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10 novembro 2010

Panamericano 5

O Grupo Silvio Santos foi obrigado a fazer uma injeção de capital para cobrir um rombo de R$ 2,5 bilhões no banco PanAmericano, instituição que enfrentou problemas de caixa em 2008 e que teve 35,54% de seu capital vendido para a Caixa Econômica Federal por R$ 739,2 milhões no final de 2009.

O aporte será feito com dinheiro emprestado do FGC (Fundo Garantidor de Crédito), um colchão de recursos administrados pelo conjunto de bancos para cobrir perdas dos correntistas em caso de quebra de instituições. Para obter o dinheiro, o grupo deu bens seus como garantia.

Sem essa capitalização, o PanAmericano ficaria com patrimônio líquido negativo e teria de ser liquidado pelo Banco Central. Para evitar esse desfecho, a solução encontrada foi um duplo socorro: do governo e dos bancos.

Toda a diretoria antiga caiu. Na prática, o banco sofreu uma "intervenção branca" e será agora administrado por executivos indicados pela Caixa e pelo BC.

O grupo Silvio Santos admitiu "inconsistência contábil" nas contas do banco, mas informou que a instituição não terá perda patrimonial. E informou que o dinheiro servirá para restabelecer o "pleno equilíbrio", ampliar a liquidez e preservar o atual nível de capitalização.

Desde meados de outubro, as ações caíram 25% na Bolsa -só ontem, recuaram 6,75%.

SUSPEITA DE FRAUDE

A intervenção deve-se a uma reavaliação de risco da carteira de crédito do banco, que tem forte exposição no financiamento de carro usado.

O PanAmericano teria classificado seu crédito de maior risco de forma otimista, reduzindo a necessidade de fazer provisionamento alto para cobrir eventual calote. No segundo trimestre, o Banco Central havia pedido provisões adicionais de R$ 120 milhões.

Se esse otimismo for considerado intencional, pode configurar fraude contábil.

A fraude teria passado pelo crivo de auditores internos e externos e do próprio BC -que aprovou em julho o negócio com a Caixa.

Segundo a Folha apurou, Silvio Santos tratou das dificuldades enfrentadas pelo PanAmericano durante encontro com Lula em Brasília em setembro. Na ocasião, Lula não mostrou simpatia pela ideia de oferecer ajuda oficial. Em ao menos mais uma oportunidade, Silvio voltou a procurar Lula para abordar o tema, mas não foi atendido.

Procurados Caixa, BC e PanAmericano preferiram não comentar o caso.


Caixa intervém em banco de Silvio Santos - 10 Nov 2010 - Folha de São Paulo
LEONARDO SOUZA - FERNANDO RODRIGUES - EDUARDO CUCOLO - TONI SCIARRETTA

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