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13 novembro 2010

Perguntas ao Panamericano

1) O BC anunciou que ao examinar, há alguns meses, as contas do PanAmericano, descobriu indícios de fraude contábil.

O ativo do banco, que inclui bens e créditos que podem ser convertidos em dinheiro, estaria inflado em R$ 2,5 bilhões.

O valor ultrapassa em muito o patrimônio (diferença entre o ativo e dívidas) dos acionistas do PanAmericano, que é de R$ 1,6 bilhão.

A diferença entre os dois valores, de R$ 900 milhões, é o tamanho do rombo gerado.

O BC informou, de forma picada, que os problemas de maquiagem dos balanços ocorreram tanto em operações de empréstimos como de cartão de crédito.

Aparentemente o banco registrava em seus balanços que tinha direito a receber pagamentos de empréstimos que já havia vendido para outras instituições financeiras (entre outras manobras).

A prática -de vender para outro banco o direito de receber as prestações de empréstimos concedidos a clientes- é comum no mercado.

Pontos não esclarecidos: que manobras ocorreram de fato? A maquiagem de R$ 2,5 bilhões feita no balanço do banco teve a intenção de esconder desvio de dinheiro feito por algum funcionário, prejuízo gigante do próprio PanAmericano ou de outra empresa do grupo?

Ou (hipótese que soa menos provável a esta altura) teria sido resultado de erro?

2) Como um rombo tão grande teria passado despercebido pelas inúmeras auditorias às quais o PanAmericano foi submetido nos últimos anos?

Isso inclui o próprio BC. Mas também bancos e empresas de auditoria externas que por motivos variados analisaram a saúde financeira e a solidez contábil do PanAmericano.

3) Silvio Santos poderia, em tese, ter optado por deixar o PanAmericano falir.

O BC começaria um processo de intervenção no banco, que envolveria ir vendendo os ativos e quitando as obrigações do mesmo.

Dificilmente isso afetaria o patrimônio de Silvio Santos (cujas demais empresas poderiam, por exemplo, ser transferidas para outros familiares, entre outras saídas possíveis).

O empresário, no entanto, tomou um empréstimo subsidiado, dando como garantia seu patrimônio, para cobrir o rombo em seu banco.

A solução teria sido imposta pelo governo? Ou o empresário fez isso para resguardar sua honra?



Poucas informações geram especulação e dúvidas - Folha de São Paulo - 13 de nov 2010 - ÉRICA FRAGA

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