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12 janeiro 2009

Dívida no futebol Espanhol

O texto a seguir comenta a questão do endividamento no futebol espanhol.

Dívida bilionária ameaça o futebol espanhol

Com a dificuldade em obter crédito em bancos, alguns clubes têm o futuro em risco; Real é o mais endividado

Jamil Chade

Em 2008, a Espanha rompeu jejum de 44 anos e conquistou novamente a Eurocopa. Mas a temporada não será lembrada apenas pela proeza. A crise financeira mundial ameaça clubes e põe em risco a sustentabilidade do futebol local. Levantamento obtido pelo Estado feito por economistas da Universidade de Barcelona aponta que o endividamento dos campeões da Europa chega a 2,8 bilhões ou R$ 9 bilhões.

Dívidas não são problema novo no esporte e passaram a ser crônicas nas últimas temporadas. Mas, com amplas possibilidades de financiamento e patrocínio até passado recente, sempre foram empurradas para o ano seguinte, na expectativa de tempos melhores. Agora, com a pior crise no sistema financeiro em 70 anos, os créditos secaram até para times de futebol.

Conseqüência imediata: alguns deles já foram colocados em administração judicial para evitar o desaparecimento. Só ao fisco os clubes espanhóis já devem mais de 600 milhões. O clube espanhol mais endividado é o Real Madrid, com 527 milhões, bem acima de seu próprio orçamento, de 366 milhões. O presidente do time, Ramon Calderon, está sendo duramente atacado pelos sócios, não apenas pelo rendimento do time, mas pelas contas pouco transparentes. (1)

Ele insiste que as dívidas são de "apenas" 200 milhões. Mas, com lucros anunciados para 2008 de 52 milhões, a dívida começa a ameaçar a capacidade do clube de fazer novos contratos milionários. (2)

Uma situação ainda mais crítica vive o Atlético de Madrid, com dívida menor que a de seu rival - 430 milhões -, mas com prejuízos crescendo a cada ano. Em 2008, terá perdas de 58 milhões, 45% a mais que em 2007. Seu projeto de construir um novo estádio, portanto, pode ser até abandonado. (3)

O Barcelona também vive situação delicada. Deve 388 milhões e é outro que pode ser seriamente afetado. Já o Valencia, com 286 milhões de dívidas, está prestes a declarar que não tem como pagar seus empréstimos. Há fortes rumores de que o clube dos brasileiros Renan (ex-goleiro do Internacional) e Edu vá afastar seu presidente, Vicente Soriano.

Mas o Valencia vive exatamente o problema de milhões de empresas em todo o mundo: não consegue negociar com os bancos novas linhas de créditos para financiar suas dívidas.

MENORES SOFREM MAIS

Se os grandes e tradicionais clubes sofrem, os pequenos já estão com a corda no pescoço. O Sporting Gijon, o Malaga ( 15 milhões) e o Real Sociedad (28 milhões) já estão sob administração judicial. Na Segunda Divisão, o Celta de Vigo, que tem em seu elenco os brasileiros pouco conhecidos Danielo, Dinei, Renan e George Lucas, está no Tribunal de Comércio e só não foi dissolvido graças a uma maquiagem em suas contas. Sua dívida está calculada em 50 milhões. (4)

O Racing Santander está sem patrocinador e a ordem é não gastar mais nada. (5) A lista dos endividados ainda inclui o Mallorca (60 milhões), o Athletic Bilbao (48 milhões), o Levante (81 milhões) e o Alavés (28 milhões). Uma comissão parlamentar vai entregar ao governo uma avaliação da situação e pedir reforma na organização do futebol do país. Em outros centros importantes, como Inglaterra e Itália, a crise também é preocupante. Os clubes ingleses estariam devendo 4 bilhões, enquanto as ações da Juventus, de Turim, sofreram uma expressiva queda de valor - cerca de 50% - na bolsa italiana. (6)


Observações: (1) O texto não esclarece alguns termos contábeis. Provavelmente o que o texto denomina “dívidas” seriam as exigibilidades (passivo circulante e não circulante) (2) existe uma idéia subjacente ao texto de que dívida é ruim. Seria melhor considerar isto diante uma análise comparativa ou através de um índice, como nível de endividamento. (3) Esta é uma parte polêmica e interessante do texto. Quando um clube tem um prejuízo de 36,8 milhões num período e o prejuízo passa a ser de 50 milhões no período seguinte ocorreu um aumento ou uma redução do prejuízo? Na escala matemática, seria uma redução do prejuízo. (4) os números entre os parênteses devem ser as dívidas. (5) aqui acredito que o termo gastar deveria ser “investir”. (6) a observação sobre a queda da ação da Juventus só faz sentido quando se compara com o mercado.

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