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31 agosto 2006

Blogueiros

Comentário do Bluebus.com.br, um local sempre com boas notícias (especializado em propaganda):

Veja você como é dura a vida dos blogueiros que fazem sucesso 15:15 Com medo de perder audiência, anunciantes ou simplesmente porque nao conseguem se afastar, blogueiros nao tiram ferias. Os q saem para alguns dias de descanso deixam substitutos, mas sabem que parte dos leitores vai se afastar. "Diferente de outros trabalhos nos quais os colegas podem suprir a ausência de um funcionário, os blogs sao em geral shows individuais" - analisa noticia no The Wall Street Journal. "A personalidade do blogueiro sustenta o site. Quando ele nao está, os leitores tendem a se afastar" - constata a materia que ouviu alguns dos blogueiros americanos mais conhecidos. Narra uma viagem do blogueiro Jim Romenesko, que escreve sobre midia. O trajeto que demoraria 90 minutos levou 4 horas. Romenesko parou em 4 lojas da Starbucks pelo caminho para nao deixar de atualizar o blog. Leia a integra da materia, em inglês, aqui, somente para assinantes. 31/08 BBI

30 agosto 2006

Falar é fácil e informativo


Os analistas e pesquisadores tem-se dedicado muito tempo aos números: receita, lucro, endividamento etc. Entretanto, as empresas estão utilizando cada vez mais a linguagem, apresentando a comunicação com o usuário através de frases.

Entretanto, pesquisas já mostraram que existem informações nos textos, que representam a linguagem não quantitativa. Um exemplo disto tem sido diferentes trabalhos publicados no Brasil sobre Relatórios de Administração.

O sítio Economist´s View mostra que a linguagem também pode ser muito informativa. Analisando a comunicação do Federal Reserve norte-americano no período de 1999 a 2004 encontrou-se que alinguagem utilizada por Alan Greenspan, então Chairman deste órgão, tem um significativo poder preditivo para variáveis financeiras. O resultado se aplica a todas as formas de comunicação não quantitativa: testumunho, entrevistas etc.

Isto sugere que a comunicação verbal é uma ferramenta efetiva para divulgar informação ao mercado financeiro. Muito interessante.

29 agosto 2006

Tentando enganar o orientador...

Helvética é estrela de um filme.


A nossa conhecida Helvética será estrela de um filme. Apesar dos seus 50 anos, a conhecida tipo de letra Helvética terá um filme que será lançado em 2007.

Sendo um dos mais conhecidos tipos - e também um dos mais controversos. A vilã do filme deverá ser a Arial, uma imitação de baixo nível da Helvética, que é utilizada em muitas situações.

Na Wikipedia tem uma citação interessante: Se não souber o que usar, use Helvetica.

Vide notícia em http://typographi.com/001071.php

Lei de Benford nas WWW

A Lei de Benford tem sido utilizada extensamente na área de auditoria (por aqueles que conhecem um pouco de métodos quantitativos) para descobrir fraudes. Esta lei diz que o número 1 é aquele com mais chance de aparecer como o primeiro número de um conjunto de dados (cerca de 30% dos casos); o segundo número com maiores chances seria o 2 (17% dos casos). O último número, aquele com menores chances, seria o 9.

Três pesquisadores, sendo um a Universidade de Aveiro (Portugal) testaram a lei de Benford para os números da World Wide Web. A lei funciona com algumas anomalias. É o caso da frequencia do número 2004, que faz com que a lei não funcione em relação ao milhar.

Outros números também são anomalias. O 666, o famoso número da besta do apocalipse, aparece 1,25 vezes mais do que seria esperado.

O texto dos autores denomina-se Frequency of occurrence of numbers in the World Wide Web.

Importância da Vírgula



O PODER DA VÍRGULA

Veja o que uma simples vírgula pode fazer: coloque a vírgula onde necessário, na frase abaixo.

"Se o homem soubesse o valor que tem a mulher andaria de quatro à sua procura."

As mulheres geralmente colocam a vírgula após o substantivo "mulher":

"Se o homem soubesse o valor que tem a mulher, andaria de quatro à sua procura."

Os homens colocam sempre a vírgula após a forma verbal "tem":

"Se o homem soubesse o valor que tem, a mulher andaria de quatro à sua procura."

Enviado por Caio Tibúrcio

Juros nas operações entre empresas e sócios


Reportagem do Valor Econômico enviada por Caio Tibúrcio

Juros nas operações entre empresas e sócios
Por João Luiz Coelho da Rocha
21/08/2006
Desde 1º de janeiro de 1996, lucros ou dividendos calculados sobre os resultados a partir de então apurados pelas pessoas jurídicas que sejam pagos ou creditados a sócios e acionistas não se sujeitam à incidência do imposto de renda nem na fonte e nem na declaração de renda do beneficiário. O que o artigo 10 da Lei nº 9.249, de 1995, fez, com a provisão acima, foi criar ali uma isenção objetiva ou material. Sobre tais ganhos, a lei decidiu não realizar a incidência fiscal. Foi uma opção saudável do legislador em suprimir, ao menos aí, uma das etapas do famoso efeito cascata (imposto sobre imposto), tão danoso e injusto em matéria de tributação.

Afinal, para que a pessoa jurídica geradora dos lucros chegue ao respectivo valor econômico-financeiro, ela teve que se onerar antes com algo para mais de um terço dos resultados líquidos apurados em tributação direta - Imposto de Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ) mais Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) - além das graves incidências sobre as receitas brutas representadas pelo duo PIS/Cofins.

Fica assim inconcebível, em termos de razoabilidade, que depois de tal torrente de frações tributárias os lucros restantes ainda sejam levados à tributação interna no sócio e acionista pessoa jurídica ou na pessoa física. No entanto, permanece, apesar disso, o fenômeno normativo tributário chamado de "distribuição disfarçada de lucros".

Há hipóteses - que são taxativas - da lei fiscal onde se descrevem eventos que assim se tipificam de um modo geral, cuidando de operações pelas quais se presume que certa pessoa jurídica usou de meios formais para repassar ganhos a seus sócios e acionistas. Além de algumas ações específicas, a lei tem uma regra mais básica onde se configura essa distribuição disfarçada sempre "que a pessoa jurídica realiza com a pessoa ligada qualquer outro negócio em condições de favorecimento", assim entendidas condições mais vantajosas para a pessoa ligada das que as que prevalecem no mercado ou em que a pessoa jurídica contrataria com terceiros.

Como não existe mais o imposto sobre lucros distribuídos, a única conseqüência sancionada pela lei fiscal é a de consideração como não-dedutível, na apuração do lucro tributável da sociedade geradora, a diferença entre o valor atribuído ao negócio jurídico e aquele acertado como o usual de mercado. Tudo com acréscimo de multa e juros.

Já houve época em que empréstimos entre companhias não financeiras só poderiam ser considerados como normais de mercado se limitados a juros de 12% ao ano. São correntemente admitidos como despesas operacionais os juros imputados aos empréstimos de sócios acionistas e/ou administradores da sociedade, desde que tudo esteja ajustado por escrito com cláusula expressa.

Em operações efetivas com sócios, as empresas podem estipular juros Selic e imputar os valores como despesas. Há, neste sentido, o Parecer Normativo nº 138, de 1975, da Receita Federal. De um modo geral, seja caso de juros ou de outros pagamentos, aplica-se a regra do artigo 302 do regulamento do imposto de renda, segundo a qual, sendo seus credores destinatários acionistas, sócios, dirigentes ou seus parentes, há que se evidenciar "a origem e a efetividade de operação ou transação". Um contrato escrito e a real demonstração da efetiva transação financeira com o creditamento dos juros e estaria aí resolvida a questão perante o fisco. Ora, o artigo 464 do regulamento do imposto de renda especifica casos em que operações da pessoa jurídica são presumidas ("iuris tantum", ou seja, presunção relativa) como distribuição disfarçada de lucros.

O caso mais compreensivo é o do inciso VI, onde se tipifica a operação com pessoa ligada a qualquer negócio "em condições de favorecimento", assim entendidas condições mais vantajosas para a pessoa ligada do que as que prevaleçam no mercado ou em que a pessoa jurídica contrataria com terceiros.

Hiromi Higuchi, no seu livro "Imposto de Renda das Empresas - Interpretação e Prática", publicado pela Editora Atlas, considera a respeito: "As taxas ajustadas não poderão ser superiores às comumente utilizadas no mercado financeiro nem às relativas aos empréstimos menos onerosos obtidos pela pessoa jurídica. Como a Lei de Usura está em vigor, exceto para as instituições financeiras, seria prudente limitar os juros em 1% ao mês e incluir a cláusula de atualização monetária por índice oficial como o IGPM da FGV."

O quadro normativo mudou desde então. Já o Código Civil admite, para todos, nos mútuos de fins econômicos, juros iguais à taxa Selic, capitalizáveis a cada ano, sem incidência de correção monetária. Mais ainda, na legislação sobre cédulas de crédito bancário, permite-se juros de mercado, capitalizáveis a uma periodicidade inferior à anual. Sendo seu credor originário um banco ou instituição financeira, o endossatário, ou seja, quem adquirir a cédula do credor original, fica subrogado no direito aquela incidência de juros.

Então, em operações efetivas com seus sócios, acionistas e gestores, as sociedades podem, em contratos formais, estipular juros Selic, capitalizáveis a cada ano, e imputar tais valores como despesas no cálculo de seu lucro real. Se por triangulação algum daqueles credores adquirir de um banco o crédito via endosso de cédula de crédito bancário, tais juros de mercado com capitalização em bases de freqüência até mensal podem ser considerados para fins tributários (leia-se dedutíveis do lucro real), na forma do permitido no artigo 464 parágrafo 3º do regulamento do imposto de renda.

João Luiz Coelho da Rocha é advogado, sócio do escritório Bastos-Tigre, Coelho da Rocha e Lopes Advogados e professor de direito da Pontifícia Universidade Católica (PUC) do Rio de Janeiro

Tratar bem os funcionários


Uma empresa que trata bem seus funcionários possui melhor desempenho? Esta questão tem gerado controvérsia e recebeu, recentemente, uma importante contribuição de dois pesquisadores da Northeastern University. Faleye e Trahan fizeram uma pesquisa com empresas que são consideradas boas para seus empregados.

Utilizando uma pesquisa de revista norte-americana Fortune, que escolhe “as cem melhores empresas para se trabalhar nos Estados Unidos”, estes dois pesquisadores tentaram verificar se existe uma relação entre tratar bem os funcionários e bom desempenho. Utilizando o período de 1998 a 2004, os autores selecionaram 134 empresas que possuíam ações negociadas na bolsa de valores. Para verificar se o desempenho destas empresas era melhor, igual ou pior as outras empresas, os autores compararam o desempenho destas empresas com outras do mesmo setor.

O resultado encontrado é que empresas que tratam melhor seu funcionário também possuem melhor desempenho. A razão disto talvez esteja na relação de causa e efeito: “trato melhor meu funcionário, que irá produzir mais e todos ganhamos com isto”.

Os autores encontraram que quando a revista Fortune anuncia o prêmio, o mercado reage de forma positiva, e o preço das ações das empresas escolhidas aumenta. Utilizando outras medidas, também foi encontrado que as empresas que ajudam o empregado também se saem melhor no Q de Tobin, no retorno e no valor das ações.

Duas outras conclusões importantes do trabalho. Em primeiro lugar, empresas com elevados montantes de aplicação em pesquisa e desenvolvimento tem maior chance de aparecer entre as empresas que melhor trata seu funcionário, o que é razoável supor já que o principal ativo destas empresas são os recursos humanos. A segunda conclusão não é tão obvia assim: as empresas escolhidas não pagam melhor a seus executivos. Uma possibilidade prevista na teoria era de que empresas que tratam bem os funcionários também são generosas com seus gestores. Ou seja, utilizam a política do “uma mão lava a outra”. Os autores encontraram exatamente o oposto. Nas empresas escolhidas pela revista Fortune o salário do executivo é em média menor que os das outras empresas.

Para ler o artigo em PDF clique aqui - em PDF

28 agosto 2006

Passivo Trabalhista da Varig


Mais uma reportagem do Jornal do Commercio de hoje sobre o passivo trabalhista da Varig. Um exemplo interessante sobre o conceito de passivo, sua mensuração e seu reconhecimento.

Clique aqui para ler

Fusão

Uma reportagem do Jornal do Commercio fala algumas coisas interessantes sobre a fusão. Tenho algumas ressalvas (afirmar que as ações brasileiras estão baratas é querer que acreditemos em papai noel, esquecer de dizer que numa fusão o grande perdedor é o acionista da empresa que está adquirindo e deixar de falar do orgulho da administração como um indutor do processo de fusão) mas vale a pena uma lida.

Clique aqui para ler

27 agosto 2006

As voltas que o mundo dá

A empresa indiana ICICI One Source está lançando seu segundo call center na Irlanda do Norte, representando uma contratação de mil pessoas. Metade dos consumidores da OneSource – que são bancos, empresas de cartão de crédito e companhias de saúde – estão baseadas na Inglaterra. Muito interessante: empresas financeiras e de saúde inglesas contratam uma empresas indiana que por sua vez contrata irlandeses para responder aos ingleses.

Fonte: Financial Times e sítio Daniel Gross

www.danielgross.net/archives/2006/08/20-week/index.html

Trabalhos do Ibracon

O link a seguir mostra a relação de trabalhos técnicos que estão sendo realizados pelo Ibracon neste momento. É muito interessante a grande quantidade de normas que estão sendo discutidas e que provavelmente estarão no futuro sendo aprovadas pela CVM, afetando as empresas de capital aberto no Brasil.

http://www.ibracon.com.br/noticias/destaque.asp?identificador=1701

Balão


Três homens estavam perdidos num Canyon com o seu balão. Um deles disse:
- Eu tenho uma idéia. Nós podemos gritar por ajuda neste Canyon e o eco irá longe o suficiente para que alguém nos ajude.
Todos concordaram que seria uma boa idéia. Ele subiu na cesta do balão e gritou:
- Alô. Onde nós estamos?
E o eco repetiu o que ele disse várias vezes. Quinze minutos mais tarde, eles escutam uma voz com eco:
- Alô. Você estão perdidos.
Um dos homens comenta:
- Ele deve ser um funcionário da Microsoft.
- Por que você diz isto?
- Por três razões: ele levou um grande tempo para dar a resposta, ele está absolutamente correto e sua resposta não tem nenhuma utilidade.

BMF abrindo o capital

Noticia da Gazeta Mercantil de 24/agosto/2006 informa que a BMF está preparando a abertura de capital, seguindo o mesmo caminho da Bovespa. No futuro quando se falar “a BMF caiu” devemos esclarecer qual BMF: os negócios da BMF ou a ação da BMF.

BM&F dá passo inicial para futuro IPO
São Paulo, 24 de Agosto de 2006 - A Bolsa de Mercadorias e Futuros (BM&F) contratou o banco de investimento Rodhschild para realizar estudos visando sua desmutualização, o primeiro passo para a abertura de capital. A decisão da BM&F, uma das principais bolsas do mundo em ativos futuros, segue os mesmos passos trilhados recentemente pela Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa).
Em maio, a Bovespa anunciou que realizaria estudos para uma possível oferta pública inicial de ações (IPO, na sigla em inglês). Recentemente, a Bovespa contratou o banco de investimento Goldman Sachs para coordenar sua desmutualização, processo pelo qual pessoas jurídicas constituídas como associações são transformadas em sociedades anônimas, o que pode levar à abertura de capital.
Entidades sem fins lucrativos, a Bovespa e a BM&F pertencem às corretoras que nela operam por meio da aquisição de títulos patrimoniais. O processo de desmutualização precisa ser aprovado pelos conselhos de administração das corretoras e por órgãos reguladores. Em uma bolsa desmutualizada, as corretoras não precisam ser sócias. A BM&F tem, entre corretoras, operadores especiais e membros de compensação (MC), 214 participantes. Segundo dados de julho, o título para que uma corretora atue na BM&F sai por R$ 4,2 milhões. Já na Bovespa, existem 758 títulos distribuídos entre os sócios da bolsa. No mais recente leilão, um título foi negociado a R$ 2,4 milhões.

Folha do INSS


Depois da discussão sobre o valor de ter o servidor público paulista (Nossa Caixa versus Santander) começa a discussão sobre a Folha do INSS. É o valor do cliente novamente em ação. Veja a notícia publica no Valor Econômico de 24 de agosto de 2006

Clique aqui

Estatal da Bolívia já tem Escândalo


Notícia do Valor Econômico informa sobre os problemas de uma estatal na área do Petróleo. Clique aqui para ler

Aproveite para ler sobre empresas de petróleo clicando aqui

Compensação de executivos no mundo


Uma pesquisa revela que empresa que são de países onde os direitos dos acionistas são fortemente protegidos ou tem influencia da legislação inglesa (Common-law) usam mais remuneração baseada em ações. Ver noticia em http://financeprofessorblog.blogspot.com/ de 16 de agosto de 2006-08-27

26 agosto 2006

Spreads Soberanos

Um trabalho do Ipea analisa o que influencia os spreads de 24 países emergentes no período de 1998 a 2005. Utilizando dados em painel, um técnica estatística mistura a evolução no tempo com as variáveis que são relevantes, o trabalho procura determinar quais os países que são mais vulneráveis a um choque externo.

Os autores pretendem explicar quais os fundamentos macroeconômicos e indicadores de governança de cada país são relevantes. Os autores puderam calcular qual o efeito de um aumento de 1% na taxa de juros norte-americana de curto prazo sobre o nível de risco soberano. Neste ponto, o Brasil ficou em 7o. lugar na ordem de risco, atrás Ucrânia, Nigéria, Rússia, Equador, Bulgária e Turquia. Os autores também tentam responder a seguinte questão: qual o emergente mais vulnerável a um choque de risco? A resposta: Nigéria, seguindo do Brasil.

Uma outra questão da pesquisa é verificar se o que os autores denominam de "governança" poderia explicar as taxas de cada país. Para medir a governança, utilizou-se a qualidade da regulação. E a resposta foi positiva.

Apesar de interessante, acho que a pesquisa possui alguns problemas sérios. Um primeiro problema foi a eliminação de certos dados de taxas elevadas de países que passaram por severas crises de moratória. Os autores não discutem, de forma apropriada, qual o efeito desta eliminação no resultado final.

O segundo aspecto que não fica muito claro é que em certas informações os autores utilizaram informações que possuem periodicidade diária e outros dados com periodicidade diferente. Não é dito no texto como esta diferença de periodicidade foi tratada.

Finalmente, mas também relevante, a apresentação metodólogia é fraca e insuficiente para uma reprodução da pesquisa. Isto torna questionável a utilização destas conclusões para fins acadêmicos.

Título: Spreads Soberanos: Liquidez, Endividamento ou Governança? de Katia Rocha, Roberto Siqueira, Felipe Pinheiro e Leonardo Carvalho. Rio de Janeiro, agosto de 2006, disponível no sítio do Ipea. (Texto para Discussão 1205)

24 agosto 2006

Filosofia

POR MELHOR QUE VOCê SEJA.........

Um açougueiro estava em sua loja e ficou surpreso quando um cachorro entrou. Ele espantou o cachorro, mas logo o cãozinho voltou.Novamente ele tentou espantá-lo, foi quando viu que o animal trazia um bilhete na boca. Ele pegou o bilhete e leu:

- Pode me mandar 12 salsichas e uma perna de carneiro, por favor.

Ele olhou e viu que dentro da boca do cachorro havia uma nota de R$ 50,00. Então ele pegou o dinheiro, separou as salsichas e a perna de carneiro, colocou numa embalagem plástica, junto com o troco, e pôs na boca do cachorro. O açougueiro ficou impressionado e como já era mesmo hora de fechar o açougue, ele decidiu seguir o animal. O cachorro desceu a rua, quando chegou ao cruzamento deixou a bolsa no chão, pulou e apertou o botão para fechar o sinal. Esperou pacientemente com o saco na boca até que o sinal fechasse e ele pudesse atravessar a rua. O açougueiro e o cão foram caminhando pela rua, até que o cão parou em uma casa e pôs as compras na calçada. Então, voltou um pouco, correu e se atirou contra a porta. Tornou a fazer isso. Ninguém respondeu na casa. Então, o cachorro circundou a casa, pulou um muro baixo, foi até a janela e começou a bater com a cabeça no vidro várias vezes. Depois disso, caminhou de volta para a porta, e foi quando alguém abriu a porta e começou a bater no cachorro. O açougueiro correu até esta pessoa e o impediu, dizendo:

- Por Deus do céu, o que você está fazendo? O seu cão é um gênio!

A pessoa respondeu:

- Um gênio? Esta já é a segunda vez esta semana que este estúpido ESQUECE a chave!!!

Moral da História:
Você pode continuar excedendo às expectativas, mas para os olhos de alguns idiotas, você
estará sempre abaixo do esperado.

Valor do Cliente e outras notícias

A imprensa noticiou a briga entre o Santander Banespa e a Nossa Caixa pelos clientes, mais especificamente, o servidor público do estado de São Paulo.

Quando o Banespa foi privatizado, junto com os outros ativos, o Santander levou o direito de ter a conta salário dos funcionários do estado de São Paulo por alguns anos. Este direito está terminando agora e o governo paulista pretende repassá-lo para a Nossa Caixa. E o Santander não quer perder este privilégio.

As razões são simples: um funcionário que recebe seu salário por uma instituição financeira gera receita.

Clique aqui para ler estas notícias.

Também foi notícia a questão do risco e do seguro pelo risco político. Isto afeta diretamente a taxa de desconto das empresas brasileiras. Clique aqui para ler a reportagem

Carbono neutro e chutes

Uma reportagem do Valor Econômico fala sobre o Carbono Neutro. Num dos trechos a reportagem afirma que "o custo da emissão de carbono pode corroer até 45% do lucro das companhias. É impossível imaginar que isso não se reflita no preço das ações."

Parece um grande chute. Mas clique aqui se quiser ler a reportagem.

Quer ler mais, clique aqui.

Normas brasileiras de Contabilidade e o CPC

A imprensa anunciou o lançamento do Comitê de Pronunciamentos Contábeis, que terá como um dos objetivos buscar a convergência das normas contábeis brasileiras com os padrões internacionais. Clique aqui para ler as notícias.
Uma pergunta que não quer calar: não seria mais fácil adotar simplesmente as normas do IASB?

Enquanto isto, discutimos a questão das provisões. Clique aqui para ler.

Os resultados de duas estatais brasileiras


Notícia da imprensa afirma que a análise de resultado do Banco do Brasil publicada na internet traz números menos favoráveis do que os divulgados na entrevista coletiva concedida para apresentar o resultado do banco no primeiro semestre. A diferença foi notada por investidores que compararam os dois conjuntos de dados. Clique aqui para ler a notícia completa.

Enquanto isto a Petrobrás reconhece que o preço da gasolina está defasado. Para a PEtrobrás, a empresa não repassa preços em momentos de pico, sendo a atual alta sazonal e temporária. Clique aqui para ler e refletir.

Esquenta a discussão sobre juros no Brasil


Isto afeta o desempenho das empresas brasileiras: esquenta a briga sobre os juros no Brasil.

O economista da Febraban, a entidade que defende os banqueiros, criticou as medidas que o governo anunciou para reduzir o spread bancário, afirmando que não levarão a uma redução significativa das taxas cobradas ao consumidor. Logo depois, a própria Febraban desautorizou o seu técnico. Clique aqui para ler a notícia.

Dias depois, Gustavo Loyala, ex-presidente do Banco Central, escreveu um artigo para confirmar que o spread é elevado, mas elogia o BACEN por uma série de iniciativas, entre elas o estudo sobre as causas do spread. Loyala cita um estudo recente do BACEN que concluiu que os juros no Brasil não são tão elevados. Para os autores deste estudo, o problema está na métrica. Clique aqui para ler o artigo de Loyala.

No mesmo dia Marcos Cintra escreve um artigo em que lembra da questão da falta de concorrência entre os bancos, leia-se cartel, para explicar os juros elevados. Clique aqui para ler o artigo.

23 agosto 2006

AOL e a Invasão de Privacidade


Parece que a AOL está envolvida num escândalo de divulgação de informações dos clientes. Notícia publicada na imprensa informa que a empresa liberou para "pesquisa" milhares de consultas de busca dos seus clientes. Através destas consultas seria possível mapear os relacionamentos, os gostos, as indiscrições e as necessidades dos clientes.

Vide a seguir trecho da reportagem publicada no Estado de hoje. Grato a Beatriz por alertar para o insólito da notícia:

Invasão de privacidade na AOL

Três pessoas deixaram a empresa após vazamento de informações de 650 mil clientes

Tom Zeller Jr.

A AOL anunciou na segunda-feira a saída de sua diretora de tecnologia, Maureen Govern, duas semanas depois de a empresa ter sido alvo de intensas críticas por ter liberado na internet centenas de milhares de consultas de busca de seus clientes. Um pesquisador que põe as consultas online e um supervisor do projeto também deixaram a empresa.

A AOL, uma unidade da Time Warner, disse que planeja intensificar a proteção à privacidade dos dados, reconsiderar o período de tempo que retém os milhões de consultas de busca que os clientes fazem todos os dias e reeducar seus funcionários sobre a sensibilidade dos dados pessoais.

"Esse incidente aconteceu porque alguns funcionários não fizeram uso do bom discernimento nem consultaram nossa equipe encarregada da privacidade", disse o presidente da empresa, Jonathan F. Miller, numa mensagem enviada aos empregados na segunda-feira. "Estamos tomando medidas adequadas em relação aos funcionários responsáveis."

Maureen Govern havia sido contratada há menos de um ano para suceder a John McKinley. McKinley, que vinha comandando a divisão de serviços digitais, voltará ao antigo posto, segundo o memorando de Miller.

Kevin Bankston, advogado da Electronic Frontier Foundation, entidade de defesa dos direitos digitais que protocolou queixa na Comissão Federal do Comércio por causa da divulgação dos dados, disse que a reorganização na AOL não ataca a questão subjacente. "A troca de funcionários não vai chegar à raiz do problema", disse. "É um problema que atinge a toda a indústria de pesquisa, não apenas a AOL."

No fim do mês passado, quase 20 milhões de consultas representando os hábitos pessoais de busca na internet de mais de 650 mil clientes da AOL reunidos durante um período de três meses foram postados por um pesquisador da empresa, Abdur Chowdhury, num site acessível ao público.

Não foram acrescentados os nomes dos usuários nos dados da consulta, que se destinavam a ser usados por pesquisadores no universo acadêmico. Mas o conteúdos dos dados - que forneceram uma visão íntima e, às vezes, perturbadora do que os americanos buscam na web - se espalharam pelo circuito dos blogs e imediatamente começaram a levantar questões sobre a privacidade a que os consumidores têm direito quando usam os mecanismos de busca.

A AOL retirou os dados e desculpou-se pelo erro, dizendo que a divulgação não fora aprovada pela diretoria. Poucos dias depois, os dados foram descarregados, postados novamente e tornados passíveis de consulta em vários sites.

Balanço Social


Uma reportagem do Estadão de 23/agosto informa que nas grandes empresas a publicação de balanço social tem motivações econômicas.

Como é normal, não informa onde foi realizada a pesquisa, quando foi realizada, onde podemos obter uma cópia (fica parecendo coisa de consultoria, que deseja aparecer para a imprensa ou defender seus interesses).

Mas a reportagem informa que os analistas "esperam ver números claros sobre como o desempenho socioambiental impacto o valor da empresa". Acho esta afirmação contraditória pois a informação do impacto deve ser inferida pelos próprios analistas. A seguir a reportagem completa.

Balanço social, para render bem
Informações socioambientais são usadas como diferencial para atrair investidores
Andrea Vialli

Um estudo internacional realizado pela consultoria KPMG com 1,6 mil grandes empresas mostrou que 74% delas publicam relatórios de sustentabilidade (ou balanços sociais, como são mais conhecidos no Brasil) com objetivos econômicos - ou seja, tentam garantir com as informações socioambientais um diferencial para suas ações no mercado.

No Brasil, desde a década de 1990 as empresas vêm incorporando a tendência de publicar relatórios sociais, que já são usados pela comunidade financeira para avaliar a empresa a longo prazo. No entanto, ainda falta informação em conformidade com a realidade dos analistas de mercado, que esperam ver números claros sobre como o desempenho socioambiental impacta o valor da empresa.

“Falta transformar a responsabilidade social em números e mostrar seus impactos na produtividade, nos custos e nos riscos da operação da empresa”, diz Roberto Gonzalez, assessor de sustentabilidade da Apimec, associação que reúne os profissionais do mercado de capitais.

Segundo González, um dos pontos críticos é o fato de que esses relatórios só fornecem as informações socioambientais uma vez por ano, geralmente junto com o balanço financeiro anual. “O ideal seria se as informações fossem prestadas trimestralmente, como fazem as empresas de capital aberto em relação aos dados financeiros.”

Para isso, a Apimec negocia com a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) para que as empresas passem a prestar contas, voluntariamente, de seu desempenho também no campo socioambiental, junto com o balanço financeiro do trimestre.

“Com essa medida, teríamos um mercado de capitais mais interessado nesse tipo de informação”, diz. “Ainda há muito ceticismo quanto aos balanços sociais. Muitos analistas pensam que se trata de mais uma ação de marketing da empresa.”

FUNDOS

Um dos termômetros para o interesse no desempenho socioambiental das empresas é a criação dos fundos de investimento socialmente responsável (SRI, na sigla em inglês), que reúnem ações de empresas focadas em responsabilidade social. Desde 2002, cinco grandes bancos criaram carteiras com esse perfil que, juntas, acumulam um patrimônio líquido estimado em R$ 600 milhões.

“A médio e longo prazo, a tendência de análise de relatórios sociais deve se firmar no Brasil, pois os documentos já vêm ganhando maior credibilidade”, afirma o diretor da KPMG do Brasil, Alexandre Heinermann. Assim como os balanços financeiros, os relatórios sociais já têm de passar por auditorias para comprovar a veracidade das informações prestadas.

Para Luiz Maia, vice-presidente da Associação Nacional dos Bancos de Investimentos (Anbid), a publicação de relatórios sociais mostra que a empresa busca ser transparente. “Informações financeiras, todas as empresas de capital aberto prestam. Mas a informação socioambiental já é percebida pelo investidor como um diferencial para a empresa”, diz. “A maneira que ela lida com o meio ambiente, por exemplo, traz para os investidores uma noção do risco a longo prazo.”

NÚMEROS

1,6 milempresas foram pesquisadas pela consultoria suíça KPMG
80%das empresas publicaram relatórios sociais em 2005
50%das empresas haviam publicado relatório social em 2002, ano do estudo anterior
74%das companhias publicam relatórios por razões econômicas

Enquanto isto, numa universidade...



Yahoo Finanças no Brasil


O sítio do Yahoo Finanças é uma importante e fantástica ferramenta de análise. Sua tradução para os brasileiros também pode ser interessante. Desde que você consiga traduzir os termos utilizados. Senão, vejamos.

Clique na Vale para saber notícias. A tela que aparece é igual ao Yahoo Finance. Em baixo, no lado esquerdo, achei interessante um link denominado "declaração de rendimentos". Imaginei que você algo relacionado com a remuneração dos administradores e por curiosidade resolvi entrar. Apareceu na tela uma coluna de itens e três outras colunas referentes ao exercício de 2005/2004 e 2003. Na primeira linha: Rendimento total. Depois: custo de receitas. A seguir, gastos operativos, ganhos e perdas operativos e finaliza com lucro líquido aplicado a ações comuns!

Ou seja, estava na Demonstração do Resultado da Vale e relacionava a receita (que o Yahoo chamou de Rendimento), as despesas (gastos operativos) e o lucro.

Explorando um pouco mais fui para "Folha de Balanço". Era o Balanço Patrimonial. Desisti.

22 agosto 2006

Fazendo Limonada com limão


A empresa aérea JetBlue adotou uma nova política de marketing. Nas passagens entre Nova Iorque e Houston, uma cidade conhecida por ter sido um polo de produção de petróleo, o custo será de um barril de óleo. A promoção é denominada de "Blue Barrel Fares". Isto é o que se chama de fazer limonada com limão.

AOL


Cartoon sobre o anúncio de demissão na AOL dos EUA

21 agosto 2006

O Balde


O BALDE

Um velho fazendeiro tinha um bonito lago na sua enorme fazenda.Depois de muito tempo sem ir ao local, decidiu dar uma olhada geral para verse estava tudo em ordem.Pegou um balde para aproveitar o passeio e trazer umas frutas existentes no caminho.

Ao aproximar-se do lago, escutou vozes femininas, animadas, divertindo-se.Chegando mais perto, avistou um bando de jovens mulheres banhando-se,completamente nuas.Ele apareceu e, com isso, todas fugiram para a parte mais funda do lago,mantendo somente a cabeça fora d'água.Uma das mulheres gritou:

- Não sairemos enquanto o senhor não for para bem longe !!!

O velho respondeu:

- Eu não vim até aqui para ver vocês nadando ou saindo nuas do lago !!!

Levantando o balde, ele disse:

- Eu só vim dar comida ao jacaré...

"Idade, experiência e esperteza, sempre triunfarão sobre a juventude e o entusiasmo."

Enviado pelo prof. José Matias Pereira

Sócios do Petróleo

A seguir um interessante artigo sobre os sócios do petróleo

Ribamar de Oliveira, hoje no Estadão, (B1)

Sócios do petróleo
Não são apenas os acionistas privados da Petrobrás que estão se beneficiando dos preços recordes do petróleo. O setor público também está e muito. No primeiro semestre deste ano, a Petrobras pagou para a União, para os Estados e os municípios nada menos do que R$ 36,1 bilhões, sob a forma de impostos, contribuições, royalties e dividendos.A quantia deste ano foi pelo menos R$ 8 bilhões superior àquela paga pela empresa estatal em igual período do ano passado. Os recursos adicionais estão sendo usados pelo setor público para a expansão de seus gastos, principalmente das despesas correntes.O valor exato do aumento dos pagamentos ocorrido este ano não está disponível, pois a Secretaria do Tesouro Nacional (STN) não informa, nos vários boletins que divulga, a quantia recebida da Petrobras a título de dividendos no primeiro semestre de 2005. A inexistência desse dado dificulta a comparação. No primeiro semestre deste ano, a Petrobrás pagou R$ 2,3 bilhões em dividendos ao Tesouro Nacional, segundo a STN.O lucro líquido da Petrobras nos primeiros seis meses de 2006 foi de R$ 13,6 bilhões, 37% superior ao obtido em igual período do ano passado. Os impressionantes resultados da estatal decorreram, principalmente, de uma forte elevação dos preços do petróleo no mercado internacional.O preço de transferência e exportação do petróleo bruto produzido no Brasil (predominantemente pesado) aumentou 38% entre o primeiro semestre de 2005 e o primeiro de 2006. No mesmo período, a média, em dólares americanos, dos preços do petróleo leve tipo Brent, aumentou 33%. Mas houve também um crescimento de 7% da produção de petróleo e LGN (líquido de gás natural) no País.Maiores preços do petróleo, maiores lucros da Petrobras e maiores pagamentos para o setor público. A parcela do leão dos recursos transferidos fica com o Tesouro Nacional. Do total dos R$ 36,1 bilhões pagos pela Petrobras, o governo federal ficou com algo em torno de R$ 22 bilhões. Como a Agência Nacional do Petróleo (ANP) ainda não divulgou os dados sobre a repartição dos royalties entre a União, os Estados e municípios pagos pela estatal no primeiro semestre deste ano, é possível fazer apenas uma estimativa do que cada um obteve.Além disso, o balanço da Petrobras sobre o primeiro semestre informa que a empresa pagou R$ 1,07 bilhão de "outros impostos", sem especificar se foram tributos federais, estaduais ou municipais, o que também dificulta o cálculo.Os dados da Petrobras sobre pagamentos de tributos são impressionantes, como mostra a tabela ao lado. A estatal do petróleo e do gás foi responsável por mais de 10% do total do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) recolhido aos cofres dos Estados e dos municípios, nos primeiros seis meses deste ano. A empresa pagou R$ 8,5 bilhões de ICMS, com aumento de 17% em relação ao mesmo período de 2005.Ela sozinha respondeu por 15% de toda a arrecadação do Imposto de Renda das pessoas jurídicas e da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), nos primeiros seis meses deste ano. Os pagamentos de IRPJ e CSLL feitos pela estatal aumentaram 86% em relação aos primeiros seis meses de 2005. Em relação à Cofins e ao PIS/Pasep, a Petrobras foi responsável por cerca de 10% de toda a receita da União com esses dois tributos.O ganho do setor público com royalties pela exploração do petróleo e do gás aumenta no mesmo ritmo de crescimento acelerado dos preços internacionais desses produtos. No primeiro semestre deste ano, a Petrobras transferiu R$ 7,9 bilhões a título de royalties aos cofres de 10 Estados, de cerca de 800 municípios e da União - um valor 29% superior à quantia do primeiro semestre de 2005. Entre os Estados, o Rio de Janeiro é o que mais ganha. No ano passado, ele recebeu mais de 66% dos royalties pagos pela Petrobras a todos os Estados.Ao contrário do que ocorreu em passado não muito distante, a União está lucrando muito, atualmente, com as suas empresas. O governo federal espera obter este ano cerca de R$ 10,7 bilhões com dividendos pagos por suas estatais - um aumento de cerca de R$ 6 bilhões em relação a 2005.Para se ter uma idéia, a receita extra da União com dividendos este ano daria para pagar duas vezes todos os investimentos previstos no Projeto Piloto de Investimentos (PPI). A lei orçamentária de 2006 prevê gastos de apenas R$ 3 bilhões para o PPI este ano.Mas não é apenas a Petrobras que tem contribuído para os cofres públicos. No primeiro semestre deste ano, o Banco do Brasil pagou R$ 1,2 bilhão em dividendos para a União, a Caixa Econômica Federal pagou R$ 1,1 bilhão e o BNDES, R$ 1,2 bilhão. A Petrobras, no entanto, ainda é, de longe, a principal fonte de receitas para o Tesouro Nacional.O desempenho das estatais este ano está permitindo ao governo federal até mesmo reduzir a sua participação no superávit primário do setor público, de 2,50% do Produto Interno Bruto (PIB) para 2,45% do PIB. A meta das estatais foi elevada de 0,7% do PIB para 0,85% do PIB, o que equivale a R$ 17,8 bilhões. O superávit da Petrobras será de R$ 11,8 bilhões.O governo federal está usando as receitas obtidas com dividendos e royalties para aumentar os seus gastos correntes. No primeiro semestre deste ano, as despesas da União cresceram 14% em relação ao mesmo período de 2005. O risco desse comportamento é que as despesas criadas tendem a permanecer ao longo dos anos, enquanto os resultados das estatais oscilam de acordo com os humores dos mercados.
email: ribamaroliveira@estadao.com.br

Decisão da CVM deve forçar a Telemar

Notícia do The Wall Street Journal Americanas, publicada no Estadão de hoje em B10

Decisão da CVM deve forçar Telemar a mudar plano de reestruturaçãoAugust 21, 2006 4:05 a.m.
Por Geraldo SamorThe Wall Street Journal
SÃO PAULO — A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) baixou uma norma que aumenta consideravelmente a proteção a acionistas minoritários.
Em resposta a antigas queixas de que o mercado brasileiro é marcado por abusos por parte de acionistas controladores, a medida anunciada sexta-feira torna mais seguro investir em ações sem direito a voto de empresas brasileiras. A norma impede que acionistas controladores, aqueles que têm a maioria das ações com direito a voto, usem tal direito para definir questões que possam beneficiá-los em detrimento dos demais acionistas.
A decisão praticamente enterra um plano para simplificar a estrutura de controle da Tele Norte Leste Participações SA, a Telemar, da forma como está proposto.
As ações da Telemar são comuns na carteira de fundos de ações latino-americanos e internacionais administrados por firmas como as americanas Brandes Investment Partners LP, Emerging Markets Management LLC e Fidelity Investments. A Brandes já havia se queixado publicamente de que o plano iria diluir muito sua participação na Telemar e havia pedido às autoridades brasileiras um exame da questão.
O plano proposto pelos acionistas controladores da Telemar prevê a troca das ações sem direito a voto de várias subsidiárias da empresa por ações com direito a voto de uma nova empresa. Embora o plano possa criar uma estrutura corporativa mais simples e enxuta, os termos de troca dobrariam a participação dos acionistas controladores na empresa em prejuízo dos investidores minoritários, cuja fatia encolheria.
"Agora, se o negócio não for bom para todo mundo, não vai ser aprovado", disse Marcos Duarte, sócio da Polo Capital Ltda., fundo de hedge do Rio de Janeiro, acrescentando que a Telemar terá de modificar os termos de troca para o plano ser aprovado pelos acionistas.
A Telemar não quis comentar.
A maioria das empresas brasileiras tem dois tipos de ações: ordinárias, que têm direito a voto, e preferenciais, que não têm. Mas agora, mais e mais empresas estão migrando para um único tipo de ação — seguindo o exemplo da Perdigão SA e da Empresa Brasileira de Aeronáutica SA, a Embraer.
Os acionistas minoritários temem que, se o plano original da Telemar fosse adiante, outras empresas seriam tentadas a passar por cima dos minoritários na hora de reformular a estrutura acionária. "Queremos que mais e mais empresas simplifiquem sua estrutura societária, mas queremos que isso seja feito de uma forma legal e justa", disse Marcelo Trindade, presidente da CVM.
A CVM decidiu que os controladores devem se abster de votar na assembléia de acionistas que será convocada para aprovar o plano de reestruturação, pois eles têm um conflito de interesses.
A CVM determinou, ainda, que acionistas que detenham as duas classes de ação — com e sem direito a voto —, também estão em conflito e devem se abster.
Por último, a CVM disse que o plano deve ser aprovado por meio de um voto "afirmativo". A Telemar queria que o plano fosse aprovado caso um número suficiente de acionistas não comparecesse para votar contra. Agora, a CVM diz que os acionistas precisam votar a favor do plano para que ele seja aprovado.
Antes da intervenção da CVM, "o resultado da assembléia era quase pré-determinado", pois tudo pesava contra os acionistas minoritários, disse Luiz Guilherme Sauerbronn, analista sênior da Brandes.

Novamente os Juros

Reportagem do Estadão de hoje (p. B5) fala de oligopólio como justificativa para os juros:

Oligopólio freia a queda dos juros
Irany Tereza
Estudo inédito concluído em dezembro pelo Banco Central (BC) mostra que, das 49 financeiras em operação no País, as 9 ligadas a conglomerados bancários respondem por 83% dos ativos totais do setor, avaliados em R$ 38,29 bilhões. A distribuição de mercado no setor se assemelha a um oligopólio. Só o peso da Itaucard, com ativo total de R$ 19,6 bilhões em dezembro, representa 51,1% do segmento.Situação que, na opinião de Erivelton Rodrigues, da consultoria Austin Asis, reflete o fenômeno global de concentração no mercado bancário. "Essa constatação não chega a surpreender e a tendência é de o segmento ficar ainda mais concentrado. O que não quer dizer que não haja concorrência, porque os grandes players estão brigando por uma fatia cada vez maior do mercado", diz.A concentração é o resultado das recentes aquisições de financeiras por bancos, de olho no crescimento do crédito para a população de baixa renda, em sua maioria "desbancarizada". Foi assim que o Bradesco comprou a Zogbi; o HSBC, a Losango; e assim por diante. O empréstimo de pequenas quantias a muitos clientes transformou-se num lucrativo filão e atraiu o interesse dos grandes bancos. Os altos spreads (remuneração bancária) cobrados compensam o risco de inadimplência.O chefe do Departamento de Supervisão Indireta e Gestão de Informações (Desig) do BC, Cornélio Pimentel, evita falar em concentração, embora reconheça que a situação reproduz o que já ocorre no sistema bancário."O que acontece nesse setor específico não difere do nível de concentração do sistema financeiro como um todo, que busca escala para competir. Mas é bom salientar que a carteira movimentada pelas instituições de crédito, em torno de R$ 20 bilhões, não representa quase nada se comparada aos mais de R$ 700 bilhões do sistema financeiro total."O texto do relatório do BC diz que, apesar de representar apenas 5% dos ativos totais de financeiras, o grupo de privados independentes é o que "conta, de longe, com maior número de instituições (33) e talvez aquele que mais se assemelhe a um segmento".Segundo Pimentel, o estudo, que pode virar uma série, é a primeira experiência feita para dar mais transparência ao setor e teve o foco mais na qestão do risco de crédito. "Há muito tempo não fazíamos um diagnóstico como esse."O fato é que pactuar empréstimo na rua como quem compra banana na feira já é comum nas grandes cidades brasileiras. Sem agiota, tudo por financeiras legalizadas. É prova do aumento de acesso ao crédito. A um custo muito superior à inflação: entre 6,99% e 9,99% ao mês. Este ano, o pico da taxa mensal do IPCA foi de 0,59% em janeiro. Em julho, ficou em 0,19%. No ano, acumula 1,73%.TÁTICASPara atrair os tomadores de empréstimo, os bancos adotaram táticas de comércio popular: os clientes são praticamente laçados na rua, em geral abordados por jovens uniformizados e equipados com pranchetas com as propostas de negócio. Na maior parte das vezes, são empréstimos entre R$ 1 mil e R$ 2 mil, com a única exigência de apresentação de comprovante de renda, de residência, CPF e identidade. São chamados de empréstimos fáceis: financiamentos sem burocracia, com prazos longos e módicas parcelas de pagamento.O estudante Leandro de Souza interessou-se pelas condições da financeira Ibi. Ele foi abordado na Cinelândia, centro do Rio, por um vendedor e fez cadastro na hora. "É uma maneira fácil de comprar um carro, fazer uma viagem. Funciona como se eu fosse correntista normal. Recebo um cartão e posso sacar o dinheiro nas agências. No meu caso, pago a parcela em faturas, por isso é maior."Com desconto em folha, os juros ficam entre 6,9% e 8,9% ao mês. Na fatura, aumenta para 9,9%. De qualquer forma, é um empréstimo muito caro. Quem toma R$ 1 mil para pagar em 12 vezes acaba pagando R$ 1.502, na melhor das hipóteses, e R$ 1.752, na pior.Mas quase ninguém faz as contas na hora de pegar o dinheiro. Mesmo assim, uma atendente da Taií, do Grupo Itaú, diz que não é fácil convencer clientes no início. "Poucas pessoas param para falar conosco, mas, no fim do mês, o número de novos clientes é satisfatório", diz ela, que pediu para não ser identificada. "Recebemos um salário fixo, mas temos uma cota mínima. Em geral, conseguimos superá-la. Quanto mais clientes cadastramos, mais bônus ganhamos."Para Rodrigues, há um grande potencial de crescimento no segmento das financeiras. E nem mesmo as medidas para reduzir o spread bancário tentadas pelo governo poderão frear essa elevação. "O governo está mexendo para aumentar a competitividade e isso é positivo."Não será por meio de medida provisória que o spread irá baixar, mas outras medidas podem ajudar, como o cadastro positivo e o DOC reverso. O consumidor também deve pesquisar preços para trocar de financeira de acordo com a proposta apresentada, diz o executivo.
COLABOROU PILAR MAGNAVITA


Em 12 anos, juro acumula alta de até 511.000%
E o rendimento do aplicador em fundos foi de no máximo 793%
Sérgio Gobetti, , Ribamar Oliveira
País com a maior taxa real de juros do mundo, o Brasil também se notabiliza pela diferença entre taxas cobradas dos devedores e pagas aos investidores. Projeções realizadas por economistas do mercado financeiro a pedido do Estado mostram que, desde o início do Plano Real, em 1994, o rendimento líquido dos fundos oferecidos pelos bancos chegou a 793%. Já os juros de operações de crédito pessoal acumulam variação fora do normal, de 511.734%, como se o Brasil continuasse na época da hiperinflação.Um brasileiro que, em julho de 1994, tenha tomado um empréstimo desse tipo no valor de R$ 50 mil e tenha começado a pagar parcelas de R$ 2 mil por mês, corrigidas pela inflação, ainda hoje não terá conseguido quitar sua dívida, que já estará em R$ 111 milhões, apesar dos pagamentos somarem R$ 590.492 - quase 12 vezes mais que o empréstimo original.Embora seja difícil encontrar alguém nessa situação, pois os bancos tendem a negociar os débitos, o exemplo mostra como os juros no Brasil se desprenderam de qualquer parâmetro real. Nos 12 anos em que os juros sobre o crédito especial somaram 511.734%, a inflação acumulada foi de 201%.A diferença entre as taxas de juros e a inflação mostra o tamanho do ganho de quem, no início do Plano Real, vendeu um apartamento e outros ativos e aplicou o dinheiro em títulos públicos. Uma quantia de R$ 50 mil aplicada em fundos de renda fixa, vinculados aos Certificados de Depósitos Interbancários (CDI), valeria hoje R$ 446.635. Descontando a inflação, que faz os R$ 50 mil de 1994 equivalerem a R$ 150 mil em 2006, quem apostou nos juros altos conseguiu triplicar seu patrimônio original em 12 anos.O Brasil é o único país do mundo que manteve uma taxa de juro real (descontada a inflação) acima de 10% ao ano por 12 anos seguidos. Desde o início do Plano Real, a taxa básica de juro (Selic) não cai abaixo desse patamar. Em vários momentos, ultrapassou os 20% ao ano, como nas crises de 1997 e 1999.Economistas apresentam várias explicações para os juros altos, mas é quase unanimidade que uma das principais razões seja a pressão do setor público sobre o mercado, em busca de recursos para financiar seus gastos. "O setor público brasileiro gasta demais", sintetiza o economista chefe da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), Roberto Troster."Não dá para termos um terço do PIB em gasto corrente do governo, que sistematicamente cresce duas a três vezes mais do que o PIB, ainda mais quando precisamos desviar uma fatia do crescimento para investimentos", avalia o economista Fernando Montero, da corretora Convenção.Para o ex-presidente do Banco Central Gustavo Loyola, parte da explicação está no excessivo endividamento do setor público. Ele observa ainda que, quanto mais alta é a dívida, maiores os riscos de inadimplência, percepção do mercado que é agravada pelo histórico do País, que já registrou até o confisco de ativos no governo Collor.Loyola alerta também para os riscos macroeconômicos do País, que embora tenham caído nos últimos anos, ainda criam incertezas entre os investidores. Ele destacou ainda o perfil do endividamento do setor público brasileiro, em que predominam títulos com prazo curto e com alta liquidez.POLÊMICAO Brasil é recordista também de "spread" bancário. Segundo a Febraban, as taxas de juros para pessoas físicas em junho estavam em 35,8% ao ano nas operações do crédito consignado, de 145,1% nas operações com cheque especial, 77,7% no crédito pessoal e de 57,5% nas aquisições de bens.A Febraban trava, atualmente, uma discussão com o governo sobre as razões de tamanha diferença. Na semana passada, Troster criticou duramente as medidas estudadas pelo governo para reduzir o spread bancário, anunciadas pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega. O economista foi desautorizado pela direção da Febraban, que disse ter Troster expresso uma opinião pessoal.

Dívida de R$ 1 mil em 1994 sobe para R$ 1,6 bi em 2006
Nenhuma aplicação financeira ganharia do juro cobrado pelo cheque especial no mesmo período
O brasileiro que devia R$ 1 mil no cheque especial em 1º de julho de 1994, no início do Plano Real, e não renegociou a dívida, migrando para linhas de crédito mais baratas, acumularia hoje uma dívida impagável. Simulação feita pelo vice-presidente da Associação Nacional dos Executivos de Finanças (Anefac), Miguel Ribeiro de Oliveira, a pedido do Estado, mostra que, 12 anos depois, a dívida que começou com R$ 1 mil seria hoje de R$ 1,6 bilhão. Para os cálculos, foi considerada taxa média mensal do cheque especial no período de 10,3%. “Éuma situação hipotética, uma dívida que nenhum banco se atreveria a cobrar”, diz Oliveira. No mesmo período, nenhuma aplicação financeira chegou perto do ganho que teria sido proporcionado ao setor financeiro pelo cheque especial. A melhor aplicação, em Fundos DI, rendeu R$ 14,5 mil. Na caderneta de poupança, o rendimento seria de R$ 4,2 mil.O lanterninha dos investimentos é o dólar. Por conta do real valorizado, para uma aplicação de R$ 1 mil em moeda americana o investidor teria rendimento de apenas R$ 1,1 mil.MÁRCIA DE CHIARA

Ensino que dá lucro

Na reportagem abaixo percebam que entre os nomes do Pitagóras encontra-se o do filósofo Renato Janine. Atualmente, além das atividades no Pitagóras, Janine também é Diretor da CAPES. Existiria conflito de interesse? Seria irônico o senhor Janine participar da CAPES, que cuida da pós-graduação no Brasil, e também ser professor de uma instituição de ensino que não quer fazer pesquisa? Ou será que seu nome foi utilizado inadequadamente pela instituição de ensino?

Ensino Superior que dá lucro

Reportagem do Estado de S. Paulo de hoje (21/08, p. A12) fala sobre as instituições de ensino que dão lucro.


Contra crise no setor, qualidade e boa gestão
Particulares sobrevivem em meio a vagas demais e alunos de menos
Renata Cafardo
Para seguir no concorrido mercado de ensino superior privado brasileiro, com vagas demais e alunos de menos, sobrevivem os bons não apenas em qualidade, mas em gestão. O último mês foi marcado por movimentos de universidades e faculdades para fugir da crise, com junção de instituições, dispensa de alunos e busca de capital no mercado financeiro. O Estado agora mostra o outro lado, de particulares que deram certo, contabilizando lucros e credibilidade no ensino.Por muito tempo, instituições de ensino superior faturaram relativamente fácil porque havia uma grande demanda reprimida, atendida com um boom no setor - entre 1994 e 2004, o número de instituições cresceu 200% no País. Dez anos depois, a situação se estabilizou e a oferta tornou-se excessiva. Sobrevivem os bons.A Faculdade de Campinas (Facamp) e o Ibmec São Paulo são exemplos disso. Os cursos, em números e em diversidade, se multiplicaram. Áreas exploradas pela Universidade Anhembi Morumbi, como moda e hotelaria, cresceram mais de 1.000%.“Além de crescer em ritmo maior que a demanda, tínhamos o romantismo do educador, dávamos bolsas para amigos”, diz o presidente do Sindicato dos Mantenedores de Estabelecimentos de Ensino do Estado de São Paulo (Semesp), Hermes Figueiredo. Só no Sudeste, o setor cresceu 104% depois que o Ministério da Educação (MEC) mudou as regras e permitiu a criação de novas universidades, faculdades e centros universitários. “Podem me culpar por aumentar a concorrência, não pelas instituições que não deram certo”, diz o ex-ministro Paulo Renato Souza, responsável pela expansão.RECEITAS DE SUCESSO“A gente não investe em tijolo”, conta o diretor de operações do Ibmec, José Antonio Capito. O campus de 10 mil metros quadrados e custo de R$ 50 milhões aberto neste ano na Vila Olímpia foi construído por outra empresa e alugado pelo Ibmec. “A demanda pode migrar para outra parte da cidade e perderíamos o investimento aqui”, justifica.“Cada vez que o aluno aperta o botão do elevador, perde-se dinheiro”, diz o economista João Manuel Cardoso de Mello, que inaugurou a Facamp em 2000 em prédios térreos. Com investimento inicial de US$ 6 milhões e 18 sócios, já dá lucros e começará a remunerar acionistas. “Ensino de qualidade barato é balela. É preciso pagar bons professores, novos currículos, ótima estrutura”, diz. As mensalidades de Ibmec e Facamp giram em torno de R$ 2 mil.Para o especialista em educação superior da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Abílio Baeta Neves, é possível oferecer qualidade não só para elite, mas as instituições precisam entender que os alunos não chegam com boa formação do ensino médio. “Uma saída é uniformizar os anos iniciais com cursos básicos, desenvolver currículos e material de apoio.” A Faculdade Pitágoras cresce apostando nisso. Cobra em média R$ 600 e tem programas feitos por nomes como Renato Janine Ribeiro ou Roberto DaMatta. “A orientação deles pode levar a uma aula melhor. É a industrialização do ensino”, diz o educador Claudio Moura e Castro, consultor do Pitágoras.


Qualidade do Ibmec ficou conhecida no boca-a-boca
Renata Cafardo
Em 2004, o Ibmec São Paulo, criado pelo investidor Cláudio Haddad e outros sócios, tornou-se uma instituição sem fins lucrativos. A faculdade já existia desde 1999, mas fazia parte de um grupo que tinha também filiais no Rio e em Minas.Hoje, sem vínculo com as outras empresas, tem uma receita de R$ 63 milhões, vindos exclusivamente das mensalidades pagas por cerca de 2.500 alunos e totalmente reinvestida.O Ibmec é atualmente o primeiro exemplo citado por muitos no País ao falar de ensino privado de qualidade. Quando surgiu, ficou conhecido por roubar grandes professores de instituições como Universidade de São Paulo (USP) e Fundação Getulio Vargas (FGV). Segundo o diretor José Antonio Capito, a escola focou apenas dois cursos, Administração de Empresas e Economia. Quase sem propaganda - como é de praxe entre instituições de excelência - foi ganhando status no boca-a-boca. Principalmente depois que os primeiros formandos deixaram a escola para as grandes empresas."Temos que manter o aluno satisfeito. Isso não quer dizer que fazemos o que ele quer, mas sim que temos de dar respostas", diz Capito. Segundo ele, 20% do orçamento é gasto com pagamento de professores, que são enviados freqüentemente à Universidade Harvard para se aperfeiçoar.Para os estudantes, existe a chamada nota por participação, já que são estimulados a se preparar previamente para as aulas e emitir opiniões. "Eles vão levar o sobrenome Ibmec para sempre. Não é como um carro, que ele compra agora e depois, quando vende, não tem mais vínculo nenhum com a empresa."


Anhembi faz parceria com instituição estrangeira
Renata Cafardo
Os 12 prédios da Universidade Anhembi Morumbi são propriedades particulares do reitor Gabriel Rodrigues. Ele os aluga para a instituição, que não é mais só dele. No ano passado, 51% dela foram vendidos ao grupo americano Laureate, no primeiro grande negócio envolvendo compra de instituição de ensino brasileira por capital estrangeiro. "A universidade vai crescendo e precisa de gente mais preparada. Não adianta mais só a família", diz Rodrigues.Para ele, que procurava há cinco anos um parceiro internacional, muitas instituições brasileiras cresceram sem qualquer planejamento e por isso estão em má situação hoje.Com uma receita bruta atual de R$ 245 milhões e consolidação em áreas novas, como Moda, Turismo e Gastronomia, a universidade agora se prepara para oferecer cursos feitos parte no Brasil, parte do exterior."O segredo é trabalhar com cabeça de administrador, definindo metas claras", completa o diretor acadêmico da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), Alexandre Gracioso. A instituição tem 3 mil alunos, mensalidade de R$ 1.650 e nunca cresceu mais que o planejado. Os três cursos - Administração, Design e Propaganda - tem um mesmo foco: o Marketing. "Temos obsessão de refletir em nossos programas o que está acontecendo nas empresas. Todo semestre há alteração no currículo", conta.Com receita anual de cerca de R$ 80 milhões, a ESPM inaugura até o fim do ano um novo prédio, que custou R$ 20 milhões. Uma das novidades é a abertura de um curso de Relações Internacionais, com foco em marketing, claro.


Facamp inova com currículo básico para todos os cursos
Renata Cafardo
Nos últimos meses, investidores internacionais tentaram comprar quatro vezes a Faculdade de Campinas (Facamp). E a instituição não está à venda, diz o diretor e proprietário João Manuel Cardoso de Mello. A Facamp tem hoje 1.500 alunos em quatro cursos - Administração, Economia, Jornalismo e Design - e só 2% de inadimplência, um recorde no setor. Com a alta rentabilidade, Mello já planeja abrir o capital da empresa na bolsa.Além de investir no treinamento do pessoal administrativo - o diretor recusou qualquer funcionário que já tivesse trabalhado em universidades porque "não queria vícios" - a Facamp tem currículos diferenciados. O período de aula é sempre integral e todos os alunos precisam cursar aulas de português, inglês e filosofia."Um professor tem que pedir a minha autorização para usar data show aqui. Isso é instrumento de gente preguiçosa, que fica só lendo a aula projetada", diz Mello. Ele conta que fez uma criteriosa análise de demanda antes de decidir em que áreas atuar e, no ano que vem, vai abrir o último curso, de Engenharia de Produção. "O currículo da Poli (Escola Politécnica) está atrasado; o nosso será de vanguarda. É uma carreira que está em ascensão no mundo todo, que junta administração e economia."Mello e seu sócio Luiz Gonzaga Belluzzo formavam a equipe econômica de José Sarney e também ajudaram a fundar o Instituto de Economia da Unicamp, hoje vizinha da Facamp. Ele oferece bolsas de estudo, mas tem consciência que oferece algo acessível para poucos. "Só dá para oferecer ensino de qualidade para os pobres se o Estado pagar."


Pitágoras evita pesquisa e investe só no ensino
Renata Cafardo
A Faculdade Pitágoras tem crescido tanto que já faz o caminho inverso das instituições brasileiras em prejuízo. Em 2001, surgiu como uma parceria entre a Apollo International, que mantém a Universidade de Phoenix e tem 150 mil alunos nos Estados Unidos, e o Grupo Pitágoras, um dos maiores do País no ensino privado. Há poucos meses, a parte americana foi comprada pela brasileira e a expectativa é aumentar dos atuais 6 mil para 50 mil alunos em 10 anos.O educador Cláudio de Moura e Castro, um dos mais conhecidos do País, assina o projeto pedagógico inovador que contrata grandes nomes para elaborar currículos e orientar os professores. Ele explica que o objetivo da Pitágoras não é se tornar uma universidade, como fizeram muitas das instituições no fim dos anos 90 quando mudaram as regras no MEC.Uma universidade, diferentemente da faculdade, pode criar cursos sem prévia autorização do governo, mas tem a exigência de fazer pesquisa. "Somos uma instituição de ensino, como são as écoles francesas. O setor privado brasileiro não tem financiamento para fazer pesquisa", afirma, citando as instituições estrangeiras que também não são universidades e formam em ensino superior.Para crescer tanto, Castro diz que a faculdade terá uma parte dos cursos a distância, incorporando as disciplinas básicas. "Temos que preparar o aluno para o primeiro emprego, estudando literatura, cultura brasileira, não adianta só focar em engenharia. Muitos deles vão mudar de área."

Os Maiores na Web 2.0


Eis os maiores sítios da Web 2.0, segundo o Seeking Alpha

20 agosto 2006

O Narcisismo e a Contabilidade


Qual a influência do narcisismo na contabilidade? Um estudo tentou verificar a influencia do narcisismo e foi apresentado no encontro anual da American Academy of Management. Este estudo procurou relacionar o efeito do narcisismo no desempenho da empresa.

Arijit Chatterjee e Donald Hambrick, da Universidade da Pensilvânia, estudaram o narcisismo em 105 empresas na área de computação e software. Para obter o narcisismo ele procuraram a existência de uma foto destacada do chefe no relatório anual, a sua presença nos comunicados à imprensa, o tamanho da sua entrada no "Who´s Who", a frequência do uso da primeira pessoa do singular nas entrevistas e a relação entre a sua remuneração e do segundo executivo mais bem pago.

Os autores encontraram que empresas com chefes narcisistas tendem a ter maiores mudanças (em termos de aquisição e fusão, investimentos em pesquisa e desenvolvimento etc) e seus resultados são mais extremados: grandes perdas ou grandes ganhos. Ou seja, o desempenho é mais volátil. Para os acionistas isto pode ser bom ou ruim.

A foto acima é de Larry Ellison. Qual a diferença entre Deus e Ellison? Deus não acredita que seja Ellison.

Fonte: The Economist, p. 51, 14/08/2006

O segredo do óleo negro


Qual a maior empresa de petróleo do mundo? A Exxon Mobil é a maior empresa em faturamento e em valor de mercado, com $412 milhões. Mas considerando a quantitade de reserva que a empresa possui, a Exxon é a 14a, muito distante da primeira colocada. Todas as 13 empresas com maiores reservas que a Exxon são National Oil Companies (NOCS), termo para designar empresas sob a influencia de um país. Estas empresas controlam 90% de óleo e gás do mundo e são responsáveis pela influencia nos preços. Apesar de terem maiores reservas e influenciarem o preço, as NOCS são mal gerenciadas, não sabem investir, sofrem influencia política e corrupção.

Um exemplo de um NOCS é a PDVSA, a empresa que controla o petróleo da Venezuela. A Venezuela exporta óleo desde o século XVI e nos anos de 1930 o país já era o segundo maior produtor do mundo. Na década de 1970 a Venezuela nacionalizou sua indústria. Entretanto, como os campos da Venezuela são difíceis de serem mantidos, o produto tem menor qualidade.

Outro problema da PDVSA é a influência política, em especial do atual governo Chávez. Isto torna a empresa ineficiente em relação a outras empresas. Nem todas NOCS possuem este problema mas em alguns países a dificuldade é séria. A Indonésia, por exemplo, tornou-se importadora de óleo em razão dos problemas da Pertamina.

São exemplos de bom desempenho, segundo a revista The Economist, as empresas da Malasia e do Brasil. Os dois países já possuiam uma economia forte e diversificada antes da descoberta de petróleo. Além disto, a revista considera que a competição ajuda muito. No caso da Petrobrás, mesmo com competição, como a empresa conhece mais as condições e geologia do solo brasileira, ainda assim existe uma grande vantagem em relação a outras empresas. Mas a presença de multinacionais ajuda a desenvolver parcerias e disseminar novas tecnologias e idéias.

Tanto o Brasil quanto a Malásia são citados como exemplos de países onde a existência de uma NOC não atrapalhou o desenvolvimento do petróleo. (Talvez a revista tenha esquecido os problemas da Petros na sua análise). Conforme a revista muito do óleo da Petrobrás vem dos campos da costa do Atlântico. Isto tem ajudado nas concorrências internacionais com outros países. A existência de muito petróleo não parece, portanto, requisito para competência. Pelo contrário, pode ajudar a criar a incompetência.

A importância da evidenciação


Reportagem da The Economist de 12 de Agosto comenta as diferentes atitudes dos governos com respeito a possíveis pandemias. Alguns países não gostam de confessar que estão passando por problemas na área de saúde e a revista lista alguns dos possíveis motivos para isto:

1. Alguns países acreditam que a informação pode causar pânico local e redução no fluxo dos turistas;
2. A FAO, uma organização da ONU, observa que o medo de perder as exportações seja outro fator;
3. Existe um terceiro motivo, pouco defensável, que é a vaidade. Pesquisadores e instituições acadêmicas e governamentais querem a glória e os recursos por solucionar o quebra-cabeça de uma nova epidemia, além da glória da primeira publicação.

Um bom estudo sobre as vantagens e desvantagens da evidenciação.

18 agosto 2006

Salários Reais

Conforme pesquisa do Hay Group, o salário médio de um administrador, considerando seu custo de vida local, é mais elevado na Índia, na Alemanha, na Suiça e no Brasil, pela ordem. Seguem depois a Espanha, a Rússia, a Polônia e a Turquia.

Corrupção e Trânsito

Em uma antiga postagem (clique aqui) comentei sobre um trabalho que considera a relação entre multas de trânsito e corrupção. Na The Economist de 12 de agosto existe uma análise deste artigo. Nada de novo exceto pela conclusão:

"Já qualquer superioridade moral de Nova Iorque deve ser considerada pelo comportamento da embaixada dos Estados Unidos em Londres. Ultimo ano, os assessores da embaixada deixaram de pagar a taxa de congestinamento - agora 8 libras ou acima de 15 dólares - para circular com carros no centro de Londres. A pilha crescente de multas não pagas agora está em $716 mil dólares."

Ótimo.

Métodos Quantitativos em Fundos

A análise quantitativa também chegou a área de investimentos. Segundo informação do sítio Seeking Alpha, 3 dos 10 maiores fundos de hedge são puramente quantitativos. "De acordo com o Financial Times, investimento quantitativo estão crescento duas vezes mais rápido que métodos tradicionais. Defensores dos investimentos quantitativos afirmam (...) que evitam erros comuns de comportamento humanos.

Clique aqui para ver a notícia

17 agosto 2006

Gol é contagioso

Um artigo da revista Nature, de 15 de junho de 2006, mostra que o gol no futebol é contagioso, estatisticamente falando. Quando uma equipe faz um gol aumenta a probabilidade que seu time irá fazer mais. Em outras palavras, a distribuição do gol no futebol não é uma normal.

Para notícia veja o sítio Mahalanobis e The Stalwart

15 agosto 2006

Importância da pontuação

Depois dizem que não precisamos da língua portuguesa:

Um homem rico estava muito mal, agonizando. Pediu papel e caneta.

Escreveu assim:

"Deixo meus bens a minha irmã não a meu sobrinho jamais será paga a conta do padeiro nada
dou aos pobres".

Morreu antes de fazer a pontuação.


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A quem deixava ele a fortuna? Eram quatro concorrentes:

1. O sobrinho fez a seguinte pontuação:

"Deixo meus bens à minha irmã? Não! A meu sobrinho. Jamais será paga a conta do padeiro.
Nada dou aos pobres".

2. A irmã chegou em seguida. Pontuou assim o escrito:

"Deixo meus bens à minha irmã. Não a meu sobrinho. Jamais será paga a conta do padeiro.
Nada dou aos pobres".

3. O padeiro pediu cópia do original. Puxou a brasa pra sardinha dele:

"Deixo meus bens à minha irmã? Não! A meu sobrinho? Jamais! Será paga a conta do padeiro.
Nada dou aos pobres".

4. Aí, chegaram os descamisados da cidade. Um deles, sabido, fez esta interpretação:

"Deixo meus bens à minha irmã? Não! A meu sobrinho? Jamais! Será paga a conta do padeiro?
Nada! Dou aos pobres".


Moral da estória:
Assim é a vida. Pode ser interpretada e vivida de diversas maneiras.
Nós é que colocamos os pontos.

14 agosto 2006

Vale tudo para

Outra reportagem do Estado de S. Paulo

Vale-tudo na disputa entre Banespa e Nossa Caixa por servidor público

Santander Banespa inicia ofensiva para não perder a conta de 600 mil funcionários públicos para a Nossa Caixa

Patrícia Cançado

O Santander Banespa e a Nossa Caixa começaram a travar, neste fim de semana, uma batalha comercial nas ruas de São Paulo. Em várias cidades do Estado, os dois bancos colocaram funcionários para trabalhar fora do horário comercial para disputar a mesma clientela.

O que está em jogo é a conta de 600 mil funcionários públicos estaduais, hoje nas mãos do Santander Banespa. De acordo com uma determinação do governo estadual, as contas de depósito de salário passarão para a Nossa Caixa até janeiro de 2007, com o início da transferência em massa previsto para agosto.

Esse é um duro golpe para o Santander, que pagou R$ 7 bilhões para comprar o antigo banco estadual Banespa, há seis anos, justamente para administrar a massa de clientes do funcionalismo público.

No ano passado, o banco já havia perdido a exclusividade das contas dos servidores da prefeitura de São Paulo para o Itaú. Agora seu direito às contas dos servidores expirou e está brigando para não deixar a Nossa Caixa levar sua principal freguesia.

A disputa esquentou no sábado, quando a Nossa Caixa abriu 40 agências em regime de plantão na capital e em cidades do interior. Já o Santander enviou seus funcionários para fazer marcação cerrada na porta das agências do concorrente.

“Estamos confiantes que vamos manter esses clientes, que são muito importantes para nós”, disse Flávio Netto, gerente geral da agência do Santander do bairro Freguesia do Ó, que passou o sábado em pé, debaixo de sol forte, distribuindo folhetos e conversando com clientes na porta da agência da Nossa Caixa.

SORTEIO DE CARRO
O Santander não pode evitar a migração das contas salário, mas quer convencer os servidores a manter suas operações financeiras no banco. Para isso, está fazendo de tudo, de visitas pessoais a promoções financeiras, além de iniciativas raras em bancos, como sorteios de carros e descontos em supermercados e postos de gasolina.

Na quarta-feira, o Santander promete lançar um pacote generoso de vantagens para o funcionalismo. O pacote deve incluir promoções no cartão de crédito, descontos de tarifas e empréstimos com taxas de juros mais baixas para os servidores.

Desde junho, o banco está premiando seus clientes fiéis. Todas as semanas, o Santander sorteia carros zero quilômetro e aparelhos de DVD. Até outubro, pretende entregar 46 carros e 576 aparelhos de DVD, no chamado “Programa Amigo”.

Os servidores começaram a receber também telefonemas dos gerentes oferecendo um cartão de crédito exclusivo para o funcionalismo. Além da anuidade gratuita, o cartão de crédito Premium oferece 2% de desconto em compras em postos de gasolina e supermercados.

“O cartão é parte de um compromisso com os clientes, mas o melhor ainda está sendo preparado. Esse programa é só um aperitivo”, diz Román Blanco, vice-presidente de Projetos Especiais do Santander Banespa.

“Eu recebi uma carta com uma oferta de cheque especial com limite maior e juros menores. O Banespa está fazendo agora coisas que nunca fez antes para nós”, diz Elizabeth Dutra, professora da rede estadual.

O banco está cercando os clientes como pode. Gerentes estão visitando servidores no trabalho. Para os clientes mais graduados, a visita é feita por executivos de primeira linha do Santander.

Enquanto o Santander tenta bajular de todas as maneiras a clientela, a Nossa Caixa segue confiante que, seis anos depois, os servidores voltarão a um banco estatal. Para recebê-los , a Nossa Caixa serve sucos e biscoitinhos em suas agências.

Risco Brasil

Reportagem do Estado de S. Paulo de hoje.

Brasil precisa de mais crescimento para ter 'upgrade'

Segundo as agências de classificação de risco, grau de investimento exige que País cresça bem mais que 3%

Patrícia Campos Mello

Se o próximo presidente da República quiser exibir o trunfo do "grau de investimento" durante seu mandato, ele vai ter que pôr o Brasil para crescer bem mais do que parcos 3% ao ano. E, para isso, o novo governo não vai escapar das dolorosas reformas necessárias, principalmente de um ajuste fiscal mais profundo e de maior qualidade.

Esse é o diagnóstico das três principais agências de classificação de risco, responsáveis pelo cobiçado carimbo de grau de investimento, que equivale a um sinal verde para os investidores e reduz o custo de captação de recursos. Tanto a Standard & Poor's, como a Fitch e a Moody's, que esquadrinham os indicadores econômicos dos países e as perspectivas das economias de 100 nações para elaborar seus pareceres.

Segundo analistas ouvidos pelo Estado, existe a possibilidade de o Brasil ser promovido a grau de investimento até 2010 - mas não será nada fácil. "A diferença é que, dois ou três anos atrás, seria impossível pensar no Brasil chegando a grau de investimento", diz Mauro Leos, da Moody's. "Agora, com todas as melhoras do País, já se pode falar nisso."

Para Lisa Schineller, diretora de rating soberano da Standard & Poor's, países na mesma faixa de classificação do Brasil hoje levam, em média, 5 anos para chegar ao grau de investimento. Mas o México levou 7 anos e a África do Sul, pouco menos que seis anos - os dois países têm taxas de crescimento relativamente baixas, semelhantes às brasileiras. Outros países, como a Rússia e o Casaquistão, chegaram ao grau de investimento em apenas 3 anos. Mas eles crescem muito rápido e foram beneficiados pelos altos preços do petróleo.

"O principal é melhorar o lado fiscal", diz Lisa. "Com a redução do endividamento e dos gastos do governo, além de diminuição da carga tributária, seria possível ter uma queda nas taxas de juros, que permitiria um crescimento mais acelerado."

Para Roger Scher, responsável pela área de Ratings Soberanos da América Latina da Fitch, o maior obstáculo para a promoção do Brasil a grau de investimento é o baixo crescimento do PIB. O crescimento médio do Brasil nos últimos 10 anos foi de 2% a 3%. Este ano, deve chegar a 3,5%. A média de crescimento dos países com a mesma classificação que o Brasil é 5,8%.

"É preciso fazer as reformas que vão possibilitar esse maior crescimento", diz Scher. Um crescimento maior ajudaria a reduzir a relação dívida PIB. Além disso, sem expansão mais rápida do PIB, será difícil equacionar o problema de má distribuição de renda no País e investir em infra-estrutura.

"O próximo governo precisa pôr na agenda um banco central independente, reforma trabalhista, tributária e da Previdência, se o País quer crescer mais e chegar a grau de investimento", diz Scher. Segundo ele, o "Brasil está correndo, correndo, só para ficar parado no mesmo lugar." "Para realmente andar pra frente, precisa fazer mais do que está fazendo, e isso implica reformas estruturais." Scher diz que, desde 2004, não há avanço nas reformas.

Mesmo assim, há que se dar o crédito devido. A promoção para grau de investimento nunca esteve tão próxima, por causa de uma série de progressos dos últimos anos. A principal foi a redução da vulnerabilidade externa - o Brasil passou de déficits em conta corrente para superávit, graças ao ótimo desempenho das exportações. Houve também uma melhora da estrutura da dívida doméstica, com redução da parcela indexada à taxa Selic, eliminação da parte atrelada ao dólar e aumento dos prazos. Mesmo a relação dívida PIB, ainda alta em cerca de 50%, era de 70%. A dívida externa do setor público caiu de 100% do PIB para menos de 20%. "O setor público se desalavancou", diz Lisa.

BRICs
Fora o Brasil, todos os outros chamados BRICs são grau de investimento. Um relatório preparado por economistas da Goldman Sachs há três anos projetou que Brasil, Rússia, Índia e China (batizados de BRICs) terão o maior crescimento entre os países do mundo e se tornarão as maiores economias globais neste século.

Entre os BRICs, a China é a que tem a melhor classificação, seguida de Rússia e Índia. "O fato é que o Brasil ainda é mais arriscado do que todos os outros BRICs, em termos de capacidade do governo de pagar suas dívidas", diz Lisa.

A China, por exemplo, tem um sistema financeiro problemático, cheio de créditos podres, e riscos políticos, por causa do regime autoritário. Mas a inflação do país e a dívida do governo são muito baixas (ver arte) e a economia cresce 10% ao ano. E, o principal: tem reservas de mais de US$ 800 bilhões, que deixam qualquer credor tranqüilo.

A Rússia também tem riscos políticos e problemas de propriedade privada, como mostrou o caso Yukos. Mas o país tem enormes reservas de petróleo, o governo tem um superávit nominal do orçamento de mais de 6% do PIB e um superávit em conta corrente de 10,6%.

A Índia é o caso mais controverso, porque tem problemas de déficit orçamentário, infra-estrutura e legislação trabalhista. O déficit do governo foi de 7% do PIB, superior ao brasileiro, e a relação dívida bruta sobre o PIB é de 82,5%, também acima do Brasil. Mas o país praticamente não tem dívida externa, sua taxa de juro real é baixa e a poupança é alta. E, principalmente, a Índia cresce 8% ao ano. "Com essa taxa de crescimento, a Índia terá a mesma relação dívida PIB que o Brasil em três anos", diz Scher.

Risco Brasil na Avaliação

Qual o impacto do risco Brasil no processo de avaliação de empresas? O risco Brasil interfere negativamente pois imagina-se que fazer negócios no nosso país não é tão seguro quanto num país desenvolvido.

O risco Brasil é considerado na taxa de desconto e temos três formas de cálculo

1 - Utilizando uma taxa de desconto como se a empresa estivesse operando num país desenvolvido e acrescentando, ao final, a diferença de risco em termos percentuais. Neste caso o título sem risco é o do governo norte-americano e o beta é o da empresa no mercado local;

2 - Utilizando uma taxa de desconto como se a empresa estivesse operando num país desenvolvido, mas utilizando o beta da empresa na bolsa norte-americana. Neste caso utiliza o título sem risco do governo norte-americano e o risco estaria no beta;

3 - Utilizando o título sem risco do Brasil (CDI, por exemplo) e o beta da empresa no mercado acionário brasileiro. Neste caso não é necessário nenhum acréscimo adicional.

Em todos os casos, o reflexo do risco Brasil está numa taxa de desconto maior para nossas empresas, o que reduz o valor.

Qualquer notícia de redução do risco Brasil significa que nossas empresas passam a ter uma valor maior.

13 agosto 2006

Só na Suiça bancos têm rentabilidade maior

Reportagem do Estado de 13/08 aponta que a rentabilidade dos bancos brasileiros é enorme:

"Os bancos brasileiros só perdem em rentabilidade - e por uma pequena diferença - para os suíços. São tão eficientes quanto os melhores do planeta, mas gastam muito para fazer frente ao calote."

"O trabalho revela que as altas taxas de juros cobradas no Brasil são um fardo pesadíssimo para o devedor e acabam tendo impacto negativo sobre as operações das instituições financeiras."

"EFICIÊNCIA - É medida pela divisão das despesas operacionais pelas receitas operacionais. (...) Nesse quesito, os bancos brasileiros atingiram eficiência comparável à dos grandes bancos internacionais."

"CUSTO OPERACIONAL/ATIVOS - (...) Os bancos brasileiros apresentam a pior posição. (...) por trás desse mau desempenho está o elevado nível de calote dos devedores, o que, por sua vez, decorre dos juros excessivamente altos."

"Rentabilidade - É tão alto o retorno dos bancos brasileiros que em apenas quatro anos os lucros dobram o patrimônio. "

"Provisões - Essas provisões são campeãs do mundo (16,9% contra média de 4,5%). De novo, isso ocorre porque os juros cobrados são o que são. Mas não é só isso. Há razões para acreditar que as provisões dos bancos brasileiros estejam inchadas porque eles escondem parte dos lucros."

"é inevitável o prosseguimento da concentração. Segunda, Banco do Brasil, Itaú, Bradesco e, talvez, Unibanco "terão de aumentar a atuação no exterior para ganhar escala e amplitude geográfica"."

Clique aqui para ler a reportagem toda

As diversas conclusões da Ciência


Reportagem de hoje do Estadão questiona as contradições das pesquisas científicas. Utilizando exemplos das ciências da saúde, a discussão ficou bastante interessante.

A ciência é assim mesmo. Essas discussões só se resolvem ao longo do tempo", afirma Flavio Edler

Estas confusões são resultados do aumento no número de pesquisas, como aponta o texto. Mas existe também o fato de que as pesquisas tornaram-se mais específicas. O exemplo disto é o efeito do café. Uma pesquisa da UnB apontou que o café é benéfico. Mas a conclusão ainda está em elaboração.

Um dica da reportagem é acreditar nas pesquisas que foram repetidas. Atenção para o quadrinho abaixo da reportagem, onde o professor Dórea da UnB fala sobre a abordagem sistemática de resultados, um nome elegante para a replicação de uma pesquisa já realizada.

Toda a discussão também é válida para área da contabilidade financeira.

Clique aqui para ler a reportagem

Market timing

Artigo enviado por Ricardo Vianna

"Market timing" e a análise fundamentalista de ações
Letícia Caravaggi
09/08/2006

Comprar ações quando começam a subir e vendê-las no início da baixa é uma regra simples e fundamental para ganhar dinheiro no mercado acionário de qualquer lugar do mundo. Basta saber identificar o início do movimento de alta ou de queda e estar atento à tendência do mercado. Conhecido como "market timing", essa é uma das estratégias amplamente utilizadas por gestores e investidores. O presente artigo não tem a pretensão de discorrer a respeito do sucesso ou não dessa estratégia, mas sim apontar que, para aqueles que seguem a filosofia fundamentalista e almejam retornos de longo prazo, o "market timing" se torna praticamente irrelevante.

A maioria dos praticantes do "market timing" utiliza ferramentas de análise técnica, também chamada de análise gráfica, para a definição de tendências e de padrões de comportamento dos preços com base no passado, os quais direcionarão sua alocação de portfólio. Os gestores fundamentalistas são aqueles que, por filosofia, procuram empresas sub-avaliadas e que, no longo prazo, tendem a refletir o valor justo do negócio. Dentro desse contexto, o "timing" de entrada torna-se pouco importante. Na verdade, para os fundamentalistas, ele está diretamente relacionado à identificação dessas ações e à análise do seu potencial de valorização ("upside"), este sim, fator decisivo para um papel fazer parte da carteira de investimento (estratégia de "stock picking", que consiste na escolha de ações com destacado potencial de valorização através de critérios técnicos e/ou fundamentalista). Desta forma, o investidor que almeja retornos consistentes no médio e longo prazos não deve se ater ao histórico do ativo e ao seu nível atual de preço, mas sim na sua capacidade de gerar resultados ainda melhores no futuro.

Por exemplo, uma ação cujo "upside" é expressivo (expressivo, nesse caso, significa com potencial de valorização necessariamente maior do que o do Índice Ibovespa, caso contrário, não justificaria sua compra) com bons fundamentos, mas que já tenha um passado vitorioso, ainda pode ser uma excelente opção de investimento.

A escolha criteriosa dos ativos é fator determinante para o sucesso dos investimentos. A volatilidade do mercado, entretanto, não deve ser desprezada. Aproveitar-se de distorções exageradas de preços para reforçar ou diminuir a exposição em um determinado papel é uma forma de potencializar o retorno da carteira. Importante deixar claro que não estamos falando em acertar o momento de entrada ou saída, mas apenas giros de curto prazo a partir de oscilações nos "upsides" das ações.

Para seguir essa filosofia fundamentalista, uma análise profunda e cuidadosa das empresas é o trabalho de base que envolve tanto critérios quantitativos como qualitativos. O conhecimento do mercado no qual ela está inserida, sua estratégia, vantagens comparativas e riscos do negócio são essenciais para a definição mais precisa possível do seu valor justo (entenda-se como o valor esperado para os próximos doze meses, descontando o fluxo de caixa projetado ao custo médio ponderado de capital). A utilização de mais de um modelo de avaliação (múltiplos de mercado, fluxo de caixa), aliado ao acompanhamento da empresa e constantes revisões de sua projeção faz com que as chances de sucesso nos investimentos em ações sejam ainda maiores.

Por último, cabe destacar que, em nenhum momento, estamos considerando excludente a utilização da estratégia de "market timing" com a escolha de empresas a partir de análise fundamentalista. A idéia em si é mostrar que, para aqueles que procuram rentabilidade de longo prazo, o importante é saber reconhecer se a ação realmente está sub-avaliada e, por isso, tende a corrigir seu preço ao longo do tempo. Além disso, negar a eficiência e o sucesso dessa estratégia também seria um erro muito grave, principalmente considerando a vasta utilização que ela tem por gestores de renda variável. Investidores, no entanto, devem estar conscientes do seu risco. É preciso, sim, estar atento à volatilidade do mercado, mas tentar antecipar tendências, nesse caso, demanda um esforço irrelevante nesse tipo de investimento.

Letícia Caravaggi é gestora da Focus Invest
E-mail letícia@focusinvest.com.br

Este artigo reflete as opiniões do autor, e não do jornal Valor Econômico. O jornal não se responsabiliza e nem pode ser responsabilizado pelas informações acima ou por prejuízos de qualquer natureza em decorrência do uso destas informações.

Valor Econômico

Custo da Sox


Uma legislação contábil pode afastar as empresas do mercado aberto. Isto já foi discutido exaustivamente na contabilidade e a legislação conhecida como SOX é uma boa oportunidade para novos estudos. Existem discussões sobre os efeitos da SOX, criada após os escandâlos contábeis da Enron e outras grandes empresas norte-americanas, e o custo contábil.

Um dos efeitos da SOX tem sido o desinteresse das empresas estrangeiras pelo mercado norte-americano. A reportagem a seguir mostra este problema e foi publicada no dia 11/agosto na Gazeta Mercantil:

Governança Corporativa - SEC flexibiliza Sox e tenta estancar fuga de Wall Street

São Paulo, 11 de Agosto de 2006 - Alongamento de prazos pode interessar a uma parte das empresas brasileiras. A Securities and Exchange Comission (SEC), órgão regulador do mercado de capitais nos EUA, voltou a flexibilizar nesta semana as exigências da lei Sarbanes-Oxley (também conhecida por Sox) para empresas já listadas ou que pretendam lançar ações nas bolsas de Wall Street.

Foi a segunda vez que a instituição ampliou os prazos para as companhias se enquadrarem à seção 404 da lei, que exige detalhada certificação dos controles das companhias listadas contra fraudes e erros contábeis, item apontado como o principal inibidor de novas emissões, dados os custos embutidos. Profissionais de grandes empresas de auditoria calculam que essa exigência custa entre 0,5% a 5% do faturamento anual, dependendo do tamanho da empresa.

O grau de flexibilização depende do tamanho das empresas. Na prática, nada muda para aquelas com valor de mercado superior a US$ 700 milhões, o que significa 18 das 35 companhias brasileiras com ADR em Nova York. Três delas já se anteciparam e estão quites com a exigência: Itaú, Braskem e GOL.

Companhias cuja capitalização vai de US$ 75 milhões a US$ 700 milhões terão que apresentar no começo do ano que vem uma certificação feita internamente. A certificação de uma auditoria independente agora só será obrigatória um ano depois. "Empresas nessas condições estão estudando se vão utilizar esse prazo adicional, porque em algumas o trabalho da auditoria já começou", diz o sócio da KPMG nas áreas de governança corporativa e gerenciamento de risco, Sidney Ito.

A SEC ainda colocou em audiência pública uma proposta de estender em um ano, até o início de 2009, o prazo estabelecido para que empresas com capitalização inferior a US$ 75 milhões também apresentem a certificação feita internamente pelo conselho, sugestão que vale igualmente para companhias norte-americanas. O órgão regulador também propõe que as novas empresas, independente do tamanho, só sejam sujeitas à seção 404 em seus balanços divulgados no ano seguinte à abertura de capital, além de sinalizar com facilidades adicionais a serem adotadas nos próximos meses.

O objetivo é combater o desinteresse das empresas, especialmente de fora do país, pelo mercado norte-americano, desde a vigência da Sarbanes-Oxley, lei societária que surgiu em resposta aos escândalos que resultaram na quebra da Enron e da WorldCom. No ano 2000, nove em cada dez IPO de grandes empresas não americanas listaram-se em Nova York. No ano passado, 24 das 25 maiores optaram por outros mercados, especialmente Londres e Luxemburgo.

"As medidas reduzem os custos iniciais das empresas que estão abrindo o capital, permitindo diferir parte dos custos em mais tempo", diz Bruce Mescher, sócio da área de auditoria da Deloitte.

(Gazeta Mercantil/Finanças & Mercados - Pág. 3)(Aluísio Alves)