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18 novembro 2010

A possível venda do Panamericano

Possíveis compradores temem pegar um mico; assusta os interessados a fuga de R$ 200 milhões por dia de CDBs

As negociações para a eventual venda do controle acionário do Banco Panamericano não devem ser concluídas rapidamente. Pessoa que acompanha interessados em adquirir a financeira de Silvio Santos avalia que as conversas caminham para um resultado em um horizonte de “várias semanas”, provavelmente apenas no próximo ano. “Pelo andamento das conversas, caminhamos para uma eventual venda apenas nos primeiros meses do próximo ano”, diz a fonte que acompanha as discussões.

Um dos motivos que impediriam a venda imediata foi a sequência de saques observados na última semana, quando a média diária de retiradas de Certificados de Depósito Bancário (CDB) do Banco Panamericano girou em torno de R$ 200 milhões. O movimento preocupou a direção do banco e assustou interessados na instituição.

Atualmente, há pelo menos cinco interessados em adquirir o controle da financeira que sofreu o rombo de R$ 2,5 bilhões, como o Estado informou no sábado. Em todos esses casos, as instituições procuraram o controlador do banco, o Grupo Silvio Santos. Por enquanto, as conversas são preliminares e, para os acionistas, ainda estão na esfera “informal”. Apesar desse tom aparentemente descompromissado, há avanços. Entre os interessados, o mineiro Banco BMG é o que mais evoluiu para tentar ficar com a financeira e com a sociedade com a Caixa, como antecipou ontem a coluna de Sonia Racy.

“A explicação para o horizonte mais distante é a necessidade dos interessados em olhar muito detalhadamente a estrutura e a saúde financeira do Panamericano. Obviamente, o temor é que o rombo gerado pela antiga administração seja maior que os R$ 2,5 bilhões cobertos pelo atual controlador.

Fuga. Como o anúncio do rombo foi feito na noite de terça-feira da semana passada, foram quatro dias úteis até ontem de saques de cerca de R$ 200 milhões ou quase R$ 800 milhões no acumulado do período. Ou seja, saíram do caixa impressionantes 32% de todo o aporte de R$ 2,5 bilhões feito por Silvio Santos. Diante desse quadro preocupante, o feriado de 15 de novembro acabou sendo comemorado pela direção do Panamericano, já que foi um dia a menos de saques.

Por enquanto, executivos do Panamericano tentam a todo custo equilibrar o ingresso e saída de recursos da financeira. Em uma segunda etapa, a intenção é retomar a captação de recursos. A saída maciça de recursos vista nos últimos dias assustou os interessados em levar o controle do banco. Estancar a sangria é o objetivo urgente da nova diretoria do Panamericano.


Banco Panamericano não deve ser vendido no curto prazo - Fernando Nakagawa - 18 Nov 2010 - O Estado de São Paulo

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