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16 fevereiro 2010

perfil do risco

Bancos começam a traçar perfil de risco do investidor
Roberta Scrivano
611 words
15 February 2010
O Estado de São Paulo
ESTADO
Portuguese
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Instituições aplicam questionário desde o início do ano, mas poucas sabem dizer quantos clientes já responderam

Depois de 40 dias da implementação do questionário de Análise de Perfil do Investidor (API, também conhecido pela definição em inglês suitability) no mercado financeiro brasileiro, os bancos engatinham na organização dos dados. Por isso, ainda é difícil elaborar um balanço da medida. Não se sabe, por exemplo, quantos investidores já responderam às perguntas.

Instituída pela Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), a regra começou a valer no primeiro dia útil de 2010. O objetivo é submeter ao questionário todos os clientes que investirem em fundos de ações, multimercados ou de renda fixa com crédito privado.

Acredita-se que, dessa forma, tanto o cliente quanto os bancos ficam mais protegidos. Os primeiros porque, em tese, não escolherão produtos que tenham um nível de risco acima do que estão dispostos a correr. As instituições evitam ser acionadas por investidores que eventualmente tenham perdas.

Com exceção do Itaú Unibanco, que reforçou a assessoria financeira com contratações e contabiliza 96 mil questionários respondidos, e do Banco do Brasil, que soma quase 26 mil questionários preenchidos, as outras principais instituições de varejo (HSBC, Santander e Bradesco) ainda têm dificuldades para dizer quantos clientes já participaram da API.

Rosaline Nunes, vice-coordenadora da Comissão de Distribuição de Produtos de Varejo da Anbima, considera a falta de organização normal. “Ainda é prematuro avaliar esse andamento”, diz. Segundo ela, a Anbima também aguarda os dados dos bancos para elaborar um levantamento geral sobre a aplicação da API no País.

Sem números concretos, Rosaline frisa que, até o momento, não houve nenhuma recusa, por parte dos clientes, em responder ao suitability. “Os clientes têm recebido bem a novidade”, diz. “O processo é um divisor de águas e veio para aperfeiçoar a atuação dos bancos.”

Apesar de ser uma medida recente no Brasil, a API é uma prática corrente em outros países, sobretudo nos da Europa e nos Estados Unidos. “O fato de chegar ao Brasil demonstra que o mercado financeiro nacional está amadurecendo”, avalia Alexandre Chaia, professor do Insper (ex-Ibmec São Paulo).

Cada banco foi responsável pela elaboração da sua API a partir de diretrizes da Anbima. Os tópicos predefinidos pela associação são informações sobre a situação financeira do investidor, sua experiência em investimentos e seus objetivos com as aplicações. Após a definição desses pontos, que classificará o perfil do cliente como conservador, moderado ou agressivo, cabe à instituição adequar a intenção do investidor com as efetivas aplicações.

Aquiles Mosca, superintendente de investimentos do Santander, diz que a instituição está realizando a API com seus investidores desde 28 de dezembro. “Observamos uma grande maioria no perfil conservador”, afirma. Para ele, o resultado reflete a falta de experiência do brasileiro em investir.

No HSBC, segundo Gilberto Poso, superintendente-executivo de Gestão de Patrimônio, já há a percepção de um redirecionamento dos investimentos graças ao resultado das APIs. “O questionário faz o cliente refletir sobre o horizonte do investimento. Até então, só se pensava no rendimento em si.”

Osvaldo do Nascimento, diretor executivo do Itaú Unibanco, diz que há clientes que têm se surpreendido com o resultado do questionário. “Muitos acham que são conservadores, mas, na realidade, são moderados ou até mesmo agressivos.” Nesses casos, diz ele, com as novas regras, cabe ao banco orientar o cliente a remontar sua carteira de investimentos.

Os executivos do Bradesco e BB responsáveis pelo desenvolvimento do suitability não estavam disponíveis para atender a reportagem.

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