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17 outubro 2008

O mercado não é bobo

Em 1986, o onibus especial Challenger explodiu no momento do seu lançamento em Cabo Canaveral. O desastre estava sendo televisionado e, naturalmente, foi repetido a exaustão. No momento que soube da notícia, o mercado acionário reagiu com uma queda nos preços das ações das empresas que tinham algum vínculo com o projeto de construção do ônibus espacial. A redução no preço chegou a 6% para algumas empresas alguns minutos após a tragédia.

Entretanto, as ações as empresas começaram a subir novamente ao final do dia, reduzindo a queda substancialmente. Neste momento, não era possível saber o que tinha provocado o problema no ônibus espacial, que foi conhecido somente meses depois.

A recuperação no preço das ações das empresas envolvidas na construção da Challenger ao final do dia só não ocorreu com as ações de uma empresa chamada Thiokol. Ao final do dia 28 de janeiro, data do incidente, o preço da ação desta empresa era de 12% a menos. No dia seguinte as ações da empresa continuavam num nível reduzido, apesar de não existir nenhuma pista sobre o que tinha ocorrido. Mas o mercado apontava, misteriosamente, para a empresa.

E o mercado estava certo. Com efeito, a comissão encarregada de estudar as causas do acidente, presidida pelo legendário físico Richard Feynman, mostrou que os anéis de vedação da Thiokol não eram resistentes.

O caso da Thiokol foi estudado por dois autores, Maloney e Mulherin, que não conseguiram descobrir a razão da premonição do mercado (Este caso está também relatado no início do livro A Sabedoria das Multidões, de James Surowiecki, p. 27 a 29).

O motivo para lembrar-se deste caso é para dizer algo importante no momento que se discute as mudanças das regras contábeis em razão da crise financeira: o mercado não é bobo. Ao mudar as regras, os órgãos reguladores cederam a pressão de bancos e políticos, mas a mensagem pode ter sido: não confie na contabilidade e nos seus reguladores.

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