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14 fevereiro 2010

Política e Contabilidade

Como combater as doações ilegais?

Um dos aspectos mais nefastos no processo eleitoral é justamente o caixa 2. Mas eliminar o caixa 2 não me parece viável.

Por quê?

Porque não tem como, ninguém confessa, nem do lado de cá, nem do lado de lá. O caixa 2 não existe só na eleição, o caixa 2 é geral no Brasil. É relativamente generalizado. Só que eliminar eu não acredito, mesmo em termos eleitorais. Mas é obrigação minimizar o quanto for possível, reduzir o dano.

Reconhece fracasso da Justiça Eleitoral no duelo com o caixa 2?

Não acho que seja fracasso. Acho que há uma extrema dificuldade de se apurar. O ideal, mas não sei se isso é viável, é que a doação apareça imediatamente nos registros, com a identificação do doador. Se ele faz a doação e não declara, fica muito difícil identificar. É a mesma coisa nos crimes de corrupção. Os dois estão de acordo, o corruptor e o corrompido, nenhum deles vai dar subsídio para a Justiça agir. A Justiça só trata com provas e a prova do caixa 2 é que é difícil. A menos que um deles rompa o pacto. Quando alguém rompe é ótimo. (...)

Onde começa o erro?

O problema é que o empresário que doa não quer se identificar. Ele não tem interesse nenhum em se identificar como doador daquele candidato. A lei permite a doação ao partido político que redistribui os recursos da forma como quiser. O que se pretende é que haja uma perfeita identificação. Eu, como eleitor, como cidadão, gostaria de saber quem financiou o meu candidato ou aquele em quem estou cogitando votar. Quem é o financiador? Eu posso concluir: bom, esse financiamento parece absolutamente normal. (...)


'Caixa 2 é geral no Brasil, não só na eleição' - Fausto Macedo - 14/2/2010 - O Estado de São Paulo - Entrevista com Walter de Almeida Guilherme, presidente do Tribunal Regional Eleitoral (TRE) de São Paulo

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