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16 agosto 2012

Balanços Trimestrais 2

Sempre que o dólar registra fortes variações de curto prazo - o que não é raro no Brasil [1] -, a história se repete: o câmbio afeta de forma significativa o resultado financeiro de diversas grandes empresas que não usam instrumentos de proteção para o passivo em moeda estrangeira - ou ao menos não totalmente.

Nesse grupo estão companhias como Petrobras, Vale, Braskem, Fibria, Suzano e Marfrig.

Como no segundo trimestre o dólar subiu 11%, apenas essas seis empresas tiveram despesa financeira somada de R$ 16,3 bilhões.

Mas a companhias que sofrem esse efeito têm a prática recorrente de minimizar essas perdas decorrentes do câmbio. E os três argumentos usados por elas são: a despesa que derruba o lucro não significa desembolso de caixa [2]; a dívida em dólar é de longo prazo [3]; e a companhia está naturalmente protegida, por ter receita atrelada ao dólar [4].

Isso de fato é verdadeiro, mas não significa que a alta do valor contábil da dívida não tenha consequências negativas.

Quando as variações são bruscas e rápidas, a dívida das empresas sobe de forma imediata após a alta do dólar, enquanto as receitas dolarizadas só aumentam o resultado operacional ao longo dos trimestres, num prazo mais dilatado.

Esse descasamento afeta um dos principais índices de endividamento observados pelo mercado, que é a razão entre a dívida líquida e o Ebitda [5] de uma empresa. (Ebitda é a sigla em inglês para o lucro antes do resultado financeiro, dos impostos sobre o lucro, da depreciação e da amortização) (...)

Dólar caro provoca efeito bilionário - Valor Econômico - 15/08/2012

[1] Não somente. Isto é normal em qualquer economia.
[2] No longo prazo o regime de competência é igual ao regime de caixa.
[3] Mas o efeito é agora. Além disto, a falta de instrumento de proteção pode sinalizar, para o mercado, uma gestão financeira ruim. Além de maior risco.
[4] Para algumas empresas, como a Vale, isto está correto.
[5] Mas o Ebitda seria influenciado positivamente. Bom, de qualquer forma, o Ebitda não é um índice a ser levado a "sério" por uma analista, certo? Além disto, este índice é esdruxulo demais para ser considerado.

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