o nível de capital exigido, maior a parcela do capital do banco que ficará "engessada" e que não poderá ser emprestada a tomadores necessitados de recursos. Como destacou persistentemente Anat Admati, da Faculdade de Administração de Empresas de Stanford, o capital dos bancos não é uma reserva guardada para um dia de chuva. O capital é uma fonte de custeio para os bancos; ele não "concorre" com o crédito, que é parte de seus investimentos. O dinheiro custeado pelo capital pode ser emprestado exatamente como o dinheiro custeado por títulos.

O motivo irrelevante é o de que os coeficientes [de capitalização] podem ser alterados de duas maneiras diferentes. Quando os órgãos reguladores exigem relações mais elevadas de capital sobre ativos ponderados pelo risco (o coeficiente de capitalização) ou sobre o total de ativos não ponderados (o grau de alavancagem), essas exigências podem ser satisfeitas por meio do aumento do capital (o numerador) ou pela diminuição dos ativos (o denominador). Se os bancos acham pesado aumentar seu capital - e acham mesmo, porque isso dilui os acionistas existentes e diminui seu retorno sobre o patrimônio --, eles têm um incentivo para conseguir coeficientes mais elevados por meio da redução da quantia que emprestam (ou seja, seus ativos), em vez disso.

Mas nada obriga os reguladores a deixar os bancos saírem ilesos disso. Embora a regulação mundial e nacional de capital seja fixada em termos de coeficientes, os bancos podem cumprir níveis absolutos de capital também. O regulador competente - no Reino Unido, a Prudential Regulation Authority - pode, ao analisar a adequação de capital de uma instituição, traduzir o coeficiente num número em libras esterlinas, euros ou dólares de capital mínimo e exigir que esse nível seja alcançado independentemente da evolução do balanço patrimonial ao longo do período de análise.

Os órgãos reguladores sabem disso, mas não usam seu poder de maneira suficientemente sistemática; e, mesmo quando usam, os bancos ainda assim saem ilesos ao afirmar que isso os estimula a reduzir a concessão de crédito. Em sua comunicação com a opinião pública, os órgãos reguladores deveriam divulgar muito mais ruidosamente que eles exigem níveis absolutos de capital dos bancos. Isso pode ajudar a desacreditar pelo menos a percepção errônea de que as normas de capitalização fazem com que os bancos restrinjam a concessão de crédito.

Finalmente, o motivo inaceitável é o de que os bancos atuam no cenário político, tanto quanto no financeiro, e podem moldar seu comportamento de modo a atender finalidades políticas. Eles podem ameaçar um governo que impõe regulações mais rígidas com represálias dirigidas aos pontos mais sensíveis: na forma de aperto na concessão de crédito a uma economia cujo sucesso afete as chances de reeleição de políticos. Ameaças desse gênero nunca são feitas de modo explícito, mas com afirmações no seguinte sentido: "Compartilhamos de seu objetivo de garantir maior segurança na área financeira, mas será que vocês querem mesmo prejudicar mutuários e proprietários de pequenas empresas?" Reduzir a concessão de empréstimos é, no entanto, uma opção, não uma consequência automática. Uma discussão pública que entenda melhor isso porá a ameaça em seu devido lugar e procurará políticas públicas que a neutralizem. (Tradução de Rachel Warszawski)


Ignore o barulho dos bancos - Martin Sandbu - Valor Econômico - 30/08/2013 (grifo do blog)

Informação privilegiada

Os acionistas minoritários do antigo Banco Real conseguiram mais uma decisão favorável no Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) contra o banco ABN Amro, em um processo relacionado a uso de informações privilegiadas na compra da instituição brasileira em 1998. Os desembargadores da 5ª Câmara de Direito Privado do Tribunal rejeitaram anteontem embargos do banco ABN Amro, mantendo a condenação contra o banco, de 2011, que terá que indenizar um grupo de 11 ex-acionistas do Real que alegam ter sofrido prejuízos. Os valores serão apurados na execução da sentença. Eles tinham 2,5% das ações do Banco Real, entre empresas e pessoas físicas. Cabe recurso contra a decisão.

(...) A ação judicial tem origem na compra do Banco Real pelo ABN Amro, em 1998. Segundo Molon, o ABN Amro teria assinado em 7 de julho de 1998 um contrato com Aloysio de Andrade Faria (então dono do Banco Real) que previa a compra do controle do banco brasileiro, com um prêmio de R$ 2 bilhões. O problema, segundo o advogado, é que o ABN Amro não informou o mercado sobre a existência desse contrato. Molon ressalta que, na decisão de 2011, a Justiça determinou que na contabilização dos prejuízos a serem apurados na execução da sentença seja incluído o prêmio de controle pago a Faria.

— O ABN Amro lançou uma oferta pública para comprar o restante das ações do Banco Real que pertenciam aos acionistas minoritários, sem informar que já tinha adquirido o controle. Os investidores poderiam ter vendido as ações por um preço melhor se soubessem da operação. Isso se caracteriza, da parte do ABN Amro, uso de informação privilegiada — afirma o advogado dos minoritários. (...)


Minoritários do Real têm nova vitória contra o ABN - Bruno Villas Boas - O Globo

30 agosto 2013

Rir é o melhor remédio

Fonte: Aqui

Mc Lanche Feliz

Amanhã é o dia do McDia Feliz. Se você consumir o Big Mac numa loja do MacDonald´s estará contribuindo para o tratamento de câncer nas crianças.

Gosto de usar isto como estudo de caso em sala de aula. É muito interessante começar olhando o sítio do Instituto Ronald MacDonalds, que divulga um relatório de atividades desde 2004. Trata-se de um relatório muito bem produzido, com fotos chamativas e algumas informações sobre a ação do Instituto.

No último ano o instituto arrecadou 29 milhões de reais. Deste valor, 18 milhões foram obtidos no McDia Feliz. Mas o relatório só apresenta o balanço patrimonial. Nenhuma informação sobre a Demonstração do Superávit, apesar do parecer limpo do auditor - que é um parceiro do Instituto.

Ao observar o balanço é possível notar que em 31 de dezembro de 2012 o instituto tinha 11 milhões de reais em caixa ou equivalente. Isto para um ativo de quase 20 milhões. O valor no caixa corresponde a 60% do arrecadado pelo Instituto no McDia Feliz.

Auditoria do Noroeste é punida

O caso é inédito no Brasil: empresa de auditoria é condenada

A PricewaterhouseCoopers Auditores Independentes (PwC) foi condenada no Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) a pagar R$ 25 milhões de indenização por não ter detectado um desvio de aproximadamente US$ 242 milhões nas contas do extinto Banco Noroeste, comprado em 1999 pelo Santander. Ainda cabe recurso.

O processo, julgado ontem pela 14ª Câmara de Direito Privado, foi proposto por 34 ex-controladores do Noroeste. Eles alegam que os auditores foram negligentes ao não identificar o rombo nas contas da instituição financeira. Os autores da ação, que originalmente pediam R$ 238 milhões de indenização, fazem parte das famílias Cochrane e Simonsen, que controlavam o banco.

A Price realizou auditoria contábil no Banco Noroeste entre os anos de 1995 e 1998, mas não apontou o desfalque milionário, que foi descoberto apenas em 1999, quando a instituição foi comprada pelo Santander.

Antes de realizar a compra, o Santander realizou uma auditoria nas contas do Noroeste e descobriu que não constavam, em contas da agência localizada nas Ilhas Cayman, US$ 242 milhões. O dinheiro teria sido desviado por ex-diretores do Noroeste.

Durante o julgamento, o presidente da 14ª Câmara, desembargador Thiago de Siqueira, afirmou que houve "uma falha grave" da PwC ao não identificar o desvio. "Não se concebe que uma empresa do porte da Price não observe movimentações fraudulentas", disse o magistrado, acrescentando que o montante desviado correspondia a 47,44% do patrimônio líquido do Noroeste na época em que o banco foi comprado.

O presidente seguiu o voto do relator do processo, desembargador Carlos Abraão, proferido no começo do mês. Em seu voto, Abraão afirmou que "a Price simplesmente se omitiu, de maneira reprovável e censurável, ao longo de três anos, e essa sua conduta trouxe rombo inacreditável à instituição financeira".

O advogado da PwC, Sérgio Bermudes, do Escritório de Advocacia Sérgio Bermudes, disse que vai recorrer da decisão no próprio TJ-SP. Para ele, a decisão é "absolutamente injusta". "Os Cochrane eram donos do banco. O dever de fiscalizar era deles, e não da Price", afirmou.

Para o advogado de parte dos ex-controladores, Paulo Benedito Lazzareschi, do Lazzareschi, Hilal, Bolina e Rocha Advogados, a decisão é correta. "As duas famílias que controlavam o Banco Noroeste estão muito satisfeitas pelo fato de, 14 anos depois, terem reconhecido o direito de receberem indenização", disse. Lazzareschi destacou ainda que, do total desviado, os ex-controladores já conseguiram recuperar US$ 130 milhões.

O caso já havia sido analisado pelo TJ-SP. Anteriormente, os desembargadores tinham dado ganho de causa à Price. A questão voltou à pauta depois de o Superior Tribunal de Justiça (STJ) acatar o argumento de cerceamento de defesa apresentado pelos ex-controladores do banco. Por maioria dos votos, os ministros entenderam que a decisão anterior do tribunal paulista deveria ser anulada.

Além do processo analisado pelos desembargadores paulistas, outras duas ações envolvendo o desvio de US$ 242 milhões no Banco Noroeste foram levadas à Justiça. Em uma delas, os ex-controladores pediam a responsabilização criminal de três auditores da PwC. Em outra, a Price questionava uma multa aplicada pelo Banco Central. De acordo com o advogado Sérgio Bermudes, a Price venceu os dois processos, que já teriam sido finalizados.


Price é condenada em R$ 25 milhões - Bárbara Mengardo - Valor Econômico - 29/08/2013


Destruição de Valor da Petrobrás

Segundo texto publicado no Valor (Destruição de valor' na Petrobras supera US$ 300 bi, Fernando Torres e Cláudia Schüffner, Valor Econômico - 29/08/2013)

A destruição de valor causada pelo investimento em Petrobras superou US$ 300 bilhões nos últimos quatro anos, de acordo com atualização de estudo da Associação de Investidores do Mercado de Capitais (Amec) ao qual o Valor teve acesso.


A primeira frase surpreende, já que o valor de mercado da Petrobras nunca atingiu este montante. Como seria possível?

O cálculo toma como base 31 de agosto de 2008, quando o formato da capitalização da empresa foi anunciado, prevendo que, em vez de colocar dinheiro, o governo entraria indiretamente com 5 bilhões de barris de petróleo para aumentar o capital da companhia.

A conta feita pela Amec considera tanto a queda no valor de mercado da empresa como também quanto os acionistas da Petrobras ganhariam se, na data daquele anúncio, tivessem vendido a totalidade da participação na companhia, que na época valia US$ 162 bilhões, e investido a quantia em um fundo setorial de empresas globais de petróleo. Os papéis da empresa caíram 62% desde então, enquanto o fundo teve valorização de 73%.


Será que o investidor comum conseguiria investir num fundo setorial de empresas globais? A escolha mais usual é comparar com o desempenho do mercado, no caso o Ibovespa. Naturalmente que a escolha da Amec torna a "perda" maior.

Segundo o estudo, a perda nominal de valor com as ações existentes na época do anúncio da capitalização foi de US$ 101 bilhões, enquanto o custo de oportunidade pelo não investimento alternativo somou US$ 119 bilhões. Já em relação às ações compradas na oferta pública, a desvalorização nominal foi de US$ 42 bilhões, enquanto o ganho potencial de um investimento em fundo setorial seria de US$ 40 bilhões em igual período.

A soma dos quatro valores resulta no montante de US$ 302 bilhões de destruição de valor.


A conta fecha, mas a lógica não. A reportagem procurou a Petrobras que preferiu não responder. Mas deveria ter procurado pelo menos um especialista neste assunto.

Situação financeira dos clubes

Com mais de R$ 2 bilhões somente em dívidas tributárias, as maiores equipes do país sofrem com as pesadas penhoras da Receita Federal

A dívida dos 12 principais clubes brasileiros ultrapassou a marca de R$ 4 bilhões nesta temporada, segundo números da BDO Brazil. Essa situação chegou a um ponto que receitas como a de vendas de jogadores não são mais garantias de dinheiro nos clubes.

Segundo colocado do Campeonato Brasileiro, o Botafogo vendeu essa semana um dos seus principais jogadores, o atacante Vitinho, por R$ 31 milhões para o CSKA (RUS), mas não deve ver a cor do dinheiro. A Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional entrou com o pedido do bloqueio da verba que o clube alvinegro tem direito, cerca de R$ 18,6 milhões. O restante pertence ao Audax e um grupo de investidores.

Situação parecida viveu o atual campeão Fluminense. O clube que vendeu Wellington Nem por R$ 25 milhões para o Shakhtar Donetsk (UCR), mas também teve penhorados os R$15 milhões a que tinha direito. Juntos, os dois clubes possuem uma dívida superior a R$ 1 bilhão.

Segundo o advogado e presidente da Comissão de Direito Desportivo da OAB do DF, Maurício de Figueiredo Corrêa da Veiga, o pedido de penhora é válido, mas é preciso que o juiz tenha um bom senso. "O futebol mexe com a paixão de muitas pessoas, se pegar o valor integral vai beneficiar o fisco, mas vai prejudicar muito o clube, o tornando até inviável".

Ainda segundo Veiga, esse bom senso é que impede os juízes de determinarem a tomada de bens dos clubes. "Existe uma dívida grande, muitos processos, criando uma fila de credores, mas quando se trata de clubes é preciso uma cautela maior"

Isso acontece justamente no período em que as receitas dos clubes estão em ascensão. Só no ano passado, o Corinthians teve uma arrecadação de R$ 324 milhões. São Paulo, Flamengo e Internacional ultrapassaram a marca dos R$ 200 milhões. Mesmo assim, nove dos doze grandes registraram aumento de dívida em relação a 2011.

Para o consultor de gestão Esportiva da BDO Brazil, Pedro Daniel, isso acontece porque, apesar do crescimento das receitas, principalmente por conta dos direitos de transmissão, os gastos dos clubes também aumentaram muito. "O principal problema é a gestão. No Brasil, os clubes são associações sem fins lucrativos, ou seja, não trabalham como uma empresa de outro segmento que visa lucro. No futebol só se busca o resultado técnico", disse Pedro Daniel.

Segundo ele, seria preciso uma década para conseguir equalizar as dívidas de alguns clubes. A solução seria a criação de medidas punitivas aos clubes que aumentassem seu endividamento. "Se sofressem punições, como perda de pontos ou rebaixamentos, isso com certeza diminuiria".Times buscam reestruturação financeira

Times buscam reestruturação financeira

Com altas dívidas tributárias, Flamengo e Vasco procuraram a Procuradoria da Fazenda para uma renegociação e conseguiram parcelar suas dívidas com a Receita Federal.

Com isso, tiveram as certidões negativas de débito, o que os permitiu captar recursos através da lei de incentivo ao esporte, fecharam patrocínios com empresas estatais, como a Caixa, e evitaram as penhoras da Receita Federal.

Outro clube que procura se reestruturar é o Atlético Paranaense. O clube aumentou sua receita de R$ 62,1 milhões, em 2011, para R$ 187 milhões, em 2012. Além disso, é o único que está reformando o estádio apenas com recursos próprios.

Com isso, terá 100% das receitas futuras, ao contrário dos demais clubes, que terão que dividir parte da renda com construtoras ou empresas parceiras.

Por conta da construção do estádio, o Atlético PR reduziu os gastos com o elenco. Segundo a BDO Brazil, o clube gastou no departamento de futebol apenas 32% da sua receita total, bem abaixo dos 50% destinados pela maioria.

Custo, Preço e outros termos

A presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Cármen Lúcia, pediu aos senadores que consultem a sociedade antes de ampliar o financiamento público de campanha, caso decidam por aprová-lo. Segundo ela, no debate sobre o financiamento público de campanha, a questão está "mal colocada" porque "há dinheiro público, e muito, no processo eleitoral". A ministra participou de uma sessão do Senado destinada a tratar da reforma política e eleitoral.

De acordo com a ministra, a eleição de 2012 - que elegeu prefeitos e vereadores -, considerada a mais barata já realizada no Brasil, custou R$ 2,41 por voto. "Se somos 140 milhões de eleitores, basta multiplicar para saber o preço do voto. É muito dinheiro".


Segundo ela, esse financiamento é necessário. Mas aumentá-lo é que deve ser debatido com a sociedade. "A decisão sobre o financiamento de campanha cabe ao Senado e à Câmara, mas o povo tem que ser esclarecido sobre o assunto". Cármen Lúcia acha que a sociedade inteira precisa saber e discutir "quanto, por que e para que" são feitos os gastos.

O PT, o PCdoB, o PSB e o PDT apresentaram na Câmara projeto de decreto legislativo que prevê um plebiscito para que a população decida pelo financiamento público das campanhas e o fim do financiamento privado.


Presidente do TSE diz que 'preço do voto' é muito caro - Por João Domingos - Aqui

Mais dados não financeiros

Levantamento da BM&FBovespa sinaliza que mais companhias optaram por expor a investidores e analistas suas decisões sobre aspectos sociais, ambientais e de governança corporativa. O número de empresas listadas que publicam relatório de sustentabilidade ou explicam por que não o fazem cresceu 44%, de 203 em maio de 2012 para 293 em junho último. Os dados serão divulgados hoje e refletem uma iniciativa da bolsa de dezembro de 2011, chamada "Relate ou Explique".

"As informações não financeiras ainda não estão na prioridade de consulta [de investidores e analistas de forma geral]. Temos o papel, como centro do mercado de capitais, de buscar o nível de transparência que hoje já é padrão nas informações econômico-financeiras", diz Sonia Favaretto, diretora de sustentabilidade da bolsa.

Entre as companhias listadas, a adesão, que é voluntária, está em torno de 66%. Era de 45% em maio de 2012. "Não traçamos meta para a adesão, mas a expectativa é que, em dois anos, estejamos perto dos 100%", diz Sonia. A iniciativa é uma recomendação da bolsa. Nem as empresas que participam do Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE) são obrigadas a participar. Apesar disso, o levantamento mostra que 100% das atuais empresas do ISE publicam relatórios de sustentabilidade.

As explicações das empresas sobre por que não publicam relatório de sustentabilidade e os links na internet daquelas que o fazem estão no site da BM&FBovespa. Sonia afirma que, pela primeira vez, a bolsa planeja divulgar a iniciativa e seus resultados, a partir de organizações como Apimec, CDP e PRI.


Mais empresas abrem dados não financeiros - Karla Spotorno - Valor Econômico - 29/08/2013

Orçamento público

A nova lei orçamentária permite a transferência voluntária da União para entidade privada sem fins lucrativos:

São recursos que constam do Orçamento e que são enviados à entidade a fundo perdido. Ou seja, é dinheiro público que fica com a instituição para seus gastos correntes. Se o recurso for utilizado para investimento, termina aumentando o patrimônio da entidade.(...)

No projeto de lei da LDO de 2014, no entanto, essa proibição acabou. E por iniciativa do governo Dilma Rousseff. No projeto encaminhado ao Congresso, o governo propôs que, no próximo ano, as entidades privadas habilitadas em oncologia possam receber transferências de recursos da União para "realização de obras físicas".

(...) Como onde passa um boi passa uma boiada, o relator do projeto da LDO de 2014, deputado Danilo Forte (PMDB-CE), decidiu retirar do texto a limitação colocada pelo governo, de que apenas as entidades privadas habilitadas em oncologia poderão receber dinheiro público a fundo perdido para construções e ampliações em 2014. Em seu parecer final, Forte propôs que esse privilégio seja estendido a todas as entidades privadas prestadoras de serviços de saúde.

Um dos argumentos favoráveis à proibição é que o dinheiro público transferido ajuda a construir o patrimônio dessas entidades privadas. Ao longo do tempo, elas podem reduzir o atendimento gratuito ao público ou até mesmo suspendê-lo, mas os bens constituídos com os recursos orçamentários não são revertidos para a União.

Além disso, é difícil entender a razão de destinar recursos públicos para que uma entidade privada construa um hospital se, com o mesmo dinheiro, o governo pode ampliar ou construir um no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS). O mesmo raciocínio pode ser estendido à aquisição de novos equipamentos, pois não é fácil explicar a destinação de recursos orçamentários para a aquisição de um tomógrafo por uma entidade privada se, no mesmo município, o SUS não possui o equipamento. (...)


Dinheiro público para entidades privadas - Ribamar Oliveira - Valor Econômico - 29/08/2013

Frase

Garotas de programa que investem em marketing

A premissa de O Negócio, nova série da HBO Brasil, é de modernizar a profissão mais antiga do mundo. Ou, conforme explica a atriz Michelle Batista, que vive Magali, uma das protagonistas, “sair do clichê sobre prostituição”. “Nada de vestidos colados, curtos, decotes enormes”, ela explica. “São meninas inteligentes, elegantes, educadas e bem vestidas, interessantes pelo conjunto.”

O Negócio conta a história de garotas de programa de luxo que começam a estudar conceitos de marketing para tomar de volta o controle sobre o próprio corpo/vida/carreira, se liberando da dependência e exploração de “agentes”. “As estratégias de marketing são o diferencial da série”, diz a atriz Rafaela Mandelli (Karin). “Quando recebemos a sinopse, nossa curiosidade era saber como os roteiristas iam conseguir juntar uma coisa com a outra. São ideias totalmente possíveis e em que ninguém tinha pensado. Ficou muito claro, as pessoas vão entender bem como esses mecanismos funcionam e se interessar em ver as coisas por esse ângulo”, diz. “Elas realmente fazem disso um negócio - são visionárias, empreendedoras e isso vira uma empresa como qualquer outra. ”

Já Juliana Schalch, intérprete de Luna, a narradora da trama, esclarece que não há uma sensação de culpa nas histórias contadas: “A série teve o cuidado, no roteiro, de lidar com a profissão sem entrar em nenhuma forma de psicologismo”, diz. “As personagens escolheram a profissão, o que faz com que seja abordada de outra maneira. Realmente, há uma distinção e as pessoas fazem confusão [entre prostituição e exploração sexual]. Teve uma preocupação de lidar com [o tema] com naturalidade. São personagens que poderiam ser qualquer mulher na rua. Elas lidam muito bem com a escolha profissional e não têm crises com isso. Elas não caírem nessa por alguma situação da vida, elas decidiram”, diz “É uma mulher tomando posse do que é seu. O sexo é dela, ela que comanda o programa e a vida dela. Cria estratégias para avançar na profissão que ela define como sendo a dela. A Karin é uma mulher que traça com determinação os passos dela, é segura de si e sabe que tem um grande poder nas mãos – e sabe utilizá-lo.”

[...]
De qualquer forma, sexo e dinheiro são temas polêmicos dentro de quase todas as circunstâncias em que estão inseridos. Quando somados e transformados em uma carreira, não haveria de ser diferente. “Não sei se [sexo em troca de dinheiro] deve ser encarado com naturalidade, mas deve ser encarado como uma coisa real, que está aí todos os dias e não tem razão para fingir que não. Mais com respeito do que naturalidade, sem julgamento”, opina Rafaela, cuja personagem Karin deverá sentir tudo isso na pele mais do que as outras garotas na primeira temporada. Há amores no horizonte de Karin (“que não podem ser entregue ainda [risos]”. “E tem sim um conflito aí, é um que deve acontecer com bastante frequência nessa situação”, adianta.


Sinopse:
Karin (Rafaela Mandelli), Luna (Juliana Schalch) e Magali (Michelle Batista), se juntam para mudar radicalmente suas vidas profissionais. Na cidade brasileira que concentra 60% de todos os milionários do país, elas identificam um potencial mercado para lucrar com a profissão mais antiga do mundo: Garota de Programa de Luxo. Lindas, bem vestidas e com formação universitária, as garotas aprimoram seu negócio com a aplicação de teorias de administração e marketing. Nomes como Kotler, Taylor e Levitt, principais expoentes da literatura “marketeira”, são as inspirações para que essas profissionais do sexo montem seu business plan.

por STELLA RODRIGUES

A estreia aconteceu domingo, 18, às 21h, na HBO Brasil.

29 agosto 2013

Rir é o melhor remédio

Aqui

Custos dos Restaurantes

Sobre os preços cobrados na alimentação em São Paulo:
(...) quando se decompõe o que está embutido no preço de um prato que custa R$ 11,50 de ingrediente e chega ao cardápio por R$ 46, como o porco com missô, do Miya. Ou os motivos que fazem um risoto de ervilhas (o arroz é importado, o dólar está alto, tudo bem...) custar R$ 76, como o do Piselli.

(...) "As pessoas ainda estão comendo fora, mas com a mão no bolso", diz Ingrid Devisate, analista da consultoria Gouvêa de Souza, que detectou em pesquisa recente que o gasto médio com restaurantes nos fins de semana diminuiu sensivelmente: de R$ 53,80 em 2010 para R$ 39.

"Essa crise não é passageira. O que significa que vamos ter que mudar o modelo de serviço com que o brasileiro se acostumou, automatizar a cozinha - enfim, buscar mais eficiência para não repassar preços no cardápio", diz Cristiano. O empresário aposta num estilo de serviço mais parecido com o americano e o europeu. "A tendência é ter um número bem menor de pessoas no salão. Sem cumim, maître, etc."

O chef do Piselli, o italiano Moreno Colosimo, atesta de experiência própria: "Trabalhei em casas com estrela Michelin na Europa que tinham um quarto das pessoas que têm aqui, tanto no salão quanto na cozinha".

Entre os donos de restaurante, há pessimismo no ar. Segundo estudo da ANR, que tem 306 associados, donos de quase 5 mil estabelecimentos, as margens de lucro, que eram de 15% a 20 % há quatro anos, hoje estão mais próximas dos 10%.

O empresário Paulo Kress, do grupo Egeu, diz ter conseguido manter o faturamento de seus restaurantes. "As casas do Egeu são caras, mas não perdemos movimento, especialmente nas mais baratas como o General Prime Burguer", garante. Mas conta que está buscando alternativas para atrair clientes, como ofertas de vinho e programa de fidelização de clientes em troca de descontos.

"O restaurante vai bem quando a economia está bem. Quando as pessoas têm menos dinheiro para gastar, deixam de ir", afirma Joaquim Saraiva de Almeida, presidente da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) de São Paulo, e dono da rede de pizzarias Livorno. "Está difícil segurar os preços. Muita gente está sacrificando a margem de lucro para se manter."

Juscelino Pereira, também membro da diretoria da ANR e sócio do Piselli, Tre Bicchieri e Zena Caffé, reclama que os donos de restaurantes aparecem sempre como vilões da história. "Lá fora, casas como as nossas são mais caras. Se fôssemos repassar a inflação real, nosso cardápio seria mais caro".

Além dos ingredientes, os principais custos embutidos no preço de um prato são mão de obra, aluguel e impostos. Mas entram no cálculo ainda taxas de reposição de material, segurança, contas de luz, água e gás. E quando o restaurante é de alta gastronomia, há ainda um custo intangível, do processo de preparo.

"Em vez de otimizar a gestão, os empreendedores querem garantir o lucro apenas fixando preços mais altos no cardápio", diz Roberto Braga, autor livro Gestão na Gastronomia (Ed. Senac). Ele cita o desperdício como um dos principais problemas na gestão dos restaurantes.

Insatisfação: 100%. - Paladar - Estado de S Paulo, 1 a 7 de agosto de 2013, p. 1.

Por que o consumo de cerveja sem álcool está aumentando?

ACROSS most of the world the consumption of alcohol is falling. In some places the trend is most marked among the young: in Britain, ten years ago 70% of 16- to 24-year-olds claimed to have had a drink in the previous week, whereas by 2010 just 48% had. Many Western teenagers are playing on games consoles or chatting on Facebook rather than illicitly swigging cider in the park. But alongside this trend (which is not universal, with many Eastern European countries, such as Russia and Moldova, glugging away) another has appeared. Last year 2.2 billion litres of non-alcoholic beer were drunk, 80% more than five years earlier. Why are sales of non-alcoholic beer booming?
Non-alcoholic beer, which is also sometimes branded as "light" or "low-alcoholic" beer, is normally fermented beer that is then boiled to reduce the alcohol within it. It became popular around the time of prohibition in America, which set a limit of 0.5% alcohol by volume (ABV). Most mainstream lager brands have a lighter alternative. Now non-alcoholic beer is the fastest-growing category in a market that is pretty static or declining slightly, according to Sean Durkan of Bavaria beer, an independent brewery that sells 0.00% ABV beer and lager shandy along with lighter alcoholic beers. For one thing, people are more aware than before of the damaging effects of alcohol. Governments have stepped up health campaigns and chivvied the drinks industry into promoting low-alcohol alternatives to their usual products. In Japan an ageing population, mindful of its health but fond of a tipple, has started to take up non-alcoholic beer. And better technology means that it is tastier than before, Mr Durkan claims. 
One chunk of the market is taking off for other reasons. The Middle East now accounts foralmost a third of the worldwide sales by volume of non-alcoholic beer. In 2012 Iranians drank nearly four times as much of it as they did in 2007. It is popular in Saudi Arabia and the United Arab Emirates, where alcohol is either wholly or partially banned. Partly this is for religious reasons. After Hamas, a Palestinian Islamist movement, won a landslide election victory in Gaza in 2005, a local brewer launched an alcohol-free "halal" version of its beer. But it also taps into growing consumer aspirations. As a statement of a globalised lifestyle beer, even if non-alcoholic, may be more potent than Coca-Cola. Non-alcoholic lager is slowly being drunk more in bars and restaurants, rather than just being consumed at home. Prominent Saudi and Egyptian clerics have issued fatwas declaring it permissible to drink zero-alcohol beer.
Brewers of non-alcoholic beer are hopeful. Increased religiosity in the Middle East could boost demand; in the West it looks as if governments are not about to stop lecturing on the dangers of hooch any time soon. And consumers may gain from the increased demand. With more brands entering the market, the lighter stuff may start to taste even more like the real thing.
Fonte: aqui

Jackson e Tributos

A família de Michael Jackson está processando a empresa AIG Live. E apesar do espólio já ter pago mais de 100 milhões de dólares ao fisco, parece que este deseja mais. Segundo esta notícia, o fisco dos EUA está discutindo quanto vale a imagem do artista.

Uma estimativa fala em 434 milhões de dólares. Além disto, o espólio tem mais dívidas em impostos, além das multas.

A contabilidade do cantor sempre foi tumultuada. Agora, mesmo com o "lucro" gerado por sua morte, Jackson pode ser um problema maior para sua família.

Vida de auditor

Um twitter diz que após 4 dias longe de casa, a pessoa está indo para o aeroporto.

28 agosto 2013

Rir é o melhor remédio

O Photoshop Disasters é sensacional, apresentando o uso exagerado do programa que corrige as fotografias. Tento variar as postagens, mas este óculos que passou pelo Photoshop é muito engraçado:

BNDEX

O presidente do BNDES afirmou que este banco está numa situação confortável com respeito às garantias dos empréstimos realizados.

Segundo Coutinho, a reestruturação [do Grupo X] vai permitir que o grupo pague as dívidas, e o BNDES e outros bancos não terão prejuízo. "Até o momento não [houve prejuízo]. E esperamos que a reestruturação do grupo permita equacionar a dívida bancária", disse.


Observe que Coutinho está comentando da dívida bancária, mas não da participação acionária. (Foto: Eike Batista)

Economia não é ciência

Recent debates over who is most qualified to serve as the next chairman of the Federal Reserve have focused on more than just the candidates’ theory-driven economic expertise. They have touched on matters of personality and character as well. This is as it should be. Given the nature of economies, and our ability to understand them, the task of the Fed’s next leader will be more a matter of craft and wisdom than of science.
When we put a satellite in orbit around Mars, we have the scientific knowledge that guarantees accuracy and precision in the prediction of its orbit. Achieving a comparable level of certainty about the outcomes of an economy is far dicier.
The fact that the discipline of economics hasn’t helped us improve our predictive abilities suggests it is still far from being a science, and may never be. Still, the misperceptions persist. A student who graduates with a degree in economics leaves college with a bachelor of science, but possesses nothing so firm as the student of the real world processes of chemistry or even agriculture.
Before the 1970s, the discussion of how to make economics a science was left mostly to economists. But like war, which is too important to be left to the generals, economics was too important to be left to the Nobel-winning members of the University of Chicago faculty. Over time, the question of why economics has not (yet) qualified as a science has become an obsession among theorists, including philosophers of science like us.
It’s easy to understand why economics might be mistaken for science. It uses quantitative expression in mathematics and the succinct statement of its theories in axioms and derived “theorems,” so economics looks a lot like the models of science we are familiar with from physics. Its approach to economic outcomes — determined from the choices of a large number of “atomic” individuals — recalls the way atomic theory explains chemical reactions. Economics employs partial differential equations like those in a Black-Scholes account of derivatives markets, equations that look remarkably like ones familiar from physics. The trouble with economics is that it lacks the most important of science’s characteristics — a record of improvement in predictive range and accuracy.
Tucker Nichols
This is what makes economics a subject of special interest among philosophers of science. None of our models of science really fit economics at all.
The irony is that for a long time economists announced a semiofficial allegiance to Karl Popper’s demand for falsifiability as the litmus test for science, and adopted Milton Friedman’s thesis that the only thing that mattered in science was predictive power. Mr. Friedman was reacting to a criticism made by Marxist economists and historical economists that mathematical economics was useless because it made so many idealized assumptions about economic processes: perfect rationality, infinite divisibility of commodities, constant returns to scale, complete information, no price setting.
Mr. Friedman argued that false assumptions didn’t matter any more in economics than they did in physics. Like the “ideal gas,” “frictionless plane” and “center of gravity” in physics, idealizations in economics are both harmless and necessary. They are indispensable calculating devices and approximations that enable the economist to make predictions about markets, industries and economies the way they enable physicists to predict eclipses and tides, or prevent bridge collapses and power failures.
But economics has never been able to show the record of improvement in predictive successes that physical science has shown through its use of harmless idealizations. In fact, when it comes to economic theory’s track record, there isn’t much predictive success to speak of at all.
Moreover, many economists don’t seem troubled when they make predictions that go wrong. Readers of Paul Krugman and other like-minded commentators are familiar with their repeated complaints about the refusal of economists to revise their theories in the face of recalcitrant facts. Philosophers of science are puzzled by the same question. What is economics up to if it isn’t interested enough in predictive success to adjust its theories the way a science does when its predictions go wrong?
Unlike the physical world, the domain of economics includes a wide range of social “constructions” — institutions like markets and objects like currency and stock shares — that even when idealized don’t behave uniformly. They are made up of unrecognized but artificial conventions that people persistently change and even destroy in ways that no social scientist can really anticipate. We can exploit gravity, but we can’t change it or destroy it. No one can say the same for the socially constructed causes and effects of our choices that economics deals with.
Another factor economics has never been able to tame is science itself. These are the drivers of economic growth, the “creative destruction” of capitalism. But no one can predict the direction of scientific discovery and its technological application. That was Popper’s key insight. Philosophers and historians of science likeThomas S. Kuhn have helped us see why scientific paradigm shifts seem to come almost out of nowhere. As the rate of acceleration of innovation increases, the prospects of an economic theory that tames the economy’s most powerful forces must diminish — and with it, any hope of improvements in prediction declines as well.
SO if predictive power is not in the cards for economics, what is it good for?
Social and political philosophers have helped us answer this question, and so understand what economics is really all about. Since Hobbes, philosophers have been concerned about the design and management of institutions that will protect us from “the knave” within us all, those parts of our selves tempted to opportunism, free riding and generally avoiding the costs of civil life while securing its benefits. Hobbes and, later, Hume — along with modern philosophers like John Rawls and Robert Nozick — recognized that an economic approach had much to contribute to the design and creative management of such institutions. Fixing bad economic and political institutions (concentrations of power, collusions and monopolies), improving good ones (like the Fed’s open-market operations), designing new ones (like electromagnetic bandwidth auctions), in the private and public sectors, are all attainable tasks of economic theory.
Which brings us back to the Fed. An effective chair of the central bank will be one who understands that economics is not yet a science and may never be. At this point it is a craft, to be executed with wisdom, not algorithms, in the design and management of institutions. What made Ben S. Bernanke, the current chairman, successful was his willingness to use methods — like “quantitative easing,” buying bonds to lower long-term interest rates — that demanded a feeling for the economy, one that mere rational-expectations macroeconomics would have denied him.
For the foreseeable future economic theory should be understood more on the model of music theory than Newtonian theory. The Fed chairman must, like a first violinist tuning the orchestra, have the rare ear to fine-tune complexity (probably a Keynesian ability to fine-tune at that). Like musicians’, economists’ expertise is still a matter of craft. They must avoid the hubris of thinking their theory is perfectly suited to the task, while employing it wisely enough to produce some harmony amid the cacophony.

Alex Rosenberg is the R. Taylor Cole Professor of Philosophy and chair of the philosophy department at Duke University. He is the author of “Economics — Mathematical Politics or Science of Diminishing Returns,” most recently, “The Atheist’s Guide to Reality.”
Tyler Curtain is a philosopher of science and an associate professor of English and comparative literature the University of North Carolina at Chapel Hill. He was recently named the 2013 recipient of the Robert Frost Distinguished Chair of Literature at the Bread Loaf School of English, Middlebury College, Vt.
A version of this article appears in print on 08/25/2013, on page SR9 of the NewYork edition with the headline: What Is Economics Good For?.

Leasing e suas discussões

Já informamos aqui que o Fasb e o Iasb fizeram uma proposta de novas regras para o leasing. Esta proposta significará que muitas operações que hoje estão fora do balanço das empresas passarão a compor os seus ativos e passivos. A participação ainda pode ser feita através de correspondência para as duas entidades. Segundo o Journal of Accountancy, citando Kimber Bascom, as correspondências enviadas indicam uma clara insatisfação em razão da complexidade da proposta, da relação custo benefício, além de considerações teóricas.

A expectativa do Fasb é terminar o padrão até 2014, com a implementação a partir de 1o. de janeiro de 2017. Bascom afirma, no entanto, que o prazo deverá ser prorrogado. (Carton: aqui)

27 agosto 2013

Rir é o melhor remédio

Fonte: Aqui

A política de preços na Petrobras

Entre janeiro de 2003 e junho de 2013, as refinarias da Petrobras venderam R$ 1,55 trilhão em combustíveis aos distribuidores, sem que a estatal ganhasse um centavo sequer com essa atividade. Pelo contrário. A empresa teve perda acumulada de R$ 663 milhões com refino de petróleo nos últimos dez anos e meio.


Existe uma confusão de conceitos (perda ou prejuízo?), mas observe o valor acumulado é irrisório em relação a grande quantidade de venda.

Isso significa que todo o lucro acumulado nesse período pela estatal, de R$ 272 bilhões, veio dos demais segmentos da empresa, principalmente da exploração e produção de petróleo.

Por causa da política de preços imposta pelo governo, as refinarias da empresa, que possuem ativos de R$ 198 bilhões, não contribuíram com nada em qualquer comparação: nos últimos dois anos, três anos, cinco anos etc.

Os números derrubam o argumento de que as perdas recentes da Petrobras com a defasagem de preços estaria apenas compensando ganhos acima do que seria justo na época da crise financeira, quando o petróleo despencou no exterior e a companhia não reduziu seus preços.


Os números são interessantes e conseguem provar a tese do autor. Mas o principal prejuízo ocorreu recentemente:

(...) do início de 2011 a junho de 2013, a venda de mais R$ 540 bilhões em derivados gerou prejuízo de R$ 39,6 bilhões para a estatal, jogando pelo ralo o lucro acumulado nos oito anos anteriores com essa atividade.


Combustível só traz perda à Petrobras - Fernando Torres - Valor Econômico - 26/08/2013




Futuras regras tributárias

Nos próximos dois anos, o leitor deste jornal será submetido a um número crescente de artigos e notícias sobre BEPS, Base Erosion and Profit Shifting (Erosão da Base e Transferência de Lucros). É um tema central da agenda do G-20. As empresas brasileiras, em especial as que têm operações internacionais, devem colocar esse tema no radar.

(...) A pressão [para mudar as atuais regras] nasce da crise fiscal em vários países da OCDE e da percepção de que o atual sistema não dispõe de regras adequadas para tributar a economia digital, avaliar os preços de transferência de ativos intangíveis e para lidar com a transferência de lucros de um país de alta tributação para outro com menor tributação. (...) Com o BEPS, novas regras tributárias para países ricos - José Coelho Fernandes - Valor Econômico - 26/08/2013

Relatório de Sustentabilidade

O relatório de sustentabilidade vem sendo duramente criticado tanto por grupos favoráveis às causas social e ambiental quanto por seus oponentes. A mais grave das condenações está relacionada ao objetivo do instrumento: greenwashing. Ou seja, as empresas usam o relatório de sustentabilidade para criar uma imagem “verde”, sem que haja uma melhoria no seu desempenho ambiental. A questão é se o relato de sustentabilidade é um instrumento válido. Todos concordam que as empresas devem informar, com transparência e eficiência, seu impacto socioambiental, positivo e negativo. Há inclusive aqueles que consideram essas informações tão ou mais importantes que as informações financeiras.

Há divergências sobre a necessidade de informar o impacto socioambiental.

A divulgação de informações pelas empresas é a base da saúde dos mercados financeiros modernos. O capital não pode ser alocado de forma sábia e segura em empresas que não informam adequadamente os riscos aos quais está exposta. A razão é simples: menos informação representa menos certeza para investidores.


Entretanto existe o risco de excesso de informação, conforme postagem desta semana neste blog.

Ao fazer o exercício de reunir dados e práticas, a empresa inicia um processo de levantamento e monitoramento desses dados, passo necessário para avançar na gestão empresarial e, consequentemente, no seu melhor desempenho. Até o fim dos anos 1990, o relatório empresarial de sustentabilidade era praticamente desconhecido. Em pouco menos de uma década, tornou-se prática difundida entre as grandes empresas e, hoje, mais de 2/3 das companhias na Fortune 500 publicam relatos de sustentabilidade.

Um grande problema dos relatórios, no entanto, é a falta de contexto, que resulta na incompreensão das informações pelos tomadores de decisão. Hoje, uma companhia encontra dificuldades, por exemplo, para mensurar e divulgar seus esforços para reduzir o consumo de determinado recurso natural. Para o investidor, ainda não é possível perceber o valor agregado que esses esforços trarão para essa empresa. Além disso, com a falta de informação geográfica do consumo desse recurso, o governo não tem insumos para orientar políticas públicas. Os clientes e consumidores, por sua vez, não conseguem comparar o desempenho dessa empresa com os da concorrência. E a corrente de incompreensão vai se estendendo.

Está na hora de virar o jogo e medir o progresso em direção à sustentabilidade. Isso requer a utilização de métricas do mundo real, ou seja, inserir as empresas num contexto maior. Para isso, é preciso considerar métricas como as dos limites do planeta, das metas do milênio e, no futuro próximo, dos objetivos do desenvolvimento sustentável. No futuro, a valoração de uma empresa deverá considerar todas as formas de capital de maneira equilibrada: a econômica, a social e a ambiental. E o relato tem um papel essencial nessa transformação: proporcionar ao mercado e à sociedade um instrumento de tomada de decisão. Deverá ser compreendido tão facilmente quanto um balanço financeiro.

Isto tudo parece um tanto quanto utópico. Será que o investidor quer realmente receber estas informações? Esta preocupação não irá aumentar a superprodução de normas? O mercado e a sociedade tomam decisão baseada nesta informação? Observe também o leitor o termo "balanço financeiro".

Três grandes mudanças ocorridas este ano prometem revolucionar a forma como as empresas entendem e reportam a sustentabilidade. No começo do ano, o Carbon Disclosure Project (CDP) anunciou a criação do maior banco de dados de capital natural do mundo. O CDP, que conta com o apoio de 722 investidores, gerenciando US$ 87 trilhões em ativos — isto é, um terço do capital investido no mundo —, passou a coletar dados de carbono, água e florestas de mais de 5 mil empresas. Com isso, traz para o mercado métricas confiáveis e comparáveis de desempenho passado e estratégia de futuro, buscando a integração da cadeia de fornecedores.

Por alguma razão achei este número (e o anterior, do número de empresas da Fortune) exagerado.

A segunda novidade foi o lançamento para comentários do arcabouço do Relato Integrado (RI), em abril. O objetivo principal é explicitar a criação de valor dos aspectos extrafinanceiros para os investidores. Empresas brasileiras como a CCR, a Natura, a Petrobras, o BNDES, a AES, o Itaú e a Votorantim já aderiram a essa iniciativa com pilotos do programa.

Por último, a nova geração de diretrizes do GRI trouxe maior foco na materialidade e uma mudança simples, mas revolucionária, no escopo dos relatos: as empresas deverão reportar suas métricas sobre os ativos que influenciam, em vez de reportar sobre os que controlam. Nesse contexto, torna-se impossível falar de questões materiais sem incorporar a cadeia produtiva. Quando trazemos fornecedores e consumidores para a discussão, fica difícil não fazer a integração da sustentabilidade não só com o setor financeiro, mas com praticamente todas as áreas da companhia.

Para que reportar sustentabilidade? - Marina Grossi e Tatiana Botelho - Correio Braziliense - 23/08/2013

26 agosto 2013

Rir é o melhor remédio

Fonte: Aqui

História da Contabilidade – Os Anos 20 do século XX – Continuação

Na semana passada postamos sobre o Congresso Brasileiro de Contabilidade. Nesta semana iremos destacar os seguintes acontecimentos ocorridos nos anos 20 do século XX:

(1) a aprovação do código de contabilidade pública,
(2) a criação do imposto sobre lucros comerciais,
(3) a consolidação das entidades de classe – em especial o Instituto Brasileiro de Contabilidade,
(4) tentativa de organização da classe contábil,
(5) a criação do primeiro curso superior de contabilidade e
(6) o aumento do contato com outros países.

Código da Contabilidade

Sabemos que somente na década anterior o setor público começou a adotar as partidas dobradas (1). Nos anos vinte surge o Código de Contabilidade, que começa a ser implantado através de uma comissão de funcionários do executivo e parlamentares (2). Entretanto sua origem é antiga: em 1903 o governo Rodrigues Alves encaminhou para o Congresso um projeto de Código feito por Didimo Agapito da Veiga. O governo Wenceslau Braz fez do código um dos itens do programa de governo em 1915, que até então não tinha sido apreciado pelo legislativo (3).

O código de contabilidade foi aprovado pelo decreto 15.783, de 8 de novembro de 1922, durante o governo de Epitacio Pessoa (4). O decreto é bastante sucinto e é seu anexo, com o Código de Contabilidade Pública, que realmente interessa. Este, por sua vez, era muito extenso, com mais de 140 páginas e 925 artigos (5), tratando desde a organização do serviço de contabilidade até normas sobre o empenho da despesa.

No ano de 1923 o ministro da Fazenda já remeteu a proposta orçamentária de 1924, em maio, já conforme as diretrizes deste Código, com uma maior discriminação das despesas orçamentária, que traziam uma “sinceridade orçamentária” (6).

Certamente o Código de Contabilidade Pública representou um marco nesta área, sistematizando o trabalho na área pública. Sua relevância foi tamanha que somente em 1991 foi revogado, quase 70 anos depois (7). Corresponde a complementação do trabalho de organização das finanças públicas, iniciado por Rivadavia Correa e complementada por Sampaio Vidal (8).

Entretanto o Código da Contabilidade enfrentou resistências, incluindo do legislativo. A tal ponto que o primeiro Congresso de Contabilidade Brasileiro de Contabilidade encaminhou para as autoridades um apelo “serem integralmente estabelecidas as bases indispensáveis a reconstituição financeira e a prosperidade econômica da Republica” (9)

Imposto sobre lucro

Já existia no Brasil a cobrança do imposto de dividendos, adotado em 1892, dos vencimentos (de 1910) e lucros das profissões liberais (de 1921) (10). A Lei 4.625 representou um avanço na utilização das informações contábeis para fins fiscais. Sancionada, não por acaso, em 31 de dezembro de 1922, a lei continha no item IV o detalhamento sobre a cobrança do imposto sobre a renda (11). Ao detalhar o que estaria incluso neste tributo, a lei incluía os dividendos, mas também o lucro líquido da indústria fabril e do comércio.

Entretanto, o Código Comercial de 1850 proibia que a autoridade pudesse examinar os livros contábeis das empresas, o que seria uma barreira para a adoção do imposto de renda no Brasil (12). Somente anos mais tarde é que esta proibição foi revogada.

A lei 4.625 trouxe uma série de regulamentações adicionais (13). O Decreto 16.580, de 1924, regulamentou a arrecadação. O Decreto 16.581 aprovou o regulamento do imposto sobre a renda, com o detalhamento da tributação, incluindo o primeiro formulário.

Obviamente que a legislação não foi aceita passivamente, tendo sido questionada pelos empresários, que alegavam que a cobrança era inconstitucional (14). O Ministro da Fazenda rebateu esta alegação e afirmou que:

“Determinando o Ministério da Fazenda que a cobrança do imposto do 2º. Semestre seja feita pelas simples declarações contidas no balanço exibido, evitando-se assim a devassa nos livros comerciais que era justamente o argumento forte e justo do comercio” (15)

Organização da Classe Contábil

Na medida em que o país crescia e a atividade econômica se organizava, surgiu a necessidade de delimitar melhor o trabalho dos profissionais contábeis. Merece destaque a instituição do Registro Geral dos Contabilistas Brasileiros no final de 1925, com sede no Rio de Janeiro e jurisdição nacional (16). Este registro incluía provas de exercício da profissão por mais de três anos ou por obras publicadas ou pelas atividades de ensino, sendo declarados aptos a exercer a profissão. O Instituto Brasileiro de Contabilidade criou o concurso para habilitação para o exercício da profissão contábil para seus sócios com mais de dois anos de exercício da profissão, sendo conferido o diploma de guarda-livros com direito ao uso da sigla IBC (17).

Ao mesmo tempo, surge a primeira tentativa de aprovar um projeto de regulamentação da profissão de contador, inicialmente em São Paulo (18). Em 1920 o senador Raymundo de Miranda apresentou um projeto sobre a profissão de guarda-livros, que não foi adiante. Em 1927 cogitou-se uma lei sobre o assunto no Congresso, dentro uma matéria mais extensa. Em 1928 o deputado federal Pacheco de Oliveira apresentou projeto de lei sobre o registro facultativo dos guarda-livros e contadores. Neste mesmo ano, no estado de São Paulo, o deputado Orlando Prado submete um projeto de lei estadual sobre a profissão de contador e guarda-livros (19).

Ainda com respeito a organização da classe contábil merece destaque a consolidação do dia 25 de abril como dia do contabilista. Esta data foi escolhida pelo senador João Lyra, conforme esclarece este trecho do Correio Paulistano (20):

“(...) afim de commemorar-se o dia do contabilista brasileiro, que recáe nessa data, data esta escolhida pelo sr. senador João Lyra, quando, nesta capital, em 25 de abril do anno passado, s. exe. tomou posse do cargo de primeiro presidente da Classe dos Contabilistas Brasileiros”

Neste mesmo trecho informa que a data será comemorada nos conselhos regionais dos diversos estados brasileiros, “conforme determinação do Supremo Conselho da Classe dos Contabilistas Brasileiros”. (21)
Consolidação das Entidades de Classe

Apesar de algumas entidades de classe ter sido criada na segunda década do século, somente nos anos vinte é que ocorreu sua consolidação. Tome o Instituto Paulista de Contabilidade, cuja data de criação é de 1919 (22). Este instituto, inclusive, recebia recursos públicos do município de São Paulo (23) e foi responsável pela organização do II Congresso Brasileiro de Contabilidade, de 1927 (24).

Ou o Instituto Brasileiro de Contabilidade, criado em 1916, responsável pela organização do Congresso de Contabilidade (25). Esta entidade também editava o periódico Mensário Brasileiro de Contabilidade (26). Durante o Congresso Brasileiro de Contabilidade discutiu a possibilidade de criar a Federação Brasileira de Contabilidade (27).

Além da consolidação das entidades de classe em termos nacionais, surgem as entidades regionais. Por exemplo, em Pernambuco, o conselho regional foi instalado no dia 11 de março de 1927 (28).
Finalmente, em 1927 é criado o Instituto Brasileiro de Sciencias Economicas e Comerciaes (29).

Curso Superior de Contabilidade

Existiam diversas escolas que tinham o ensino técnico em contabilidade nos anos vinte. A mais conhecida delas era, sem dúvida nenhuma, a Alvares Penteado, em São Paulo (30). Mas não havia uma padronização neste ensino. Alguns cursos eram reconhecidos pela União e outros pelo Estado; a duração do curso variava também. Existia inclusive curso por correspondência (31). O número de escolas chegava a cem no Brasil (32) e um número substancial de alunos (33).

A confusão era muito grande com respeito a validade do ensino. Em 1920 a Ordem dos Contadores Diplomados (34) surgiu no Rio de Janeiro e equiparou os diplomas expedidos pelas diversas instituições de ensino comercial existente. Isto não agradou a Academia de Commercio do Rio de Janeiro, que considerava existir no Brasil somente três instituições cujo diploma teria caráter oficial: a Academia do Rio, a Alvares Penteado em São Paulo (decreto legislativo federal 1330, de 9 de janeiro de 1905) e Escola Commercial da Bahia (decreto 1423, de 27 de novembro de 1905) (35).

Para se ter uma ideia do conteúdo dos cursos da época, considere a Escola de Contabilidade Carlos de Carvalho, fundada em 1914, que apresentava um curso de três anos com o seguinte conteúdo (36):

Primeiro ano – estudos gerais sobre livros, títulos e documentos comerciais; escrituração de casas de comércio, bancos, empresas industriais; inventários e balanços; casas com filiais; endosso e aval; dissolução de sociedades; amortização e aumento de capital; português, francês, inglês, aritmética e contabilidade.

Segundo ano – línguas e matemáticas (curso superior); contabilidade aplicada a empresas comerciais, bancárias e industriais (agrícolas e manufatureiras); companhias de seguros, de estradas de ferro e de navegação; sociedades beneficentes e mútuas; contabilidade pública, compreendendo a do Estado e das Câmaras Municipais; emissão de obrigações; amortização teórica e prática; letras de câmbio e notas promissórias; câmbio e aritmética comercial; questões comerciais e falências; noções de economia política; ciência de finanças e direito comercial.

Terceiro ano – economia política, ciência de finanças, direito comercial e marítimo, contabilidade geral e história geral do comércio, português, inglês, aritmética e álgebra.

Em 1925, logo após a realização do I Congresso Brasileiro de Contabilidade, o Instituto Brasileiro de Contabilidade inaugurou o Curso Superior de Contabilidade em 15 de abril de 1925. Talvez este tenha sido o primeiro curso “superior” da área. O programa era constituído da seguinte forma (37):

Primeiro ano – contabilidade comercial, contabilidade bancária, matemática comercial e economia política.
Segundo ano – contabilidade industrial, contabilidade agrícola e das diversas empresas, matemática financeira e ciências das finanças
Terceiro ano – contabilidade pública, contabilidade das sociedades civis, direito comercial, legislação fiscal e pericia contábil. (38)

O corpo docente do curso era composto inicialmente por Francisco D´Auria, Joaquim Telles, João Ferreira de Moraes Jr, Manual Marques de Oliveira, Amaro Albuquerque e Carlos Domingues (39). Ao final do ano, no dia 9 de dezembro de 1925, foram realizados os primeiros exames finais do curso superior, perante uma banca composta por Francisco D´Auria, Moraes Jr, Marques de Oliveira, Joaquim Telles, Carlos Domingues e Amaro Albuquerque (40). Nestes exames foram aprovados sete alunos, sendo uma mulher: Luzia de Souza Dias (41).

Além do curso, o Instituto Brasileiro de Contabilidade começou a conferir o diploma de contador aos sócios autores de trabalhos publicados sobre a contabilidade. Isto ocorreu pela primeira vez em 1925 e foram agraciados três técnicos: João Ferreira de Moraes Junior, Joaquim Telles e João Luiz dos Santos, sendo que os dois primeiros também eram docentes do Curso Superior de Contabilidade (42). Telles, além disto, era o presidente do Instituto. Somente em 1926, o mais conhecido professor do curso superior, D´Auria, teria aprovado seu diploma de contador (43).

Contato com Outros Países

Durante os anos anteriores, o Brasil recebeu um grande número de imigrantes. Alguns deles tinham conhecimento contábil e ofereciam seu trabalho. Isto, naturalmente, criou um contato com a contabilidade de outros países, em particular os países europeus (44). Outro aspecto que colocou nossa contabilidade em contato com o conhecimento do exterior foi a entrada de empresas estrangeiras no País.

No início do século aparece, talvez pela primeira vez, um tipo de intercâmbio: através de congressos científicos, onde alguns brasileiros começaram a participar, inclusive apresentando trabalhos.

Um exemplo disto foi a participação de uma delegação de brasileiros no VI Congresso Internacional de Contabilidade, que ocorreu em Barcelona, em 1929 (45). Neste evento, o Instituto Brasileiro de Contadores contribui com um trabalho de Francisco D´Auria. Além de D´Auria, participaram deste Congresso pelo menos mais cinco brasileiros (46).

(1) Veja postagem anterior sobre este assunto.
(2) Conforme proposta orçamentária apresentada pelo Ministro da Fazenda. Estado de S Paulo, 1 de junho de 1923, p. 1.
(3) O Imparcial, 22 de agosto de 1924, p. 1, ed 4263.
(4) Vide http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/1910-1929/D15783.htm
(5) Vide https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/1910-1929/anexo/And15783-22.pdf
(6) Editorial do Correio da Manhã, de 31 de maio de 1923, publicado no Estado de S Paulo, 1 de junho de 1923.
(7) Conforme http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/1910-1929/D15783.htm
(8) Jornal do Brasil, 19 de agosto de 1924, p. 6, ed. 199.
(9) Gazeta de Notícias, 28 de agosto de 1924, ed. 208, p. 4. Ver também O Paiz, 27 de agosto de 1924, ed. 14556, p. 4.
(10) Conforme página da Receita Federal http://www.receita.fazenda.gov.br/Memoria/irpf/historia/hist1922a1924.asp
(11) Para o texto completo da lei, vide http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1901-1929/L4625.htm
(12) Conforme a Receita Federal http://www.receita.fazenda.gov.br/Memoria/irpf/historia/hist1922a1924.asp
(13) Vide http://www.receita.fazenda.gov.br/Memoria/irpf/historia/hist1922a1924.asp
(14) Carvalho de Mendonça. O imposto sobre os lucros commerciaes. O Estado de S Paulo, 26 de abril de 1924, p. 11.
(15) Estado de São Paulo, 25 de abril de 1924. Grafia da época.
(16) Conforme discurso do senador João Lyra, no Hotel Terminus, no dia 25 de abril de 1926. Vide Estado de S Paulo, 26 de abril de 1926, p. 3. E também A Manhã, 25 de fevereiro de 1926, p. 4, onde informa que “são registrados os Contabilistas de real valor”.
(17) O Paiz, 20 abril de 1926, p 9 ed 15156.
(18) Trata-se de uma projeto do estado de São Paulo, apresentado por Orlando Prado. Estado de S Paulo, 18 de setembro de 1928, p. 9.
(19) Correio Paulistano, 12 de setembro de 1928, ed 23345, p 5. O Instituto Paulista de Contabilidade apoiava o projeto do deputado paulista, mas sugeria a realização de uma “revalidação” do diploma por uma escola padrão de ensino, que seria a Alvares Penteado em São Paulo.
(20) Correio Paulistano, 24 de abril de 1927, p. 4, ed. 22901. Grafia da época
(21) Correio Paulistano, 24 de abril de 1927, p. 4, ed. 22901.
(22) Conforme Estado de S Paulo, 30 de julho de 1929, p. 7, relato das comemorações dos dez anos do Instituto.
(23) Vide, por exemplo, a 3ª sessão extraordinária de 1926 da Câmara Municipal de 20 de outubro. Publicado no Correio Paulistano, 19 de outubro de 1926, p. 9, ed. 22717.
(24) Correio Paulistano, 13 de março de 1927, p. 3, n. 22860.
(25) Correio da Manhã, 21 de setembro de 1927, ed. 10026, p. 6. Neste instituto, por sinal, também haviam reuniões técnicas, como por exemplo aquela ocorrida em 21 junho de 1925, onde Ernesto Lousada apresentou uma trabalho com o título de “Sinceridade dos Balanços”. Vide Jornal do Brasil, 26 de abril de 1925, ed 100, p. 6
(26) O Paiz, 18 de setembro de 1927, ed 15673, p 11.
(27) O Paiz, 26 de agosto de 1924, ed. 14555, p. 6.
(28) A Provincia do Recife, 24 de abril de 1927, p. 3, ed. 94.
(29) Jornal do Brasil, 2 de setembro de 1927, ed. 209, p. 11.
(30) A Manhã, 25 de fevereiro de 1926, p. 4: “Das escolas existentes , qual offerece um cunho pratico melhor idealizado? R. – No Rio, a Escola Superior de Commercio, em S. Paulo, a Escola Alvares Penteado, a melhor do Brasil”.
(31) Vide propaganda no Estado de S Paulo, 6 de julho de 1929, p. 16. Tratava-se da Academia Livre de Commercio de S. Paulo. O interessado deveria se comunicar através de uma caixa postal.
(32) Conforme depoimento de Juan Rodrigues Y Lopos, uruguaio que visitou o Brasil naquela época. Citado por Frederico Hermann, do Instituto Paulista de Contabilidade em Estado de S Paulo. A profissão de Contador, 15 de setembro de 1928, p. 10. Somente a Alvares Penteado admitia mais de 200 alunos por ano, segundo Lopos. No Rio Grande do Sul existiam em 1924 existiam quatro escolas de contabilidade e matérias correlatas e 17 cursos de escrituração. Fonte: Jornal do Brasil, 6 de fevereiro de 1924, p. 13, ed. 32.
(33) A questão do ensino técnico também foi discutida no Congresso Brasileiro de Contabilidade, segundo uma tese defendida por Horacio Berlink, da Escola de Commercio Alvaro Penteado. O Paiz, 24 de agosto de 1924, ed. 14553, p. 2.
(34) Jornal do Brasil, 6 de maio de 1920, p. 6, ed 125.
(35) Jornal do Brasil, 12 de maio de 1920, ed 131, p 7.
(36) Estado de S Paulo, 8 de janeiro de 1920, p. 10, conforme anúncio publicado. Citação com adaptação da grafia da época.
(37) Jornal do Brasil 15 de abril de 1925, p. 7, ed 90.
(38) Este programa foi alterado em 1926, ou seja, um ano depois. O primeiro ano passou a ter “redação comercial” e “matemática financeira” no lugar da “matemática comercial e econômica política”. O segundo ano passou a incorporar “direito fiscal e direito comercial” em lugar de “matemática financeira e ciências das finanças”. No terceiro ano incluiu-se “noções de atuária e ciências das finanças” no lugar de “direito comercial e legislação fiscal”. Tive dificuldades de obter informação sobre este curso. A última nota sobre o assunto foi da Gazeta de Notícias, 18 de setembro de 1927, p. 10, ed. 223.
(39) Jornal do Brasil, 23 de abril de 1925, p. 6 ed. 97.
(40) Jornal do Brasil, 8 dezembro de 1925, p. 19, ed. 293.
(41) O Paiz, 23 de dezembro de 1925, p. 7, ed. 15039. O pequeno número de alunos talvez seja uma explicação para seu insucesso.
(42) Jornal do Brasil, 25 de abril de 1925, p. 10 ed 99. Veja também a edição do dia seguinte: Jornal do Brasil, 26 de abril de 1925, p. 6, ed. 100. Isto era, sem dúvida nenhuma, um contrassenso, já que o professor do curso superior era um guarda-livros, ou seja, não possuía este título. A concessão deste título talvez tenha sido uma solução para resolver este problema, sem obrigar os professores a sentarem nos bancos escolares.
(43) O Paiz, 25 de fevereiro de 1926, p. 5, ed. 15103.
(44) Classificados do século XIX e início do século XX mostram trabalhadores estrangeiros oferecendo mão de obra na área de contabilidade. A extensão desta influencia sobre a contabilidade brasileira será difícil de precisar.
(45) Estado de S Paulo, 9 de novembro de 1929, p. 7. O interessante é que o texto afirma sobre a “adopção do idioma brasileiro nos trabalhos do Congresso”.
(46) Isto não realmente uma novidade. No Congresso de 1926 contou com a participação de brasileiros, pelo menos cinco, conforme Estado de S Paulo, 10 de março de 1926.

Julie Taymor: Homen-Aranha, O Rei Leão e a vida à beira da criatividade

Mostrando trechos espetaculares de Frida, A Tempestade e O Rei Leão, a diretora Julie Taymor descreve uma vida passada imersa no teatro e no cinema. Filmada bem quando a controvérsia de Spider-Man: Turn Off the Dark estava em seu ponto alto, ela descreve sinceramente as tensões inerentes ao seu processo criativo, enquanto luta tanto para capturar a essência de uma história quanto para produzir images e experiências como nada visto antes.