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10 fevereiro 2009

Madoff e Brasil

Cerca de 20 brasileiros têm ação contra Madoff, afirma advogado
Gazeta Mercantil - 10/2/2009

O advogado norte-americano David Rosemberg afirma que já recebeu pedidos de consultas de mais de 20 brasileiros que teriam perdido dinheiro no esquema fraudulento do megainvestidor Bernard Madoff. O investidor é acusado de comandar um enorme esquema de pirâmide que deu prejuízos estimados em US$ 50 bilhões. Os aplicadores, particulares ou agentes intermediários, teriam confiado em várias instituições financeiras nas operações com o fundo que prometia entre 1% e 1,5% de rendimento mensal. Entre as empresas citadas por Rosemberg estariam os bancos Santander, Safra e UBS-Pactual, além do fundo norte-americano Fairfield Greenwich. Somente da primeira empresa teriam partido algo em torno de US$ 300 milhões provenientes do Brasil.

Tanto o Safra, quanto o Santander negam que suas subsidiárias brasileiras tenham feito qualquer tipo de aplicação no fundo de Madoff. Porém, já se sabe que esses clientes se utilizaram de filiais das casas bancárias no exterior. O mesmo pode ter ocorrido com a instituição UBS-Pactual. Quanto a Fairfield Greenwich, confirma-se que a firma fazia corretagem com Madoff e é uma das que mais perderam recursos de seus clientes. A empresa, porém, não comenta sobre suas atividades. Fontes da Gazeta Mercantil no escritório do promotor distrital de Manhattan - que encabeça as investigações do caso - pedem anonimato devido a sensibilidade de informações de suas apurações, mas afirmam que a maioria das aplicações brasileiras foram feitas num esquema que chamou de "ônibus". "Por este mecanismo, era possível juntar um grupo de aplicadores numa só conta. Madoff trabalhava com aplicações mínimas de US$ 4 milhões, o que exigia parcerias de quem não dispunha dessa verba individualmente", diz a fonte. "Esta é a razão pela qual muitos investidores procuravam a intermediação de serviços de gestão de fortunas de bancos estabelecidos. Nas listas de aplicadores que surgem agora, mas ainda são incompletas, não aparece caso de aplicador do Brasil com US$ 4 milhões", diz o investigador chefiado pelo procurador distrital Robert Morgenthau.

Sabe-se que somente o Santander perdeu cerca de US$ 3 bilhões no esquema de Madoff. Do Safra foram dilapidados até investimentos dos fundos de instituições de caridade em Israel. "Já são 20 as consultas de brasileiros que procuraram o 'Broad and Cassel' (escritório de advocacia de Miami, onde trabalha Rosemberg). Eles vêm de várias cidades brasileiras e cada um apresenta um caso diferente. A maioria sequer sabia que seu dinheiro estava aplicado com Madoff", diz Rosemberg.

Falta de registro

A recuperação do dinheiro das aplicações será difícil e demorada. "Madoff não mantinha uma contabilidade exemplar. Muitas vezes, seus relatórios de rendimentos eram apenas cartas, sem registro em livros, e destinadas aos clientes", diz a fonte da promotoria de Manhattan. "A Security Investor Protetion Corp (organização garantidora de seguro contra fraudes em investimentos nos Estados Unidos), afiança até US$ 500 mil a cada aplicação fraudada. No caso das contas ônibus - com múltiplos investidores - esta quantia teria de ser dividida entre eles. Conta-se como apenas um aplicador. E o histórico de retiradas e depósitos no fundo de Madoff terá de ser rastreado para se saber quem perdeu e quanto foi perdido. Pelo que se vê, esta tarefa será dificultada pela própria opacidade dos registros do operador", diz a fonte da promotoria. "No caso do Brasil, acho que também se abre a questão de origem desses recursos."

As autoridades brasileiras com certeza devem perguntar se este dinheiro foi declarado, antes de ser aplicado nos EUA. Ou se as transações cumpriram as leis locais. Aplicadores de muitos países estão descobrindo que suas perdas serão muito difíceis de serem explicadas às autoridades de suas nações. Trata-se de investidores que não declararam ao Fisco que tinham aquelas quantias e não acusaram supostos rendimentos das aplicações", lembra a promotoria de Manhattan.(Gazeta Mercantil/Finanças & Mercados - Pág. 1)(Osmar Freitas Jr.)

Um comentário:

  1. Apenas chamando a atenção...

    Se o esquema fraudulento do megainvestidor Bernard Madoff tivesse sido criado no Brasil, travestido de Fundo de Investimento, nenhum de seus cotistas deveria fazer um mínimo de marola, pois, em virtude das quebras de Fundos de Investimentos em 1999/2000, o governo fhc alterou a legislação para que as dívidas dos Fundos de Investimentos fossem HONRADAS, apenas e tão somente, pelos Cotistas, isto é, não caberia nenhuma Responsabilidade por seus Administradores, algo como, se voce escolheu um Administrador RUIM o problema é só seu...

    Abraços,

    Plinio Marcos

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