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09 maio 2006

Efeito Propriedade

Um dos conceitos mais interessantes das Finanças Comportamentais é o efeito propriedade. Os pesquisadores descobriram que as pessoas tendem a valorizar aquilo que possui, em detrimento dos bens de terceiros.

O efeito propriedade pode ser traduzido no provérbio "mais vale um pássaro na mão do que dois voando". A pesquisa crucial foi realizada por Knetsch, em 1989. Esse pesquisador fez um experimento interessante. Perguntou a um grupo de pessoas qual produto gostava mais - chocolate e café. Após obter um resultado equilibrado, com metade das pessoas optando por chocolate e a outra metade por café, distribuiu os dois produtos (café e chocolate), um para cada indíviduo, aleatoriamente. Como o gosto estava dividido e o número de produtos distribuídos corresponde ao número de pessoas, Knetsch esperava que a metade dos indíviduos receberia o produto da sua preferência, mas a outra metade não. Existindo a possibilidade de trocar os produtos recebidos, Knetsch constatou que a grande maioria das pessoas optaram pela manutenção do produto recebido, o que era incoerente.

Essas situações onde o processo decisório dos indivíduos apresentam uma decisão incoerente é típica dos estudos de Finanças Comportamentais. Entretanto, a teoria Neoclássica discorda dos resultados obtidos nessas situações. Os teóricos neoclássicos ressaltam que o processo decisório da forma como é apresentado pelas Finanças Comportamentais difere das situações práticas. Segundo os neoclássicos, as pessoas mudam suas posições com o processo de aprendizado. Assim, caso a experiência fosse repetida mais vezes os indíviduos poderiam melhorar suas decisões, deixando de existir o efeito propriedade.

Em 2003 John List refez o estudo de Knetsch utilizando de uma pesquisa (aqui o vínculo para arquivo, em inglês, em PDF) com fãs de figurinhas e outros itens. List encontrou que as pessoas tomam decisões incoerentes caso sejam consumidores inexperientes. Mas para os consumidores experientes, com grandes oportunidades de troca, as bases de Finanças Comportamentais não são razoáveis para estudar seu comportamento. Nesse caso é mais interessante usar a abordagem da teoria neoclássica.

Ou seja, pessoas com experiência intensa de mercado não possuem a anomalia descrita pelas Finanças Comportamentais.

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